057

Alys Rivers viu o rosto de Rhaenys se transformar em um rosto de ódio e raiva, mas ela não se importou, pois tinha ido ao banquete preparada para qualquer insulto que a jovem princesa pudesse lhe lançar. A bastarda apenas ergueu sua taça em um brinde zombeteiro à princesa, certificando-se de ser vista por Aemond e a própria Rhaenys durante a ação, antes de tomar um gole e voltar a se encostar no pilar.

Rhaenys respirou fundo, tentando conter o fogo que ardia em seu interior. Ela o deixou se acumular, como um gêiser esperando para entrar em erupção.

Ela deu um sorriso a Cregan e pediu licença a ele, se aproximando de Alys, mantendo o olhar fixo e a carranca. Rhaenys odiava a maneira como Alys usava seu sorriso psicótico, a forma como ela se vestia para justamente atrair o conhecimento da princesa.

Chamava muita atenção, especialmente da maneira como era, proposital.

Também odiava a forma como Alys estava olhando para ela. Ela queria tirar aquele sorriso do rosto dela.

— O que você quer? Como é que entrou aqui mo castelo? — Rhaenys praticamente cuspiu as palavras em Alys, apertando os punhos porém mantendo o tom de voz dela sempre em um sussurro cauteloso para que as orelhas grandes não tentassem bisbilhotar no assunto e fazer fofocas pelo reino.

— Oh, aí está o temperamento dos Targaryen. — disse Alys. Ela se aproximou de Rhaenys, com uma expressão maliciosa em seu rosto. — Uma característica muito atraente. — Alys se aproximou o suficiente para ver a raiva nos olhos de Rhaenys, embora isso não a assustasse nem um pouco.

Em vez disso, a excitou um pouco.

— Bem, senti sua falta, minha princesa. — Alys respondeu em um tom de zombaria, enquanto se afastava lentamente de Rhaenys. — Eu sou uma bastarda, não sou? Não é dito que os bastardos gostam de se esgueirar pelos cantos escuros e sujos assim como os ratos? Você acima de todos deveria saber disso, sobrinha.

Rhaenys respirou fundo e olhou para trás. Aparentemente, ninguém da família Targaryen havia notado tal tensão entre as duas mulheres e talvez estivessem apenas pensando que era um chat amigável entre duas ladies que tem algo em comum.

Todos com excessão de Aemond, e não tão longe disso, Larys Strong.

Cregan estava apenas por perto, esperando que Rhaenys terminasse suas interações assim ambos poderiam continuar aproveitando o banquete, juntos.

— Não brinque comigo, Alys. — A princesa disse dando um passo em frente mas ainda se mantendo a uma distância segura da bruxa.

— Ninguém está brincando com você. Estou apenas tentando cumprimentá-la e talvez conversar com você sobre algumas coisas. — seu sorriso ainda estava tão largo quanto antes e a presença de Aemond também foi notada pela mais velha. Ela se perguntou se ele tentaria interferir em algum momento ou não arriscaria nada em fazer o caso entre o tio e a sobrinha ser descoberto em público.

Rhaenys estava cada vez mais perto e Alys estava se aproximando de uma parede.

— Eu só queria saber como você está se saindo desde a última vez que nos vimos. — ela finalmente parou e se manteve firme, enquanto olhava Rhaenys diretamente nos olhos. — Foi uma noite divertida, não foi? Com diversas alegações sobre seu pai morto e o sangue bastardo das suas veias e de seus irmãos.

A menção de Harwin fez o coração de Rhaenys fazer uma pontada de dor e saudade, a expressão caiu por alguns segundos. Amanhã seria o dia que a morte de Harwin no incêndio completaria oito anos, uma morte que não teria acontecido se não fosse pela mesma mulher que estava sorrindo zombateira bem na frente da princesa, tirando sarro da situação.

Alys sabia que Rhaenys não tentaria nada em público, sabia que a princesa manteria a honra da família e a própria, sabendo quão altas eram as possibilidades da bruxa contar sobre Aemond, sobre as escapadas dela e sobre mais coisas que nem a própria Rhaenys sabia que Alys tinha tal conhecimento.

— Eu quero que você vá embora imediatamente, Alys. Sua presença não é bem vinda e nem requerida por ninguém desse castelo.

Em um movimento rápido, sua mão foi até o queixo de Rhaenys e manteve a cabeça dela imóvel. Ela puxou um pouco para forçar Rhaenys a olhar para ela.

— Ou o quê? — Sua mão livre foi até a bochecha de Rhaenys e a acariciou. — Irá me matar como prometeu noites passadas? Ou irá me servir como alimento para seu dragão? — ela sussurrou em seu ouvido, enquanto olhava profundamente em seus olhos. Era quase como se, de certa forma, a bastarda estivesse tentando enfeitiçar a princesa com suas palavras arrastadas e baixas, sedutoras até. — Alys Rivers fará o que quiser.

— Alys Rivers não é ninguém além de uma bruxa bastarda, uma assassina. Você está em minha casa e não pode me fazer ter medo de você, o que tenho para você não é medo e sim nojo e raiva por uma mulher como você poder ficar tão impune pela corrupção e traição que pratica com Larys Strong. — Rhaenys afastou o queixo do toque de Alys a encarando de volta com olhos arregalados, a veia da lateral de seu pescoço pulsando visivelmente. Aemond ainda estava observando atentamente da mesa do banquete, quase nem piscando ou se movendo. — Tire suas mãos de mim.

O sorriso de Alys nunca desapareceu, enquanto ela procurava as reações de Aemond, enquanto seus dedos permaneciam no rosto de Rhaenys.

— Nossa, nossa, você certamente se tornou mais ousada desde a última vez que a vi. Não tem mais medo de me enfrentar depois de tudo... devo admitir que isso me agrada. — Seu sorriso era óbvio quando ela finalmente tirou a mão do rosto de Rhaenys novamente e pegou a taça de vinho para tomar outro longo gole — Estou vendo, que acertei um nervo. — ela deu uma risadinha.

Rhaenys suspirou alto e apertou os lábios juntos em uma linha fina, o coração batendo forte e o sangue correndo quente e rápido pelas veias dela. Mais uma vez, ela se virou para verificar que não tinha expectadores tão focados na interação entre a lady e a princesa.

Felizmente, ninguém além de Aemond.

A princesa deu outro passo próximo e levantou a mão um pouco, mas logo abaixou novamente.

Alys foi pega de surpresa. Por um momento, ela ficou preocupada com a possibilidade de Rhaenys realmente lhe dar um tapa em público, mas então viu o quanto ela estava próxima e gostou muito disso. Ela levantou o copo mais uma vez e, em um movimento que parecia ser muito sexual, bebeu um gole, sem nunca quebrar o contato visual.

— O que você quer aqui dessa vez, Alys? — a princesa disse, dessa voz em um tom que parecia mais exausto do que irritado. Como se a presença da mulher estivesse drenando suas energias e boas vontades, como canibais que se alimentam da carne humana oara ganhar nutrientes assim como diz nos livros da biblioteca.

Alys riu ao se aproximar de Rhaenys, acompanhando-a passo a passo.

— O que eu quero? — ela zombou. De novo. — Sou uma bruxa. Só quero o que é proibido. E você é proibida, princesa. Seu sangue Targaryen e sua beleza Targaryen, sua posição e poder, sem mencionar seu belo temperamento... e seu tio, Aemond. — la deixou as palavras pairarem no ar enquanto passava as mãos pelo vestido de Rhaenys, as unhas arranhando o tecido caro.

Rhaenys sentiu ânsia, o forte cheiro de canela que vinha de Alys fazendo a cabeça dela latejar. O toque com segundas intenções fazendo ela ter nojo de si mesma. As palavras maldosas da bruxa causando irritação e desgosto na princesa.

— Alys, vá. — Ela tentou uma última vez, se segurando para não chamar os guardas para arrastarem ela dali e causar uma cena no evento da irmã recém nascida, e na presença do Rei.

Aemond ainda observando a situação, virou um pouco a cadeira em um ângulo que ele pudesse observar a interação das duas que já estava se entendendo a mais tempo do que necessário. Principalmente porque Aemond sabia que Alys não deveria estar ali, na presença de todos os Targaryen e em um banquete que ela certamente não foi convidada.

Alys sorriu. Isso estava ficando mais interessante quando ela notou o interesse do príncipe.

— Ou então o quê? — Alys perguntou outra vez, sem que o sorriso sorridente deixasse seu rosto.

— Você nunca será nada além de uma bruxa. Você poderia ser muito mais, Alys, você tem o seu potencial e é corajosa... — Rhaenys rebateu. — Mas sua fome e ego por poder lhe deixa desgostosa.

Alys não se abalou é claro, sabia que só havia uma maneira de tirar Rhaenys de sua atitude habitual.

— Você pode ser uma princesa, eu posso ser uma bruxa, mas este é um lugar onde só o poder importa. E eu tenho meu próprio tipo de poder. — Ela se inclinou ainda mais para perto da princesa com um sorriso presunçoso.

Ela sabia que Rhaenys não faria nada drástico.

O som alto da cadeira de Aemond se virando mais uma vez range pelo salão em meio a música, chamou a atenção de Rhaenys. Ela se virou para olhar e encarou Aemond de longe por longos segundos, mas certamente isso não era o que chamava sua atenção.

Alys teve que reprimir uma risada quando Rhaenys olhou para Aemond.

— É por causa dele que você está com raiva?

Rhaenys ergueu as sobrancelhas e olhou na direção de Cregan, mas logo percebeu que Alys estava falando de Aemond e não de Cregan. Ela se virou para Alys novamente, ainda com o mesmo olhar que tinha desde o início da conversa.

— Por que eu ficaria com raiva por causa dele?

Alys, por sua vez, levantou as sobrancelhas assim como a princesa, imitando ela de forma brincalhona. Havia um certo divertimento nas expressões de Rhaenys, e ela não ia esconder o fato de que gostava de ver isso.

— Você apenas olhou na direção dele. Você pareceu ter uma reação a ele. Bem, darei uma olhada nisso. — Alys respondeu mudando o olhar dela para uma expressão mais malicioso do que ambiciosa ou brincalhona, enquanto finalmente virava a cabeça para por os olhos no príncipe dragão de apenas um olho. — Eu ficaria honrada em alimentar essa criatura magnífica. Tenho certeza de que ela está esperando por alguém digno para.. se alimentar melhor.

Alys passou por Rhaenys em direção a Aemond, seu sorriso nunca desapareceu.

Rhaenys seguiu Alys com os olhos e sentiu suas bochechas corarem de raiva. Ela observou Alys começando a se aproximar e interagir com Aemond e ficou ainda mais irritada.

Mas ela não podia fazer nada além de olhar. Ela era uma princesa, uma Targaryen, uma Velaryon. A festa era da família.

Ela não poderia estragar nada e não causaria suspeitas.

Então, tudo que ela fez foi suspirar alto e respirar fundo para se acalmar antes que se virasse com um sorriso meigo no rosto e fosse até a direção de Cregan para continuar a dança que havia sido interrompida por Alys.

— Cregan, peço perdão por lhe deixar no meio da dança.

— Não precisa se desculpar, Princesa Rhaenys, — respondeu Lord Cregan com uma reverência educada. — Estou feliz por você ter voltado para mim. Vamos continuar?

Rhaenys assentiu, colocando as mãos nos ombros e braços de Cregan com um pequeno sorriso nos lábios, apesar da raiva ainda presente e visível nela.

— Minha princesa, estou detectando alguma hostilidade em relação a Lady Alys e, em caso afirmativo, posso perguntar o motivo? — O Stark olhou para Rhaenys e sorriu, curioso pelo clima estranho que havia ficado entre as duas mulheres.

— Lady Alys é... uma mulher muito hostil e desagradável. Não há nada com que se preocupar, ela só gosta de vir à corte e atormentar algumas pessoas com suas piadas e assuntos sem cabimento.

Mentiu.

Os olhos da princesa se desviaram para a mesa principal do banquete, buscando achar a bruxa que deveria ainda estar conversando com Aemond, se ele deu atenção a ela.

Mas ela não achou Alys na mesa ou em qualquer lugar perto dali enquanto ela e Cregan continuavam dançando pelo salão.

E muito menos Aemond.

Mas sim ambos dançando.

Lord Cregan deu uma leve risada e olhou para a bruxa do outro lado da pista de dança. Não havia nada que indicasse a hostilidade dela nessa bela noite, e ele não conhecia a extensão do passado delas.  Com tudo isso dito, ele decidiu que seria melhor manter Rhaenys longe de Alys, pelo menos por enquanto.

— Se você diz que não há nada com que se preocupar, então não há necessidade de dar atenção a Alys. As piadas dela não valem seu belo sorriso e atenção, Princesa.

Naquele momento, ele não pôde deixar de olhar para Rhaenys, que ficava mais atraente a cada vez que a via.  Ela tinha muita beleza, e o interesse dele por ela era definitivamente mais do que uma simples necessidade de atenção.

Ele podia ver os olhos dela fixos em Alys, que estava dançando com o príncipe Aemond em meio os outros diversos lords e ladies da corte que estavam no banquetw.  Cregan fez o possível para mantê-la na conversa e longe de seu nêmesis, mesmo quando ela olhava para ele de vez em quando.

Cregan podia sentir seu coração batendo contra o peito. A música estava tocando, e outras pessoas estavam dançando e rindo, mas naquele momento eram apenas os dois.

Seus olhos estavam fixos um no outro, e a atenção dele estava voltada para ninguém menos que a bela Princesa Rhaenys.

Os olhos cinzentos não se desviavam de Rhaenys enquanto a dança continuava. No entanto, ele olhava para Alys e a via observando a ele e a Rhaenys. Mas ainda sim, sua atenção estava voltada apenas para Rhaenys, desde o modo como ela sorria até o modo como dançava com ele e seus profundos olhos azuis.

Ele podia ver a frustração nos olhos dela, e sabia exatamente quem era o alvo dessa frustração.

A mente de Rhaenys estava extremamente confusa.

Por que Aemond estava dançando com Alys, dentre todas as possíveis damas do evento?

Ele estava tentando provocá-la?

Ou talvez, como ela sempre imaginou e já sabia, Aemond não tivesse nenhuma consideração ou mesmo senso em relação a qualquer pessoa, fosse ela da família ou não.

Portanto, Rhaenys não deveria estar tão surpresa.

Mas não era apenas isso.

Rhaenys estava sentindo diversos olhos para cima dela, muitas pessoas a observando sem motivo. Aemond estava a encarando de canto de olho a cada momento. Alys a olhava de forma descarada e fixa, em momento algum tendo a intenção de desviar o olhar e o sorriso malicioso.

Larys Strong também encarava Rhaenys, Alicent estava encarando a princesa, Otto estava olhando para ela.

— Eu preciso de mais vinho.

Cregan levantou as sobrancelhas dele e parou a dança, mas continuou segurando a mão dela.

— Deixe-me pegar para você.

Ele deu alguns passos para o lado onde as bebidas estavam sendo servidas. Ele pegou duas taças para os dois, encheu cada taça até um quarto de sua capacidade e voltou para Rhaenys.

Mas antes que ele pudesse oferecer a taça, Rhaenys estava pegando outra com um dos servos que passava com uma bandeja em mãos. A princesa engoliu o conteúdo da taça em apenas um gole, até mesmo fazendo o vinho escorrer pelo canto da boca na rapidez que ela tomou

— Aqui.. — ele ofereceu quando chegou perto dela, os olhos demonstrando a surpresa dele, e depois tomou um gole para si. — Tenho certeza de que sua atenção ficará melhor concentrada com um pouco de vinho.

Rhaenys bebeu o vinho da taça que Cregan a ofereceu em um outro grande gole mais uma vez, e em seguida ela sorriu para Cregan e foi para a mesa do banquete. Ela pegou uma comida com especiarias de pimenta e comeu algumas, enchendo a taça dela de vinho outra vez.

O Senhor de Winterfell ergueu uma das sobrancelhas ao ver Rhaenys tomar duas taças de vinho em questão de instantes. Ela geralmente era tão calma e digna, pelo menos perto dele, de modo que esse comportamento era surpreendente.

Mas ele sorriu em ver a facilidade que Rhaenys tomava o vinho sem careta ou sem se importar em estar fazendo isso com diversos lords e ladies, ou a família dela observando o comportamento.

— Suponho que tenhamos atraído uma grande quantidade de atenção esta noite. — disse Lorde Cregan com um sorriso, sem saber para onde Rhaenys estava indo. Ele imaginou que ela provavelmente estava indo para longe da multidão e beber mais um pouco de vinho, com a esperança de acalmar seus nervos no processo.

Lorde Cregan ficou atônito enquanto Rhaenys tomava o vinho e o bebia. Ele se juntou a ela à mesa e pegou um prato de comida.

Do outro lado da mesa, Jacaerys limpou a garganta e olhou para a irmã com um olhar que obviamente dizia que ela estava exagerando. Jace se aproximou mais quando viu Rhaenys encher a quarta taça de vinho.

— Talvez você devesse ir mais devagar com a bebida, disse Jacaerys ao tomar a visão de Rhaenys e ver a rapidez com que ela estava consumindo as taças — Talvez seja melhor pousar a taça, irmã.

Ele fez o possível para convencê-la a pousar a taça, mas temia que ela não ouvisse seu conselho.

Cregan não pôde deixar de sorrir e rir dos dois, pois Rhaenys claramente havia tomado mais do que sua cota justa de vinho a essa altura. Ela ainda estava conversando com ele, mas estava claramente em outro estado de espírito.

Ele pegou a taça de Rhaenys e a tomou da mão da princesa.

— Receio que precisarei confiscar isso. — Cregan disse com um pequeno sorriso e assentiu para Jacaerys, ambos em concordância de retirar o vinho do alcance dela.

— Não, você não pode. — Rhaenys disse enquanto tentava pegar a taça das mãos de Lorde Cregan. — Eu quero beber, não tire isso de mim".

Mas Cregan, é claro, não lhe devolveu a taça. Ele não se arriscaria a deixar Rhaenys ainda mais envergonhada nesse lugar público.

— Estou pegando isso de volta. — disse Jace com firmeza, mas ainda em um tom gentil. — Você já bebeu mais do que o suficiente.

Aegon observou a cena com risadas ao notar o comportamento da sobrinha com a bebida, ao mesmo tempo que ele devorava as suas próprias taças de vinho como se fosse água. Ele sorriu mais largamente quando notou Aemond e Alys terminando a dança e o fim do banquete bem próximo, talvez a interação do irmão com a mesma mulher de antes tivesse feito Rhaenys decidir beber mais do que o normal.

E, eventualmente, a festividade acabou e as pessoas do salão foram aos poucos saindo. A música havia terminado e os servos entravam pelas portas para começar a limpeza da bagunça feita. Os Targaryen e agregados foram cada qual se separando para seus devidos aposentos, tão bem como Cregan que iria embora apenas na manhã seguinte.

Rhaenys apesar de ter bebido mais do que a cota permitida ou normal, estava com pouco efeito da bebida no organismo. A maior causa disso era porque Cregan e Jace fizeram ela parar antes que ela de fato acabasse se tornando uma atração bêbada, como Aegon, por exemplo.

Após dar boa noite e um beijo na testa de cada um dos irmãos e irmãs dela, e para os pais, a princesa pediu licença para se retirar.

Ela andava devagar e silenciosamente pelos corredores para poder chegar no quarto dela e descansar, o vestido agora já estava sufocando ela e as tranças apertando e machucando a cabeça dela. Os passos eram lentos e o olhos distraidos enquanto ela olhava pelas grandes janelas dos corredores e observava a lua minguante brilhando no céu junto com as estrelas.

Rhaenys sorriu ao ver o brilho que refletia e ricocheteava em seu rosto, seus dedos brincando com seu colar de lua de safira que estava no pescoço, enrolando o pingente ao redor.

Ainda andando, ela se virou num corredor com menos janelas e pouca iluminação além de tochas. Dois corredores para frente ficava o quarto dela.

Porém, ela parou no meio do caminho quando escutou barulhos 'anormais' vindos do corredor a esquerda dela. Era um corredor mais escuro e com uma cortina que separava o corredor de uma sacada lateral do castelo, pouco acessado já que era praticamente inútil e só os servos passavam por ali para irem a seus respectivos quartos.

Curiosa como sempre foi, ela retirou os sapatos do pé e caminhou descalça pelas pedras do chão sujo, tentando não fazer nenhum barulho para nao chamar atenção fosse da pessoa ou pessoas que estavam ali.

E então ela viu o que não queria, o que não deveria.

Talvez uma imagem que ela poderia ter se privado de ver se ela não fosse tão curiosa e teimosa.

Seu coração disparou de ansiedade, surpresa e sua respiração ficou superficial ao ouvir e ver, e ela olhou pelo pequeno fresto da cortina para ver Aemond ali.

Rhaenys viu os braços de Alys Rivers envolvendo o pescoço de Aemond, e uma das mãos de Aemond envolvendo a cintura dela. Eles pressionaram seus corpos profundamente. As pernas de Alys estavam enroladas nos quadris do príncipe, e os lábios dela estavam nos dele.

Ele estava apoiando ela contra a parede, com os lábios colados nos dele. As mãos dele estavam nas coxas macias e arredondadas dela. Eles pareciam estar se divertindo.

As calças de Aemond estavam desabotoadas e abaixadas até um pouco abaixo dos quadris, o vestido roxo de Alys erguido para cima da cintura e os movimentos de ambos não deixava dúvidas de que Aemond estava fodendo a mulher contra aquela parede. Os sons de gemidos e respirações pesadas enchiam aquela parte do corredor, as palavras que Alys sussurrava para Aemond fazendo Rhaenys sentir embrulho no estômago dela.

Alys Rivers inclinou a cabeça para trás e disse algo em voz baixa, mais uma vez e Aemond deu um risinho e respondeu. Em seguida, ele a beijou profundamente e eles pressionaram seus corpos um contra o outro em um acesso de luxúria e paixão. Ele agarrou os seios dela e os chupou. Alys começou a gemer mais alto, os ouvidos de Rhaenys pareciam querer sangrar.

Os olhos de Rhaenys se arregalaram, seu rosto tinha uma expressão de choque.

Isso não parecia ser algo que Aemond faria, principalmente quando ele contou a insegurança dele em questão de sexo e seleção.

Ou Rhaenys estava tentando se convencer disso, ou Aemond mentiu para ela naquela noite.

Ela fechou a cortina e mordeu o lábio inferior, respirando fundo e sem mesmo perceber, segurando as poucas lágrimas que pareciam querer cair de forms descontrolada. Os dedos apertavam o colar com mais força e ela tentava se recompor e sair dali, para apenas fingir que não viu absolutamente nada.

Rhaenys não tinha ideia do que pensar. Aemond era sempre tão sério, reservado. Aqui ele estava fazendo sexo apaixonado com Alys, em uma parede qualquer.

O fato de ele estar fazendo sexo não foi de perto o que incomodou Rhaenys e fez o coração dela acelerar. O que fez isso acontecer, foi ela ter visto o mesmo homem que ela confiou a virtude dela estar fodendo a mesma mulher que ele sabia que foi a responsável pelo incêndio de Riverlands que matou Sor. Harwin Strong. Que matou uma das pessoas mais importantes da vida dela ainda quando era criança, a mesma mulher que se não tivesse mais interesses pessoais envolvidos, mataria a princesa sem pensar duas vezes.

A mesma mulher que se tornou um pesadelo para ela, e Aemond sabia de tudo isso.

Ela percebeu com terror que havia se envolvido com Aemond por bobeira, um homem capaz de traí-la dessa maneira sem escápulas. Sentiu-se envergonhada e desonrada. Mas, acima disso, estava furiosa com Aemond por ter feito isso com Alys.

E no fim a noite, ela deveria apenas ter seguido o que Lucerys disse a ela.

Por isso a princesa desviou o caminho e passou a noite no quarto do irmão mais novo, chorando com ele e colocando a culpa do choro no vinho.

...

A manhã seguinte foi um tanto quanto cheia para os irmãos Velaryon e a pequena tradição deles.

Após um café da manhã quase polemico por conta que justamente naquele dia, Aemond decidiu se juntar a mesa sendo que ele quase nunca fazia isso. Cregan participava também, apreciando a comida posta naa mesa e conversando com Rhaenys e os pequenos irmãos mais novos dela, Aegon e Viserys.

No fim da manhã, Jacaerys, Rhaenys, Lucerys e Joffrey estavam andando na costa do mar que cobria King's Landing e a Fortaleza Vermelha, em busca do local perfeito para acenderem uma pequena fogueira.

Todos os anos desde que Harwin e Laenor morreram, os quatro iam até a costa do mar e se sentavam na areia enquanto uma fogueira queimava os galhos e fazia uma fumaça infestar o ar da praia. Eles faziam alguns comentários, como contar as novidades e o que estava acontecendo com eles, ou como Rhaenyra estava indo.

Eles não sabiam se era possível algum deles escutarem algo de algum dos sete céus, mas eles continuaram fazendo isso e quando Joffrey atingiu a idade certa também passou a participar da tradição mesmo não tendo conhecido nem Laenor e nem Harwin.

Lucerys e Joffrey correram pela orla, empurrando um ao outro de brincadeira enquanto Joffrey andava ao lado de Rhaenys, segurando a mão dela.

O sol estava brilhando intensamente, quase brilhando demais para uma manhã. O calor estava batendo neles, deixando o cabelo de Joffrey bagunçado e desarrumado.

— Será que temos que tornar isso uma coisa anual por mais tempo? — Joffrey resmungou, olhando para cima para esperar a resposta de Rhaenys. — Está demorando muito, eu quero ir brincar com Visenya.

Jacaerys deu de ombros para ambos e procurou um pedaço de areia plana ao redor.

— Talvez se não perdêssemos tempo correndo como idiotas, já estaríamos na metade do caminho. — Rhaenys repreendeu para os irmãos, encarando Lucerys e Jacaerys.

Lucerys estava procurando madeira e algumas pedras que haviam sido arrastadas por uma tempestade recente. Jacaerys estava olhando para o mar a partir da pequena colina. Joffrey agora estava colhendo algumas flores na praia para entregar a irmã.

Com duas pedras, Rhaenys esfregou até as faíscas surgirem e a pilha de madeiras velhas que Lucerys montou acendesse um pequeno fogo que aumentou aos poucos. Ela olhou para o fogo e o calor que irradiava dele, suspirou e fechou os olhos ao pensar em seu pai Laenor e seu outro pai Harwin, duas almas que foram levadas cedo demais.

Rhaenys sentou-se ao lado de Jace e deitou a cabeça em seu ombro e braço, Joffrey estava sentado no colo da irmã enquanto mexia no cabelo dela, enfeitando com as flores que ele achou jogadas na areia da praia.

— Sinto muita falta deles. — disse Jacaerys em voz baixa, principalmente para si mesmo.

Ele então se virou para Rhaenys e sorriu.

— Eu só queria que eles pudessem estar aqui conosco agora. Para testemunhar a alegria que todos nós compartilhamos neste momento, apesar de nossa dor diária.

Lucerys sentou-se mais perto do fogo, tentando ignorar os sons dos navios próximos. Ele se perguntava se seus irmãos e sua mãe sabiam o quanto ele ainda sentia falta de Laenor e Harwin.

Quando uma onda de névoa fria se espalhou pela areia, Lucerys sentiu calafrios. Ele se abraçou e sentiu o vento agitar os pelos de seus braços. O som do rugido de um dragão ao longe pareceu durar apenas um momento, mas encheu sua mente.

Lucerys mudou o foco e riu do Velaryon mais velho.

— Você é um sentimental, não é? Pensei que você fosse o mais durão de nós quatro? — Ele zombou e Jacaerys revirou os olhos.

— Lucerys, não entendo por que você acha necessário tirar sarro de tudo o que eu faço. Às vezes, podemos nos emocionar, idiota.

— Eu gosto de dizer a verdade. E a verdade é que você é um marica.

A mandíbula de Jacaerys se cerrou.

— Lucerys. Agora não é hora de discutir. — Rhaenys falou com severidade, e os dois meninos relutantemente ficaram em silêncio. — Por que você está sendo tão rude hoje, Luke? — ela perguntou e tapou os ouvidos de Joffrey para que ele não ouvisse os palavrões.

Lucerys olhou para o oceano enquanto as ondas batiam contra a costa.

— Eu não sei. — ele disse em voz baixa depois de alguns momentos, e depois se virou e encarou seus irmãos. — Sinto muito, pessoal. Não tive a intenção de...

Lucerys se conteve quando seu lábio inferior começou a tremer. Ele estava irritado porque sabia que o choro da irmã de ontem a noite tinha alguma coisa a ver com Aemond mas ele não podia dizer ou comentar nada e Rhaenys estava agindo como se nada tivesse acontecido.

— Estou tão irritado com tudo. — Lucerys disse em meio algumas lágrimas que insistiram em cair dos olhos dele. A verdade era que Lucerys era o mais sentimental entre os quatro jovens Velaryon, e não Jacaerys.

Lucerys fungou e enxugou os olhos. Ele estava envergonhado por ter se emocionado tanto na frente de seus irmãos e esperava que um deles fizesse uma piada para aliviar o clima.

— Luke, — disse Jacaerys após uma longa pausa. — Vamos todos fazer um pacto para tratarmos uns aos outros com mais gentileza. — ele olhou para Rhaenys e sorriu. —Certo, Rhaenys?

Rhaenys assentiu solenemente e colocou o braço em volta de Lucerys novamente.

— Claro, todos nós prometemos. — concordou ela. Joffrey sorriu e limpou as lágrimas de Lucerys com as pequenas mãos dele.

Após eles ficarem longos minutos conversando entre si e com a fogueira, contando sobre as novas novidades e o que mais estava acontecendo na vida pessoal de cada. Contaram sobre o nascimento de Visenya, o casamento de Jace e o noivado de Lucerys. Falaram sobre como Aegon e Viserys estão aprendendo a falar mais e mais palavras a cada dia, em como Joffrey começou a falar Alto Valiriano de forma fluente.

Rhaenys não contou tantas coisas além dos bailes que ela participou e sobre sua dragão. Ela não tinha muito o que falar, e o que ela tinha para dizer não podia ser revelado na frente dos irmãos dela.

Os irmãos apagaram a fogueira e voltaram a andar pela costa do mar, conversando e brincando até chegarem nos portões do castelo. Cada um deles tinha seus próprios deveres e afazeres para completar, treinos, estudos, política, casamento. Rhaenys por sua vez, iria acompanhar Cregan até a volta dele para Winterfell.

Rhaenyra autorizou a ida da filha, mas desde que ela fosse com Tessarion e não fosse algo demorado demais. O que por sua extensão, deixou Rhaenys mil vezes mais animada em levar Cregan pessoalmente até Winterfell, enquanto ele estava montado na sela do dragão dela.

Uma idéia não tão prazerosa para Cregan, no entanto.

A princesa estava se divertindo em ver as expressões de Cregan a medida que Tessarion saía de dentro do fosso em passos largos e barulhentos para chegar até a montadora. O Senhor de Winterfell parecia que iria desmaiar a qualquer momento em ver o dragão tão perto dele, bufando ar quente pelas grandes narinas e rugindo baixo enquanto encarava o Nortenho, como se ele fosse um inimigo.

— Não me diga que o Lord Cregan Stark, senhor da c
Casa Stark, de Winterfell e do Norte, que tem um lobo gigante de estimação está com medo de um pequeno dragão? — Cregan pigarreou e piscou diversas vezes encarando Tessarion de longe.

— Pequeno?

— Sim, pequena. Tessarion ainda é um filhote.

— E você acha que é seguro voarmos nela?

— Tessarion é muito amorosa, Cregan. Porém, você será a primeira pessoa diferente que ela carrega nas costas, ela ainda não suporta uma sela de dois lugares. — Rhaenys disse rindo e olhou para Cregan. Tessarion estava mais próxima de Rhaenys, curiosamente uma das asas da dragão pareciam quase cobrir Rhaenys como se a estivesse escondendo. — Você está com medo?

— Não tenho medo dela. — disse Cregan. Embora ele não parecesse convincente nem para si mesmo, talvez porque sua voz estivesse tensa por causa de todo o medo que corria em suas veias e garganta. Ele tentou compensar seu medo óbvio estufando o peito e olhando para Rhaenys com uma expressão que ele esperava que fosse de confiança e felicidade. — Os dragões são perigosos, e esse é grande o suficiente para comer meu cavalo, então não seria legal você rir de mim.

A princesa deu mais risadas e olhou para Cregan com outro grande sorriso no rosto.

— É grande o suficiente para comer dois cavalos, mas não tão grande quanto você imagina. Você deveria ver o maior que temos.

— O que? — Rhaenys se aproximou dele, se divertindo em ver Cregan tentando esconder o medo que sentia do dragão azulado em sua frente. — Eu preferiria não fazê-lo. E eu nunca teria montado de bom grado nas costas de um dragão. Mas não posso recusar uma princesa, se Tessarion tentar alguma coisa engraçada, saiba que eu a esmurrarei entre as asas, se minhas mãos estiverem livres. — disse Cregan ameaçadoramente, sem olhar para o dragão, para Rhaenys ou para o céu.

Ele olhou para o cavalo dele parado fora do fosso e suas mãos estavam segurando o couro de sua capa com toda a força.

— Bem, Tessarion é extremamente protetora comigo. Tente fazer isso e ela tentará te jogar da sela ou pousar em algum lugar para tentar te comer. — Rhaenys falou com toda seriedade e olhou na direção de Tessarion que ainda encarava Cregan como um possível inimigo, os dentes afiados sendo mostrados como forma de ameaça. — E eu também não irei impedi-lá de tal ato. Afinal, você tentaria a machucar e ela é um dos meus bens mais preciosos.

— Eu não estava falando totalmente sério. —disse Cregan. Ele ainda não olhou para Tessarion ou Rhaenys, embora tenha se forçado a relaxar um pouco o aperto nas mãos. — Mas agora que você disse que ela o protege, não posso deixar de sentir que Tessarion está pronta para me devorar, assim que você apontar para mim. Ela está olhando para mim agora, não está, como se quisesse me comer?

Rhaenys riu das palavras de Cregan, mas não muito alto para não irritar seu dragão. Era tão hilário ver um homem como Cregan estar tentando mostrar coragem quando ele obviamente estava com medo, mas ela não o culpava.

Afinal, era um dragão e não um cachorro.

— Oh, tenho certeza de que ela está olhando para você. Mas ela só está interessada em olhar para você. Tessarion distingue amigo de inimigo e nunca machucará nem mesmo seu cabelo, a menos que você tente dar um soco nela ou monta-lá sozinho.

Cregan ainda não olhava para Rhaenys ou Tessarion enquanto falava, ele tinha que controlar seus nervos de alguma forma, e desviar o olhar era a maneira de controlar seu medo. É claro que ele também poderia apenas tentar se aproximar do dragão e testar as águas, mas preferia morrer a parecer tolo na frente da princesa. Assim, ele tentou parecer calmo.

— Venha, ela não te atacará enquanto eu estiver por perto. — ela puxou a mão dele guiando para mais perto de Tessarion, sentindo ele dar passos firmes mas hesitantes atrás dela a medida que se aproximavam ainda mais do rosto do dragão. — Ryptēs, Nūhys Daria. — Cregan observou ela conversar no idioma enrolado, um sorriso no rosto enquanto acariciava as escamas cor de safira e espinhos dourados da grande besta.

Tão bonita, como uma pintura.

Provavelmente, foi a primeira vez que Cregan sentiu sua respiração ficar suspensa de tal forma, seu coração parando em uma mistura de terror e majestade. Tessarion era linda, linda como nada que ele já tivesse visto. Uma criatura gigantesca, maior do que qualquer cavalo que ele já havia visto, e ainda assim era tão graciosa, tão magnífica. Seu medo diminuiu um pouco enquanto conversavam, e parecia que Rhaenys estava certa: Tessarion era uma garota amigável.

Agora ele estava ainda mais perto e podia ver os dentes dela e o fogo em seus olhos. Ele sentiu que estava prestes a desmaiar.

Ele deu alguns passos em frente para se manter ao lado dela, aos poucos estendendo a mão para que pudesse encostar em Tessarion. O dragão se movimentou de início, mas quando sua montadora lançou palavras valirianos para que se acalmasse, foi aceitando o toque do Stark. No início, ele sentia agonia em seus dedos como se as escamas pudessem arranhar sua carne e fazer cócegas, mas a medida que ele continuava, a sensação se dissipava.

— Uma belíssima dragão.

— Zaldrīzes rybus, lō mēri udrirzi valyrio eglio ydrassua. — ela comentou com ele no idioma materno.

— O que significa? — ele deixou as mãos caírem ao lado de corpo e encarou o rosto da jovem princesa, parecendo querer memorizar cada um de seus detalhes. Seus olhos azuis, as bochechas rosadas, os labios avermelhados, o cabelo platinado com tranças e as mãos nervosas atrás do corpo.

— Um dragão apenas nos ouve se você falar em alto valiriano com eles.

Com um movimento rápido do pulso ela chamou pela cuidadora de dragão que estava a espreita, conversando rapidamente com ela antes de se voltar para Cregan novamente com um sorriso de ponta a ponta estampado no rosto. Rhaenys deu um último comando a Tessarion para poder subir as escamas do dragão e se colocar em suas costas, mesmo que a sela não tivesse dois lugares ainda era grande o suficiente para que o Lord se colocasse junto dela, mesmo que apertado.

— Suba, com cuidado para que ela não tente lhe devorar. — ela soltou uma piada e riu da expressão nervosa que Cregan fez, vendo seu pomo de adão subir e descer na garganta enquanto engolia em seco. — Você precisará se segurar firme em minha cintura, Cregan, para termos certeza de que não irá cair no mar no meio da viajem.

Este era o momento. Agora, ou ele nunca o faria. Ou ele desmaiaria, cairia, ou subiria nas costas de Tessarion. Era como escalar uma montanha, mas uma montanha com dentes.

Mas não havia mais ninguém para escalar, e Rhaenys estava olhando para ele. Cregan engoliu o nó na garganta e subiu. No começo, ele estava um pouco desajeitado, pois não tinha o hábito de escalar dragões, mas as cordas e as escamas lhe davam uma boa aderência e, aos poucos, ele foi subindo.

— Eu posso? — ele pediu permissão antes de fazer qualquer coisa quando subiu nas costas do dragão, Rhaenys assentiu positivamente, resistindo a vontade de sorrir novamente.

Cregan posicionou as mãos em sua cintura quase em um abraço e fez com que o corpo de Rhaenys fosse puxado para trás. Encostando o peitoral dele em suas costas, ele apoiou o queixo em seu ombro e colocou o cabelo platinado dela para frente do corpo, assim conseguiria enxergar todas as paisagens que ele desejava.

Rhaenys sendo a principal delas.

Ele olhou para as costas de Rhaenys e se agarrou a elas com força, como se ela fosse a única coisa entre ele e a morte certa.

O que, de certa forma, era.

— Quanto tempo até chegarmos em Winterfell?

— Com a velocidade que eu desejo que Tessarion vá, eu diria que em 2 horas no máximo. Segure-se firme, por favor.

— E se Tessarion não gostar de mim? — Cregan fez o que lhe foi pedido e se agarrou a Rhaenys o mais forte que pôde. Mas assim que o dragão começou a voar, sem aviso prévio, Cregan sentiu a brisa fria e viu como estavam longe do chão. Ele começou a hiperventilar e segurou Rhaenys com mais força.

— Então eu gostei da sua companhia enquanto duradoura, Cregan Stark.

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