❝ π‘©π’π’π’π’Ž ❞ 𝑯𝑬𝑹𝑨 𝑽𝑬𝑡𝑬𝑡𝑢𝑺𝑨

𝑯𝑬𝑹𝑨 𝑽𝑬𝑡𝑬𝑡𝑢𝑺𝑨 β€” π’Šπ’Žπ’‚π’ˆπ’Šπ’π’†

O sol marcava presenΓ§a naquela manhΓ£ de domingo, clareando com sua luz toda a extensΓ£o do quarto onde eu dormia. As cortinas finas e claras depositadas sobre a vara no alto da parede nΓ£o pareciam fazer o trabalho as que lhe foi proferido, pois impediam com o minimo de eficiΓͺncia que aquela claridade indesejada adentrasse o comodo. Um lenΓ§ol curto cobria-me atΓ© metade de minhas pernas onde, diante do vento gelido que adentrava pelas janelas de vidro, nΓ£o serviam de muita ajuda.

Um cansaço percorria meu corpo, impedindo-me que a coragem invadisse-me e me permitisse que levantasse daquela cama que, naquele momento, proferia a sensação de se estar no céu. No entanto, quando a porta do quarto foi aberta, revelando uma  bela mulher robusta, de cabelos ruivos caindo sobre os ombros e uma pele verde que brilhava diante do sol, eu soube que o meu verdadeiro paraíso havia chegado.

Hera tinha em mãos uma bandeja de madeira, e um sorriso preenchia seus labios rosados. Ela deu dois passos em minha direção, com aquele sorriso presunçoso nos lÑbios, como se soubesse que eu não podia pensar em nada mais naquele momento a não ser aquele belo par de olhos cintilantes.

β€” NΓ£o acha que dormiu demais? β€” Ela indagara-me, sua voz arrastada e grossa, dando-me a total certeza de que havia acordado a pouco tempo.

β€” Hoje Γ© domingo e esse seu quarto claro idiota me fez acordar mais cedo do que eu pretendia. β€” Assim como a voz de Hera, a minha estava sonolenta e quase inaudivel. β€” O que tem aΓ­? β€” Hera levantara a bandeja, sorrindo enquanto se aproximava e, desajeitadamente, ela colocara o objeto entre minhas pernas, dando-a a visΓ£o de tudo que continha. β€” Γ‰ meu aniversario e eu nΓ£o estou sabendo?

β€” Assim vocΓͺ me ofende, sabia? Quer dizer que sΓ³ posso trazer um cafΓ© da manhΓ£ na cama para minha namorada se for alguma data importante? β€” Eu sorri, e peguei a bandeja de suas mΓ£os, sentindo o cheiro de cafΓ© inundar minhas narinas, misturando-se com o aroma floral que eu sabia vir de seus belos cabelos ruivos, que caiam sobre seus ombros, brilhosos e visivelmente sedosos.

Levei o cafΓ© aos lΓ‘bios e senti o gosto maravilhoso abrir caminho por minha boca. Apenas Hera possuΓ­a a capacidade de preparar algo tΓ£o bom, e o sorriso presunΓ§oso que ganhava vida em seu rosto mostrava que ela tinha a total consciΓͺncia disso.

β€” EstΓ‘ bom, nΓ£o Γ©? β€” Senti vontade de jogar um travesseiro nela apenas pela forma sensual que sua voz soava. Era confiante, como se ela soubesse de fato o que se passava em minha mente ao seu respeito.

— Não vou aumentar seu ego — Hera inclinara o pescoço para trÑs e deixara uma risada gostosa escapar de seus lÑbios.

β€”!Justo. Mas sei que vocΓͺ o achou maravilhoso, bloom. β€” Sorri instantaneamente com o apelido que ganhara forΓ§a nos ΓΊltimos meses. Ela insistia em me chamar dessa maneira, mesmo contra minha vontade, mas agora, depois de perceber que ela de fato nunca pararia, eu estava gostando. Era algo sΓ³ dela, que apenas Hera poderia me chamar daquela maneira, e saber que ela queria uma coisa sobre mim que fosse apenas sua, me fazia feliz. β€”- Vejo que agora gosta do apelido. Eu falei que vocΓͺ ia comeΓ§ar a adorar.

β€”- NΓ£o gosto, nΓ£o. Ainda o acho ridΓ­culo.

β€”- VocΓͺ nΓ£o me engana, bloom. Eu sei que vocΓͺ ama.

β€”- Acho que vocΓͺ estΓ‘ supondo saber demais sobre mim.

—- Por que eu sei. Te conheço melhor do que todo mundo. —- Talvez fosse verdade. Hera me conhecia muito bem, melhor do que eu mesma, arriscaria dizer. Ela sabia cada um de meus segredos e conhecia todas as minhas manias. Sabia todos os meus gostos e tudo aquilo que eu repugnava. Hera saberia me descrever em um livro de trezentas pÑginas ou em uma única folha de ofício. Ela buscava me compreender e interessava-se em me desvendar. Sempre dizia que eu era seu passatempo favorito e seu mistério mais complicado. Dizia que nunca descansaria até que me desvendasse por inteiro e desfizesse o complô de nós que habitavam meu interior. Mas mal sabia ela, que jÑ havia descoberto tudo que poderia ser capaz saber sobre mim, exceto a única coisa que nem eu conseguia entender: os meus sentimentos por ela.

Eu deixei a xΓ­cara de cafΓ© sobre a cΓ΄moda ao lado da cama e deitei-me sobre os travesseiros fofos que a poucos minutos abrigavam meus sonhos. Hera engatinhou pela cama e deitou-se ao meu lado, passando a encarar-me. Eu nΓ£o a fitava, mas podia sentir seu intenso olhar sobre mim. Era como se conseguisse penetrar-me.

Virei meu rosto levemente para encontrar seus olhos. Suas Γ­ris brilhavam com a ajuda do sol e transformavam-se em dois globos esmeralda, que realmente remetiam a todos que vissem as jΓ³ias tΓ£o preciosas, mas que nΓ£o chegavam perto da tamanha perfeição que eram os olhos de Hera. Sua boca comprimia-se, mas eu podia ver o quΓ£o vermelha estava. Sua pele verde brilhava, como todas as manhΓ£s. Sempre tive inveja da forma com a qual a ruiva acordava. Antes de conhecΓͺ-la eu achava que todos possuΓ­am um pΓ©ssimo estado em um horΓ‘rio tΓ£o cedo, mas assim que presenciei Hera pela primeira vez, com seu rosto livre de maquiagens e seu corpo natural, eu rapidamente mudei de ideia. Porque existia sim alguΓ©m que tinha tamanha perfeição para ter tal sorte, e esse alguΓ©m me pertencia, e olhava-me com os olhos tΓ£o doces que eu perguntava-me o que havia feito para merecΓͺ-la.

β€”- VocΓͺ Γ© linda. β€”- Ela falara, e saΓ­ra mais como uma confissΓ£o do que uma declaração. Hera levara suas mΓ£os atΓ© meu rosto e tirara uma mecha que caia sobre meus olhos. Seus dedos permaneceram ali, roΓ§ando em minha pele, lentamente e com cuidado. Hera me admirava como se eu fosse um tesouro, algo tΓ£o importante que precisava de toda a proteção do mundo.

A ruiva sempre me olhara e agira assim, como se precisasse me proteger a todo momento. Ela cuidava de mim e sempre evitava brigas ou discussáes. Hera me fazia sentir segura e as vezes eu me perguntava de onde vinha aquela necessidade tão grande de proteger-me, de cuidar de mim até onde podia e até mesmo ultrapassar os limites a que lhe eram de obrigação.

β€”- Eu te amo, bloom. NΓ£o sei como fez isso, como me fez amΓ‘-la quando prometi a mim mesma que nunca amaria alguΓ©m. Mas vocΓͺ conseguiu o que eu julgava ser impossΓ­vel. β€”- Hera se aproximara mais, quase cortando por completo a distΓ’ncia que nos separavam, e encostou os lΓ‘bios nos meus, quentes e ΓΊmidos. RoΓ§ou sua lΓ­ngua na minha e a sensação eletrizante que corria por meu corpo era como uma droga sem tratamento. Me fazia desejar mais e nΓ£o saber viver sem. Seu beijo tornara-se parte de mim, sua lΓ­ngua traΓ§ando caminho por minha boca era algo a qual eu necessitava.

Eu a amava. Suplicava por Hera. Desejava ela. Sonhava com seu toque e vivia por seus beijos. Hera, em pouco tempo, tornara-se o ar que mantinha-me viva e o motivo pelo qual meu coração dava cada batida.

Quando nos afastamos, eu apoiei minha testa na sua e senti sua respiração calma sobre meu rosto. Em um gesto a qual eu desenvolvi ao longo do tempo, levei minha mão ao seu peito, em cima de seu coração e senti o seu coração batendo, forte e rÑpido. Aquilo me fez sorrir.

β€”- Eu tambΓ©m te amo. Amo mais do que jamais conseguiria por em palavras. β€” Diante de minha frase, Hera desencostou sua testa da minha e virara um pouco o rosto em direção a janela que dava ao terraΓ§o, e pude ver umΒ  galho adentrar o quarto pela sacada, trazendo consigo uma flor avermelhada na ponta. Hera retirara a planta e fechara-a em sua palma, e ao abri-la a flor pequena transformarΓ‘-se em uma rosa aberta, que em seu interior um anel prateado com um diamante azul cintilante brilhava ao sol forte.

β€”- EntΓ£o case-se comigo, Bloom.

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