080
Rhaenyra andava pelos corredores da Fortaleza Vermelha, cercada por seus guardas. Apesar de ser baixa, ela era de constituição leve e seus longos platinados que caíam até o meio das costas balançavam com a pressa que a princesa andava. Seus olhos azuis estavam atentos enquanto procuravam pela Espada Branca, Sor Criston Cole.
Ela e Daemon souberam o que havia acontecido e ficaram furiosos com a forma como o cavaleiro havia falado com Rhaenys, Jacaerys e Lucerys.
— Encontre-o. — ordenou ela a um de seus homens. — E traga-o até mim.
Foi quase em um instante que os guardas de Rhaenyra localizaram o homem, capacitados e leais como sempre foram, logo trouxeram o homem para o encontro dos dois Targaryens.
As ações do guarda haviam chegado aos ouvidos de Daemon por primeiro, vindos através de boatos e logo depois sendo confirmado por Jacaerys. Ao virar a esquina do último corredor, a princesa caminhou em direção a ele. Ela estava ladeada por Daemon, que tinha uma mão apoiada no punho de sua espada.
— Então? — disse Rhaenyra, friamente. — Ouvi dizer que você falou com minha filha e meus filhos de forma bastante rude. Tem uma boa explicação para isso, Sor Criston?
O Guarda Real acenou com a cabeça para Rhaenyra e Daemon, antes de responder à princesa.
— Eu estava tentando guiar o treinamento de seus filhos, minha princesa. — disse ele, presunçoso. — E sua filha os estava defendendo e causando uma cena, e eu apenas cumpri meu dever como Guarda Real. — ele acrescentou.
— E tenho certeza de que chamá-los de bastardos e dizer-lhes que não são cavaleiros de verdade conta como seu dever como Guarda Real. — disse Rhaenyra com sarcasmo, seus olhos azuis se estreitando em um olhar fixo para Cole. — Como você se atreve a falar com meus filhos dessa forma?
Rhaenys, Jacaerys e Lucerys permaneceram em silêncio absoluto enquanto escutavam a mãe e o padrasto cuidarem da situação. Mas, ainda sim, era possível sentir o quão inquietos eles estavam.
Principalmente a princesa.
O cavaleiro não teve tempo de responder antes que Daemon desse um passo à frente, com sua espada desembainhada no ar.
— Você não tem o direito de falar com eles de forma tão rude. — sibilou o príncipe, com os olhos brilhando em fogo. — Você pode ser um membro da Guarda Real, ou o escudeiro pessoal da Rainha, mas não tem autoridade sobre os meus filhos, está ouvindo?
— Tenho um juramento a cumprir, Vossa Senhoria. — disse Cole. — Ultrapassei meus limites. Mas eu devo admitir que a princesa estava sendo muito irritante e se intrometendo no treinamento dos irmãos.
Mas sua postura não acalmou em nada, e Daemon ficou ainda mais irritado. Rhaenyra por outro lado, estava tendo ao máximo manter sua empatia no corpo e não pedir a cabeça de Criston presa em uma estaca na entrada do castelo.
— Ela estava apenas defendendo seus irmãos. — sibilou a futura rainha. — Que é o que você deveria estar fazendo também, Cole! E foi muito indelicado e ofensivo para mim, você desrespeitar tanto os meus filhos! — sua voz se elevou e ela começou a ficar cada vez mais vermelha quando ele continuou a se defender.
Rhaenyra não queria nada mais naquele momento do que que Cole pedisse desculpas. Ela queria que as palavras que tinha ouvido fossem retiradas, mas ele só estava cavando um buraco mais fundo enquanto falava.
— E a garota não deveria estar interferindo no treinamento deles, que deveria ser feito por um cavaleiro profissional da Guarda Real. Talvez ela também precise de alguma educação para saber seu lugar na sociedade.
Daemon deu um passo à frente e encostou a ponta de sua espada na garganta do homem, apenas o suficiente para deixá-lo desconfortável.
— Você disse alguma coisa? — ele perguntou.
— Seu lugar na... seu lugar na sociedade? — os olhos de Rhaenyra se arregalaram à medida que ela se sentia cada vez mais furiosa com o homem. — Uma princesa não é importante para a sociedade, Sor Cole? — sibilou ela, com a voz baixa e aguda, que se elevou ao tom do rugido de um dragão.
Ela podia dizer que Daemon estava se segurando para não explodir também, mas não importava o quão bem disciplinado fosse seu controle, ela sabia que ele estava chegando ao limite.
— Ela é uma garota, e as garotas sabem pouco sobre coisas importantes como cavaleiros. Tudo o que elas fazem é se casar e gerar mais filhos para o trono. — disse o cavaleiro.
Rhaenyra deu um passo à frente, seus olhos se fixaram nos dele mais uma vez, enquanto o rosto de Daemon ficava ainda mais furioso do que ela havia visto antes.
Jacaerys estava no fundo da sala tentando manter a paciência sob controle, sua mão sendo segurada tanto por Lucerys quanto por Rhaenys.
— Tanto minha filha quanto meus filhos merecem o respeito de todos nesta corte. Coloque-se em seu lugar, Criston, você não é nada mais do que a guarda real. — disse a herdeira do trono, lançando um olhar de lado para o marido, como que para confirmar. — Terei sua mão esquerda por tocar rudemente em minha filha e simular uma agressão a Lucerys. Caso contrário, terei sua cabeça, e Alicent não o salvará disso.
O cavaleiro ficou com o rosto branco quando a ameaça foi mencionada, seus olhos se arregalaram ao ver a ponta da espada de Daemon. Estava claro que ele sabia que estava fora de seu território, o homem havia se excedido e agora estava pagando o preço.
Ele podia dizer que Rhaenyra estava falando sério, embora não fosse ela quem estivesse ameaçando sua vida, diretamente.
O escudeiro ficou ali parado, sem falar, enquanto tentava pensar em alguma maneira de se livrar dessa situação terrível.
Daemon podia ser visto cuidando de sua esposa com um olhar protetor e orgulhoso, mas ainda com uma expressão fria. Sua espada não se afastou do pescoço de Cole em momento algum.
— E se você machucar ou tocar em qualquer um dos meus filhos novamente, ou falar sobre eles com tanto desrespeito, terei sua cabeça e a sua outra mão. Estamos de acordo? — disse o príncipe Daemon, um pequeno sorriso cínico agraciando seu rosto.
— Sou um membro da Guarda Real. — declarou Cole, com a voz firme, mas com um leve tremor em seu tom. — Você não pode simplesmente ordenar que eu perca uma parte do corpo à vontade... Caso contrário, terei de apresentar uma queixa à mão e à Rainha-regente, Alicent, sobre o seu desrespeito, minha princesa.
Naquele momento, sua expressão mudou ao ver os guardas da rainha se aproximando um pouco mais, a ameaça se tornando mais real.
— Alicent não tem poder sobre mim, Criston. — afirmou Rhaenyra com simplicidade, as palavras ecoando como um trovão na corte. — Isso inclui dar ordens sobre mim e minha família. E se você quiser me denunciar por qualquer coisa, então terei uma lista completa de denúncias sobre você também. Uma delas começa pela maneira como você tem tratado meus filhos desde crianças.
Rhaenyra se aproximou do marido e acenou levemente com a cabeça, confirmando o que seria feito.
Dois dos guardas pessoais de Rhaenyra se aproximaram do escudeiro por tras atrás, segurando seus braços e ombros com força, caso o homem se debatesse. Ninguém cobriu sua boca, pois nenhum deles se importava se Criston gritasse ou não.
Daemon deu um leve sorriso para a esposa após a confirmação dela e colocou os dedos na base da mão de Criston, puxando-a para frente e se preparando para cortar com a Irmã Negra.
Rhaenyra observava, com o rosto severo, mas com a satisfação escondida em seus olhos.
Os guardas arrastaram Cole até que ele se ajoelhasse, e um dos guardas ficou ao lado dele.
— Você ainda acha que pode se safar insultando a nós e a nossos filhos? Bem, agora eu também tenho um pedido a fazer. — disse Daemon a Cole, segurando a Irmã Sombria ainda com firmeza, apenas esperando o momento de cortar.
Rhaenyra, embora com contentamento enchendo seu coração, virou-se graciosamente e se aproximou de seus três filhos, com um sorriso gentil enfeitando seus lábios. Ela acariciou ternamente seus cabelos e deu um beijo amoroso na coroa de cada criança querida, que era a própria essência e propósito de sua existência.
— Nos deixem, a cena pode ser violenta para vocês e eu quero que tenham uma boa noite de sono. — disse a herdeira, e os mandou embora com um sorriso, fechando a porta atrás deles antes de voltar sua atenção para a cena.
A respiração de Cole era rápida e áspera, e seus olhos se reviravam em sua órbita com medo. Quanto mais Daemon apertava a alça, mais ele tremia.
A última coisa que os três Velaryons ouviram antes de dobrar a esquina dos corredores e seguir para seus respectivos quartos foram os gritos agonizantes de Criston sendo abafados pelas portas de madeira, que escondiam o ferimento corporal que ocorria contra o escudeiro.
Rhaenys, apesar de estar estressada com toda a situação dessa tarde, não pôde deixar de soltar um sorriso nos lábios ao ver como sua mãe considerava as ações contra aqueles que a prejudicavam, de bom grado e sem hesitação. Ela se sentia amada e protegida, e tinha certeza de que todos os seus irmãos e sua irmãzinha também se sentiam assim.
Mas a princesa não podia descansar, não ainda.
Havia mais uma pessoa que ela precisava encontrar e tirar suas satisfações.
Mais tarde, quando o crepúsculo já havia caído sobre a capital, Rhaenys se esgueirou, como sempre, pelas passagens secretas do castelo em direção ao quarto de Aemond.
Quando a princesa chegou ao quarto dele, ela não se incomodou em bater na porta e simplesmente entrou, com o rosto sério e as sobrancelhas franzidas de estresse e mágoa pelas ações de Aemond. Havia muito o que conversar, muito o que fazer.
E ela não sabia por onde começar.
A entrada da princesa foi uma surpresa repentina para Aemond, que estava sentado na beirada da cama enquanto observava o sol se dissipar e o anoitecer encher Porto Real de escuridão. A expressão no rosto dela instantaneamente definiu a sua, um olhar de enfurecimento e inquietação surgiu quando ela entrou em seu quarto.
Aemong não desviou o olhar de sua querida sobrinha quando ela se dirigiu a ele, com o rosto ainda sério e a testa franzida de preocupação com a situação que havia acontecido mais cedo naquele dia. Ele esperou pacientemente que ela falasse e abordasse o assunto, embora já pudesse perceber que essa seria uma conversa desconfortável.
A tensão na sala aumentou à medida que Aemond continuava a olhar para a sobrinha, e o silêncio entre eles era denso com o potencial do que poderia ser dito em seguida. Ele queria falar primeiro, mas sabia que o que ele dissesse primeiro daria o tom e a natureza da conversa que se seguiria.
O silêncio continuava a se prolongar, Aemend começou a sentir como se fosse uma eternidade. Era como se o próprio tempo tivesse parado, como se o próprio coração tivesse parado de bater enquanto ele esperava que a princesa dissesse o que tinha ido dizer. O ar tenso foi subitamente quebrado quando o príncipe falou e perguntou a ela.
— O que foi? — disse ele, desviando o olhar e voltando seu foco para a lareira que crepitava.
— O que foi? — Rhaenys disse quase como se estivesse incrédula ao ouvir a pergunta de Aemond. — O que você quer dizer com isso? Não está vendo a bobagem que você fez?
Aemond se recostou na poltrona e seu lábio começou a se curvar levemente enquanto ela falava, sua expressão mostrando a frustração e o descontentamento com as palavras de Rhaenys. Quando ela terminou, ele notou que suas palavras foram afiadas e ele respondeu com sarcasmo e um tom irritado.
— Sim, estou ciente de minhas ações. — disse o príncipe, ainda com o olhar afastado. — O que você espera que eu diga?
Rhaenys permaneceu em silêncio enquanto estudava a resposta do tio por alguns instantes, com as sobrancelhas franzidas enquanto tentava ler a expressão dele. A princesa desviou o olhar enquanto mantinha controle seu temperamento, mas logo voltou a olhar na direção de Aemond e sua voz era alta e enérgica quando ela respondeu.
— Não quero que você diga nada! O que eu quero é que você se comporte como um príncipe de verdade e não se envolva nessas brigas com o meu irmão! É pedir muito, Aemond? — disse ela.
O príncipe ficou olhando para a sobrinha enquanto ela gritava com ele, a raiva fervendo em seu olho, mas ele não se permitiu falar porque sabia que qualquer coisa que respondesse naquele momento só iria irritar ainda mais a princesa. Aemond não interrompeu o contato visual com Rhaenys durante todo esse tempo, seus lábios começaram a franzir novamente e sua mão se apertou levemente no braço da cadeira em que estava sentado.
Ele não pôde deixar de se sentir frustrado com as palavras dela, embora ela tivesse razão em seu pedido. O príncipe finalmente fez algum som e, com um olhar frio, retrucou.
— Acho que está se esquecendo de com quem está falando! Posso fazer o que bem entender e não tenho que responder a você por minhas ações. — o príncipe respondeu.
Rhaenys soltou um suspiro quando o tom incisivo de Aemond fez com que seu aborrecimento rapidamente se transformasse em raiva, e era óbvio que ela já tinha tido muitas conversas como essas com o tio no passado.
Ela respirou fundo e sua voz ficou mais alta ao continuar.
— Eu tenho o direito de respostas se isso envolve o meu irmão. É exatamente disso que eu estava falando, seu estúpido e teimoso... — enquanto continuava, a princesa parecia pronta para começar a gritar com Aemond, mas se conteve e respirou fundo para organizar seus pensamentos. — Você pode, por favor, não continuar fazendo isso? Você tem alguma ideia do que suas ações podem ter causado? Você tem ideia do quanto essa situação poderia ter piorado?
Aemond soltou um risinho de irritação quando Rhaenys passou da gritaria para a razão, mas não tirou o olho dela enquanto mantinha a expressão de impaciência e aborrecimento. O rosto dele se suavizou um pouco ao ouvir as palavras dela, mas isso não diminuiu a frustração que ainda estava aparente em seu rosto. Ele assentiu por um momento, ouvindo as perguntas e a súplica dela para que ele melhorasse suas ações, e então falou.
— Portanto, no seu ponto de vista, aparentemente, eu preciso ficar calado enquanto ouço o autor da pior dor e desfiguração da minha vida fazer comentários provocativos e desnecessários. Mas tudo bem, porque ele é seu irmão e você precisa defendê-lo, ele é sua família. — disse o príncipe, fazendo uma pausa ao se levantar da cadeira e se aproximar dela. — Mas quando eu tiver uma reação contra ele, preciso ser severamente interrogado e punido, não é mesmo?
Ele estava começando a ficar mais agitado com a conversa, e estava claro que ele não via problema na forma como havia agido. O príncipe se aproximou mais agora e seu olhar se fixou no dela, pois ele estava quase diretamente à sua frente.
Rhaenys permaneceu em silêncio enquanto o príncipe se aproximava, e as palavras dele soaram alto em seus ouvidos. O rosto dela ficou vermelho quando ele disse as palavras que eram a essência da tensão entre eles por tanto tempo. Sua voz era áspera e alta quando ela falou, seus olhos se estreitaram enquanto ela tentava acalmar sua crescente frustração.
— Se você não me ouviu antes, então vou me repetir. — ela disse, dando um passo para trás. — A razão pela qual você é tratado como é, é porque não consegue controlar suas emoções e evitar agir de acordo com sua raiva.
— Entendo que talvez eu tenha reagido de forma exagerada. Mas não tente reivindicar uma posição moral elevada quando você não consegue nem me defender. — ele disse de volta, simultaneamente dando um passo em frente para se manter próximo dela.
Rhaenys ficou em silêncio por um tempo, pois sua respiração estava cada vez mais acelerada, era uma situação tão difícil e complicada. A princesa olhou para Aemond com um suspiro alto saindo de seus lábios franzidos, com as mãos fechadas em punhos fortes para se manter calma.
— Por que eu deveria defendê-lo? Lucerys é meu irmão, e ele é minha família!
— Eu também sou sua família! Mas isso não parece importar para você, por que você é capaz de ignorar minha dor só por causa de outra pessoa, mas não por mim? — o príncipe agora estava diretamente na frente de Rhaenys, ficando a poucos centímetros de distância, com o rosto diretamente na frente do dela, e sua voz também se elevou. Agora não havia mais sarcasmo ou provocação em suas palavras, ele estava absolutamente sério em seu confronto com ela neste momento. — Minha dor não é tão importante para você quanto a dele?
O ritmo cardíaco dela se acelerou, mas ela soltou um suspiro agudo e fechou os olhos por um momento.
— Eu não quero que as coisas saiam tão fora de controle que alguém morra. Você percebe o quanto Lucerys é importante para mim? É tão errado assim eu querer ficar ao lado dele? — respondeu ela com um tom sério, quase solene. — Se for, me perdoe, mas sempre estarei ao lado de meus irmãos. E eu, assim como sei que eles também fariam, mataria qualquer um que os machucasse.
Aemond escutou em silêncio por um momento; ele levou um tempo para deixar as palavras dela se estabelecerem em sua mente. Sua expressão era de séria consideração e introspecção, como se estivesse ponderando seriamente a situação e as palavras de Rhaenys em sua cabeça. Ele se afastou da sobrinha e respirou fundo, soltando o ar antes de falar novamente.
— Você me mataria, Rhaenys? — perguntou ele, com toda a seriedade do mundo em seu tom. Por um momento, apenas um momento, seu amor secreto por Rhaenys pareceu desaparecer, mas ainda estava lá no fundo.
A princesa ficou imóvel enquanto ele se afastava um pouco, absorvendo suas palavras. Ela ficou atônita e surpresa com a inesperada pergunta dele, mas, por uma fração de segundo, pareceu que seu coração parou enquanto ela considerava a questão. Depois de alguns instantes, mas ainda com a seriedade e a solenidade em sua voz, ela respondeu,
— Sim, eu faria. Não importa o quanto isso me entregasse consequências, se dependesse de você ou de meus irmãos, eu o faria. É isso que você queria ouvir?
O príncipe levantou uma sobrancelha e seu rosto se curvou por um momento, surpreso com a franqueza da resposta dela. Ele riu baixinho ao desviar o olhar e respondeu com um olhar malicioso.
— Bem, pelo menos você é honesta. Então, se Lucerys decidisse que me queria morto e pedisse minha cabeça, você ficaria ao lado dele sem hesitar?
A princesa ficou em silêncio por um longo momento enquanto considerava a pergunta do tio e suas palavras. Ela começou a balançar a cabeça lentamente em resposta à pergunta dele, pois não podia realmente refutá-lo naquele momento.
O príncipe esperou por outra resposta, mas o silêncio dela foi suficiente. Ele soltou outra gargalhada e seu sorriso cresceu ligeiramente naquele momento.
— Ótimo, isso é tudo o que eu queria ouvir. E eu faria o mesmo se minha mãe quisesse vê-la morta. — acrescentou ele, finalmente, ao se sentar na cama com um suspiro.
Um grande silêncio permaneceu no quarto, apenas com a respiração pesada dos dois. O príncipe olhou para a princesa e pareceu pensar um pouco sobre toda a situação e as recentes confissões de ambos os lados.
Como ele poderia amar tanto Rhaenys e, ao mesmo tempo, ser igualmente responsável pela dor dela? Ele podia ver as lágrimas que ela estava segurando e como ela estava instável.
Aemond levantou-se da cama com passos dedicados e firmes, aproximando-se do pequeno arsenal de adagas que estava em sua cômoda no quarto. O príncipe demorou um pouco enquanto escolhia uma e, quando finalmente o fez, virou-se para o outro lado e caminhou em direção à sobrinha mais uma vez com a adaga na mão.
— Me machuque, ou me mate. — ele disse de repente e levantou a adaga para que ela a segurasse. — Você clama me odiar, eu quase machuquei seu irmão e os ofendi diversas vezes apenas hoje, machuque-me.
Rhaenys soltou um suspiro ao receber o pedido repentino de Aemond, e o ar subitamente encheu seus pulmões. Ela estava chocada, mas também sabia qual seria sua resposta, e não era exatamente uma resposta difícil de decidir. Ela fechou os olhos por um momento, respirando profundamente enquanto tentava organizar seus pensamentos, e quando finalmente os abriu, seus olhos estavam fixos nele com um olhar determinado.
— Não. — suas palavras foram incisivas e altas o suficiente para que o próprio ar parecesse conter sua resposta.
O príncipe novamente ergueu as sobrancelhas de surpresa ao ouvir a forte rejeição do pedido que acabara de fazer à sua princesa. Ele ainda segurava a adaga com firmeza enquanto olhava para ela com um olhar intrigado, o temperamento do príncipe se acendeu e ele se aproximou dela mais uma vez, erguendo a adaga novamente.
Rhaenys não falou algo depois disso, mantendo o olhar fixo nele. Ela não se moveu nem recuou quando ele deu um passo em sua direção com a adaga, e havia uma calma em seu olhar que parecia ser quase assustadora.
Aemond puxou o pulso de Rhaenys e abriu sua palma da mão com força e velocidade, posicionando o punhal da adaga no mesmo lugar e levantando a cabeça para olhá-la novamente. O príncipe permaneceu em silêncio, mas logo iniciou sua ação, levantando o pulso dela para cima e posicionando a adaga bem na lateral do pescoço dele.
— Me machuque. — disse ele mais uma vez, olhando para ela com seriedade.
Os olhos de Rhaenys se arregalaram com a ação de Aemond, tentando puxar sua mão imediatamente, mas foi praticamente um fracasso, já que ele manteve um aperto forte para que ela não pudesse retirá-lo.
— Aemond, o que está fazendo? — perguntou ela, em um sussurro. Mais uma vez tentou afastar a adaga, mas não teve sucesso.
Aemond estava tão tenso quanto Rhaenys quando levantou o braço dela e posicionou o pulso dela contra o pescoço dele, com a lâmina encostada na lateral. Ele não disse nada antes de pressionar o braço dela com um pouco mais de força, a ponta da lâmina empurrando-a um pouco mais para baixo.
— Aemond? — ela chamou novamente, se aproximando mais dele e mantendo a mão para baixa de forma que a adaga ficasse mais afastada do pescoço. — Pare com isso, solte meu pulso. — disse ela, dessa vez parecendo mais desesperada com a idéia de machucá-lo.
A mão que segurava o punhal da adaga começou a levemente tremer de nervosismo, e a princesa sentiu a pulsação forte como se todas as suas veias e artérias fossem explodir a qualquer minuto.
Os olhares do tio e da sobrinha se fixaram um no outro por um momento, com o punhal ainda apoiado no pescoço do Targaryen mais velho. Apesar dos protestos de Rhaenys, o príncipe ainda mantinha o punhal pressionado contra o próprio pescoço e mantinha o braço dela perto para evitar que ela o tirasse do caminho.
Depois de um tempo, ele finalmente falou novamente.
— Não vou mover essa lâmina até que você me machuque. — disse com uma voz firme.
Rhaenys sentiu seus olhos arderem enquanto segurava as lágrimas de frustração que queriam escapar, ela soltou um murmúrio.
— Por que você continua fazendo isso? Por que você sempre consegue piorar nossa situação? — disse ela com a voz trêmula, realmente afetada pela situação em que os dois se encontravam agora. — Por que você sempre se machuca desse jeito e, consequentemente, me deixa infeliz também?
Aemond permaneceu em silêncio ao ouvir as palavras dela, com a lâmina ainda a poucos milímetros de sua garganta. O príncipe olhou profundamente nos olhos dela com um olhar de pura determinação e frustração, o olho bom dele cheio de pura raiva, mas era fácil ver que ainda havia algum sentimento por ela também.
Enquanto os dois permaneceram assim por alguns minutos, o tempo quase pareceu parar por um instante. A adaga estava ainda mais perto agora, e o príncipe deixou sua voz um pouco mais alta.
— Por que você não pode simplesmente fazer o que eu peço? Apenas uma coisa simples, mas não! Por que isso é sempre muito difícil para você, não é? Eu peço que me defenda e peço que me machuque e você se recusa a fazer isso, você recusa qualquer coisa que eu peça para você!
O príncipe soltou um suspiro e um arrepio subiu por sua espinha, pois a lâmina estava agora tão perto dele que o príncipe sentiu que mal podia respirar. Ele levantou a ponta da lâmina, mesmo que só um pouquinho agora, estava tão perto que ele podia sentir o sangue correndo pelo corpo e tentou ficar quieto, para não deixar a sobrinha ainda mais nervosa.
Rhaenys queria se virar e afastar a mão, mas havia algo que a impedia de fazer isso. Ela deixou escapar um calafrio, com a respiração trêmula, ao perceber que Aemond estava mais sério agora do que nunca.
Depois de mais alguns minutos, Rhaenys sentiu que tudo estava dando errado e que isso precisava parar. A princesa forçou a mão no punho da adaga e murmurou baixinho enquanto puxava a adaga para baixo com toda a sua força, afastando o objeto afiado do pescoço de Aemond.
— Pare! — ela gritou, bochechas corando pela raiva que subiu para o sangue.
O movimento foi repentino e inesperado, o suficiente para que o corpo de Aemond se sacudisse de repente quando a lâmina foi rapidamente afastada de seu pescoço.
Estava escuro no quarto, e Aemond usava uma roupa de manga courina longa, então não era possível notar o que ela havia feito.
Mas ela podia escutar o gotejar batendo no chão e o cheiro de sangue que se espalhava pelo ar como uma praga. Rhaenys se manteve em silêncio, mas logo seguiu em linha reta e passos largos até Aemond e puxou os braços dele para conseguir ver se havia machucado ele, tateou até encontrar o rasgo no couro da roupa e o pegajoso do sangue dele entrar em contato com os dedos dela.
O príncipe soltou um grito repentino e um assobio de dor, e seu rosto se curvou enquanto ele tentava se afastar rapidamente da princesa, tentando se desvencilhar de suas garras. Ele tropeçou para trás, o sangue do ante braço começou a pingar ainda mais no chão, mas ele estava mais preocupado com o fato de que os dedos de Rhaenys estavam manchados com o líquido do corpo dele enquanto ela tentava puxá-lo para mais perto dela.
Aemond e Rhaenys permaneceram a uma respiração de distância um do outro, enquanto ela continuava tentando agarrar melhor o braço do príncipe para verificar o ferimento. Seus olhos estavam fixos nele e no membro ferido, e ela soltou um pequeno suspiro quando finalmente percebeu que o tio estava sangrando pelo antebraço por culpa dela.
Aemond finalmente se libertou do aperto da princesa, o príncipe se afastou dela para trás, enquanto sua mão era pressionada firmemente contra o próprio braço para diminuir o sangramento. Ele tossiu um pouco ao olhar para os dedos, agora cobertos com seu próprio sangue, e soltou um grunhido agudo e um silvo de dor.
— Aemond... — ela disse ao se aproximar novamente, puxando o seu corpo para perto da janela para que pudesse olhar melhor. Aemond não esboçava nenhuma reação a não ser o silêncio. Era fundo, o sangue escarlate estava quente e escorrendo até a ponta dos dedos dele, pingando em uma sintonia no chão de pedra enquanto a lua refletia por cima.
A sala ficou em silêncio por um momento, como se o único som presente fosse o do sangue pingando no chão. Aemond olhou para a secreta amada, que estava inclinada sobre ele, tentando ver melhor o corte em seu braço. Ele observou as gotas de seu sangue pingarem no chão e a lua iluminar a sala, criando uma silhueta escura dos dois Targaryens.
Um deles com sangue escorrendo do braço e o outro com as pontas dos dedos manchadas de sangue.
Rhaenys se desesperou por um momento e começou a andar pela sala em busca de um pano para limpar o corte, ou fazer um curativo. Seu peito ardia, era como se ela tivesse feito um corte em si mesma, e ela sentia-se culpada por causa disso, mesmo sabendo que havia sido um acidente.
Outro acidente.
Era engraçado como esse pequeno acidente poderia aproximá-los depois de toda essa confusão, de uma forma estranha, talvez isso fosse o necessário para que eles se dessem bem um com o outro. O relacionamento dos dois era complicado, mas todo o tempo que eles compartilhavam, apesar disso, o príncipe sabia que isso era mais do que apenas uma conexão superficial.
Mesmo nesse estado, Aemond sentiu seu coração acelerar ao ver Rhaenys.
— Rhaenys. — ele chamou com firmeza, mas ela o ignorou e apenas voltou para ele depois que achou o que desejava, segurando um pano branco e molhado que havia encontrado perto da banheira.
Ela abaixou a cabeça enquanto desabotoava os botões restantes da manga rasgada, criando espaço extra para ela observar a extensão do dano.
Um corte semelhante ao que Alicent havia feito em sua mãe a anos atrás, com uma adaga parecida.
Aemond continuou observando enquanto ela pegava o pano e desabotoava sua manga, revelando lentamente toda a extensão de seu ferimento. Seu olho permaneceu fixo no rosto dela para ver qual seria sua reação, e o príncipe descobriu que essa situação tinha um estranho ar de romantismo. A maneira como a sobrinha estava desabotoando a manga do gibão dele, expondo a parte interna do braço e o ferimento em si, enquanto os dois estavam em completo silêncio.
Ele observou enquanto ela inspecionava mais de perto o ferimento, e sua respiração se acelerou um pouco.
Rhaenys pegou o pano que tinha mergulhado na água gelada e começou a tratar cuidadosamente o ferimento, limpando o excesso de sangue que havia vazado e tentando conter o fluxo. Não havia dúvidas de que a costura era necessária, mas para esse trabalho era necessário recorrer a um meistre. Enquanto isso, ela se concentrou em evitar que o sangue manchasse o chão e manchasse seus sapatos.
Aemond permaneceu quieto e calado enquanto Rhaenys lavava o sangue e tentava limpar o ferimento o máximo que podia. Ele soltou um sibilo agudo de dor quando o pano esfregou na ferida. No entanto, foi só quando ela se afastou dele que ele percebeu o quanto ela estava próxima a ele durante todo o processo, quase parecia que ela estava sendo extremamente gentil.
— Esta não é a maneira de limpar uma ferida. — disse ele, segurando o pulso dela, fazendo-a olhar para cima. Aemond podia ver que as lágrimas que se acumulavam em seus olhos estavam sendo contidas por seu orgulho e se recusavam a cair. Seu peito subia e descia rapidamente e incontrolavelmente com sua respiração, seus dedos pareciam tremer e suas palpitações cardíacas eram tão fortes que ela podia sentir os vasos sanguíneos em seu peito se contraindo.
Aemond mais uma vez recebeu outra cicatriz de um Velaryon.
Mas dessa vez foi diferente, ele não sentiu raiva ou repulsa como naquela noite fatídica.
O príncipe podia ver o quanto o corpo dela estava reagindo à dor causada por um acidente tão pequeno, e vê-la em uma posição tão vulnerável fez com que tudo o que estava acontecendo parecesse ainda mais surreal para ele. Ele segurou o pulso dela com mais firmeza e falou com um tom levemente provocador no início, até que a voz provocadora se tornou um pouco menos alegre.
— Pare de tremer ou eu a farei tremer de outra coisa. — ele sussurrou com um olhar sério no rosto, inclinando-se o mais próximo possível dela.
Rhaenys congelou novamente, com a cabeça erguida para cima para encará-lo. Ela abriu os lábios para dizer algo, mas se conteve, e então se viu respirando em um ritmo acelerado e com o peito subindo e descendo pesadamente quando ele estava tão perto. Um rubor começou a se espalhar por suas bochechas e ela tentou desviar o olhar, mas tudo em que conseguia pensar era que eles estavam literalmente respirando um pelo pescoço do outro quando ele disse isso.
— Vamos interromper nosso acordo, Aemond. — ela disse baixinho, em um sussurro, e depois levantou um pouco mais o queixo para olhar para ele. — Eu disse que manteria nosso acordo de trégua e que os desejos seriam atendidos até certo ponto. E esse ponto foi alcançado e ultrapassou os limites, isso é o suficiente.
O olho de Aemond se estreitou diante da virada repentina da princesa. Era verdade que eles haviam feito um acordo e que ela havia seguido a maioria das estipulações, mas o que exatamente ela havia percebido nesse exato momento? Era quase como se ela estivesse percebendo algo sobre si mesma, algo sobre si mesma.
O príncipe sentiu sua frequência cardíaca aumentar um pouco com as palavras dela e olhou para ela com uma expressão firme, mas curiosa.
— Então, agora acabou? Afinal, foi apenas um breve flerte, vamos dizer? — disse ele, quase zombando, mas também um pouco preocupado com as palavras dela.
Ele deu um passo para trás, afastando-se um pouco de Rhaenys, mas a pergunta permaneceu enquanto o príncipe olhava para ela.
Rhaenys ficou em silêncio por um tempo, respirando rapidamente e olhando para o chão para evitar o olhar dele. Ela sabia que esse jogo que eles estavam jogando estava terminando, que, eventualmente, eles voltariam ao seu relacionamento real, ou o que quer que tivessem depois de todo esse tempo. Ela estava confusa, mas não se arrependia de nada. O fato de ter se aproximado tanto do tio durante esse tempo foi suficiente para que ela soubesse que esse jogo foi uma das melhores coisas que lhe aconteceram e que seria algo que ela nunca esqueceria.
— Sim, isso mesmo. — disse ela enquanto levava a outra mão ao peito, tentando parar as palpitações.
— E agora, o que vamos fazer? Vamos fingir que isso nunca aconteceu? — Aemond perguntou com uma voz provocante, mas ele também estava começando a se sentir um pouco estranho ao perceber que esse joguinho deles estava acabando.
Rhaenys permaneceu em silêncio enquanto o ouvia falar, sentindo uma leve e curiosa sensação de queimação no peito. Ela limpou a garganta e se afastou, mordendo o lábio nervosamente e, ao mesmo tempo, tentando manter seus sentimentos sob controle.
Ela pensou por um tempo no que responder.
— Acredito que sim, e acho que vou voltar para Pedra do Dragão. — disse ela por fim.
— Você vai? — o tom de Aemond estava cheio de surpresa e, enquanto a observava se dirigir à porta, ele pareceu não perceber que estava caminhando em direção a ela em um movimento repentino. Ele estava prestes a dizer algo, mas quando ela disse que estava voltando para Pedra do Dragão, a mão dele subiu no machucado.
Ele esperava que eles simplesmente encerrassem o acordo e continuassem com a vida que tinham, fingindo que tudo isso nunca havia acontecido. No entanto, ela parecia bastante decidida a voltar para casa.
— Por quê? E quando você irá embora? — o príncipe de repente quis mais informações, sentindo-se preocupado com toda a situação.
A princesa permaneceu em silêncio por alguns momentos, tentando descobrir o motivo pelo qual ela realmente queria voltar. Ela estava gostando de tudo isso, então por que de repente queria voltar para casa? Será que era porque ela queria esquecer tudo isso? Será que ela estava com medo de que eles pudessem continuar com o acordo e levá-lo a outro nível? Por que ela teve essa súbita sensação de incerteza e preocupação com relação a isso?
— Eu não sei, Aemond. — ela respondeu apenas a última pergunta, virando-se novamente para abrir a porta secreta do quarto de Aemond.
O sorriso do príncipe desapareceu um pouco quando ela falou, agora ele parecia um pouco mais confuso e preocupado com a resposta dela. Parecia que o clima de toda a situação havia mudado agora, e toda essa conversa estava começando a parecer séria e intensa demais. Ele soltou um suspiro pesado e desviou o olhar, querendo descobrir qual era o motivo de todas essas coisas, mas também não querendo parecer muito carente ou controlador em relação às ações da princesa.
Apesar do fato de tudo isso ter sido um jogo entre eles, ele podia ver que ela ainda estava lidando com muita confusão no momento.
E Aemond estava amando ela.
Ele sentia uma paixão inigualável pela princesa, e seu peito se apertou a cada palavra que ela soltava.
— É realmente isso que você quer? Esquecer tudo isso?
A princesa segurou a maçaneta da porta e soltou um suspiro baixo, mais uma vez contendo as lágrimas dolorosas e salgadas que queriam escorrer por suas bochechas avermelhadas. Ele mordeu a língua com tanta força que pôde sentir o gosto de ferro se espalhar pela boca.
— Seus deveres são para o reino, assim como os meus. — ela disse baixo. — Será melhor se apenas... acabarmos, antes que alguém termine ferido.
Aemond permaneceu em silêncio enquanto observava a reação dela, pois odiava vê-la assim. O corpo dela estava tremendo, a respiração tremia a cada inspiração e expiração, e os olhos estavam brilhantes e lacrimejantes, como se ela estivesse tentando se afastar dele. O príncipe se aproximou lentamente dela por trás, sua voz se tornando mais calma ao falar mais uma vez.
— Não fuja... — ele sussurrou em voz baixa e calma, com os dedos envolvendo os ombros dela e puxando-a de volta para ele. Ele teve o cuidado de não se aproximar demais, mas, mesmo assim, ainda a segurava em uma posição em que podia ver melhor o rosto dela. — Sentirei sua falta, Rhaenys. — Aemond sussurrou e ela sentiu os braços do príncipe envolvendo-a com força, pressionando a testa dele firmemente contra as costas dela.
Ela podia sentir a respiração dele perto de seu pescoço e o corpo dele contra o seu, com todo o seu calor.
Rhaenys sentiu um sentimento perigoso surgir em seu coração ao sentir o toque dele. Era uma sensação inebriante e aterrorizante ao mesmo tempo. Ela estava ciente do perigo desse sentimento, mas não conseguiu resistir, sabia que estava brincando com fogo, mas não conseguia parar de se sentir assim.
Embora fosse tentador, era perigoso.
Rhaenys simplesmente não podia se render e acender essa chama de fogo.
A princesa sentiu dor, uma dor ainda mais dolorosa do que a dor física.
Lentamente, ela soltou os braços de Aemond de seu corpo, forçando a maçaneta para baixo e abrindo a porta secreta que dava entrada para as passagens secretas e também, ao mesmo tempo, para o fim. Rhaenys caminhou mais fundo, seus olhos piscando tantas vezes enquanto ela deixava Aemond e seu antigo acordo para trás, deixando os sentimentos para trás.
Mas ela precisava.
Aemond sentiu o coração cair no fundo do estômago quando ela finalmente deixou as mãos dele e começou a entrar no corredor. Ele a observou se afastar lentamente dele, com movimentos lentos, mas certeiros.
O príncipe permaneceu em silêncio, com a boca se abrindo e fechando como se estivesse prestes a dizer algo, mas rapidamente a fechou novamente, mordendo a própria língua enquanto retinha as palavras que queria desesperadamente dizer a ela.
Ele não queria que ela saísse de sua vida dessa forma, mas não havia nada que pudesse fazer para fazê-la mudar de ideia.
Aemond sentiu como se a tivesse deixado ir embora. Ele havia deixado sua sobrinha escapar mais uma vez e, apesar de todos os jogos e da diversão que tiveram durante essas últimas semanas, parecia que ele a havia perdido novamente.
Mas, dessa vez, ele não sabia se ela voltaria.
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