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Ronnie Fletcher

No dia seguinte, nós fomos separando as coisas com mais calma porque o jeito que a Maya se empolgou na noite de ontem, ninguém entendeu nada. Brian ficou perdido e surtava internamente, isso estava muito escancarado na cara dele e achei particularmente engraçado.

Hoje, eu e o Howie fomos para o centro da cidade pesquisar o preço e comprar a decoração da festinha que vai ser na casa da Nivea, por causa da notícia de última hora e também, a Crys iria querer descansar um pouco em casa.

— Hey Ronnie, qual cor de balões você acha melhor? Roxo ou rosa?

— Crys odeia rosa. — O mesmo pegou três pacotes do roxo. — Vamos ter fôlego pra isso tudo?

— Somos quase uma dezena de pessoas, é óbvio que sim! — Respondeu e comecei a rir. — Agora deveríamos comprar aqueles confetes, aquelas velas que sai faísca de fogo.

— Caramba, eu não sabia que o aniversário da minha irmã era hoje. — O latino olhou entediado pra mim e voltei a rir. — Acho que os balões e os confetes já está bom. As meninas pediram pra gente comprar coisas para o bolo.

— Okay, eu queria fazer algo legal.

— Aquilo queima o dedo. Já tirei fotos de uma festa infantil com o menino chorando porque o negócio tava quente.

— Coitado… e aliás, por que anda com a sua câmera no pescoço?

— Ah, hoje o dia tá tão bonito e eu queria tirar algumas fotos antes de voltar para casa.

— É, a gente para um pouco pra comer e você aproveita para tirar umas fotos aleatórias de Seattle. — Disse enquanto pagamos as compras e depois fomos andando para a loja de confeitaria comprar as coisas do bolo. — Como acha que a Crys vai reagir, já que a Venice sabe?

— Ah, ela vai ficar dando uns pulos toda sorridente. Ela sempre fica assim quando tem alguma surpresa.

— Que engraçado, trouxe a filmadora?

— Óbvio, é engraçado ver aquele cotoco pulando.

— Você é um ótimo irmão, Ronnie. — O latino disse rindo.

Depois que compramos as coisas, andamos até uma parte do centro onde haviam várias lanchonetes ou cafeterias. Ficamos em uma mesa, onde eu podia ver todo o movimento e eu fotografava um ângulo diferente enquanto o Howie contava as suas histórias e apreciava o seu lanche.

Até que fui para as pessoas. Muitas passeavam com os seus filhos, mascotes e alguns estavam só ou acompanhando em algumas mesas alternadas dos estabelecimentos que prestam serviço aqui. Contudo, em uma mesa haviam duas amigas que conversavam sobre algo, ambas eram bonitas, mas não quanto uma delas cuja usava uma jaqueta de couro e gargalhava de uma boa piada, segurando em uma de suas mãos um sanduíche bem recheado.

Ela é inimaginável.

Consegui tirar a foto discretamente sem que elas duas pudessem perceber e abaixei a câmera depois ter tirado três fotos, o que foi o suficiente para parar e comer a minha refeição antes que ficasse muito fria.

— Você tá com uma cara engraçada. O rolo acabou?

— Ah… não, eu acabei de tirar todas as fotos. — O respondi, olhando para a direção atrás dele. Preciso falar com ela. — Howie, tem uma garota linda uns seis metros atrás de você e…

— Tirasse foto dela, né? — Sorriu. — Se eu me virar de costas pra ver, ela vai perceber?

— Não, está falando com a garçonete. — Digo, pegando o meu copo de capuccino. — Seja discreto, por favor.

— Claro que vou. — Dorough virou-se devagar como fosse ver alguma coisa no chão e olhou pra ela, virando pra mim sem reação. — Ronnie, eu não acredito.

— Que foi?! Conhece ela? — Senti um ânimo surgir dentro de mim.

— Mas do que você imagina. É a de jaqueta?

— Sim!

— Ela é minha prima de consideração, Helena. — Helena… tem como ela se tornar mais bonita depois de saber o seu nome? — Vou chamar ela… HEY SUA MALUCA O QUE TÁ FAZENDO AQUI?!

— Howie, o que você tá fazendo? — O volume da minha voz diminuiu o bastante do tamanho constrangimento. — Tá doido?!

— HOWIE?! — Ela gritou de volta e abriu um enorme sorriso ao ver o mesmo. — EU QUE PERGUNTO ISSO A VOCÊ!

— Vem, Ronnie. — Ele me puxou e andamos até a mesa dela que estava com uma companhia, em que o Howie paralisou quando viu o seu rosto. — Florença?

— Howard. Quanto tempo, não?

— Sim, quanto tempo. — Ele riu de nervoso. — Como vocês estão? Principalmente você Helena, nunca mais me deu notícias.

— Eu estava ocupada lá em New York, estou conhecendo Seattle enquanto estou de férias. — A mesma respondeu enquanto eu olhava para a nossa mesa caso apareça algum ladrão pegar as nossas coisas. — Quem é esse seu amigo do cabelo grande? É alguém da produção?

— Ah, não! É o meu amigo. — Howie tocou em meu ombro e dei atenção a eles. — Ronnie, conheça a Helena e Helena, conheça o Ronnie.

— Oi Ronnie, tudo bem? — Helena estendeu a sua mão sorrindo pra mim e sorri de volta, apertando a sua delicada mão.

— Tudo bem, Helena. E você?

— Muy bien. Ah, e a que está sobrando aqui é a Florença.

— Oi, Florença. — Digo com um pouco de dificuldade o seu nome por causa do meu sotaque.  — É um prazer conhecer vocês duas.

— Igualmente, Ronnie. — A Florença apertou a minha mão sorrindo. — O seu sotaque é diferente dos americanos.

— Sou neozelandês. — Respondi e ela assentiu.

— A Florença é irmã mais velha da Maya, Ronnie. — Howie disse sorri pra ela.

— Por acaso você sabe aonde a minha irmãzinha está?! Só vive grudada com o tal Nickolas e a mãe tá sentindo falta dela, também tem o último ano letivo da escola.

— Ela está com a Sam e a Nivea nesse momento. — Ele respondeu e a Florença balançou a cabeça novamente, demonstrando um pouco de desgosto ao ouvir isso.

— Está com a garibalda e a come-come. — Resmungou e a Helena fez um olhar de repreensão para a amiga e vi o Howie olhar para outra direção. — A Maya está abandonando a família, a escola… tô preocupada com ela, esse seu amigo eu não confio.

— Porque é o meu amigo?! — Sabia que ele não ia aguentar calado. — A Maya é esperta o suficiente pra saber o que faz, Florença. E não insulte as garotas e o Nick que tanto cuidam dela.

— Ela está perdendo aula, Howard. Só tem dezessete anos e…

— Isso você resolve com ela, não comigo. — Ele a cortou e olhou pra mim ficando nervoso. — Temos que ir preparar as coisas da sua irmã, Ronnie. Foi bom te ver, prima.

— Igualmente, Howie. — Ela disse mais constrangida do que eu. Quando dei meia volta, ela me chamou. — Você é o irmão da Crystal Fletcher, certo?

— Sim, acertou em cheio. — Assenti e a morena sorria. — Você é fã dela?

— Bem, os filmes com ela são ótimos, é que te vi no dia da estreia do filme dela que teve aquele perrengue todo e estava de cabelo curto… não que pareça interesseiro da minha parte, mas você fica mais bonito assim, com o cabelo grande.

— Ah, obrigado. — Ri de nervoso e eu tava segurando a vontade de prender o meu cabelo quando fico assim. — E mesmo que soa um pouco estranho, há uns dez minutos tirei algumas fotos suas.

— Mesmo? Foi por causa do jeito que estou vestida, o ângulo…

— Foi porque você é linda. — Caramba, isso saiu tão natural. E o rosto dela tá corando, não posso surtar. — Muito linda, a propósito.

— Obrigada, Ronnie. Você ainda vai revelar as fotos?

— Sim, hoje ou amanhã eu estarei revelando. Eu posso te entregar e tomamos um café… o que acha?

— Fantástico! Quando?

— Pode ser amanhã, aqui mesmo, às quatro da tarde.

— Perfeito! Nos vemos amanhã às quatro horas. — Disse acenando pra mim. — Até amanhã, Ronnie.

— Até amanhã, Helena.

Quase tropecei na volta em que via o Howie um pouco impaciente pra voltar pra casa da Nivea. Peguei uma parte das coisas e a minha câmera e fui andando com o mesmo que se manteve em silêncio.

Mas quando chegamos no edifício…

— Ela gostou de você, cabeludo. — Disse sorrindo enquanto eu apertava o botão do elevador. — Queria que ela estivesse sozinha que poderíamos passar o resto do dia conversando com ela, mas estava logo quem pra estragar? A Florença! E aposto que está atrás da Maya.

— Por que a família da Maya é tão…

— Rígida?! Olha, eu não sei. Porque assim, creio que criar cinco filhos e dois netos não seja fácil para aquela família. E também ela é a irmã mais nova, aí ficam muito em cima da garota. Eu só espero que o Nick não vacile no dia desse jantar, porque eles sabem que já estão juntos, mas se ele fizer qualquer besteira na mesa… é chinelo na certa. Agora ela ter chamado a Sammy de garibalda e a Nivea de come-come foi o cúmulo!

— Howie, não liga pra isso. Às vezes é melhor deixar quieto mesmo.

— Mas você não vê o tratamento que ela deu, Ronnie?! Ela acha que todo mundo que é meu amigo é ruim, só por causa de uma briga besta com o irmão dela. Nem uma gota de sangue saiu, pelo amor! Só com a Helena que as coisas são diferentes.

— Howie, fica frio. Tem gente que é assim em todo lugar e não adianta ficar rebatendo, senão vão pensar pior de você. Você não tem culpa dos Waterson serem assim, cara. A Maya é diferente deles por saber se virar sozinha nas coisas.

— É, e a minha prima não tem culpa disso. Mas assim, Ronnie. Espero que você não seja a outra má influência da Maya, já que vocês são próximos.

Eu comecei a rir e ele se contagiou, foi quando a porta se abriu e fomos até a porta de frente, entrando na porta que estava aberto.

— Já tava na hora! — Sam se aproximou da gente e pegou as compras. — Maya, cuidado pra não colocar trigo demais!

— Okay! — Ela disse lendo a receita lá da cozinha.

— Cadê os rapazes? — Howie perguntou olhando para a sueca que foi pegando as coisas do bolo.

— Voltaram para o hotel ajudar o Brian com a surpresa. E também, a Venice ligou quase agora dizendo que já chegaram e estão a caminho do apartamento dela. A Crystal faz a mínima ideia do que vai acontecer amanhã!

Crystal Fletcher

Lar doce lar.

Assim que entrei no meu apartamento, sendo recebida pela Summer que estava bem cheirosinha e contente, fui ver o recado que o Ronnie deixou na geladeira.

“Bem vinda de volta, anã!

Estou dormindo na casa da Nivea pra não te perturbar nesse momento de descanso pós Oscar. A gente se vê amanhã.

Ronnie :)”

— Qualquer coisa me liga, que estou lá em casa.

— Okay, V. — Sorri e a mesma saiu do apartamento.

Estava tudo em perfeita ordem, afinal, melhor do que eu havia deixado há meses. Fui com as minhas malas até o meu quarto e vi todas as coisas que ganhei quando estive fora, sendo bem organizadas provavelmente pelo meu irmão.

Fui vendo cada um e era um mais bonito do que o outro. Abri o meu closet e deixei como uma pilha, também junto com as minhas coisas, arrumo isso depois.

Tirei as minhas sandálias, o meu cardigã e soltei o meu cabelo, me jogando na cama sentindo todo o conforto para tirar um bom cochilo por esse período depois do almoço.

Quando eu acordei pelas lambidas da minha mascote, vi que já estava escurecendo.

— Preciso cochilar assim mais vezes. — Digo para a cadela que ficava em cima de mim querendo um bom carinho. — Bem, tenho que fazer o nosso jantar e…

Ouço um som de panela lá da cozinha e achei isso estranho. Deve ser o Ronnie, já que tem a chave reserva.

— É o Ronnie, Summer? — Pergunto e a peguei no braço, saindo da cama e do meu quarto, descalça mesmo.

Assim que cheguei no corredor, um cheiro ótimo exalava pelo apartamento e fui seguindo até a cozinha, onde só estava a comida cozinhando no fogão. Não havia ninguém lá, até eu sentir duas mãos tamparem a minha visão.

— Ronnie, isso não tem graça! — Digo após me recuperar do susto. — Por que esse mistério todo para aparecer? Raspou o cabelo e tá feio?!

Quando a minha visão foi recuperada, me virei para ver o meu irmão e não era o meu irmão.

— Não, eu não raspei o meu cabelo e acho que não estou feio. — Brian disse sorrindo pra mim e eu não sabia como responder ou reagir. — Bem vinda de volta, Crys.

Soltei a Summer e o abracei bem apertado, sentindo todas as saudades irem embora enquanto eu o sentia retribuir na mesma intensidade. Senti os meus olhos se lacrimejarem e comecei a soluçar quando a ficha caiu da última vez que nos vimos que foi daquele jeito. Me afastei um pouco para ver o seu rosto e ele sorria, limpando o meu rosto e chorava um pouco, não como eu que devo estar com a cara toda vermelha.

— Tá tudo bem, Crystal. — Disse pondo as mechas do meu cabelo por trás das minhas orelhas. — Aqueles gêmeos não vão nos separar novamente, nunca mais. Agora sobre eles, a senhora não deveria ter ido bater na Sherry.

— Ah, ela merecia! — Digo me afastando do abraço e me encosto na bancada. — Nem que fosse uma rasteira, ela merecia!

— E se causasse uma confusão com os pais dela por causa disso?!

— Eles iriam saber como é a filha por trás daquela cara de santinha! E também, eu não iria voltar fingindo que ela não me afetou ano passado!

— Batendo nela?! — Littrell cruzou os seus braços, olhando incrédulo para mim. — Eu imaginava que você não iria partir pra violência.

— Brian, já aconteceu! — Digo e o mesmo me olhava com mais repreensão. — E se o Sawier fizesse alguma coisa comigo, você iria ficar parado?!

— Não mude de assunto, mocinha! — Foi se aproximando de mim e fui prendendo o riso. — É diferente eu querer deixar a cara dele inchada do que você bater na Sherry.

— Sério?! Diferente?! — Dessa vez o olhei incrédula e o Brian me puxou para mais perto.

— Bem… mais ou menos. — Disse olhando nos meus olhos e depois foi para os meus lábios.

— Ah não, lá vem você olhar pra mim assim.

— Se acostuma, baby. — Brian juntou os seus lábios nos meus com a maior calma. Coloquei os meus braços por volta de seus ombros e fui aprofundando um pouco o nosso beijo.

Havia me esquecido do quanto eu me sentia a cada beijo que recebo dele. Todo o peso, mesmo não havendo mais nenhuma preocupação em mim, simplesmente some. É como tudo flutuava em nossa volta e me sinto fora de órbita a cada contato.

— O jantar! — Ele disse ao se afastar e foi correndo até a cozinha, desligando o fogão. — Por pouco não queimava.

— Sim, se queimasse e subisse fumaça, os sensores iriam disparar e ensopar a minha casa…

— É só não se distrair tanto que não acontece esse desastre. — Sorriu servindo em dois pratos. — O que vamos assistir na televisão hoje?

— Não sei, não tive tempo para assistir alguma coisa nas últimas semanas. Fica a seu critério. — O sorriso dele ficou mais largo agora por causa disso. — Por que ficou alegre por isso?

— Só a ficha caindo de que estou te vendo depois de sete longos meses, é inacreditável. — Afirmou ficando com o rosto todo corado. — E te ver assim mais leve, mais alegre e cada vez mais linda… é de causar um pane no meu cérebro.

— Soube que andou rebobinando a fita que te mandei no natal. — Pronto, ficou mais corado. — Não precisa ficar com vergonha, Brian. Eu reli várias vezes as suas cartas quando eu estava lá.

— Eu sei, mas não tem como. — Riu de nervoso. — Você já se viu como está agora? Você está mais forte, mais aberta, é de se admirar o tempo todo. Você é perfeita, Crystal.

— Eu não sou, Brian. Sabe disso. — Digo e o mesmo se aproximou, tocando em meu rosto.

— Você é perfeita pra mim. Quando você começou a agir como realmente é, cuidou de mim mesmo eu não querendo e aquelas palavras das cartas, aqueles desenhos… sempre me faz sentir vivo e mais apaixonado por você. Me perco nos seus olhos, no seu perfume, no seu sorriso, em tudo que se remete à você, Crystal. E eu quero ser aquele que merece ser amado por você e amar você a cada estrela que contém no céu. Eu também te amo infinito.

— Brian… — Sorri timidamente e ele beija a minha testa. — Tô sem palavras.

— Não precisa falar nada, meu amor. Porque eu sei de que isso vai além de ser recíproco. E quem eras tu que dizia que queria ser nada minha nem mesmo quando virasse o milênio?! — Brincou e lhe dei uns leves tapas em seu ombro, rindo disso.

— Pode ir jogando na minha cara que vai ter troco. — Peguei o meu prato e fui andando até o sofá, ligando a televisão.

— É sério?!

— Talvez. — Brinquei e lá vem ele com o seu jantar, ficando bem do meu lado. — O que você sugere para assistir?

— Não faço a mínima ideia.

— Que legal, uma série televisiva onde tem um elenco que não sabe de nada! — Brinquei e o loiro começou a rir com essa piada ruim. — Tinha me esquecido de que você é um riso frouxo.

— Você sempre me faz rir de qualquer bobagem, é inevitável! — Respondeu me encarando. — O que achou da minha receita?

— Fantástica. — Sorri pra ele e fui mexendo no controle da televisão, até que estava passando algum filme antigo e me parecia ser francês. — Esse tem cara de ser interessante.

— Vamos ver então. — Brian disse terminando o seu jantar e esperou eu terminar para recolher o meu prato, voltou tranquilamente e envolveu o seu braço direito sobre os meus ombros, me trazendo todo o conforto do mundo. — A ficha ainda não caiu de que você está de volta, sabia? Parece um sonho.

Beijei o seu rosto e deitei a minha cabeça sobre o seu ombro.

— Se é um sonho, se tornou realidade. — Digo e sinto a sua mão pousar no meu cabelo, o que me traz sono por conta do cuidado de não puxar algum fio.

Com o tempo passando, o filme é muito ruim e como já tinha começado há uns quinze minutos quando coloquei no canal, não entendemos nada de nada.

— Que droga. — Desliguei a televisão e olhei para o mesmo que já cochilava do meu lado. — Brian?

Fiz cócegas na região de suas costelas e acordou tirando a minha mão.

— Eu já tava sonhando. — Disse e comecei a rir dele. — O filme já acabou?

— Não, o filme é ruim mesmo. — Me levanto indo pegar um pouco de água. — Aí desliguei a TV.

— São dez horas da noite… nossa, eu tenho que ir, Crys.

— Mas já?! — O loiro assentiu alongando os seus braços e já estava andando em direção da porta. — Brian Littrell, você não vai sair nessa hora.

— Mas no outro dia…

— No outro dia foi diferente porque não estava sozinho, mas hoje está e é segunda-feira, não é muito movimentado por essas redondezas. — Digo olhando pra ele. — É arriscado, muitos cantos já fecharam.

— E se os rapazes precisarem de mim?

— Eles podem muito bem ligar pra cá. — Respondi. — Fica, por favor. Eu conheço muito bem essa cidade.

Littrell parecia pensar no que iria fazer, pois a sua mão ainda segurava a maçaneta e ele olhava pra mim. Pior que isso não é uma desculpa minha, eu e a Nivea já andamos nas ruas nesse horário e quase fomos perseguidas por um pessoal estranho que perambolavam na região, provavelmente era uma gangue.

Eu fiquei no meio da sala ainda esperando a sua decisão e ele parecia querer ir embora, eu já estava no ponto de dar uma bronca caso ele inventasse de abrir aquela porta e sair.

— Eu não quero causar outra má impressão para o seu irmão… — Ele abriu a porta, então fui até ele fechando a mesma e a trancando com a chave, deixando o meu porta chaves na parede. — Crystal!

— O meu irmão está na casa da Nivea e ele sabe claramente bem que você não faltaria respeito comigo! — Retruquei, vendo o loiro ficar um pouco indignado. — Você não tem noção como lá fora é perigoso nessa hora da noite, quanto mais andando sozinho, não é?! Amanhã de manhã depois do café da manhã você pode ir tranquilo, mas agora não, entendeu? Ou quer que eu desenhe…

Brian me puxou para um beijo repentino, eu não sabia que isso me deixaria mais zangada com ele. Então me afastei dele, o olhando feio.

— Por que fez isso, seu doido?!

— Porque eu ia, mas como vi que estava ficando muito preocupada, eu vou ficar por você. — Okay, não estou mais zangada. — Eu durmo aqui e depois do café da manhã, eu volto paro o hotel.

— Ótimo. — Soltei um suspiro de alívio, indo guardar algumas coisas em seus devidos lugares.

— Não fique assim, meu anjo. — Ele disse me abraçando por trás.

— Você ia embora sabendo que pode ficar aqui. Pareceu que nem sentia mais a minha falta. — Digo me virando pra ver ele que fez biquinho.

— Perdão, Crys. Não fique assim, okay? — Tocou no meu nariz e sorri fracamente. — Eu queria que você tivesse um bom descanso sem se incomodar comigo aqui.

— Você iria me incomodar em quê, Brian?! — Apertei o seu rosto e vi o seu rosto corar. — Você já faz parte dessa casa e sempre será bem vindo. Vou desligar as luzes, pode subir lá no meu quarto.

— E se você tropeçar na escada no escuro?

— Brian, eu moro aqui há dois anos, já caí dezenas de vezes nessa escada e não faria diferença alguma se eu caísse de novo. — Ri do mesmo que me olhou incrédulo. — Vai subir bobão, é o primeiro a direita.

Esperei ele subir para checar se tinha algumas portas e janelas ainda abertas, depois desliguei todas as luzes. A Summer dormia no seu cantinho no corredor que tem os quartos de hóspedes ou de serviço como chamam. Então subi as escadas, desligando a luz do corredor, entrando no meu quarto.

Brian estava na janela, vendo tudo completamente deserto. O abracei por trás, apoiando a minha cabeça em seu ombro esquerdo.

— É mesmo, você estava certa o tempo todo. — Disse, segurando as minhas mãos. — Só vou te avisando, eu sou espaçoso.

— Não quanto eu. — O loiro gargalhou quando me afastei, abrindo o meu closet. Abri a minha mala e peguei a estatueta, entregando para o mesmo.

— Pesado, hein?! — Disse rindo, vendo os detalhes do troféu. — Sabe naquele dia que você disse no telefone… que isso era só uma estatueta banhanda a ouro, por um momento achei que você estava se desmerecendo.

— Não, é que isso é só pra te dar mais crédito. Assim, é uma ótima conquista para qualquer artista, mas isso só vai ficar encostado na prateleira e sendo polido mensalmente, entende? — Ele assentiu vendo eu pegar o meu pijama. — Não é como a Summer, que sempre vai estar por perto balançando o rabinho e sujando os meus tapetes. Esse troféu é só algo material, e aprendi a valorizar tudo de bom que tenho em volta, como você por exemplo. Se eu ainda fosse daquele jeito, eu não estaria falando isso, eu estaria esfregando na cara das pessoas que duvidaram de mim. Então não estou me desmerecendo, Brian.

— Você é real mesmo?! — Sorriu e comecei a rir. — Sério, isso é muito profundo, Crystal. E estou cem porcento de acordo com a sua perspectiva. É uma conquista, porém um reconhecimento para os outros. Isso te faz uma ótima atriz, sabia?

— Obrigada, Brian. — Digo. — Pode deixar o troféu aí na escrivaninha. Preciso de um banho, mal cheguei do vôo e fui logo tirar um cochilo sem me cuidar antes.

— Tudo bem, eu te espero.

— Com essa cara de sono?! Vai acabar sonhando de novo como foi lá no sofá.

— Engraçadinha. — Disse tirando os seus sapatos.

Depois do banho, ele já estava prestes a adormecer quando me viu saindo do banheiro e fui fechar a janela junto com as cortinas. Eu sentia ele me seguir com os seus olhos até eu me deitar do seu lado, era uma sensação nova e estranha. Assim, sabemos que já dormimos juntos no sofá do Ronnie, mas nem éramos o que somos agora e sei lá, sinto um pouco de vergonha por isso estar acontecendo.

— Quer saber de uma coisa? — Brian indagou me ajudando a se cobrir. — Eu adoro Além do Limite da Lua, mas eu sempre tenho um pequeno surto de ciúmes a cada cena sua com o Rudd lá.

Foi inevitável prender o riso e perceber de que ficara indignado com a minha reação.

— Sabe que tudo é técnico, né?! — Digo abraçando o seu tronco, apoiando a minha cabeça em seu peito. — Só os beijos em alguns momentos teve que ser de verdade por causa do ângulo da câmera.

— Ah… e aquela cena no drive-in?

— Mais técnico ainda. — Respondi e sinto a sua mão acariciar o meu braço descoberto do cobertor. — Não me diga que você achou que foi de verdade?!

— Óbvio que sim, mesmo que a cena tenha sido completamente discreta, parecia verdade pra mim. Vou te dizer, não foi a minha parte preferida do filme.

— Era de se imaginar. — Olhei em seu rosto e lá tinha uma expressão emburrada. — Qual foi a sua parte preferida então?

— Quando vocês romperam e cada um seguiu para um lado oposto na metade do filme. Ele tava com nada, roubando a minha garota. — Retornei a rir do Brian. — Crys, você tá cortando todo o meu barato!

— É que foi só um filme e você sentiu ciúmes.

— E você acha engraçado, Crystal Fletcher?! — Se virou bruscamente para olhar pra mim e mais vontade eu tinha de rir dele.

— Acho sim, seu patético. — Mais indignado ficou e isso trouxe motivos de eu gargalhar do loiro que mudou a sua postura, como tivesse criado certeza de algo.

— Como eu senti tanto a sua falta. — Disse tocando em meu rosto com uma mão e a outra havia pousado na minha cintura.

— Ué?! Não vai se revoltar mais não, Littrell? — Toquei em seus ombros e senti a sua pele se arrepiar.

— E tem como com esse rostinho lindo que você tem?! Às vezes até me esqueço do que estava falando só de olhar pra você, Crys. — Disse acariciando o meu rosto até tocar em meus lábios, olhando para os mesmos. — Você me hipnotiza sem esforço.

— Bem que o Ronnie me disse que você ficou babando ao me ver na televisão ontem de noite. — Sorri e o seu rosto estava levemente corado.

— Você estava parecendo que era da família real. E sabe… essas sardas nas suas costas parecem mais bonitas pessoalmente.

— Eita… — Ri de nervoso e fiquei sem reação.

Até que ele me beijou de repente, fazendo de tudo para eu não sentir o seu peso. Estava sendo calmo e um pouco caloroso, o que me fazia se envolver em seus braços me fazendo sentir, de fato, em casa. Ele se declarava a cada momento de pausa entre os beijos e isso me encanta mais do que o suficiente, já prevendo de que terei uma boa noite de sono com o Brian do meu lado pela primeira vez.

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