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Crystal Fletcher
Nova Zelândia
Assim que eu e a Venice chegamos em Wellington, o Ronnie nos levou para a fazenda e fui recebida pelo meu padrasto, que me abraçou bem apertado. Vi a minha empresária ir para o telefone discar um número e o meu irmão foi me levando até o meu quarto, me ajudando com as bagagens.
— Como se sente agora? — Ele perguntou abrindo o armário, vendo que ainda tinha algumas roupas minhas nos cabides e ele começou a me ajudar a arrumar.
— Eu não sei, Ron. — Respondi sinceramente. — Aconteceu tanta coisa que pensei que eu teria uma pane no sistema nervoso.
— Bem, agora está em um lugar mais calmo, vai voltar ao velhos hábitos… — Ele sorriu pra mim e retribuí. — Bem vinda de volta ao lar, anã.
— Crystal, a Summer cresceu por esse tempinho. — Pai apareceu segurando a minha cadela no braço. — Essa filhote não pode ver uma pitaya dando sopa que acaba com tudo! Já nos matou três vezes de susto com a cara e a barriguinha toda rosada.
— Summer! — Peguei ela no braço e a mesma começou a fazer uma festa, lambendo todo o meu rosto. — Eu também senti muitas saudades de você, sua belezinha.
— O Ben vem aqui amanhã fazer alguns exames de rotina nos animais da fazenda. — Ronnie afirmou. — Ele vai gostar de te ver aqui e ainda vai reclamar porque vocês não saíram na última vez.
— Isso é fato. — Sorri. — Vai ser legal ver ele novamente.
— Bem, eu vou voltar pra casa porque tenho ensaio lá com a banda hoje à noite, te vejo amanhã, anã!
— Até amanhã, gigante do pé de feijão.
Darius deixou que o mesmo saísse e foi até mim, me levando até a cama. Estava sério e provavelmente vai tocar no assunto.
— A Laura me disse o que aconteceu contigo lá na festa da estreia. O que aquela garota falou pra você foi inaceitável! Ninguém deseja uma fatalidade dessa de ninguém, isso foi cruel! Olha, eu preciso ir para a América ensinar boas maneiras!
— Pai, eu sei que é revoltante. Mas você sabe muito bem de que tudo o que vai volta, né? — Digo tranquilamente e o mesmo viu o meu nécessaire no meio da minha bagagem e olhou pra mim. — O que tem de errado?
— Você parece exausta. Como não tivesse se alimentando bem.
— É efeito colateral do… do calmante.
— Continuou tomando calmante, Crystal?! Meu anjo, você vai parar de tomar isso.
— Me ajuda a dormir…
— Tem meios para dormir bem e não é usando remédio sem recomendação médica e com dosagem descontrolada! Você poderia ter entrado em coma! — Reclamou e me lembrei do Kevin olhando para as minhas mãos ontem quando entrou no quarto. — Cadê o frasco?
Papai estendeu a sua mão e abri o nécessaire, tirando o frasco alaranjado que estava na metade e ele colocou no bolso do seu casaco.
— Eu não vou dizer isso à sua mãe, mas não vai tomar essa porcaria mais nunca. Promete?
— Prometo, pai.
— Eu sei que tem outro frasco aí. — Estendeu novamente a sua mão e lhe dei o frasco que ainda estava lacrado. — Pelo amor de Deus, pare de deixar as coisas ruins dominar a sua mente. Você está aqui para um recomeço e ter cuidado do seu amigo Brian não deve ter sido uma tarefa fácil.
De fato não foi. Mas agora, isso nunca mais vai acontecer e provavelmente, ele rasgou a carta que lhe deixei. E papai tem razão, estou aqui para um recomeço e vou me tornar a ser alguém melhor e segura de si.
— Eu senti saudades das suas broncas. — Eu o abracei e ele beijou o topo de minha cabeça.
— E eu senti saudades de ver você aqui pra me dar trabalho, cotoco. — Sorriu. — Quando terminar aqui, você me ajuda a preparar o jantar?
— Eu ajudo sim. — Sorri.
— Essa é a minha filha. — Ele saiu andando do meu quarto e fui terminando de arrumar as minhas malas.
Mamãe me abraçava a cada oportunidade que tinha, como uma forma de consolo. Eu realmente precisava disso, precisava voltar pra cá. A Venice decidiu na hora do jantar de que vai ficar aqui dormindo no quarto do Ronnie e ela não sai do telefone desde então, talvez procurando por alguma ocupação.
Assim que o dia seguinte chegou com uma aurora belíssima, comecei a tentar me habituar a andar na Storm já que antes não tive oportunidade. Mas antes de ir até ela, tive que trocar as minhas roupas urbanas por algo mais local: jeans, camisa de algodão e um bom par de botas de couro sintético. Prendi o meu cabelo com uma bandana e fui até a égua que já estava sendo escovada pela minha mãe.
— Vai andar nela? A sela está bem ali. — Peguei o objeto e ela me ajudou a colocar, depois montei na mesma com o maior cuidado. — Vai só dar uma volta nela pela fazenda?
— Vou andar pelas redondezas. — Digo segurando as rédeas com firmeza. — Não demoro pra voltar.
— Tudo bem, Crys. — Mamãe sorriu. — Hoje vai ser a famosa torta de maçã no café da manhã.
A torta que o Brian comeu escondido depois daquele chilique… Crystal, ele não é o foco! O foco é você mesma!
— Café da manhã perfeita. — Sorri e ela tocou na minha mão, vendo de que eu já estava saindo de fininho.
— Está pensando nele, né? — O sorriso foi diminuindo no meu rosto e senti o meu coração acelerar um pouco. — O Brian já se recuperou?
— Já, ele está bem melhor. — Não sei como ele não teve alguma coisa na nossa briga e graças a Deus ele não teve nada. — Por isso que cheguei aqui antes de completar o mês.
— Creio que o seu amor por ele tenha feito isso, filha. — Eu preciso ser realista, ele é saudável e ficou mais ainda por conta das sopas que tomou em cada jantar. — Não precisa ficar com vergonha só porque está apaixonada, Crys. É um sentimento forte demais para deixar de sentir e de esconder, principalmente quando é verdadeiro.
É como você curasse todas as possíveis dores. — Lembro de quando ele disse isso olhando fixamente nos meus olhos, tocando o meu rosto. Como eu poderia significar tanto assim à alguém que não mereço e nunca vou merecer? Como o meu sentimento por ele poderia ter esse tipo de capacidade?
Eu fiquei calada depois de ouvir isso. Eu vim aqui para espairecer, não para pensar no estado do Brian. Ele provavelmente está milhões de vezes melhor sem mim e também, a Sherry pode acabar tirando vantagem disso, já que ele não sente mais nada além de ódio por mim.
Brian Littrell
Eu não tava mais aguentando ficar em casa. Não era nem porque eu mal saí por essas últimas semanas, é porque tá um vazio enorme aqui dentro. Toda a vez que desço depois de acordar, eu espero ela aparecer preparando uma receita neozelandesa ou reclamando porque eu falei aquilo no primeiro dia. Passo a tarde esperando ouvir as suas implicâncias pra se tornar uma longa discussão e no fim, o jantar, onde a Crys era a louca da sopa.
E só pra piorar esse vazio, tenho impressão de ouvir os seus passos, de ouvir a sua voz… é como tivesse um fantasma dela rodeando nessa casa. E para completar, aquele moletom que ficou com o seu cheiro passou a essência para as outras roupas que estavam próximas e sempre me pego usando o moletom nas noites um pouco frias de primavera.
Eu duvido muito que a Crystal vai me perdoar depois de eu ter destratado ela durante três semanas, também duvido que vai acreditar em mim de que eu sinto saudades, de que eu li as cartas e entendi que foi tudo jogada dos gêmeos Finnigan. E eu vou entender muito bem ela quando for falar isso na minha cara, me chamando dos piores nomes que vier em sua mente. Ela tem o direito de se revoltar também.
— Cara, você não sai desse quarto, né? — Era o Howie acompanhado pelo Kevin.
Juro que tomei um susto ao vê-lo aqui de volta e por reflexo, eu joguei o meu chinelo na cara dele.
— Ai, minha testa. — Disse e olhou para o mais velho, depois foi pra mim. — Eu pensei que já tava resolvido!
— Foi reflexo!
— Tudo bem. — O latino riu e Kevin se aproximou.
— A Venice me ligou e disse que a Crystal está bem, está cuidando de tudo e o pai dela deu fim nos calmantes depois de uma conversa.
Isso foi um alívio tão grande que antes pesava muito nas minhas costas.
— E ela também me disse que o amigo dela Ben, eu acho, tá dando ótimos conselhos à ela.
— Que amigo dela? — Howie perguntou sem entender e lhe expliquei. — Ah, ficou com ciúmes dele também?!
— Um pouquinho de nada.
— Mas comigo foi um escândalo, achando que eu era talarico raspa canela! Pelo amor de Deus, né?! Eu vendo visivelmente de que você estava ficando insano em tentar odiar ela da maneira mais forçada possível, cê acha mesmo que eu iria dar em cima dela?! Eu gosto da Sammy, doido! Eu só tava cuidando da Crys.
— Tá bom, Howie. Eu já entendi. — Digo e me levanto. — Tem mais algum recado, Kev?
— Bem… — Ele sorriu. — Como faz alguns dias que a Crystal está lá, a Venice pegou ela tocando uma música nossa no quarto dela.
— É saudades que se fala, né?! — Howie sorriu. — Bem que ela disse naquela carta.
— Acima de todo esse caos, eu ainda continuo amando você. — Digo e sorri, sentindo todo o meu mecanismo dar sintomas de surto. — Eu já decorei aquela carta, a verdadeira também.
— Quer que eu mande um recado para a Venice quando ela ligar mais tarde ou amanhã, Brian? — Kevin perguntou.
— Diga à ela que quando a Crys voltar, vou recebe-la de braços abertos e nós vamos para o parque de diversões. E também diga que eu ainda a amo, e acho que… mais do que eu já amei antes.
— Tá todo Romeu apaixonado! Olha a cara dele, que fofura! Merece uma foto!
— Por favor, Howie… — Ele descolou uma câmera do nada e apontou pra mim. — Howie!
— Diga Crys! Anda, infeliz!
— Crys. — Digo sentindo o meu rosto esquentar por inteiro.
— Tá virando um pimentão! — Kevin brincou e fiquei todo sem graça. — Arrume as malas que vamos voltar para Miami, Romeu.
— Parem de me chamar de Romeu, que saco.
— Tá bom, princesinha de Kentucky. — Ambos falaram ao mesmo tempo rindo e saíram do meu quarto.
Eu mal podia esperar por estar de volta a fazer o meu trabalho. E sentir mais leve por saber que ela vai indo bem lá no exterior, é maravilhoso. Espero que por esse tempo que estamos longe um do outro, a Sherry não apronta outra senão vai acabar se vendo comigo pessoalmente.
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