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Kevin Richardson
Naquela noite em Seattle
Eu e o resto da turma saímos para assistir um jogo do NBA e por nossa surpresa, conhecemos o pai do Ronnie, que é de fato gente boa. Depois da partida que o Brian perdeu as melhores jogadas e lances, fomos para o apartamento da Crys onde o Darius deixou um jantar neozelandês pronto para todo mundo.
— A Crys mal viu a gente e preferiu nos abandonar. — Nivea afirmou fazendo uma pequena montanha em seu prato. — Tô triste.
— Ah Nivea, ela vai compensar. — Sam respondeu tranquilamente. — E também, ela e o Brian estão mais próximos do que nunca e… vê, uma viagem romântica!
— Pois é, não é?! — Ronnie comentou com uma certa expressão ciumenta ou revoltada. — Ela nem me avisou que teve essa ideia. A sorte foi de que não apareceu nenhum compromisso daqui até sábado.
— E você nem falou da Helena pra ela ainda, então vocês estão quites. — AJ retorquiu se juntando na mesa. — E aposto que ela surtaria por você não ter contado.
— AJ, você tá falando como eles já fossem oficial. — Digo e o resto do pessoal concordou comigo.
— Mas eu aqui já considero. Só falta o Ronnie pedir a Helena em namoro e pronto!
— Quando você vai ver a minha prima de novo? — Howie perguntou de boca cheia.
— Acho que amanhã. Não sei se vou andar por aquelas redondezas. — O mesmo afirmou com os seus cabelos presos, concentrado em sua refeição. — Mas na real, a Crys não me avisou e nem deu um tchau.
— Mas ela me avisou, Ronan. — Darius respondeu ajudando a pôr o suco no copo da Maya que já se alimentava. — Tinham que ver o Brian com medo de mim. Gente, eu tenho cara de malvado?!
— Não muito, tio. — Nick respondeu olhando para a cara do mais velho. — Tipo, o senhor tem uma cara meia séria e ele deve ter achado que você poderia fazer picadinhos caso não aceitasse o namoro dele com a Crys.
— Nick do céu. — Sam o repreendeu por mim, escondendo o seu rosto.
— Ele não quis dizer isso, senhor Fletcher. — Digo e o loiro assentiu meio sem jeito. — Na verdade é que o Brian tem medo de desagradar o senhor.
— Ah, eu duvido muito que ele faça isso. — Respondeu sorrindo. — Sei de que não iria ferir o coração da minha filha.
O Howie olhou pra mim e neguei com a cabeça, pois se o Ronnie sabe da história, os pais da Crys sabem muito bem disso também.
— Tio Darius, ainda trabalha com as abelhas? — Maya perguntou. — Porque o mel que a Nivea compra é nem de abelha, é de puro açúcar!
— Eu trouxe uns frascos para a Crys e o Ronnie, a Nivea vai ganhar um de presente. Mel de açúcar faz muito mal, Nivea.
— Me enganaram no mercado, Darius.
— Na verdade você não presta atenção. — Maya respondeu fazendo a morena rir do seu próprio erro.
— É verdade. — Ela disse ainda rindo de si. — Pois bem, o que faremos mais tarde?
— Você quis dizer amanhã, não? — Ronnie indagou olhando para o relógio na parede. — Deveríamos ir visitar alguns pontos turísticos que os rapazes, a Sam e a Maya ainda não foram.
— Tem mais lugares pra conhecer?! Que cidade enorme! — Nick comentou pegando mais um pedaço de torta pra comer.
— Vou dizer, nunca vi um menino com a boca nervosa como a dele. — Darius apontou para o Carter e começamos a rir. — Meu filho, se quer chegar nos dois metros e meio…
— Eu espero que não. — Howie negou e o mais novo olhou perdido para o mesmo. — Tu já é estabanado desse tamanho, quanto mais com dois metros e meio!
— Eu não sou estabanado!
— É sim, Nick! E naquele dia que a gente tava andando lá em Londres no natal você escorregou na neve, se apoiou em mim e me levou junto na queda?! Fiquei com a minha perna toda roxa. — Maya falou ligeiramente alto para o mesmo que se lembrou do ocorrido.
— E altas quedas nos últimos shows pra completar. — Digo e as risadas vieram a tona.
O jantar foi incrível, a sobremesa mais ainda. Nunca imaginei que a culinária neozelandesa fosse tão especial, quanto mais caseiro como os Fletcher fazem.
Depois que todo mundo se empanturrou, eu fui ajudar o Darius a arrumar a mesa e lavar os pratos. Ele falava pra mim sobre a Crystal e o Ronnie quando eram crianças, que na maioria das vezes estavam brincando e acabavam brigando por coisas bem bobas, o que era cômico segundo o senhor Fletcher. Foi quando o telefone da cozinha tocou.
— Eu atendo, Darius. — Digo andando até o aparelho e coloco no meu ouvido. — Alô?
— Oi, a Crystal está? É a Venice. — Droga, é ela. Por que justamente ela?! — Alô?
— A Crystal não está. — Respondi sentindo a mágoa florescer novamente. — Por que está ligando pra ela depois do que fez?
— Kevin… é você. — Ela disse no tom de espanto ou surpresa. — Olha, eu preciso contar pra ela sobre…
— Não precisa mais. Eu já contei tudo à ela no dia que você foi embora.
— Como você pode ser tão ousado…
— Você não teve coragem de falar isso pra cara dela e foi embora, e não iria ser justo da minha parte não contar pra ela naquele momento. Ela perguntou por você, sabia?!
— Kevin, eu iria conversar com ela. Por favor, passe o telefone para a Crystal agora.
— Ela não está, já te falei isso. — Solto um suspiro e sinto uma pontada nas minhas têmporas. — Venice, não precisa explicar mais nada, você já deixou claro para nós dois aqui. Espero que esteja se dando bem no novo trabalho…
— Kevin, eu posso administrar ela! — A mesma parecia chorar noutro lado da linha. — E nós dois…
— Venice Fordman. É tarde demais. — Vi de que todo mundo prestava atenção em mim, pois estava um silêncio no apartamento. — A Crys já tem um empresário e eu estava errado sobre o que falei pra você na terça. Existe sim alguém que cuide da carreira dela tão bem quanto você.
— E quem é?!
— O próprio irmão dela.
— O Ronnie?! Mas eu…
— Você se demitiu para o melhor de si, Venice. Se esqueceu? Se esqueceu também de que nós dois está tudo acabado?
— Não Kevin, me desculpe. Eu não queria ter dito aquilo pra você, não era verdade.
— Não era o que parecia pra mim. Eu… — Respiro fundo. — Eu ia pedir a sua mão na festinha só pra ter mais um motivo de alegria lá na casa da Nivea, mas você diz sem querer olhar para a minha cara de que se cansou de mim?! Pode ter sido de boca pra fora ou no calor do momento, mas me machucou como uma pura verdade.
— Kevin… eu sinto muito.
— Eu também sinto muito, Venice. — Digo e sinto a mão do Darius sobre o meu ombro. — Tenha uma boa noite.
— Kevin, eu… — Coloquei o telefone de volta no gancho. Não posso deixar isso me consumir.
— Tá tudo bem, garoto? — Darius indagou com uma certa preocupação pra mim e assenti. — Vá descansar e conversar com o pessoal que eu termino aqui. Se quiser conversar sobre isso mais tarde, não hesite em me chamar.
— Tudo bem e obrigado, Darius. — Sorri para o mesmo e me juntei com a turma, começando a conversar aleatoriamente.
Ouvir ela depois daquilo me machuca tanto, eu não imaginava que iria doer tanto assim. Ainda penso que foi ontem o nosso primeiro beijo lá na praia de Laguna Beach, quando tentávamos saber em como resolver a situação da Crys com o Brian… tudo se torna tão vago, como ela tivesse evaporado na minha memória. Venice era a razão de eu pensar em tudo de bom, principalmente com aquele sorriso e os seus olhos cor de âmbar. Se doeu quando tudo acabou, vai doer mais ainda quando eu superar o que sentia.
Brian Littrell
Eu e Crystal ficamos jogando baralho depois do jantar, admito que ela é ótima com jogos de cartas. Hoje ela está mais sorridente depois do que aconteceu, fico me perguntando de como ela ainda não pensou em ligar para a Venice e pedir por uma explicação. Talvez ela não quisesse se magoar mais uma vez fazendo isso, e eu acho isso a coisa certa a fazer, pois não há mais nada a fazer e o único jeito é seguir em frente.
Quando finalmente ganhei uma partida de copas, a Fletcher foi organizando as coisas para dormir e voltou com um álbum de fotos, então lhe dei total atenção.
— Tem uma foto aqui que é uma das minhas favoritas. — Disse tranquilamente, folheando as páginas e tirou uma foto, me entregando. — Essa sou eu com quatro anos com a mamãe e o papai. Foi a minha avó que tirou.
Era uma linda foto. Lá na fazenda, uma pequena Crystal nos braços do Caleb Fletcher e ambos sorriam segurando um pequeno buquê de azaléias brancas, ao lado está a Laura, abraçando eles. Estavam felizes nesse dia ensolarado.
— Lembra que eu te disse que você se parece muito com a sua mãe?
— Sim, eu me lembro. Você disse “que herança, hein?”. — Crys riu e ela ficou olhando para a foto.
— O seu sorriso é como do seu pai. — Digo e olho para o seu rosto levemente corado.
— Vó falava isso quando me viu crescer. Ela sempre disse: “vai ficar a cara da mãe, mas esse lindo sorriso é do meu filho.” — Ela falou e lhe devolvi a fotografia. — Foi no aniversário dele, infelizmente o último. Papai sempre optou por ajudar pessoas e quando ele foi ajudar fora de Nova Zelândia, aconteceu aquilo. O motorista passou mal enquanto dirigia aquela van e acabou capotando. Quando o carro do exército chegou, eu esperei ansiosamente pelo seu retorno, mas foram entregar o uniforme e o colar para a minha mãe. Eu demorei pra entender o que havia acontecido, eu era… tão pequena…
Eu a abracei apertado e ela foi folheando outras páginas e tirou uma dela com um Ronnie bem loiro e banguela, ela também estava banguela.
— Essa foi quando o Ronnie se tornou o meu irmão. — Sorriu e olhou pra mim. — Éramos uma dupla destruidora quando crianças.
— Eu já imagino a gritaria. — Digo para fazer ela rir e se esquecer da sua lembrança ruim. — Crystal, eu tenho algo pra contar à você há meses e optei por ser pessoalmente e… acho que agora dá pra falar isso.
— É sobre o quê? — Perguntou curiosamente.
— Bem… — Sorri fracamente e me levantei, pegando o violão que eu trouxe. — Quando você foi embora depois daquela discussão, eu fiquei muito mal, irritado ou triste. Mas quando o Kev leu aquelas cartas e me provou de você é alguém muitíssimo importante pra mim… veio uma conclusão na minha cabeça e… Crys, eu cheguei a pensar de que havia perdido você quando as suas cartas de respostas atrasaram. Então, nesse tempo, eu escrevi algo e eu e os rapazes já gravamos e vai para o álbum.
— Brian, o que você aprontou pra mim?!
— Eu escrevi uma música pensando em você depois daquilo, Crystal Fletcher. — Digo olhando fixamente em seus olhos e vi a sua curiosidade crescer cada vez mais, então comecei a dedilhar as cordas. — Espero que goste.
Crys mudou a sua postura e ficou totalmente voltada pra mim, dando toda a sua atenção para o que estou fazendo. Isso me dá um leve frio na barriga, mas é ela, é pra ela e não preciso temer a sua reação com o que vou cantar.
— I never thought that I would lose my mind… that I could control this. — Olhei em seus olhos e eu já via esse par cristalino começando a marejar. Preciso focar para não chorar junto. — Never thought that I'd be left behind… that I was stronger than you… girl, if only I knew what I've done, you know, so why don't you tell me? And I, I would bring down the moon and the sun… to show how much I care…
— Brian… eu tô sem palavras. — Sorri levemente a vendo limpar o seu rosto.
— Don't wanna lose… you now. Baby, I know we can win this… don't wanna lose you now, no no, or ever again. — Senti o meu frio na barriga sumir ao ver de que a Crys está gostando, então vou continuar. — I've got this feeling you're not gonna stay, it's burning within me. The fear or losing of slipping away, it just keeps getting closer, baby, whatever reason to live that I had… my place was always beside you, and I, wish that I didn't need you so bad… you're face just won't go away. Don't wanna lose…
Crystal ficou bem perto de mim, me fazendo se distrair nela. Ela não falava nada, só ficava cada vez mais perto e nem cheguei a sentir de que a atriz tirava o violão das minhas mãos.
— Crys…
— Eu também cheguei a pensar de que eu havia te perdido, Brian. — As suas delicadas mãos pousaram em meu rosto e ela tocou os meus lábios com os seus que são tão doces. — Eu adorei a música.
— Só de ouvir isso eu tenho a maior vontade de gritar ao mundo inteiro que eu te amo. — Digo tocando em algumas mechas de seu cabelo no tom achocolatado. — Eu não me importo se me chamarem de louco, porque já estou e é por você, Fletcher.
— Bem que você falou mais cedo.
— O quê? — Tento me recordar e ela foi para o meu ouvido.
— De que você queria ouvir eu falar de que te odeio. — Respondeu e deitou a sua cabeça sobre o meu ombro. — Eu te odeio, seu idiota patético.
Começamos a rir e me lembrei do dia em que ela tentou me explicar que o seu famoso “patético” era uma metáfora para algo bom sobre mim. Essa garota é completamente extraordinária.
— Não vai falar nada?!
— Tenho que falar algo?! — Respondi e Crystal me encarou incrédula, mas com uma grande vontade de rir. — Tá bom. Sem waffles amanhã de manhã.
— Muito engraçado. Eu nem trouxe itens para fazer waffles!
— Mas trouxe para a torta. E já imagino o topo dela com as maçãs caramelizadas e com a salpicada de açúcar como as suas lindas sardas que residem em suas costas.
— Porque você não para de falar das minhas sardas? Vocês já tinha visto naquele ensaio fotográfico!
— Só vim perceber no premiere do seu filme. Naquela época eu só focava nos seus olhos, imaginando o que eles podiam falar, mas agora… eu não vou parar de falar de cada centímetro seu, Crystal. Mas essas sardas… é o meu novo ponto fraco.
O seu rosto ficou completamente vermelho e sorri para a mesma que ainda reagia dessa maneira. É inevitável não falar isso, esses detalhes que ela possui eu admiro como uma obra de arte, o que vem na minha conclusão de que a Crystal foi esculpida por anjos.
— Você é a minha musa. — Toco delicadamente o seu rosto e me aproximo para mais um beijo bem sucedido.
— E você é o meu anjo, minha luz... meu tudo. — Respondeu suavemente entre cada selinho. — Você nunca vai me perder.
— Eu te amo e vou falar isso a cada oportunidade. — Fico olhando em seus olhos e sorri. — Por que não podemos ficar aqui para sempre, hein?
— Porque temos compromissos. Mas esse momento já compensa todos esses sete meses que passamos longe um do outro. E não quero que isso se repita. — Crys afirmou e se levantou guardando o seu álbum em um móvel, parando no meio da sala, olhando diretamente pra mim. — Por mais que eu precisava ficar sozinha, no fundo eu tinha certeza de que estava precisando de você do meu lado.
Ainda bem que estou sentado ao ouvir isso, porque errou as batidas aqui. Senti os meus olhos se encherem d'água e fui resolvendo ir abraçar ela bem apertado, sentindo os seus braços me envolverem com muito afeto.
— De alguma forma, eu tava do seu lado. — Digo acariciando o seu cabelo. — Porque uma parte minha está em seu coração, como você em mim.
— Por que não podemos ficar aqui para sempre? — Ela indagou de volta, limpando o meu rosto e rimos fracamente.
— Porque já somos para sempre. — Fletcher voltou a me beijar com muita intensidade, ainda me abraçando e sentia me conduzir para outro lugar.
— Darius falou para termos juízo.
— Já temos. — Respondeu sorrindo e ficou me olhando bem de perto. — Tá vermelho... o que houve com aquele Brian que vivia me provocando?
— Ah, então você gosta das minhas provocações, Crystal Fletcher?! — O seu rosto instantaneamente ficou vermelho. — E ela está fofa...
— Cala a boca, Littrell!
Comecei a gargalhar da mesma, chegando na conclusão de que vê-la tentando disfarçar esse tipo de situação que desde Laguna Beach vai ser sempre muito divertido.
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