Nightingale

Capítulo Único.
Leitora/Dean Winchester.

***

Dean POV's

Três semanas.
O risco na parede feito por mim com um parafuso solto é a única fonte de orientação que tenho.
À exatas três semanas eu e meu irmão, Sam, fomos presos pelo governo federal acusados de tentar matar o presidente dos Estados Unidos. Claro que isso não era verdade, ele estava possuído por Lúcifer, mas é claro que não diríamos isso. Nunca acreditariam em nós.
Sam e eu estamos em celas separadas, é impossível nos comunicarmos então a ideia de um plano de fuga é praticamente nula, o que me resta? Nada.
Durante essas três semanas desejei diversas coisas diferente. Planejei mil fugas. Xinguei mentalmente todos os engravatados imbecis que cruzavam a cela achando que me fariam falar algo. Mas nenhuma dessas coisas mudou meu pressentimento de que meu fim já estava traçado.
Escorrego pela parede da cela, ainda com o parafuso em mãos e me sento no chão frio. Minha cabeça pende para trás, apoiando-se contra a parede e fecho meus olhos. Dormir tem sido impossível, meu cérebro recusando-se a desligar, mandando imagens que servem apenas para me torturar.

- Nossa, você está péssimo.
Abro os olhos imediatamente. Aquela voz... é impossível! Encaro a garota de tamanho mediano que esta em pé à minha frente. Não pode ser S/n! Simplesmente não pode. Mas ela está ali, usando um vestido azul e os cabelos estão soltos, seu sorriso malicioso estampado no rosto.
- O que foi, Winchester? Nunca me viu antes?
Ela pergunta caminhando até mim e se sentando ao meu lado no chão. Eu ainda estava mudo, eu deveria estar louco.
- Você não é real...
- O que você acha? - Ela pergunta, seus olhos cor de chocolate derretido me fitam com sarcasmo.
- Eu estou ficando maluco - Digo cobrindo meu próprio rosto com as mãos. Estava começando a ter algum tipo de alucinação, ou a comida que me davam tinha algum tipo de droga. S/n permaneceu em silencio e quando descobri os olhos ela não estava mais alí.
Encarei fixamente o ponto onde ela havia se sentado, o local vazio parecia rir de mim.
- Esta me procurando?
Dou um salto quando sua voz vem de trás de mim. Em pé no meio da cela eu a encaro encostada na parede.
- O que é você? - Pergunto ficando irritado.- Aqui já não esta ruim o suficiente?
- Eu sou S/n. Dean, qual o seu problema? - Ela pergunta dando um passo até mim e tocando meu braço.
Eu senti seu toque, quente e real, aquilo não podia estar acontecendo. S/n estava à quilômetros daquele lugar onde quer que eu estivesse.
- Você não é real - Repeti buscando convencer mais a mim mesmo. Esse lugar sugou todas as minhas forças, eu não conseguia mais saber o que era real ou não.
- Faz diferença? - Ela perguntou em tom doce. S/n guiou-me até a pequena cama e fez com que eu me sentasse. Eu obedeci quase robóticamenre. Sentando-se ao meu lado ela prosseguiu: - Realmente importa se sou real ou apenas fruto da sua cabeça? Dean, eu estou aqui, com você, precisa de algo mais?
- Você não é ela - Balanço a cabeça.- Você não passa de uma ilusão. Vai desaparecer.
- Então aproveite o tempo que estou aqui - Disse. Ela deitou a cabeça no meu peito e ficou, não disse nada e também não tentou me convencer de nada.
Eu sabia que aquilo não iria durar, eu poderia ter enlouquecido, mas o calor da mulher que eu amava ali foi meu único momento de paz em semanas.
Então eu a abracei e beijei o alto da cabeça dela, secretamente desejei que fosse real.
~~

S/n POV's;

- E então, Cass? - Pergunto me sentando ao lado do anjo em uma das mesas da sala de reunião do Bunker. Deposito a caneca de café cheia sob a mesa, não conseguia dormir e estava compulsivamente viciada em café, aquilo havia se tornado minha tabua de salvação já que os momentos de sono foram perturbadora e pontuados por eventuais gritos noturnos. - Achou algo?
- Não - Disse, seus olhos não se.ergueram, ele não me encarava.- Desculpe... eu não consigo acha-los.
- Não é culpa sua.
- É. É culpa minha! - Ele se levantou, eu nem me lembro a última vez que vi Castiel nervoso, ele apoiou as mãos nas costas da cadeira onde estava sentado e pela primeira vez em semanas me olhou nos olhos.- S/n, se eu não os tivesse deixado, Sam e Dean estariam aqui. Eu os abandonei.
- Voce fez o que eles haviam planejado. Você não sabia que...
- Que poderia dar errado? - Perguntou olhando-me como se eu tivesse dito algo absurdo. - Você fica supresa que tenha dado errado?
- Cass....- Paro por um momento e respiro fundo. Dean era meu marido a quase três anos, antes disso caçamos juntos por quase cinco, Sam era meu melhor amigo desde sempre e agora os dois estavam desaparecidos. Eu não precisava estar discutindo isso com Castiel, eu podia simplesmente dizer que ele estava certo e que por culpa dele os dois haviam sumido, mas eu não faria isso e eu não acreditava nisso. No fundo eu sentia culpa também, por não ter ido junto, por não estar lá para formular um plano melhor, por não saber o que fazer.
Eu estava na Flórida cuidando de um caso de espírito vingativo. Dean falou que encontrou Lúcifer que estavam indo atrás dele, voltei no mesmo dia... mas não cheguei a tempo. Se não tivesse ido até a Florida, se tivesse ficado com ele. Seria tao diferente.

- Eu liguei para Mary - Castiel murmura, tirando-me de meus pensamentos. - Ela também não tem noticias.
- Estamos fazendo tudo o que podemos - Digo.
- Estamos?
- Você não pode deixar sua culpa minar suas esperanças - Digo perdendo minha paciência e ficando de pé. Castiel estava sendo pessimista, estava deixando-me ainda pior.- Vamos acha-los.
Viro-me e saio do cômodo, eu precisava muito ficar sozinha.
~~

Dean POV's;

Cinco semanas.
Sabe quando você acha que as coisas não pode piorar e então tudo piora? Todos os meus dias tem sido desse jeito.
Como se não bastasse a comida horrível, o silêncio, o vazio, agora estou perdendo completamente a cabeça.
S/n desapareceu. Depois que acabei dormindo com ela em meus braços, ou o que achava ser ela... e acordar sozinho novamente, a única coisa que desejava era que ela voltasse. Eu não queria saber se ela era real ou não, se estava na minha mente ou não.
Meu reflexo estava mais abatido do que nos últimos dias. Enquanto encarava minha imagem no espelho e fazia a barba que começava a crescer fora de controle, por um momento quase me cortei.
- Sempre gostei mais de você com barba.
A mulher atrás de mim falou e eu a vi pelo espelho enquanto se aproximava. S/n estava linda, acho que minha mente voltou a pregar peças em mim mesmo, quando solto o barbeador na pequena pia e me volto para ela, é como se a visse novamente depois de anos.
Ela já estava perto o suficiente, passo meus braços a sua volta e a puxo para mim.
- Senti sua falta - S/n murmura próximo a minha orelha. Seus dedos passeaiam pelo meu rosto subindo até meus cabelos.
Eu queria dizer que a amava, mas sabia que não adiantaria. Fiquei em silencio o tempo inteiro enquanto S/n brincava com meus cabelos, e depois quando começou a cantar alguma canção que eu não conhecia mas que ela cantava muito bem.
E foi alí, naquele momento que comecei a formular um plano. Eu iria ve-la, pelo menos uma ulima vez.
~~

S/n POV's;

Estou sentada no passageiro do carro de Mary. Cass recebeu uma ligação de Dean e ele falou que estavam em algum lugar do Colorado. Depois de muita briga interna, resolvo sugerir que nós três busquemos ajuda com os Homens de Letras britânicos. Mary não aceitou bem de incio, mas Castiel sim, quando encontramos com eles os caras até que foram bastante simpáticos, mas eu ainda não confiava neles. De volta ao carro, estou em silêncio pensando em uma forma de encontrar os rapazes. Droga, eu nem sei em que merda os dois se meteram.
Mary estacionou o carro no acostamento de uma estrada de terra, não sabíamos exatamente onde deveríamos encontrar os dois, já que as coordenadas que Dean deu para Cass não era das melhores. Eu estava com meu celular tentando encontrar algo no GPS quando um som de folhas mexendo chamou minha atenção.
Para meu alivio, Sam e Dean surgiram do meio da mata correndo até nos, os dois estavam péssimos, vestidos com roupas cinzas que pareciam de presidiários.
Antes mesmo de nos alcançarem nos fomos até ambos. Mary abraçou os filhos e em seguida Cass cumprimentou os amigos. Dei um forte abraço em Sam, apertando meu amigo com toda a força de meus membros.
- Ah, Grandão, em que você se meteu? - Pergunto. Sammy da um sorriso fraco.
- Você nem imagina.
Viro para Dean, me lanço em seus braços e o aperto assim como fiz com Sam. Dean beija o alto da minha cabeça, ele também me abraça forte.
- A próxima vez que sumir assim - Falo me afastando mas ainda mantendo minhas mãos nele.- Juro que me dou como viúva e procuro outro marido rico.
Ele riu, como senti falta dessa risada, mas ainda não era a que eu amava, não era genuína.
Caminhamos de volta para o carro e embarcamos.
***

No carro, durante grande parte do percurso ninguém falou. Eu estava no banco de trás com Dean e a todo momento ele apertava um pouco mais os braços em volta de mim, eu sentia tanto a falta dele que não me importava.
O relógio do painel marcou meia-noite quando Dean beijou o alto de minha cabeça e quase ao mesmo tempo o carro parou no meio de uma ponte e todas as luzes se apagaram.
- É agora - Falou para o irmão.
Ambos abriram as portas e desceram no veiculo. Eu, Cass e Mary descemos em seguida sem entender o que se passava.
Parada diante do carro estava Billie, a ceifeira que à meses esta tentando levar as almas de Dean e Sam.
- O que esta acontecendo? - Pergunto.
- Billie - Mary murmura.
- A ceifeira? - Cass acrescenta.
- O que foi que vocês fizeram? - Pergunto olhando aflita para os irmãos.
- S/n... você precisa entender - Dean me olhou como se pedisse perdão. - Aquele lugar... só tinha um jeito de sairmos de lá e não era respirando.
Eu não estava acreditando. Dean e Sam nos contou o plano deles, um plano estúpido e que infelizmente foi a única saída que eles tiveram.
- Um pacto? - Castiel repete. - Fizeram um pacto?
- E quais as consequências? - Mary pergunta.
- Um Winchester - Billie responde.
- Um de nós deve morrer e não voltar nunca mais - Sam respondeu.
- Não... não...- Murmuro andando de um lado a outro. Eu sentia como se meu estomago estivesse revestido de chumbo, meu peito doía, a ideia de perder Dean ou Sam e nunca mais poder ve-lo me deixava apavorada.
- Nós já estávamos mortos - Dean fala, e eu podia enxergar a dor nos olhos dele, eu podia ver o quanto ele sofreu naquele lugar e eu não fiz nada para impedir, nada que pudesse salva-lo. - Aquele lugar sem nada nem ninguém, o tempo todo. Eu já estive no inferno e aquilo é ainda pior.
- E dessa forma pelo menos um de nós ainda continuará lutando - Sam diz.
- Então? Qual será? - Billie pergunta.
Mary da um passo a frente, eu sei o que ela vai fazer, e eu não posso deixar. Eles já passaram muito tempo separados.
Passo na frente dela e pego minha pistola no cós da calça.
- Eu vou - Digo.
- O que? - Sam pergunta.- S/n, para!
- Não, você não vai fazer isso - Dean tenta se aproximar, porem eu me afasto.
- S/n...- Mary me olha preocupada, mas eu posso sentir seu agradecimentos pelos filhos.
- Você não pode! - Dean fala nervoso.
- Um pacto foi feito. Se um Winchester não morrer essa noite as consequências seram em escala cósmica - Billie adverte.
- Um Winchester deve morrer essa noite - Digo encarando Billie.- Eu sou uma Winchester.

Eu era, era casada com Dean, isso fazia de mim uma Winchester.
- Eu não me oponho - Billie sorri satisfeita.
Ergo a arma até minha têmpora e pressiono o cano frio em minha pele.
- Eu amo vocês, todos vocês - Digo entre soluços baixos quando fecho os olhos e posiciono meus dedos no gatilho.
No momento em que vou apertar o gatilho, ouço um som estranho e ao abrir os olhos uma luz forte me cega por alguns momentos. Billie desaba no chão com um furo ensanguentado no peito. Cass esta em pé atrás dela com sua lâmina angelical em punho.
Dean me alcança rapidamente e puxa a arma de minhas mãos em seguida me puxando para seus braços. Meu rosto esta sendo apertado contra seu peito.
- Nunca mais faça isso - Diz, sua voz era um misto de alívio e nervosismo.- Eu... você não entendeu? Aquele lugar era horrível porque eu não tinha você comigo.
Me afasto dele e olho para Castiel.
- Obrigada - Agradeço.
- Esse mundo triste, condenado e infeliz precisa de cada Winchester que puder. Eu não vou deixar que nenhum de vocês morra.
Precisávamos voltar para o bunker, já estava tarde. Entramos novamente no carro em silêncio. Dean estava nervoso, comigo e por alguma razão com Castiel. Ele foi na frente ao lado da mae.
***

Quando chegamos no bunker, desço as escadas, indo direto para o meu quarto. Eu estava me sentindo péssima.
Dean veio atrás de mim quando entrei no comodo ele também entrou e fechou a porta.
- Temos que conversar - Falou.
- Não, nós não temos.
- Não quer falar sobre como quase se matou? - Ele estava muito nervoso.
- Você fez uma coisa estúpida, eu quase fiz uma coisa estúpida. Estamos empatados - Rebati.
Dean andava de um lado a outro do quarto, ele não podia brigar comigo por fazer o mesmo que ele fez.
- Quando você apontou aquela arma para a sua cabeça - Ele suspirou. - Eu entrei em pânico. S/n, eu não podia deixar que você morresse no meu lugar. Eu não podia assistir enquanto, por minha culpa, você morria.
- E eu podia assistir você morrer? Dean, nós estamos juntos nisso, somos uma família. Eu não ia ver nem você e nem Sam morrerem. Mary tem direito de viver a vida dela que foi interrompida, você só precisava pensar, quem ali faria menos diferença caso se sacrificasse? Era um bem maior.
- Menos diferença? - Repetiu incrédulo.- A razão por eu não ter sentado no chão daquela cela vazia e apodrecido ali foi você, S/n. Eu estava ficando maluco, justamente por não ter você comigo.
Ele queria me contar algo, mas parou, não sei se deveria insistir ou não. Dean deve ter passado por algo muito ruim para ter tomado uma decisão como aquela. Eu não podia culpa-lo, eu fiz a mesma coisa.
- Desculpa - Peço. Dean me encara surpreso, ele sabe o quanto eu sou orgulhosa para me desculpar por algo.- Desculpe por condenar você por querer se sacrificar e depois fazer o mesmo. Eu não sei o que você passou, mas com certeza foi pior do que posso imaginar. E mesmo que tenha sido uma decisão muito idiota, pelo menos você esta aqui agora.

Dean abre a boca e fecha várias vezes, até que apenas me puxa pela cintura começa a me beijar calmamente. Ele não era bom com palavras, mas definitivamente era bom com beijos.
Retribui, atacando seus lábios enquanto puxava seus cabelos. Dean separou sua boca da minha e arrastou os lábios pelo minha pele até chegar no pescoço.
- Você é real.. - Murmurou. Não entendi o que ele quis dizer com aquilo. Ele parou e se afastou me fitando por alguns instantes. - Eu amo você.
Sorri para ele, eu sabia disso, mas era sempre bom ouvir.
- Eu também amo você - Respondo.

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