073
Rhaenys estava sentada em seu quarto, precisamente em sua escrivaninha e concentrada atentamente no pergaminho à sua frente, escrevendo seus planos para o homem que ela desprezava. Já eram quase dois dias em que ela tentava fazer isso, planejar.
Ela se concentrou totalmente em seu pergaminho, pensando em todos os detalhes possíveis com precisão e cuidado. Não se preocupou em levantar os olhos do que estava escrevendo, nem mesmo para ver as horas ou se alguém estava se aproximando de seu quarto. A única outra coisa que ocupava sua mente era garantir que sua trama saísse sem problemas.
A janela de seu quarto estava ligeiramente aberta, permitindo a entrada de uma pequena corrente de ar frio, mas todo e qualquer desconforto foi deixado de lado enquanto ela continuava a trabalhar em seu plano.
Esse era um assunto delicado, e ela precisava garantir que todos os detalhes fossem levados em conta para executar seu plano. Ela precisava decidir o tipo de veneno, a dosagem adequada e o tempo exato em que ele ficaria sozinho por tempo suficiente para esfaqueá-lo sem levantar muitas suspeitas.
Seus olhos estavam focados no pergaminho à sua frente, e uma caneta de pena era segurada com firmeza em sua mão. Ela estava planejando o método perfeito, um intrincado ritual de envenenamento que resultaria em uma morte dolorosa, e estava planejando a facada fatal que garantiria sua vingança. O ódio que ela sentia por esse homem quase podia ser sentido dentro da sala.
Não seria uma morte justa, afinal Larys não era a pessoa mais incrível do mundo para luta por conta do pé torto que tinha e não poderia se defender dela.
Mas o que ele faria? A espancaria com a bengala de madeira?
Daemon uma vez mencionou que aplicar uma punição a uma pessoa poderosa que não pode se defender não é injusto, mas simplesmente justiça feita com as próprias mãos.
Rhaenys desenhou algumas idéias no pergaminho mas aparentemente nenhuma delas parecia agradar a princesa o suficiente. Alguns era fáceis demais, outros muiro complexos, e outros tolos demais.
Era para ser algo simples; apenas fazer com que ele bebesse o líquido misturado com veneno e então finalizar com uma adaga cravada no estômago.
Mas como? Larys parecia sempre estar em locais rodeados de pessoas, inclusive em seu quarto onde havia quase três guardas tomando conta de suas portas.
Além da vasta diferença de venenos, Rhaenys havia roubado um livro da sessão restrita da biblioteca que contava sobre cada um desses venenos. No livro, possuía aconito, lágrimas de Lys, veneno de manticora, olho cego, sangue de basilisco, entre outros.
Mas Rhaenys também não tinha idéia de como conseguir ou fazer esses venenos, então ela teria que comprar em algum lugar e torcer para que fosse um veneno potente o suficiente para o deixar com as faculdades mentais lentas. A adaga serviria para finalizar o trabalho e ter certeza de que Larys Strong teria morrido.
A princesa continuou escrevendo e rasgando muitos e muitos pergaminhos em busca do plano perfeito, mas nada era bom o suficiente.
Consequentemente, devida a sua demora em sair dos aposentos, um toc toc foi ouvido em suas grandes portas do quarto. Rhaenys rapidamente virou-se na direção da porta para ver quem era, escondendo um dos pergaminhos no punho, amassado.
— Sim? — disse ela, esperando a resposta do outro lado da porta.
— Sou eu, Luke. — respondeu o Velaryon, sua doce voz abafada pelo grosso material da porta de madeira. Rhaenys arregalou seus olhos por alguns segundos e respirou fundo, tentando não gaguejar pelo nervosismo que a abateu de repente.
— Oh, espere um momento!
A princesa pegou os diversos pergaminhos em uma mão cheia, jogando-os para debaixo da cama e outros amassando e jogando dentro do lixo de seu quarto. Ela poderia jogar uma vela dentro do balde e fazer com que os pergaminhos queimassem e sumissem, mas seria difícil de apagar o fogo a tempo de Lucerys não desconfiar da demora e movimentação dela.
Lucerys esperava do lado de fora do quarto da princesa, batendo o pé com impaciência.
— Rhaenys! Por que está demorando tanto? — Lucerys bateu na porta, com um tom inquisitivo, seguido de um sorriso.
Rhaenys resmungou, mas assim que conseguiu cobrir alguns de seus rastros, ela se dirigiu à porta e a abriu lentamente para ver seu irmão.
— Eu estava me vestindo, Luke. — respondeu ela com um leve revirar de olhos e bagunçou o cabelo dele, sentindo os macios cachos castanhos do menino. — O que há, para que a impaciência?
— Você é tão lenta algumas vezes que faz um caracol parecer um guepardo. — respondeu Lucerys. — Vamos andando. — o príncipe deu uma risadinha, sem se importar com o fato de Rhaenys ter bagunçado seus lindos cabelos cacheados.
Rhaenys franziu as sobrancelhas juntas, pendurando a cabeça para o lado sem entender as palavras de Lucerys, mas o seguiu de qualquer forma depois de fechar a porta de seu quarto. A princesa deu passos largos para alcançar o irmão mais novo, e limpou a garganta assim que chegou ao lado dele.
— Andando? Andando para onde?
Lucerys olhou para Rhaenys com uma expressão de surpresa, mas parou de andar um pouco para falar com a irmã.
— Nós deveríamos ir visitar o vovô. Você não se lembra de eu ter perguntado se você queria ir junto, ontem?
Lucerys olhou para Rhaenys com um olhar e um sorriso otimistas, pois sempre ficava feliz em participar de qualquer coisa que Rhaenys liderasse, amava passar tempo com a irmã.
Todos eles amavam.
— Oh sim, claro. — disse ela, tendo um lapso de memória e lembrando que havia confirmado a visita aos aposentos do avô.
A saúde de Viserys não estava a melhorando, mas também não estava piorando e isso era bom pois significava que o rei estava em um estado intermediário de vida, teria talvez mais três anos pela frente.
— Vamos lá, então. — Lucerys sorriu, pegou gentilmente a mão de Rhaenys e começou a caminhar ao lado de sua irmã mais velha em direção aos aposentos do rei.
O menino esperava ver o avô e também sabia que, quando estava com Rhaenys, o tempo passava muito mais rápido, o que sempre acontecia com ele.
Quando chegaram à porta dos aposentos do Rei, Lucerys acenou para Rhaenys e bateu na porta, esperando que Sor. Erryk abrisse a porta dos aposentos do Rei.
— Vovô? — Lucerys falou primeiro, olhando com expectativa para o homem deitado em sua cama, ele parecia bastante velho e doente, e Lucerys não esperava que um milagre o curasse, mas ele sentia pena do velho, que poderia não viver muito mais tempo, então ele tentaria passar os últimos momentos agradáveis com seu avô e Rhaenys, se fosse possível.
O menino pegou a mão de Rhaenys e eles entraram na sala do rei, enquanto Lucerys se aproximava da cama do avô, esperando que o estado do rei não fosse tão ruim.
— Oh, olá. Entrem e se sentem. — Viserys tinha uma voz fraca e rouca, mas Lucerys entendeu e olhou para Rhaenys.
Seus longos cabelos prateados eram apenas fiapos, caídos livremente até os ombros, enquanto seu olho azul estava fixo em algo ao longe, mas ao mesmo tempo ele dava um ar de cansaço, com um pouco de medo sendo notado em seu rosto.
— Olá, vossa majestade. — Rhaenys disse com um pequeno sorriso e segurou na mão de Viserys, dando um beijo e um comprimento tanto como rei quanto como avô dela, um sinal de respeito.
Rhaenys notou que Viserys usava duas alianças em seu dedo; uma do casamento com Alicent Hightower e outra com o amor de sua vida, Aemma Arryn.
Viserys deu um sorriso gentil para a princesa quando ela o cumprimentou com tanta gentileza.
— Rhaenyra, minha filha... é bom que tenha vindo, preciso lhe contar coisas. — Viserys disse lentamente, um sorriso de dentes podres e faltando.
A princesa ergueu as sobrancelhas para o irmão e fez uma careta, olhando para o avô novamente com uma baixa risada saindo de seus lábios.
— Eu não sou a Rhaenyra, vovô. Sou Rhaenys, sua neta. — explicou ela, devagar tocando a testa de Viserys e dando outra baixa risada.
O rei virou o rosto devagar, sua voz saindo em um quase sussurro misturado com a fadiga da dor. Seus lábios tremiam, ele malmente tinha estabilidade o suficiente para qualquer simples atividade, ele estava secando aos poucos.
— Rhaenys? Onde está Rhaenyra? — Viserys parecia confuso, e quando a princesa tocou sua testa, o rei pareceu voltar à realidade. Rhaenys era a exata cópia de Rhaenyra quando a herdeira ainda era jovem.
Rhaenys era tão imprudente quanto, também.
— Ah, sim! Rhaenys? — Viserys olhou para a irmã de Lucerys por um momento sem dizer nada. — Preciso lhe dizer algo importante, chegue mais perto... você e Luke.
Viserys suspirou novamente, com profundo cansaço.
Viserys olhou para Lucerys e Rhaenys com um olhar preocupado, ele não sabia como entrar em detalhes, já que Lucerys era apenas um garoto de quinze anos, mas pelo menos Rhaenys tinha idade suficiente para entender, então Viserys decidiu falar com sua neta mais velha primeiro.
— Você já ouviu falar da profecia de Gelo e Fogo? — perguntou o rei, com uma voz rouca.
Rhaenys olhou para Lucerys com os olhos arregalados. Ela sabia o que isso significava.
Somente o herdeiro do trono poderia ouvir sobre essa profecia, o que significa que somente a mãe deles sabia. Eventualmente, Rhaenys e Jacaerys também saberiam, pois também eram herdeiros, mas não podiam saber disso agora.
A princesa continuou olhando para Lucerys e depois olhou novamente para o avô, sem saber como responder a ele. O rosto de Lucerys estava tão confuso quanto o de Rhaenys. A profecia? Ele nunca tinha ouvido nada sobre isso, mas sabia que era muito jovem para ouvir isso.
— Vovô... do que você está falando? — o menino perguntou, olhando para Viserys com um olhar preocupado, sem entender o que o Rei estava dizendo.
O Rei suspirou profundamente, talvez até demais, sua respiração quase parou no meio da frase, seu rosto de repente ficou um pouco mais pálido, como se a cor tivesse sido drenada.
Lucerys podia ver a preocupação nos olhos de sua irmã, e ele também tinha uma ideia de qual profecia seu avô estava falando, ele também estava preocupado, mas manteve a cara séria.
— Rhaenys, diga-me a verdade, o quanto você sabe sobre a profecia? — Viserys perguntou a ela gentilmente, mas seu tom era firme.
— Eu não sei nada sobre isso, vovô. — disse a princesa, levemente preocupada com a mudança de cor na pele do homem velho, a respiração também a preocupou.
Viserys assentiu com a cabeça ao ouvir as palavras de Rhaenys, talvez tentando acreditar que ela estava dizendo a verdade.
— Você quer saber? — perguntou o rei, com uma expressão de tristeza, mas também de esperança. Lucerys esperou ao lado da conversa entre sua irmã e seu avô, mas já tinha uma ideia do que Viserys pretendia dizer a Rhaenys. — Rhaenys... Preciso que você me prometa uma coisa... manter a profecia em segredo, pelo menos por enquanto, e... desejo que você a mantenha no mais absoluto sigilo por pelo menos mais alguns anos.
Rhaenys estava totalmente confusa e nervosa, mas enquanto ainda segurava a mão do avô, ela assentiu com a cabeça de forma quieta.
Viserys demorou um pouco para responder à promessa de Rhaenys, mas, por fim, suspirou.
— Rhaenys, se sua mãe Rhaenyra morresse sem um herdeiro e sem que sua vontade fosse respeitada, o reino cairia no caos, como aconteceu há várias gerações... — Viserys disse, com uma voz lenta, e quando Lucerys viu a expressão de tristeza de seu avô, sentiu seu coração bater cada vez mais rápido. — Jacaerys é o único que tem o direito de herdar o Trono de Ferro, como sua mãe Rhaenyra, ele é o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro.
Lucerys olhou para a irmã com surpresa, talvez a surpresa tenha sido percebida em seu rosto, mas ele permaneceu em silêncio, processando cada palavra que seu avô havia dito e tentando não pensar no pior.
— Vovô, por favor, não fale assim, com certeza nossa mãe não morrerá cedo, mas... o que devemos fazer para garantir o sucesso do trono? — Lucerys olhou para o rei, tentando esconder seu desespero diante da possibilidade de um futuro trágico.
Viserys respirou fundo, antes de olhar para os dois, um de cada vez, mas sua atenção estava voltada para Rhaenys.
— Vocês devem seguir a profecia. — disse o rei. — Ela está escrita nestas paredes, nas adagaa e escrituras. Não permita que o reino seja lançado no caos, Rhaenyra deve assumir o controle, deve governar, minha querida e única filha.
O rei tossiu por algum tempo, sua respiração ficando curta e as mãos dele tremendo. Rhaenys apertou com força a mão do avô e olhou para ele atentamente, esperando para ver se ela chamaria um meistre ou se era apenas uma fadiga passageira.
— Meu Rei? — chamou a princesa, tirando um pouco das grandes cobertas de cima dele.
— O chá, me dê o chá. — pediu ele.
Lucerys olhou ao redor da cama em busca da tal bebida que o rei pedia, achou o frasco em cima de uma das diversas mesas dos aposentos do rei. O príncipe pegou o pequeno frasco em mãos e abriu a tampa, colocando um pouco do liquidificador espesso conhecido como chá de papoula em uma caneca dourada.
Rhaenys observou enquanto Lucerys cuidava dessa parte, também observou quando o rei devagar tomou do líquido e gemeu de dor.
A princesa segurou o copo dele em mãos, aproximando do nariz para sentir o cheiro. Normalmente, o cheiro seria bem mais agradável do que este que ela estava sentindo. Rhaenys trouxe ao nariz mais uma vez, torcendo ele enquanto cheirava.
Era chá de papoula, mas parecia estar misturado com outra coisa. Algo muito doce, algo diferente do chá.
Ela suspeitou do que estava cheirando e olhou de canto de olho para Lucerys, uma expressão de desconfiança enfeitando as feições da princesa. A menina entregou a caneca para o irmão, silenciosamente pedindo para que ele cheirasse o chá.
Algo estava errado com esse chá.
Rhaenys sabia que quem providenciava esse chá era Otto Hightower, que sempre estava perto do meistre quando preparado. O mesmo meistre que Rhaenyra não confiava, que a herdeira exigiu que fosse substituído pelo meistre Gerardys.
Nada foi feito.
Lucerys e Rhaenys se encararam por alguns instantes, ambas com a sensação de que algo não estava normal.
— Rhaenys... — Lucerys falou devagar, mas ainda com cautela. — Você acha que o chá pode estar envenenado? — o menino perguntou à irmã, que já havia adivinhado a resposta à pergunta e estava com medo de admitir que isso poderia ser verdade.
— Se estiver, seria necessário que ele fosse algo fraco para que o rei não morresse tão depressa, mas também não se curasse de sua doença. — sussurrou Rhaenys e guardou o copo na cômoda, pegando o frasco em mãos e entregando para Lucerys. — Viserys precisa descansar, vamos embora e leve isto para nossa mãe, diga a ela que algo está estranho nesse chá.
— E você, para onde vai?
Rhaenys ficou em silêncio enquanto eles caminhavam para fora dos aposentos, cuidadosas com os arredores dele. Depois que Rhaenys escutou Larys e Alicent conversando, a todo momento ela sentia que poderia ser observada ou ouvida por qualquer um, qualquer mero servo.
— Meus aposentos.
[...]
Rhaenys estava deitada em sua cama, sua camisola era curta e fina por conta do forte mormaço da noite. Apesar da janela aberta por inteira, pouco vento entrava e as bochechas e o busto da princesa estavam vermelhos pelo ar quente.
Deitada de bruços enquanto lia um livro, ela estava absorvida nas pequenas letras. Cuidadosamente lia cada uma das linhas do livro de especialização de venenos, ainda não havia achado o perfeito para conseguir desestabilizar Larys Strong.
Era uma tarefa difícil, exigia muito planejamento e táticas para ninguém desconfiar que foi a princesa.
Rhaenys moveu-se na cama mais uma vez, com o livro à sua frente detalhando os pontos mais delicados da especialização em venenos. Ela sabia de um possível veneno que mataria Larys sem que fosse possível rastreá-lo até ela.
Era um veneno eficaz que exigia pouco para ser administrado. Rhaenys teria que esperar o momento perfeito para usá-lo.
Mas, por enquanto, ela precisava manter o controle da situação.
Lentamente, ela colocou o livro no chão, fechando as páginas com cuidado para se manter no lugar, e o colocou de lado na mesa de cabeceira. Ela respirou fundo e suspirou, sentindo o ar quente encher seu peito, olhando para o teto. Durante todo esse tempo, ela estava maquinando em sua mente.
Então, ela ouviu um barulho silencioso do lado direito do quarto, no momento em que estava prestes a descansar sua mente. Curiosa, Rhaenys se levantou da cama e caminhou até a porta falsa, perguntando-se se era algo digno de nota, afinal.
Depois de não ver nada fora do comum, a curiosidade de Rhaenys ainda estava aguçada. Ela achou que valia a pena dar uma olhada, só para ter certeza de que realmente não era nada. Rhaenys devagar continuou caminhando em direção a porta, erguendo as sobrancelhas em curiosidade e segurando algo na mão que serviria para se salvar caso fosse algum intruso fora do comum.
— Aemond? — ela chamou em um sussurro, pensando ser ele. Ainda mais lentamente, a princesa tocou na borda da porta secreta e abriu um fresto.
Mas antes que ela pudesse fechar novamente, a porta foi abruptamente aberta contra ela e um platinado entrou pela porta.
Mas não o platinado que Rhaenys esperava.
— Melhor que ele, sobrinha. — Aegon disse ao entrar no quarto da sobrinha com um pequeno sorriso nos labios. Rhaenys abaixou o objeto pesado da mão dela e encarou o tio por severos segundos em confusão, antes de decidir o que falar.
— O que você pensa que está fazendo em meu quarto a esse horário, Aegon? — ela perguntou, olhando para Aegon com uma expressão irritada no rosto. A princesa também notou que seu tio não estava usando roupas de príncipe, mas as pobres roupas velhas que ele usava quando ele estava "fugindo" para a Baixada das Pulgas.
Com frequência.
— Estou apenas visitando minha querida sobrinha. — Aegon deu um risinho, sorrindo com os braços cruzados acima do peito. Ele dá mais alguns passos para dentro do quarti de Rhaenys. — O quê? Não me diga... você estava esperando... Aemond? — seu sorriso aumenta à medida que ele observa as reações da sobrinha.
Rhaenys revira os olhos dela e empurra o ombro de Aegon para longe, guardando o objeto em um cômoda e indo para a cama dela novamente. Antes que Aegon pudesse chegar mais perto, ela logo pegou o livro de venenos e jogou para debaixo da cama.
Antes que o intrometido do Aegon tentasse pegar dela.
— Cale essa boca, Aegon. Eu não estava esperando o Aemond, não seja tolo.
Ele se aproxima de Rhaenys e se senta na cama dela.
— Por que não? Você não gostaria de poder se casar com ele? — sua voz se torna baixa. — Nós dois sabemos que você sonhou com vocês dois juntos. Eu posso ver isso toda vez que você olha para ele. — o Targaryen se inclina ligeiramente para trás e sorri.
— Você está bêbado? — Rhaenys perguntou com as sobrancelhas erguidas em irritação, porém curiosidade ao mesmo tempo.
— O quê? Nenhuma reação? Nenhuma negação também? Você sabe que estou certo.
A princesa resmunga novamente e bate no ombro de Aegon mais uma vez, se levantando da cama ao se afastar do tio e ir para perto da janela. Ao cruzar os braços, Rhaenys virou a cabeça na direção de Aegon.
— O que você quer aqui neste momento, Aegon? Já está tarde e você já deveria estar em suas aventuras noturnas.
— Exato! Venha, Rhaenys, tenho algo para lhe mostrar. — ele estendeu a mão, acenando para que a princesa o seguisse enquanto ele entrava na porta falsa.
Rhaenys ficou olhando para Aegon com uma expressão negativa agraciando o belo rosto dela. Depois de um tempo em completo silêncio, a princesa soltou algumas gargalhadas altas enquanto encarava o tio.
— Em circunstância alguma eu irei seguir você, Aegon. Eu não confio em você, e muito menos em seus pensamentos.
Ela suspeitava de que lugar era, e provavelmente era a Baixada das Pulgas.
— Você estaria perdendo muita diversão se não fosse, Rhaenys. Todas as melhores tabernas e bordéis estão lá. Tenho a sensação de que você não se lembrará de ter dito 'não' quando provar os vinhos locais.
A princesa olhou para Aegon depois que ele parou de rir, com as bochechas ardendo de calor. Rhaenys estava ciente de como seria errado se ela aceitasse ir com ele. Quantos problemas ela poderia causar se estivesse na presença de Aegon, principalmente em um local como aquele.
No entanto, quando eles ficaram em silêncio, Rhaenys se lembrou do livro de venenos que estava lendo antes. O veneno de que Rhaenys precisava poderia ser encontrado em Flea Bottom, em alguma casa de especiarias.
Aconito, algo que não tinha nos jardins do castelo e muito menos nas cozinhas da Fortaleza.
— Convença-me.
Aegon sabia que a tinha onde queria. Ele não precisava que ela fosse até a Baixada das Pulgas por prazer, se ela viesse com ele, seria ainda mais fácil fazer o que havia planejado.
— Certo. — ele olha para ela, com um sorriso malicioso no rosto, enquanto se aproxima ao lado de Rhaenys, cruzando os braços dele mais uma vez. — Daeron está esperando do lado de fora da passagem e...
— Daeron? — Rhaenys perguntou com um tom surpreso na voz, seus olhos se estreitando ao olhar para Aegon. Cada palavra que saía da boca do tio era uma surpresa a mais, ela torcia para que algum dia ele falasse algo útil.
— Sim. — Aegon diz, com as mãos ainda cruzadas, os olhos ainda fixos diretamente nos de Rhaenys. — Daeron está guardando o corredor desde que o convenci a vir comigo, e eu lhe assegurei que ficaríamos bem. — ele dá uma risadinha. — Ele tem perguntado por você na última hora.
Uma expressão ainda mais confusa chegou no rosto sa princesa.
— Por que Daeron aceitou essa proposta?
— Porque, Rhaenys, ele nunca visitou aquele local antes. A curiosidade em muitas das vezes é maior que a cautela e o raciocínio lógico. — Aegon disse com sua típica risada presunçosa e seu clique na língua, sorrindo para a sobrinha em busca de convencê-la a participar do ingênuo passeio.
Rhaenys se sentiu muito tentada a aceitar a proposta de Aegon, mas ainda estava ciente dos problemas que poderiam surgir. No entanto, Rhaenys tinha mais motivos e intenções para ir ao bairro podre de Porto Real e, com um suspiro baixo, olhou para Aegon e depois para a porta secreta do quarto.
Que mal poderia fazer? Afinal, assim que ela conseguisse o veneno, ela voltaria imediatamente para a Fortaleza Vermelha.
— Certo, Aegon. Encontro vocês em alguns minutos, vou trocar as minhas roupas.
O rosto de Aegon se ilumina com um sorriso largo e alegre antes de se virar para a porta da passagem.
— Fantástico. Fantástico. Daeron está esperando lá fora. Vamos nos encontrar no pátio. — ele faz um último aceno de cabeça antes de se virar e sair da sala.
Se tudo seguisse o planejado de Aegon, ele consegueria capturar uma reação proposital de Aemond depois que a aventura dos três platinados no fútil bairro acabasse.
E assim, Aegon entra pelas tão conhecidas passagens secretas e se encontra com Daeron, o jovem príncipe ainda olhando por cima do ombro em direção à porta antes de finalmente olhar para o irmão mais velho.
— Nossa convidada está chegando, então? — o mais novo pergunta com expectativa.
— Sim, ela está mudando as roupas. — Aegon responde, seu olhar seguindo um servo que passa por ele. Ele suspira. — Juro que, um dia desses, vou para os Sete Infernos por todas as coisas que estou prestes a fazer, ou já fiz.
O príncipe Aegon II deu risadas baixas, dando um soco brincalhão no ombro do irmão caçula.
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