|| capítulo três

ERAM CERCA DE SETE HORAS DA MANHÃ, Caroline estava em seu quarto, a garota dormia como um anjo. Ela tinha um sono muito pesado, então quando dormia, nada mais a acordava. Já Tonya estava sentada na cadeira da porta, esperando sua visita diária.

Ao ouvir três batidas na porta, a mais velha a abriu, dando um sorriso largo para o loiro em sua frente.

—— Rafe Cameron. —— Tonya estava sorrindo para o garoto, mas ele nunca retribuía seus sorrisos —— Como está?

—— Estou bem —— Ele respondeu sem dar brecha para Tonya continuar uma conversa

Rafe retirou de sua mochila quatro caixas de remédio. Duas eram de paroxetina, e os outros dois de rivotril. Paroxetina era um antidepressivo, e rivotril um remédio para controlar a ansiedade, que controlava também a bulimia.

O loiro entregou as quatro caixas nas mãos de Tonya, que balançou a cabeça positivamente

—— Obrigada Rafe. —— Tonya colocou as duas caixas na escrivaninha —— Não gostaria de entrar?

—— Não, obrigada. Já estou de saída. —— Rafe olhou por cima do ombro de Tonya, vendo se Caroline ainda estava dormindo —— Ela está bem? Está melhorando, não está? Eu a vi ontem. Parecia melhor

—— Já faz quatro meses que você vem aqui toda semana, porque não pergunta isso diretamente para ela? —— Tonya cruzou seus braços, esperando uma resposta do Cameron

—— Custa você me falar se ela melhorou ou não? —— Rafe olhou para Tonya

—— Custa você ir falar com ela? —— Tonya rebateu

Um silêncio ficou no ambiente.

Fazia quatro meses que Rafe levava os medicamentos de Caroline para ela. Em todos esses meses, ele sempre esteve ciente da situação que a garota estava, e Caroline nunca desconfiou. Rafe pagava os remédios de Caroline, pagava seu psiquiatra, e Tonya dizia que ele não precisava, mas ele dizia que queria ajudar ela, com uma condição: que Tonya nunca poderia dizer que era ele que estava a ajudando.

—— Ela não te odeia. —— Tonya confessou ao garoto, que a encarou

Rafe mordeu seu lábio, respirando fundo. Ele se virou de costas para Tonya, e quando desceu os primeiros degraus da escada da porta da entrada, a voz de Tonya ecoou pelos ouvidos dele, fazendo o garoto arregalar seus olhos

—— Porque não diz a verdade? —— Tonya desceu um degrau, ficando mais próxima de Rafe —— Diga a verdade. Que se importa com ela.

—— Dizer a verdade? —— Rafe se questionou, balançando a cabeça negativamente —— Dizer que eu me importo? Que eu a observo todo dia, para ver se ela não irá cometer nenhuma loucura? —— Rafe coçou sua cabeça, levantando suas mãos para cima, e então apontou com seu dedo para Tonya, respirando fundo —— Não. Deixa ela pensar que eu não me importo.

—— Ela ficaria feliz em saber que você se importa. —— Tonya tocou no ombro de Rafe, que ergueu sua sobrancelha, mas deixou que a mulher a tocasse —— Eu conheço a Caroline. E você também a conhece, talvez melhor do que eu.

—— E é por isso que eu estou falando, é melhor ela acreditar que eu não ligo. —— Rafe se afastou da mulher —— Eu tenho que ir. Mas caso ela precise, me liga.

Ao ouvir o barulho da escada, como se alguém estivesse descendo, Tonya se virou rapidamente, e Rafe desapareceu de sua visão. Caroline descia as escadas segurando no corrimão, seus olhos estavam entreabertos, e ela cambaleava um pouco.

Tonya se aproximou dela, segurando em suas mãos, a ajudando a descer da escada.

—— Ouvi a voz do Rafe —— Caroline disse lentamente. Tonya observou a garota, que abria sua boca para bocejar —— O Cameron sabe? Ele estava aqui?

—— Não. —— Tonya passou a mão no braço da garota, a sentando em um banquinho da cozinha —— Você não estava dormindo?

—— Estava mas eu acordei —— Caroline fechou seus olhos, quase dormindo em pé

Caroline se concentrou, e aos poucos foi acordando. Tonya cozinhava um pão com manteiga para ela. A loira olhou lara a porta, vendo os remédios em cima de uma escrivaninha

—— Aqui —— Tonya colocou seu pão em um prato, o entregando para a Casteli —— Hoje será seu primeiro dia de aula, está animada?

—— Não.

Tonya deu de ombros, vendo Caroline dar uma pequena mordida em seu pão. O olhar de Tonya era fixo na garota, vendo se a garota realmente estar mastigando e engolindo.

Caroline se sentia cada vez mais suja com esses olhares. Era como se ela tivesse quebrado algo, se quebrado. E todos queriam concertar a garota, fazendo de tudo para vê-la, mas nada era suficiente, não quando você está no fundo do poço.

—— Para de me olhar assim. —— Caroline colocou o pão novamente no prato. Tonya olhou para ela, confusa com a frase dela —— Me olha normal. Que merda.

Caroline se levantou, pegando seu prato e colocando na pia.

Tonya tentou tocar no ombro de Caroline, mas a garota jogou seus braços para cima, se afastando de sua treinadora.

Há quatro meses Tonya a olhava como se fosse uma paciente em uma clínica psiquiátrica. Ela a olhava com dó, com medo dela fazer algo contra sua própria vida, mas isso só deixava Caroline mais chateada. Ela só queria que Tonya a olhasse como antes, do mesmo jeito que olhava para sua "patinadora incrível" mas ela mal conseguia olhar nos olhos de Caroline, sem querer derramar uma lágrima.

E no fundo, quando Caroline encarava seu próprio reflexo, ela tinha dó de si mesma. Então como culparia sua treinadora?

————————— ⛸️ —————————

Caroline estava sentada na última cadeira da fileira da ponta. Ela estava escrevendo qualquer coisa no papel da prova de física, ela nem sabia que tinha uma prova.

Sua atenção foi tomada por um homem, dizendo que gostaria de falar com Pope. A garota observou ele sair, olhando fixamente para a porta. Quando ele voltou, Kiara perguntou o que tinha sido aquilo, e ele mostrou o símbolo que estava no envelope. O símbolo do trigo.

Quando todos terminaram a prova, eles saíram correndo até a sala de informática. Caroline segurava o envelope em sua mão, sentindo a esperança tomar conta de si.

—— Caroline lê o que está escrito! —— Pope olhou para a loira

Jj pegou o envelope da mão de Caroline, mas ao ver a folha em sua frente, ele ficou confuso. Caroline o encarou, dando de ombros, mas Jj entregou o envelope para ela novamente

—— Não sei ler letra de mão. —— Jj fez um biquinho com seus lábios

Caroline segurou o papel, mas logo entregou para Kiara

—— Eu também não sei não. —— Confessou Caroline

—— Mas... —— Kiara fez uma careta, pegando o envelope da mão da loira

O bilhete dizia que eles haviam provas para inocentar o Jonh B, e dizia também para o encontrar em um escritório, mas o que deixou Pope angustiado era a distância. Demoraria oito horas para chegar no local.

Os adolescentes saíram da escola depois de algum tempo, Kiara estava convencida que iria ajudar os pogues pegando o carro de seus pais, e mesmo Caroline dizendo que ela poderia pegar o carro de Tonya, Kiara queria pegar o seu carro.

Caroline sabia que o motivo era porque Pope havia dito que Kiara não havia ajudado eles quando o Big Jonh morreu. No fundo, a morena se sentia culpada, e queria a todo custo ajudar eles, já que sabia que não estava lá no pior momento.

Ouvir o grito do pai de Kiara, fez Caroline bufar. O homem sempre foi insuportável, e conseguia ser muito mais chato quando pegava raiva de alguém. Os dois adultos ficaram andando atrás de Kiara, enquanto Caroline observava atentamente.

"Pelo menos os pais dela Kie gostam de mim" a voz de Samuel ecoou pela cabeça de Caroline, que ao se virar, olhando o banco ao lado do seu, não havia ninguém.

Os pais de Kiara adoravam Samuel. Eles diziam que Kiara tinha que andar com ele, e que ele sim daria um futuro para ela.

Ao ver Kiara se aproximando da caminhonete, Caroline abriu a porta do carro, acenando para a mãe de Kiara

—— Olá senhor e senhora Carrera! —— A loira deu um sorriso de canto, que não foi retribuído.

—— Se você não voltar em uma hora decente, é melhor você nem voltar! —— A mãe da morena gritou

—— Ela está blefando. —— Jj disse, e ajudou Kiara entrar na caminhonete

Ao chegar na balsa, Caroline saiu da caminhonete, ficando do lado de fora. Jj estava em pé ao lado de Pope, e Kiara estava sentada.

—— Eu não vou pro colégio interno. —— Kiara deu de ombros, olhando para Caroline —— Só se me sequestrarem, me amarrarem, e me jogarem em uma van.

—— Eu acho que você poderia dar um tapa agora —— Jj entregou um beck de maconha para ela

—— Kiara, você perguntou para o Jonh B se o Samuel está bem? —— Caroline arrumou sua postura

—— Eu tentei ligar umas vinte milhões de vezes para ele, mas uma mulher qualquer no hotel sempre atende —— A morena deu de ombros

Kiara ofereceu o beck para Pope, que recusou, dizendo que estava de boa. Em seguida ela ofereceu para Caroline, que aceitou, dando um trago.

—— Eu aceito! —— Jj tentou pegar o beck da boca de Caroline, que se esquivou, soltando uma risada baixa

—— Olha o aviãozinho faz, tum, tum, tum —— Caroline levou o beck até a boca de Jj, que sorriu ao tragar

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Ao chegar na cidade, Kiara lia a carta, mas dizia que não entendia nada.

Uma fumaça começou a sair da caminhonete, fazendo Pope xingar. Jj começou a fechar o vidro desesperadamente, dizendo que seu pulmão era sensível. Pope tentou encostar o mais rápido que conseguiu, mas a calota saiu voando.

—— Pope parabéns! A calota saiu voando! —— Caroline riu, enquanto Jj batia palmas —— Melhor dizer pro seu pai que quebrou, de verdade agora.

—— Meu pai vai me matar.

—— Talvez, sim —— Caroline abriu o capô do carro, abalando o ar para a fumaça sair —— Bem provável que sim.

Os adolescentes empurraram a caminhonete até um mecânico. Pope estava ao lado de Kiara, tentando falar para o mecânico que ele não precisava cobrar mais, enquanto Caroline estava sentada do outro lado da caminhonete

Era como se ela não estivesse sentindo nenhuma esperança. Sarah e Jonh B estavam vivos, mas e Samuel? Por qual motivo ele não apareceu na foto? Porque ninguém falava dele, apenas de Jonh B? Ninguém se lembrava?

—— O cara está tentando cobrar tanto, dizendo que tem que conhecer a válvula e... —— Jj olhou para Caroline, que o olhava, mas ao mesmo tempo parecia que ninguém estava ali —— Ei, você está bem? —— Jj se esticou, tocando no braço de Caroline, fazendo a garota voltar aos seus pensamentos

—— O Jonh B e a Sarah estão vivos. Mas e o Samuel? Quer dizer... Ninguém falou dele. —— Caroline soltou um suspiro, arrumando sua coluna —— Eu não estou sentindo muita esperança.

—— Eu tenho certeza que ele está bem, Carol —— Jj tomou um cole de vodka —— Ele é um pogue raiz. Consegue aguentar o tranco. —— Caroline deu um sorriso para Jj —— Mas é só minha opinião.

Depois que a caminhonete ficou pronta, eles dirigiram até uma árvore, a estacionando ali.

Todos desejaram uma boa noite, mas antes de dormir, Kiara deu um beijo na bochecha de Pope, mas seu olhar se voltou para Jj, que abaixou o boné.

Não era tão visível, mas Jj estava apaixonado por Kiara. Caroline conseguia enxergar aquilo, por que se via em Jj. O garoto tentava não demostrar, mas era os pequenos detalhes que deixavam óbvios.

Ao se virar para o lado, Caroline pegou seu celular, abrindo no contado de Rafe Cameron. A garota digitou "oi" na barra,
mas rapidamente apagou, saindo daquela janela. Ela abriu na galeria, descendo até 2015, e vendo uma foto que ambos tiraram na estação de trem. A garota olhou para a sua foto, se lembrando daquele dia. Caroline sorriu, ao se lembrar do selinho que deu no garoto.

hj não teve interação deles mas teve mimos sim!!

caroline dormiu pensando no rafe tchau

o próximo capítulo esta bem ponposo viu

beijão!!

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