Iris [Livre]
Leitora/Castiel.
***
Ashland, Oregon.
Leio atentamente a lista de ingredientes no livro de feitiços e novamente me volto para minha mesa onde estavam reunidos quatro deles.
O feitiço era bem complexo. Eu procurava uma forma de ampliar meus poderes e esse feitiço vai me proporcionar isso. No entanto, com uma expressão desgostosa, eu vejo que o ultimo ingrediente é um pouco mais complexo que os outros. Eu deveria conseguir a Graça de um anjo.
Me afasto em direção ao meu armário onde guardo outros tipos de objetos e produtos usados em feitiços e apanho tudo o que possa servir para um rapido feitiço. Esse serviria para rastrear um anjo, não um em especifico pois este é mais complicado, este me ajudara a encontrar qualquer anjo em alguns raios de quilometros.
Enquanto faço a preparação de tudo, penso em algumas maneiras que posso utilizar para capturar o tal anjo. Eu sei que não é facil, mas uma bruxa de 200 anos tem seus truques. Com certeza ainda devo ter algo em minhas caixas mais antigas que sirva para imobilização.
Ateio fogo ao mapa e ele queima quase que por completo, apenas um pequeno espaço onde se lia Portland o que é otimo para mim, pois não é longe de onde me encontro agora.
Em seguida me desloco até a pequena porta ao lado das escadas, o armario onde guardo todos os meus itens mágicos mais importantes fica trancado com um selo magico, afinal eu preciso me certificar de que ninguem alem de mim vá ter acesso a tal poder que estes itens contém.
Depois de apanhar uma fina adaga dourada, eu fecho a porta e refaço o selo. Assim que estou devidamente pronta, apanho alguns saquinhos de feitiços no armario e saio.
***
Estacionei meu carro em frente a um motal barato, o que é um local muito esquisito para se encontrar um anjo. Observo cada um dos quartos, esperando que alguem saía.
Finalmente, depois do que me pareceu umas duas horas de espera o quarto de numero 12 abriu a porta e três homens saíram de dentro dele. Um era bem alto e tinha cabelos no queixo, o segundo era um pouco mais baixo e seus cabelos eram loiros. Ja o terceiro foi quem chamou minha atenção, alem de seus cabelos negros e os olhos azuis, identifiquei de cara sua Graça angelical. Alem de sua aura de anjo, outra coisa chamou minha atenção, era como se eu ja o conhecesse mesmo nunca tendo sequer o visto.
Aquele é o meu anjo.
Não tenho ideia de quem possa ser os outros dois com ele. Não são anjos, isso eu posso afirmar, mas o que são? Humanos caçadores?
Acompanho o trio com o olhar até ver que estão indo até um carro preto. Eles conversam por mais um tempo, e minha paciência começa a se esvair, e entao os dois homens entram no carro, deixando o anjo para trás.
Saio o carro, assim que percebi o quão boa é essa oportunidade e caminho na direção do Anjo.
- Ei? - Chamo. Ele me olha receoso.- Desculpe atrapalhar, mas meu carro quebrou... eu não sei o que aconteceu. Pode me ajudar?
Ele parecia hesitante, pensou um pouco.
- Está bem... eu só não entendo muito de carros.
- Sem problema, qualquer coisa que você saiba ja é muito comparado a mim.
Eu lhe dei um sorriso e ele retribuiu um pouco timido. Fomos até meu carro que estava em perfeito estado e ele abriu o capô.
Enquanto ele olhava o interior do carro eu apanhei um dos saquinhos de feitiço e me aproximei lentamente dele. Fazendo uma expressão de curiosidade eu pergunto:
- Então? Encontrou algo?
- Pelo pouco que entendo... não parece ter nada errado com o seu carro.
Eu me aproximo mais até estar a centímetros de seu rosro. Os olhos dele são definitivamente hipnotizantes, eu desvio o olhar e rapidamente deixo o saquinho cair no bolso do sobretudo que ele usava.
Em menos de meio segundos ele caiu no chão tendo uma sequência de convulsões para logo em seguida ficar inconsciente.
- Desculpe.
Murmurei.
Fechei o capô do carro e o carreguei com alguma dificuldade para o banco de trás do carro. Amarrei suas mãos e voltei para o banco do motorista dando partida em seguida.
***
Pensei em tirar a Graça dele ali mesmo no estacionamento, mas era imprudente. Qualquer um poderia aparecer ali, pricipalmente os amigos dele.
Ao chegar em casa eu o prendi em uma cadeira no porão e fiz um circulo em chamas com óleo santo. Isso é o bastante para segurar um anjo.
Retirei o saquinho de seu bolso e imediatamente ele recobrou os sentidos.
- Bom-dia!
Eu sorri. Ele me olhou confuso e em seguida com raiva. É estranho sentir como se sua alma estivesse sendo refletida nos olhos de outra pessoa?
- Não tinha nada errado com o seu carro.
Não entendi se aquilo foi algum tipo de comentário sarcástico, mas seu rosto dizia que ele falava sério, mesmo assim eu ri.
- Parece que não. Mas obrigado por olhar, mecânicos de verdade estão sempre nos enganado para arrancar dinheiro.
- O que você quer comigo?
- Sua Graça.
Respondo sem rodeios, ele me encara surpreso.
- Minha Graça?
- Isso ai.
Ele balançou a cabeça.
- Desculpe... eu não posso dar isso a você.
Ergui uma sobrancelha e ele voltou a falar.
- Você não sabe quem sou eu?
- E isso faz diferença? - Indaguei confusa com a pergunta.
- Um pouco...- Ele maneja a cabeça para o lado. - Sou Castiel. E não tenho Graça.
Franzi o cenho e o encarei.
- Isso não é verdade, eu posso sentir a Graça em você. Não minta para mim!
- Minha Graça ja foi tirada, por outro anjo chamado Metatron - Ele explica. - Esta que esta sentindo... eu pecisei roubar de outro anjo.
Ele dizia a verdade, posso ver apenas pela forma arrependida que ele fala. Mas não posso entender... senti algo tão forte quando vi, se não foi o poder de sua Graça então o que foi?
Solto um suspiro. De tantos anjos que eu poderia ter encontrado... fui justo no defeituoso. É bem a minha cara.
- Ótimo, talvez eu pegue o pouco que você ainda tem - Digo, tentando soar ameaçadora.
- Qualquer feitiço que queira fazer, não será o bastante.
Solto um suspiro aborrecido. Ou sou muito azarada ou muito burra. Talvez eu deva simplesmente me livrar dele e procurar outro anjo.
Mas ao observa-lo com atenção não me sinto com vontade de mata-lo. Castiel se dispôs a me ajudar mesmo não me conhecendo e mesmo amarrado e praticamente com uma lamina na garganta ele não se mostrou hostil.
- O que vai fazer agora?
Pergunta.
- Eu estou pensando - Respondi aborrecida. Não é nada fácil quando seu plano é interrompido dessa maneira. Agora eu teria que arrumar outro anjo e traze-lo para cá. No entanto, eu preciso primeiro resolver o que vou fazer com Castiel. Não quero mata-lo, mas não posso simplesmente solta-lo por ai.
- Como você se chama?
- S/n - Respondo.
- É um nome bonito.
Dou uma risada.
- Esta flertando comigo?
Castiel me encarou confuso.
- Não.... isso soou como um flerte?
- Com certeza.
Afirmei com um sorriso zombeteiro. Castiel tombou a cabeça para a esquerda.
- Entao me desculpe.
Me pus a observa-lo atenção. Castiel agia como se não tivesse nada a perder, como se eu não pudesse feri-lo. De certa forma ele tem razão, afinal eu nunca pretendi mata-lo. Eu queria sua Graça e só, e agora que não tenho como pega-la...
- Eu... eu vou apagar isso - Digo apontando para o circulo que ainda queimava. Pego um extintor e elimino as chamas.
- Vai me soltar?
Ponderei alguns instantes antes de responder com outra pergunta:
- Vai mandar seus amigos caçadores atrás de mim?
- Como sabe deles?
- Eu estava de tocaia - Dou de ombros.
- Eu...
Antes que ele respondesse ouço um estrondo vindo do andar de cima, recuo um pouco e em seguida a porta do porão é arrombada. Os dois homens que acompanhavam Castiel mais cedo descem correndo as escadas e enquanto um aponta a arma para mim, o outro corre para soltar o anjo da cadeira.
- Um passo e eu atiro! - O moreno avisou. Eu engoli em seco.
- Você esta bem? - Ouço o loiro peguntar a Castiel que responde com um "Sim".- Acho que encontramos a bruxa que vem dando dor de cabeça.
Ótimo, como se fosse pouco tudo o que aconteceu, agora estão me confundindo com sei lá quem.
- Sugiro que saiam daqui - Digo em tom calmo.- Não quero machucr vocês.
- Falou a bruxa que sequestrou Castiel.
O loiro reclamou.
- Eu não iria mata-lo...
- Ela queria minha graça. Mas ja iria me libertar.
Encaro os dois caçadores, porem nem confirmo e nem nego o que ele disse. Castiel estava me protegendo por qual razão?
- Castiel ela te sequestrou!
O rapaz de cabelos castanhos exclamou.
Castiel desvia o olhar e me fita, por alguns instantes era como se as armas apontadas para minha cabeça não estivessem ali. Lembrei-me de algo que li em um livro empoeirado à muito tempo atrás:
Mesmo antes de me tornar ma bruxa, sempre fui uma medium e sempre pude ver as almas das outras pessoas. Eu podia sentir empatia por elas apenas em ver sua aura. Então, certa vez vi em um livro que quando alguem econtra sua alma-irma... ou gêmea se prefir. Uma conexão imediata se estabelece... é como se elas se reconhecessem.
É como se de repente um farol acendesse em minha mente. Nunca encontrei ninguem que a aura fosse tao clara e forte como a desse anjo, e agora sei o motivo. As pessoas costumam confundir isso com amor a primeira vista... mas é bem mais complexo. Castiel não tem alma, mas a aura angelical acendeu-se como uma lampada assim que nos encontramos.
E ele sabia disso.
- Você não estava com medo...- Falo, ignorando todo o resto.- Você percebeu!
Ele não esboçou nenhuma reação.
- Eu não sei o que é... estava tentando descobrir. Só sabia que ja havia visto antes, mas nunca entre anjos e humanos.
- Do que vocês estão falando?
O loiro indagou confuso.
Eu me aproximei do anjo, não me procupando com as armas. Castiel me observou.
- Eu não acho que eles entenderiam, porque acho que nem eu mesma entendo.
Eu estendi minha mão, e Castiel também, quando nossas palmas encontraram-se um forte luz envolveu a nós dois. Era claro qe apenas nós podiamos vê-la.
- Nunca imaginei que algo assim aconteceria comigo - Falo, sabendo que meu tom era assombrado. Castiel concordou com a cabeça.
- Posso dizer o mesmo... eu não esperava por isso.
Fechei os olhos e me aproximei ainda mais, a luz ficou mais forte.
- Eu só quero que você saiba quem eu sou - Digo, permitindo que ele entrasse em minha mente.
Após atingir seu ápice, a luz enfraqueceu. Abri os olhos e fitei Castiel que me observava com ternura. Nunca passou pela minha cabeça que as coisas atingiriam este ponto e no fundo estou feliz que tenham. A eternidade é sombria quando se vive sozinha, as décadas... os séculos, todos os anos que se passam sem alguém pode nos transformar em quem não somos. Eu nunca almejei poder, porém ao me ver sozinha isso tornou-se o meu único propósito.
Dou um passo tràs e me volto para os dois caçadores. Suas expressões eram de mais pura confusão.
- Não sou a bruxa que procuram - Esclareço. Leona vinha causando problemas à algumas semanas, com certeza era ela a quem procuravam. - Ela não vive muito longe, posso dizer-lhes onde encontra-la.
- Certo... o que foi tudo isso? - O caçador moreno questionou.
- S/n e eu... bem, parece que temos uma ligação que até então eu acreditava impossível para anjos - Castiel explica. - Mas que se apresentou possivel e extremamente forte.
Dou um sorriso.
- Sério? Isso parece bem absurdo.
- Realmente parece, Dean - Castiel afirmou. - Mas o que não é absurdo quando se trata de nós.
Guardo dentro de mim um belo comentário sarcástico direcionado ao loiro que agora sei se chamar Dean.
- Venham comigo - Chamei.- Leona pode estar planejando escapar.
- Vai entregar um das suas?
Dean perguntou.
- Eu nunca fui como elas - Respondo.- Crianças inconsequentes que destroem a bela arte da magia. Não me sinto nem um pouco culpada.
- Tudo bem...- O moreno olha para Castiel que desde então não sai do meu lado.- Acho que podemos confiar em você.
Castel pousa sua mão em meu ombro e sinto o local que ele tocou se aquecer.
- Sim, nós podemos.
O anjo afirma.
***
Estavamos em frente a casa de Leona e como previ ela pretendia fugir. Enquanto Dean e seu irmao Sam, iam até a casa dete-la, eu e Castiel ficamos sozinhos.
- Eu ainda não acredito - Murmuro, abraçando meu próprio corpo e me encostando na parede de um casa.
- Você não é a unica.
- Sabe... eu sempre pude ver a aura dos outros. E em todos esses anos eu via diante de meus olhos diversos casais encontrando-se com seus pares. E quando aconteceu comigo... eu não fui capaz de perceber.
Castiel prostrou-se meu lado. Ele não era como os outros anjos que vi, ele parecia quase humano.
- O que acha que devemos fazer agora?
Ele perguntou. Eu o olhei e me aproximei dando um beijo rápido em seus labios. O anjo que demonstrou surpresa por apenas alguns segundos, me segurou pelo rosto e beijou-me de volta. Envolvi seu pescoço com meus braços.
- Parece que não sao apenas os nossos destinos que se encaixam - Digo, assim que partimos o beijo. Nossos labios pareciam ter sido feitos um para o outro. Olho para a rua escura, eu deveria ir embora.
- Não vá embora - Pede, segurando meu rosto. Como ele percebeu?
- Você é o mais próximo do paraíso que jamais estarei - Falo.- Sei que se continuar aqui... com você, vou estragar tudo.
- Eu acabei de encontra-la, S/n, não quero perder você.
Fito seus olhos e vejo a mim mesma refletida ali. Eu não queria deixa-lo, eu não podia deixa-lo... pelo menos não agora. Como um gesto para mostrar que pretendia ficar, me aconcheguei mais em seu peito e fechei os olhos.
- Não vai perder.
***
Pedido por:
OwnerOfYour_ass
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