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Brian Littrell
Os raios do Sol passavam pelas cortinas, e a luz levemente quente tocava em meu rosto, que me fez acordar contra a minha vontade. Porém, ao me deparar com umas costas sardentas e várias mechas de cabelo castanho chocolate formando leves ondas no travesseiro não me fez se sentir arrependido. Crystal parecia uma pintura da idade média em seu sono profundo, que sorte a minha.
— Eu tô sentindo o seu olhar me queimar. — Ouço a sua voz sonolenta e depois se vira bem devagar para me ver, dando um sorriso suave na sua expressão preguiçosa. — Bom dia, Brian.
— Bom dia, Crystal. — Sorri de volta, admirando o reflexo da luz natural em seus olhos cristalinos. — Dormiu bem?
— Melhor do que uma pedra. — Tocou em meu rosto. — Mas eu dormiria por mais tempo se possível.
— Por que não tenta?
— Porque eu não sei. — Riu fracamente. — Eu nunca dormi tão bem assim desde das últimas duas semanas.
— Bem, a sua rotina estava agitada. — Respondi admirando os seus detalhes. — Dorme mais um pouco, eu preparo algo bem delicioso no café da manhã.
— Você também está com muito sono. — Crystal começou a rir e ficou mais perto de mim. Ela tocava em meu rosto e descia lentamente para o ombro. — Temos nada pra fazer agora de manhã, então… um cochilo faz muito bem.
Meu Deus, a festinha surpresa dela é de tarde! Não posso deixar atrasar. Agora me lembrei que nessa parte do plano sou eu quem vai executar!
— É, dá tempo para um cochilo. Só um. — Eu falei deixando o meu desespero mais discreto possível. Agora que eu percebi que a Crys não parava de tocar na minha clavícula. — Crystal, o que houve?
— Me desculpa por ontem. — Disse um tanto constrangida.
Caramba, agora que eu vim me lembrar de ontem. Aconteceu tudo entre nós dois, que lerdo eu fui, é por isso que está dando pra ver as costas dela! O pijama dela era um blusão! Lerdo! Lerdo! Lerdo!
— Mas ontem foi…
— Eu sei, incrível inclusive, mas… é que tem uma marquinha que deixei em você. Não tem problema, né?
— Tá roxo?
— Tá vermelho.
— Eu passo gelo, aí some. Não precisa se preocupar. — Beijei a sua testa e a mesma sorriu aliviada. — Espera, foi incrível?!
— Óbvio! Nunca havia me sentido tão bem e você foi muito gentil a cada segundo. — Me abraçou e sinto o meu rosto esquentar mais ainda com a ajuda do Sol. — Brian, não precisa ficar com vergonha. Um dia isso iria acontecer entre a gente, sinceramente foi uma surpresa ter acontecido ontem.
— Mas você tá bem?
— Estou ótima como sempre, fica frio. — Beijou o meu rosto.
— Por um momento eu havia me esquecido. — Ri fracamente.
— Quando eu acordei também, mas quando senti você me olhando, me lembrei. A propósito, onde está a minha blusa?
— Não sei, mas fique com a minha por enquanto…
A Fletcher começou a gargalhar ao ver que estava tentando tirar uma camisa inexistente do meu corpo, daí eu vi que deixei debaixo do travesseiro e entreguei para a mesma se vestir. Caramba, eu tô ficando desnorteado com essa situação, mas ela está tão tranquila então eu fico também. De fato, foi incrível.
— O que vai querer para o café da manhã? — Pego em sua mão e ela entrelaça, sorrindo pra mim.
— Me impressiona, amor. — Beijou o meu rosto e me sentei, admirando o seu lindo rosto.
— Você é quem manda, meu anjo. — Beijei a sua testa e me levantei, indo descer para colocar a sua refeição e também a refeição da Summer.
Kevin Richardson
Eu havia acabado de voltar para o meu quarto depois do café da manhã, quando a porta foi batida às pressas. Assim que fui abrir, era a Venice.
— Bom dia, Venice. Pensei que iria ligar primeiro…
Abri os meus braços para abraçar ela, mas desviou-se de mim e isso foi muito, mas muito estranho. Fechei a porta e me virei para olhar na mesma que mantia os seus cabelos longos presos, o que é raríssimo dela fazer isso.
Tem algo de errado aí.
— Venice…
— Kevin, precisamos conversar e preciso que você não conte pra ninguém, principalmente à Crystal.
— Okay, eu não conto. Mas o seu tom está me preocupando. O que houve?
— Apareceu algumas coisas lá no Canadá, inclusive uma oportunidade muito grande pra mim.
— Parabéns! — Sorri e ela me olhou seriamente.
— Kevin, isso é sério! Essa oportunidade é irrecusável e já decidi de ontem pra hoje sobre e vou ligar afirmando que aceitei.
— E qual é a oportunidade, Venice?
— Eu vou ser gerente de uma banda de rock alternativo lá em Québec. E como essa banda tem sete integrantes, vai ser complicado administrar duas coisas completamente diferentes e… preciso encontrar alguém pra me substituir com a Crystal.
— Espera, você vai deixar de trabalhar com a Crys?! — Me sentei na cadeira mais próxima que tinha naquele quarto.
— É o jeito…
— É o jeito?! Venice, a garota acabou de ganhar um troféu do Oscar graças a você, você a conhece muito bem e ela te considera uma irmã que não teve! Por Deus, a Crys vai ficar muito triste com isso.
— Ela pode ficar feliz por mim também, Kevin! E já fazem seis anos que não volto de onde eu vim por causa dela! A minha rotina estava se tornando cansativa demais por estar marcando milhões de projetos para ela e…
— E vai deixar ela sem falar nada, Venice?! — A interrompi e fiquei em silêncio por um momento vendo ela sequer se pronunciar. — Você simplesmente se cansou da Crystal?
— Não é isso, Kevin.
— E é o quê?! Me explique.
Fordman ficou em silêncio e de alguma forma, me decepcionava por essa escolha dela. Vai voltar para o Canadá com um novo emprego sem falar para a Crystal, é a coisa mais errada que ela já fez.
— Você não está entendendo, Kevin. Eu preciso voltar pra lá, para as minhas origens depois de anos e vou ser empresária de uma banda que vai crescer muito na próxima década.
— E vai se demitir da Crystal! É óbvio que estou entendendo claramente bem, Venice. Você tem que contar de que vai deixar ela na mão.
— Eu não vou fazer isso com a garota!
— É o certo a fazer, Venice! — Me aproximei dela e fiquei olhando em seus olhos que não estavam tão claros como nas últimas vezes em que nos vimos. — Tem que contar a verdade, senão…
— Senão o quê?! — Ela já estava estressada, me encarando já um pouco mais sério do que de costume. — Diga!
— Eu conto pra ela hoje mesmo. — Respondi.
— Você tá nem louco pra fazer isso!
— Loucura é o que você está fazendo nas costas dela! Ela tá feliz por ter ganhado, visto o Brian depois de meses e do nada você some do radar como tivesse aberto a mão do crescimento da carreira dela. Você acha mesmo que vai ter um empresário melhor do que você?! Porque eu não acho.
— Eu… esquece! Eu não deveria contar a você. Mas saiba, que não vou mudar de ideia e que vou embora depois da surpresa…
— Simplesmente assim?! Venice, você já foi mais profissional do que isso. Você é considerada da família para a Crystal e… não, estamos em uma gigantesca discordância aqui.
Venice se afastou e estava indo para a porta, sem querer falar uma sílaba.
— Se você foi assim com ela, está agindo assim comigo também? — Ela parou no meio do caminho e nem se virou pra me ver.
— Você não tem nada haver com isso.
— Mas eu sinto de que eu fizesse. Prometemos sermos abertos em quaisquer circunstâncias e você não parece cumprir. Por favor, me diga que tô errado.
— Sim, você tem. — Respondeu baixinho. — Eu não tenho mais tempo pra você, Kevin. Me desculpa. Quando eu estava em Nova Zelândia respondendo as suas cartas, eu não estava mais sentindo a mesma coisa que foi no começo.
— Eu fiz alguma coisa que te magoou? — Indaguei e ela balançou a cabeça, ainda sem olhar pra mim. — Então foi o quê?
— Somos parecidos demais, não percebe?
— Eu não me importo com isso… e o que as coincidências têm haver com o que passamos desde do primeiro dia em que nos vimos?! Nossa, isso é…
— Kevin…
— Se você acha melhor ficar longe de mim depois de eu ter te esperado, ter planejado uma semana bem diferente para nós dois… parecia estar tudo dando tão certo que eu tinha certeza de algo e… — Limpei o meu rosto e olhei para a gaveta do criado mudo onde está uma caixinha que eu entregaria pra ela hoje na festa. — Eu preferia ter tomado um tiro do que ouvir isso de você. Que somos parecidos demais, de que estava se sentindo vazia das minhas cartas… eu estava apto de tudo, menos disso.
— Kevin, eu tentei repensar nisso e você é precioso demais para alguém tão ocupada como eu. — Venice se aproximou de mim, mas me afastei no mesmo momento.
— Isso faz o menor sentido. — Eu não conseguia olhar pra ela. — Por que não diz logo de uma vez que também se cansou de mim só pra terminar de partir o meu coração?!
— Eu não posso fazer isso contigo!
— Já fez mesmo. — Soltei um suspiro, fazendo de tudo para não conceder ali mesmo. — Mas é melhor, você fica livre de tudo e de todos sem questionarem a sua saída para Québec e você se realiza profissionalmente. Fico feliz por você, Venice Fordman. Foi bom te conhecer, mas foi uma lástima ter me apaixonado por você como eu não nunca havia me apaixonado antes.
— Kevin…
— Adeus, Venice. — Olhei para ela que assentiu e foi embora.
Assim que aquela porta se fechou, a mágoa veio com tudo. O dia que tinha amanhecido tão bonito se tornou completamente cinza pra mim.
— Cara, eu vi a Venice sair apressada… Kevin, o que foi?! — Era o AJ e parecia pronto para ir ver a Nivea. — Calma, respira antes de falar.
— Ela se cansou da Crystal. — Digo e tento terminar a frase, mas o choro não me permitia facilmente. — E de mim.
— MAS COMO ASSIM?! — Berrou e depois de sua reação escandalosa, me abraçou. — Mas que droga, Kevin! Nós escolhemos aquela aliança a toa no sábado… você falou da aliança?
— Não, não iria adiantar de nada e iria parecer chantagem.
— Quer que eu avise para as meninas adiarem a festinha para outro dia?
— Não, tá em cima da hora e eu vou. — Digo pegando a caixinha, vendo uma aliança brilhar na minha visão distorcida pelas lágrimas. — Hoje poderia ser o melhor dia da minha vida se ela não tivesse sido precipitada em relação à tudo.
— O que pensa em fazer com essa aliança?
— Vou dar ao Nick pra dar de presente à Maya. — Digo guardando no mesmo lugar. — Na próxima vez, quando eu tiver mais certeza de que estou com a pessoa certa, eu compro.
— Bem, eu sinto muito por hoje. Descanse um pouco. O Howie e o Nick vão mais tarde, aí aviso a eles pra te chamarem na hora, okay?
— Okay. Obrigado, Alex.
— Disponha. Qualquer coisa, chama eles e… isso vai passar, você vai superar quando menos imaginar. Até mais tarde.
— Até. — Me deitei na cama, de bruços.
Como ela pôde ser assim e ainda em um momento tão alegre como hoje? Quero nem imaginar a reação da Crys e das meninas quando souberem da notícia.
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