081
Dentro dos limites da Fortaleza Vermelha, uma semana de imensa turbulência se desenrolou, envolvendo igualmente Targaryens, Hightowers e Velaryons. O caos e a discórdia permearam todos os cantos do castelo, perturbando relações e corroendo as tensões já existentes com cada explosão e declaração ameaçadora.
Brigas as quais nunca chegaram perto dos aposentos do fraco rei.
Ultimamente, Aemond vinha passando mais tempo em seu quarto, tentando se manter ocupado para não pensar muito na princesa. Seu relacionamento com Rhaenys estava em seu ponto mais baixo e, embora ele ainda se importasse com ela, achava cada vez mais difícil estar com ela.
Toda essa situação havia criado uma bagunça que parecia ficar maior a cada dia e, enquanto ele estava sentado em sua mesa contemplando suas opções, não conseguia parar de pensar na princesa e no vínculo que eles haviam compartilhado durante todas aquelas longas e inúmeras semanas.
Ele odiava essa situação, estava se esforçando ao máximo para esquecê-la, mantendo-se ocupado com os deveres da corte, mas seus pensamentos ainda se voltavam para ela quando não tinha mais nada para fazer. Ele se perguntava se ela ainda se importava com ele, ou se já havia seguido em frente e o esquecido. Aemond não pôde deixar de se sentir um pouco magoado com essa ideia, de que ela talvez nem se importasse com o fato de ele não estar mais por perto.
Aemond odiava a situação que ele mesmo havia criado.
Rhaenys, por sua vez, estava mais quieta e distraída, considerando o comportamento extrovertido que sempre teve. Ela passava muito tempo no jardim ou com seus irmãos mais novos, cuidando deles para não sobrecarregar sua mãe, que estava em constantes problemas com Alicent desde que a herdeira mutilou a mão de Criston sem as ordens da rainha consorte.
Ela mal olhava para Aemond e evitava ao máximo estar no mesmo lugar que ele. E, embora Rhaenyra não gostasse da ideia de Rhaenys querer voltar para Pedra do Dragão sozinha, a mulher conseguiu convencer a filha a ficar por pelo menos mais duas semanas antes de voltar para casa.
Motivos desconhecidos, a princesa apenas comentou que estava sentindo saudades da antiga casa e que assim que sentisse vontade, voltaria para a Fortaleza.
Aemond também tentou ao máximo evitar a princesa, passando a maior parte do tempo longe dela e mantendo-se ocupado com qualquer coisa que o fizesse esquecer o relacionamento anterior. Às vezes, porém, ele não conseguia deixar de vislumbrá-la ao longe, e isso o fazia lembrar o quanto ele realmente sentia falta daquele estranho relacionamento entre eles. Era como se uma parte de sua vida estivesse faltando, como se a princesa a tivesse roubado e o deixado com um buraco no coração que nunca poderia ser preenchido por ninguém mas por ela.
Eles estavam em um ponto em que haviam se tornado nada mais do que conhecidos que mal se viam ou se falavam, e isso não era o que ele queria de forma alguma.
Ele queria estar perto dela novamente, como eles haviam estado durante a trégua deles.
Aemond precisava encontrar uma maneira de trazer de volta a proximidade que eles tinham, mas estava ficando difícil até mesmo descobrir como proceder sem cometer mais erros.
Alicent, por outro lado, tinha outros planos para seu filho.
Ela também estava sobrecarregada com toda a situação e com todas as brigas que aconteciam no castelo bem debaixo de seus pés, muita política para lidar e muita sujeira para limpar e esconder debaixo do tapete.
A rainha andou pelos corredores à procura de seu filho, pois não o havia encontrado no campo de treinamento anteriormente. Os guardas a informaram que Vhagar estava no fosso, portanto, o único lugar possível para ele estar a essa hora do dia era o quarto.
Alicent estava começando a perder as esperanças quando chegou à porta de Aemond e, sem perder um segundo, dirigiu-se a ela, sem se preocupar em bater, mas apenas abrindo diretamente.
A entrada repentina da rainha pegou Aemond de surpresa e, quando ele olhou para ela com aquela súbita descarga de adrenalina, uma onda de alívio o invadiu, como se ela o tivesse pego fazendo algo errado. Ele ainda estava em sua escrivaninha, que havia sido preenchida com papéis amassados e penas com tinta nos últimos dias, desde que ele vinha evitando a princesa. O príncipe tentou se recompor o mais rápido possível quando ela entrou na sala.
— Está tudo bem, mãe? — ele falou quando ela entrou, tentando disfarçar. Alicent entrou rapidamente em modo de observação enquanto olhava a escrivaninha dele em busca de qualquer sinal de que ele estivesse tentando esconder alguma coisa.
— Há algo que eu deva saber? — ela falou com uma voz baixa e um olhar sério enquanto a rainha se aproximava da mesa dele para dar uma olhada mais de perto no que ele estava trabalhando. — Aemond... — ela repetiu, dessa vez com uma voz calma, mas algo em seu tom fez parecer que ela estava chateada com ele.
Aemond parecia um pouco irritado com a intromissão da mãe, mas se esforçou ao máximo para não deixar isso transparecer e, em vez disso, manteve-se o mais calmo e tranquilo possível.
— É apenas alguns papéis. — respondeu Aemond em um tom calmo e tranquilo, e os olhos de Alicent permaneceram fixos em seus documentos por alguns segundos, analisando tudo antes de ela finalmente se afastar e olhar de volta para o filho.
Parecia que a rainha estava observando cada movimento dele e tentando pegá-lo em uma mentira, mas ela não disse nada sobre isso e apenas manteve aquela expressão severa no rosto enquanto olhava ao redor. Aemond sentiu seu coração bater um pouco mais rápido ao sentir os olhos dela fixos nele.
Alicent então cruzou os braços e desviou o corpo para o lado.
— Você se importa se eu me sentar? — ela finalmente falou.
— Não... sente-se. — Aemond respondeu calmamente enquanto tentava manter sua voz o mais normal e firme possível. Ele não sabia o que havia acontecido com a rainha, mas lhe parecia que ela estava realmente empenhada em chegar à raiz do que quer que estivesse acontecendo com ele atualmente.
A rainha se sentou em uma das cadeiras em frente à escrivaninha e um silêncio se instalou entre eles por alguns instantes, enquanto Aemond continuava a fingir que não estava preocupado com o que estava acontecendo.
Alicent respirou fundo e deu outra olhada nele antes de falar.
— Como rainha e mãe, é meu dever prestar atenção e cuidar de meus filhos da melhor maneira possível. — Alicent começou e deu um pequeno sorriso para Aemond, como se estivesse tentando confortá-lo. — Eu tenho quatro filhos, dois deles já são casados. Aegon e Helaena têm um casamento na tradição Targaryen há alguns anos, com seus filhos crescendo a cada dia... — ela fez uma pausa antes de continuar a falar com o filho, segurando sua mão. — E eu diria que você já passou da idade em que deveria se casar, e com um herdeiro em mãos para a casa.
O príncipe permaneceu em silêncio enquanto a ouvia falar e sentiu uma estranha sensação de culpa quando sua mãe mencionou o fato de que ele já deveria estar casado e com um filho. Ele sabia o que ela estava tentando dizer, que ele precisava se casar como seus irmãos para garantir o futuro da família.
As palavras de Alicent o feriram, mas ele ainda conseguiu manter a compostura e tentou esconder sua reação negativa em relação ao que ela acabara de dizer.
— Então, — continuou Alicent. — Eu estava pensando que talvez seja hora de começarmos a procurar a mulher certa, você concorda? — ela estava falando um pouco mais gentilmente agora, na esperança de conseguir que ele concordasse rapidamente e sem muita briga.
Aemond não respondeu imediatamente, demorou alguns segundos para reunir seus pensamentos e pensar em uma resposta apropriada. O que ela havia proposto era algo que ele temia há muito tempo, e ele não tinha a menor intenção de concordar imediatamente e fazê-la feliz logo de cara.
— Ainda não sei. — respondeu ele cuidadosamente, respirando fundo e desviando o olhar dela. — E se eu não estiver pronto?
— Eu também não estava pronta para me casar com seu pai há muitos, muitos anos atrás, e aqui estou eu. — disse ela, soltando um suspiro baixo e olhando para as unhas desgastadas e mordidas, para a pele crua. — Você e Daeron são os únicos que não se casaram, e talvez seja melhor se casarem, serem felizes. Fortaleça nosso lar, nosso destino, escolha sua boa dama.
Aemond permaneceu em silêncio enquanto ela falava, não querendo concordar com ela, mas também percebendo que isso era algo que ele não poderia recusar sem deixá-la furiosa com ele e provavelmente aborrecê-la.
— O casamento pode fazer as pessoas felizes? Você nunca me pareceu muito feliz, mãe. — o príncipe finalmente respondeu com cuidado, quase como se estivesse fazendo essa pergunta a si mesmo em vez de responder a ela.
O príncipe estava em um estado mental tão contraditório que sabia o que precisava fazer para seguir o caminho que deveria seguir, mas havia algo que o impedia de querer aceitá-lo.
Essas últimas palavras, escolha sua boa dama, foram particularmente preocupantes para Aemond. Ele sabia o que sua mãe estava tentando fazer, ela estava tentando colocá-lo na tarefa de procurar a candidata perfeita para se tornar sua futura noiva. E a ideia de ter que escolher alguém com quem se casar era algo que o deixava inquieto. Será que ele estava realmente prestes a ser submetido a outra busca? Depois do que aconteceu com Rhaenys, ele não tinha certeza se queria passar por algo assim.
Aemond não queria outra mulher.
Ele queria ela.
Alicent pareceu perceber que ele estava hesitando e isso a levou a se aproximar, com a voz soando um pouco mais severa e menos amigável.
— Você sabe que eu só digo isso porque é necessário. Você está ficando mais velho e está na hora de se casar. — suas palavras soavam mais como uma ordem agora, o que deixava claro que ela não aceitaria nenhuma desculpa dele sobre isso.
Aemond parecia que estava prestes a protestar contra as exigências dela e responder, mas rapidamente se conteve e segurou a língua, sabendo que não valia a pena discutir com ela sobre esse assunto. O príncipe permaneceu em silêncio e apenas acenou levemente com a cabeça, fazendo com que ela soubesse que ele a havia entendido e que não tinha nenhuma intenção de se opor às suas ordens por enquanto.
— Como a senhora quiser, mãe. — respondeu ele.
Um leve sorriso surgiu nos lábios de Alicent novamente e ela olhou para o filho com um olhar de satisfação e alívio.
— Que bom, fico feliz que tenhamos nos entendido. Eu esperava que você concordasse comigo, por isso já havia conversado com o conselho e várias cartas foram anunciadas para sua busca de casamento. Amanhã de manhã, várias ladies estarão aqui para você.
Aemond sentiu uma onda de pânico tomar conta dele assim que sua mãe mencionou o fato de que amanhã de manhã seriam enviadas cartas para procurar sua noiva. A ideia de procurar outra pessoa e a ideia de ter que encontrar alguém e conhecê-lo, o deixou realmente assustado e irritado.
Ele não tinha mais opções, tinha que concordar com o que ela dizia. Embora ele odiasse o fato de ela já ter preparado tudo para isso tão rapidamente, fazendo com que isso parecesse ainda mais real.
Aemond queria o que tinha tido com Rhaenys, e estava preocupado com a impossibilidade de encontrar isso novamente, muito menos em um curto espaço de tempo e com outra pessoa que não fosse Rhaenys.
— O quê? — ele perguntou em um tom de voz firme, com as duas mãos agarrando o braço da cadeira com força até que os nós dos dedos ficassem brancos.
Alicent percebeu a forte reação do filho e decidiu tentar acalmá-lo um pouco, mas também se manteve firme em seu ponto de vista.
— Seu casamento não será baseado em paixão ou amor, Aemond. Ele será baseado no dever. Ele beneficiará nossa casa, o reino, e você encontrará alguém com quem será feliz. Eu prometo isso. Você é um príncipe e poderá escolher entre muitas damas.
— Usando um tapa-olho, você acredita que alguma mulher iria querer algo como eu, mãe? Você não poderia ter feito isso sem me consultar primeiro. — Aemond protestou contra sua mãe, mas tentou manter a calma.
Alicent ficou surpresa com as palavras do filho e respirou fundo antes de falar mais uma vez.
— Eu sou sua mãe, Aemond! — retrucou a rainha antes de se recompor por um momento. — Sei melhor do que ninguém o que é melhor para você e não gosto da sua atitude em relação a mim. As mulheres que você conhecerá durante esse processo sabem das circunstâncias do seu olho e todas elas aceitaram. Portanto, você também terá de aceitar.
Aemond não pôde deixar de zombar das palavras de sua mãe, embora entendesse a necessidade dessa busca. Ele se sentiu magoado e traído por não ter sido consultado antes e não gostou do fato de que sua mãe já havia colocado tudo em movimento sem ao menos conversar com ele antes.
— Mãe... — Aemond tentou falar novamente, como se estivesse tentando fazer com que ela visse pela perspectiva dele, mas a rainha o interrompeu para falar ela mesma.
— Não estou tendo essa discussão com você. É meu dever e meu papel como sua mãe encontrar um cônjuge para você, e você participará do processo de cortejo e encontrará alguém adequado para se casar.
Conforme prometido pela rainha, a tarefa foi concluída. No dia seguinte, as mulheres de diversas partes de Westeros se reuniram na sala do trono, aguardando ansiosamente a chegada de Aemond, enquanto ele fazia os preparativos finais para partir e observar suas escolhas.
O príncipe não pôde deixar de sentir uma mistura de ansiedade e medo ao terminar os preparativos e se preparar para conhecer as moças que sua mãe havia escolhido. Todo o conceito de procurar uma esposa quando ele sabia exatamente com quem queria ficar o deixava desconfortável e com a sensação de estar fazendo a coisa errada.
Mas, apesar de suas preocupações e inquietações, Aemond se esforçou para se recompor e mostrar-se calmo quando finalmente chegou à sala do trono. As damas e seus acompanhantes estavam todos esperando por ele, e agora não havia mais volta. O olho de Aemond percorreu as fileiras de damas nobres que enchiam a sala, algumas vestidas com bastante elegância, outras com um pouco mais de simplicidade, mas ele estava determinado a cumprir seu dever e encontrar a mulher certa para se casar.
No entanto, apesar de seus esforços, ele não pôde deixar de notar que não sentia absolutamente nenhuma faísca ou conexão com nenhuma das damas que ofereciam suas prendas e desejos, e a ideia de que esse era o seu futuro o deixava enjoado.
Estava ficando cada vez mais difícil fingir que estava gostando dessa busca, e a ideia de passar de mulher em mulher dessa forma na frente de todos só o deixava cada vez mais desconfortável. O príncipe estava se esforçando ao máximo para não demonstrar seus sentimentos, mas estava claro para as pessoas ao seu redor que ele não estava satisfeito com nenhuma das damas que lhe haviam sido apresentadas, e parecia estar ficando irritado.
Aemond passou horas dentro da sala do trono, dispensando boa parte das mulheres, para o desprazer de sua mãe.
Exatamente da mesma forma que Rhaenys recusava boa parte das centenas de pretendentes que ofereciam suas propostas de casamento para ela.
Parecia que os Targaryens, ou Velaryons, tinham gostos extremamente específicos quando se tratava de casamentos e filhos.
Enquanto isso, Rhaenys, que estava passando curiosamente pela sala ao mesmo tempo, ficou curiosa ao ver um grande número de moças nobres paradas em frente à sala do trono. Ela permaneceu imóvel enquanto as observava e tentou passar por elas para descobrir qual era o motivo de tanta agitação e número de mulheres na corte, mas era difícil com tantas delas reclamando e xingando baixo.
Isso fez com a curiosidade natural da princesa aumentasse ainda mais, e ela tentou se forçar a não espiar.
A princesa conseguiu encontrar uma pequena maneira de espiar mas na sala, além de algumas damas desapontadas, havia apenas a rainha e seu guarda escudeiro temporário.
Rhaenys ficou frustada em não descobrir o motivo de tal agitação e desapontamento.
— Bisbilhotando, como sempre? — Rhaenys congelou por um momento quando ouviu a voz de seu antigo amante vindo de trás dela, e não ousou se virar para encará-lo.
Aemond olhou para a princesa e viu que ela estava tentando se esconder de toda a atividade na sala do trono e da busca por sua noiva. Foi interessante ver como Rhaenys estava se escondendo da situação e tentando não ser vista.
— Eu não estava bisbilhotando, estava apenas curiosa. — ela disse baixo, e devagar se virou para olhar Aemond, erguendo as sobrancelhas como sempre fazia quando conversava com ele.
Era evidente que ouvir a voz dela depois desse pequeno tempo lhe trouxe muitos sentimentos contraditórios, e ele teve de respirar fundo antes de responder. Essa situação estava fazendo com que ele se sentisse ansioso e irritado novamente, e ele estava se esforçando ao máximo para se controlar.
O príncipe demorou um pouco para reunir seus pensamentos para poder responder e, embora ainda estivesse se mostrando firme para o mundo, seus sentimentos estavam começando a afetar sua mente e ele não estava lidando com a situação tão bem quanto gostaria.
A simples visão dela ali o deixou sem fôlego por um segundo, e seu coração estava batendo mais rápido do que o normal.
— Então, por que estava se escondendo? Por que não está lá dentro? — ele perguntou em um tom de voz calmo, mas não pôde deixar de manter uma leve borda na voz ao falar com ela novamente.
A princesa não respondeu a Aemond imediatamente, em vez disso, apenas desceu a pequena escada que havia subido e suspirou suavemente ao levantar o rosto para olhar para ele.
— Por que há tantas damas no castelo e tão cedo pela manhã? — ela perguntou com as sobrancelhas erguidas e manteve o tom firme. Mas ela estava evitando o contato visual com ele.
— Bem, aparentemente é por causa de Daeron. — respondeu Aemond com um pequeno encolher de ombros, mentindo para ela. Ele não queria lhe contar a verdade, não agora. — A mãe está determinada a vê-lo se casar o mais rápido possível, por isso está reunindo todas as damas elegíveis do reino para um dia de entrevistas. É tudo muito ridículo, não é?
Era uma mentira terrível, mas, pelo menos, deu a Rhaenys um motivo para que ele tentasse evitar uma resposta honesta. Ele simplesmente não estava pronto para uma conversa franca com a princesa, especialmente nessas circunstâncias.
No entanto, ficou claro para Aemond que ela não estava muito convencida com a resposta dele, mesmo que ele tenha tentado se manter o mais casual e relaxado possível. Ele achava que a dúvida dela era bastante clara e o incomodava vê-la duvidar dele.
— Eu deveria ir embora, preciso ver Jacaerys. — disse ela após o silêncio que permaneceu entre eles por bons e longos segundos, uma meia mentira. Ela olhou para o príncipe por um tempo e depois tentou evitá-lo para poder ir embora.
Aemond não estava pronto para que ela fosse embora tão cedo, então rapidamente levantou a mão e agarrou o braço dela, apenas para impedi-la de tentar sair tão repentinamente. Sua mão permaneceu no braço dela enquanto ele a olhava com severidade.
— Espere. — ele falou com confiança, mantendo a voz nivelada. — Não tente fugir agora, sobrinha.
Ele então olhou para ela e falou em voz baixa, pois não queria que ninguém mais ao redor deles ouvisse a conversa.
Rhaenys estalou a língua contra a bochecha e levantou o queixo para olhar para Aemond, erguendo as sobrancelhas pela terceira vez durante a curta conversa que estavam tendo. A princesa estava mais tensa, e era possível notar apenas pela forma como ela respirava e olhava ele.
— Eu não estou fugindo. — ela justificou.
— Então o que está fazendo? — ele respondeu com uma voz mais exigente do que antes, pois ainda tinha a mão no braço dela para garantir que ela não tentasse deixá-lo. — Você está tentando fugir. Não pense que eu não sei o que está fazendo. — ele acrescentou com uma voz severa enquanto olhava nos olhos dela.
Por um momento, ela ficou desamparada e não tinha ideia do que dizer ao príncipe, porque era a verdade. Mas, de qualquer forma, ela finalmente relaxou ao toque de Aemond e inclinou a cabeça para o lado, com um sorriso de canto nos lábios, suavizando a expressão.
— Ah, sim? E o que você quer que eu lhe diga, então? Que estou fugindo de você? — disse ela em um tom sussurrado.
A mão de Aemond apertou levemente o braço dela por alguns segundos e ele soltou um pequeno suspiro quando finalmente afrouxou o aperto.
Ele não queria admitir que nada do que ela havia dito estava correto, mas uma parte dele precisava ouvir o que ela tinha a dizer.
— Sim. — respondeu ele em uma voz calma e tranquila. — É exatamente isso que eu quero que você admita para mim.
Uma pausa longa entre eles.
— Estou fugindo de você. — ela respondeu a Aemond e, lentamente, retirou a mão dele do braço dela, enquanto mantinha o olhar fixo em Aemond. E, embora tentasse controlar isso, sua respiração estava ficando. mais pesada e suas bochechas com uma coloração mais rosada.
Aemond ficou surpreso com o fato de ela ter admitido tão rapidamente que estava fugindo dele, mas ele já esperava isso.
Parecia que a princesa gostava de brincar com ele. A maneira como ela o provocou, mesmo com a respiração dela mostrando sinais de que estava um pouco perturbada, ele podia dizer que ela gostava de suas pequenas trocas de palavras.
— Bem, pelo menos você admite que fugiu de mim. Esse é um bom primeiro passo. — ele falou em um tom calmo e quase zombeteiro.
— Primeiro passo para o quê, exatamente? — ela respondeu com um tom de provocação na voz, e sua respiração ainda permanecia bastante acelerada.
Pela primeira vez em algum tempo, ele sentiu que eles estavam realmente voltando à sua dinâmica habitual, como se ele não fosse mais um estranho para ela. Ele quase podia ver um sorriso pequeno e provocador se formando nos lábios dela enquanto esperava pela resposta.
— Por que você foge, é para evitar seus sentimentos por mim? — ele acrescentou com um sorriso, querendo ver qual seria a reação dela.
Mesmo que, ele não soubesse quais eram os sentimentos exatos de Rhaenys, ele tinha certeza dos sentimentos dele.
Os quais ele não iria admitir, não agora.
— Sentimentos? Quais sentimentos você está falando, Aemond? — ela perguntou, se afastando um pouco enquanto falava e a conversa tomava um rumo diferente e que ela não apreciava tanto.
Sua resposta certamente não foi a que Aemond esperava, pois a princesa negou ter sentimentos. Ele fez uma pausa por um momento e depois respondeu, dessa vez em um tom de voz mais sincero.
— Você está dizendo que não sente nada por mim?
Ela continuou a se afastar ligeiramente e olhou para os sapatos enquanto pensava na resposta exata à pergunta dele. Rhaenys não tinha uma resposta para isso, mas ela teria uma boa resposta convincente.
— Exatamente o que estou dizendo. Talvez você esteja pensando que, por eu ter sido mais gentil com você por alguns minutos, eu já tinha alguns sentimentos, mas não há outros sentimentos além da raiva.
Aemond não pôde deixar de se sentir um pouco magoado com a resposta dela, pois no fundo ele sentia que não era a verdade.
Ele sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. A princesa claramente não queria revelar a ele a verdade e estava negando ter qualquer tipo de sentimento por ele. Aemond pensou que ela poderia pelo menos admitir que tinha algum respeito por ele, mas o fato de que ela nem mesmo revelaria isso foi decepcionante para ele.
— Você está mentindo. — ele respondeu, agora soando irritado e mais frustrado do que antes.
A tensão e o desejo entre os dois era palpável, pois ambas lutavam contra isso com todas as forças, ambos tentando não deixar que o outro soubesse quanto eles queriam se tocar. Cada palavra e movimento era uma luta, o desejo que sentiam um pelo outro aumentava a cada olhar, a cada palavra dita, a cada pausa. A tensão era como um elástico que está prestes a se romper, mas nenhum dos dois queria se soltar ainda, com medo de se desvencilharem.
Ele só queria sentir o corpo dela mais uma vez, arrancar as camadas de tecido que cobriam sua pele macia, tê-la em seus braços, neste mesmo corredor. Ela era uma visão de beleza e desejo, uma união perfeita de carne e paixão, e ele a desejava mais do que qualquer outra coisa no mundo. O tecido era macio sob suas mãos, convidando-o a rasgá-lo e revelar o belo corpo dela por baixo.
Sua pele brilhava à luz fraca do corredor, com os cabelos sedosos caindo sobre os ombros e roçando as costas macias. Seu perfume delicado pairava no ar, enchendo a sala com sua sensualidade. Ele a desejava de uma forma que só ele poderia entender, para arrebatar sua mente e seu corpo, para possuí-la completamente, para torná-la sua para sempre.
Ele queria ver seus olhos, sentir sua pele, saborear seus lábios e pressionar os quadris contra os dela.
Quando Rhaenys abriu a boca para responder a Aemond, depois de minutos de silêncio, uma voz ecoou das proximidades do corredor.
A rainha chamando por seu filho, procurando-o.
Ambos viraram a cabeça rapidamente para olhar para a voz da rainha e sabiam que ela queria falar com Aemond a sós e estava por perto. Rhaenys estava claramente tentando evitar isso da melhor forma possível e, por isso, falou rapidamente.
— Eu preciso ir, Aemond. — disse ela em um tom de voz rápido e apressado, tentando sair antes que a rainha pudesse fazer algo a respeito.
O olho do príncipe imediatamente se desviou do corredor para a princesa quando ela comentou que iria embora, novamente.
— Eu tenho que voltar para a sala do trono, não quero que eles comecem a me procurar. — disse Aemond enquanto a liberava e a deixava ter espaço para que fosse embora, fugisse dele mais uma vez. — Foi bom conversar com você, minha doce sobrinha.
Aemond não deu a Rhaenys a chance de responder enquanto se virava e se afastava para voltar à sala do trono antes que Alicent encontrasse algo que não deveria, sentindo-se extremamente desapontado com o desenrolar da conversa.
Afinal, ele não queria que a mãe o visse com a princesa de jeito nenhum.
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