042
— Ah! Aemond, você demorou para vir aos meus aposentos, pensei que havia desistido de conversar comigo. — Aegon sorriu mostrando os dentes, olhando por cima de ombro enquanto Aemond fechava a grande porta de madeira e caminhava em direção a ele. — Estava resolvendo assuntos com nossa sobrinha?
Aemond se manteve parado por um tempo, mexendo os dedos um por cima do outro antes de voltar a ir na direção de Aegon e se sentar na cadeira ao lado do irmão mais velho. O rosto de Aemond carregando uma seriedade mais presente do que o normal, dando contraste com a expressão alegre e irônica que estampava todas as linhas do rosto de Aegon.
— Você sabe que não pode dizer nada. — Aemond usou um tom firme, diferente da voz calma que ele normalmente tinha quando conversava com qualquer alma. — É um assunto delicado que deixaria a Fortaleza mais abalada do que já é.
— Ah irmão, se acalme... eu sou uma pessoa muito fã de coisas proibidas, e eu não preciso dizer que o fato de Rhaenys ser nossa sobrinha não é o que faz o affair de vocês ser algo proibido. — Aegon mexeu o vinho na taça dele e depois bebeu em apenas um gole, estralando a língua depois. — Sabe dizer quanto tempo vocês tem estado dessa forma?
Aemond fixou o olhar na lareira com fogo crepitando as madeiras de carvalho. A perna balançando freneticamente em uma forma ansiosa, nervosa e irritada. Ele levantou o olhar, um lado do rosto sendo iluminado pelas chamas alaranjadas e o outro pela sombra do quarto escuro de Aegon.
— Algumas semanas.
Aegon suspirou e recostou-se na cadeira, ele olhou para Aemond com um olhar diferente de qualquer outro que eles já haviam compartilhado antes.
— Rhaenys é uma jovem bonita, chamativa... eles a chamam de deleite do reino por uma razão específica, tem dúzias de Lords mandando cartas de casamento para ela por uma razão. E ainda sim, ela está tendo algo escondido com você. — Aegon parou de falar por um tempo e então se inclinou para frente novamente. — O príncipe de um olho, o tio dela, o homem que perdeu um dos olhos para o irmão mais novo dela e, que está do lado contrário na divisão familiar. Você não acha que é importante considerar o fato dela estar tentando criar um plano? Rhaenys é inteligente, muito inteligente.
— Eu sei as consequências que traria a nossa família, a vergonha que nossa mãe sentiria... Por isso, Aegon, eu quero pedir pelo seu silêncio, e eu estou disposto a acrescentar que você tem menos de uma escolha a se fazer aqui.
— Se sabe as consequências por que está continuando e levando isso em frente? Você sabe o que Otto vai fazer, o que Alicent vai fazer quando eles souberem isso? Sem mencionar, é claro, Daemon e Rhaenyra. Se você diz ser sábio o bastante para saber os problemas que iriam trazer a casa e ao reino, então por que ainda está tendo um affair com ela?
Aemond manteve silêncio, o estômago dele parecia estar preenchido por nós, esticando e apertando a cada vez que ele respirava. Ao mesmo tempo que ele sentia raiva de si mesmo, ele sentia vergonha. Não é dessa forma que um príncipe se comporta, principalmente sendo um Targaryen.
E o que ele estava fazendo de fato, não era cauteloso, não era menos perigoso e não era inteligente. Era o total oposto disso... no entanto, a mera imaginação do rosto pálido, os olhos azuis escuros, as risadas baixas que ela agraciava aos ouvidos dele e a figura em si de Rhaenys fazia o peito dele arder como se estivesse queimando por dentro nas chamas de um dragão.
Seu batimento cardíaco estava acelerado com os pensamentos sobre ela, quase como se estivesse em transe. Seu desejo queimava por ela, quase como se fosse fogo correndo por suas veias. Era um desejo intenso que consumia cada parte existente nele que ia além das palavras e ações, além de qualquer coisa que ele já tinha experimentado antes, maior do que a euforia em voar com Vhagar.
— Você gosta dela? Você está apaixonado por ela. É por isso que você continua, não é? — A pergunta de Aegon fez a consciência de Aemond voltar a si, ele piscou algumas vezes tentando processar a pergunta na mente e então apertou a mandíbula, forçando os dentes uns contra os outros.
— Não.
— Então por que você está com nossa sobrinha?!
— Eu não sei. Eu não sei responder a sua pergunta Aegon, não posso responder algo que não tem resposta, eu tentei afastar e escolher não sentir mas queima toda vez que eu me encontro com ela, e eu estou dizendo que não é... não é nada afetuoso, não há sentimentos envolvidos.
Poderia ser uma mentira? Poderia.
Mas Aemond também não sabia se era uma mentira ou não, todos os sentimentos que ele conhecia estavam misturados em um grande nó de linha preta, trazendo enxaquecas e zumbidos nos ouvidos dele.
Era possível querer tanto alguém que era possível sentir vontade de chorar? Rhaenys era tudo que ele não podia se aproximar. Ela era teimosa, estressante, imatura, audaciosa, do time negro, a sobrinha dele, irmã de Lucerys, que lhe arrancou o olho. E, no entanto, era tudo o que ele queria ao mesmo tempo, era impossível entender as prendas que sua mente estava aplicando e seduzindo.
Aegon suspirou mais uma vez e colocou mais vinho na taça dele, também estendendo outra taça para Aemond.
— Nós ainda temos a parte mais importante para discutir. — Aegon disse após degustar um pouco do vinho novamente, o gosto alcoólico misturado com o doce da uva trazia satisfação para ele. — Você já dormiu com ela? Você tomou a virtude de Rhaenys?
A pergunta de Aegon fez Aemond levantar a cabeça e olhar para o irmão com as sobrancelhas franzidas.
— Por que está perguntando isso? Não, eu não me deitei com ela. — ele respondeu de forma hesitante, de repente as bochechas corando um pouco.
— Mas...?
— Não é importante, não tem mas.
— Eu estou curioso! — Aegon sorriu e deu um tapa fraco no braço de Aemond, se inclinando para frente mais uma vez e observando as expressões do irmão. — Me diga, por que não? Ela não deseja isso, ou você não sabe o que fazer?
Aemond se manteve em silêncio porque, novamente, ele não tinha a resposta que Aegon queria, nem mesmo se ele tentasse mentir sobre isso.
— Então nós temos uma estratégia. Até o final desta lua ela estará tão atraída por você que você nem precisará tocá-la para levá-la até lá. Se você quer as lições, eu sei algumas mulheres que estariam dispostas a ensinar-
— Não é sobre sexo, Aegon. Eu quero- eu preciso que ela- — Aemond não terminou a frase, a língua dele parou sozinha antes que ele conseguisse completar o ditar. — Eu não preciso de lições, eu não vou tirar a virtude dela antes do casamento, seria um problema a mais para se preocupar.
Aegon riu desesperadamente por um tempo, batendo as mãos nos joelhos enquanto rapidamente ficava sem fôlego. Aemond revirou o olho e se levantou da cadeira, caminhando para longe e olhando para fora do quarto pela janela, os braços cruzados acima do peito e as costas apoiadas no batente. A lua estava escondida por uma grande nuvem cinza, poucas estrelas decoravam o céu azul marinho. O vento era fraco, mas assobiava baixo a cada volta que fazia, fazendo alguns fios do cabelo prateado de Aemond bagunçarem e os cabelos de seu pescoço se eriçarem.
— Eu pensei que eu era o único irmão problemático! Veja, Daeron está sumido a anos em Oldtown, malmente nos lembramos dele... Helaena é praticamente louca, mas é inocente e certa... você é o segundo filho do rei, o único a receber o mínimo afeto da rainha, que treina diariamente e voa o maior e mais antigo dragão do mundo. Mas irmão, eu devo dizer que você estar hipoteticamente transando com nossa sobrinha, faz você ser pior que eu.
— Pior que você? Como eu, Aemond Targaryen, sou pior que você? Não sou eu quem passa noites desaparecido no bairro pobre de King's Landing, em meio esgotos e ratos, dormindo com qualquer mulher ou até homens que vê pela frente, que produz bastardo atrás de bastardo e desonra o nome da nossa casa e o nome do conquistador. Você é a vergonha, e é difícil que atualmente exista alguém capaz de ser tão uma desgraça tão grande como você.
— Minhas ações são vergonhas, eu admito, mas não é o fato de eu estar dormindo com diferentes mulheres que vai causar uma separação ainda maior na casa... e sim o fato de você estar dormindo com Rhaenys...
O silêncio pairava sobre a sala, apenas os grilos do lado de fora cantavam e cortavam o silêncio desconfortável. Aemond manteve o olhar desfocado, respirando pesadamente e apertando os pulsos na tentativa de manter a calma e a paz entre os dois. Aegon caminhou lentamente em direção a Aemond e encostou-se na outra moldura da janela, encarando Aemond com seriedade.
— Não se preocupe, ninguém irá saber sobre vocês dois, e eu não vou pedir nada em troca pelo meu silêncio. Tentem tomar cuidado com qualquer ação entre vocês dois, principalmente em público, havia uns dias que eu estava observando o seu comportamento próximo dela, e agora que eu sei sobre o que acontece entre vocês é nítido o desejo que emanava de você por Rhaenys.
Aemond desconfiou, não havia razões para Aegon decidir se manter quieto sem querer algo em troca, mas de qualquer forma, era a melhor opção que ele tinha.
E ele havia prometido a Rhaenys que ele iria manter Aegon de boca fechada.
Agora, o objetivo de Aegon era trazer os dois mais próximos, além do desejo ardente que ele notava existir entre Aemond e Rhaenys. Ele sentia que os dois eram a chave para que a divisão familiar entre os pretos e verdes cedesse, e se ele fosse esperto o suficiente, isso acabaria com uma possível guerra pelo trono.
— Vá se deitar, Aemond... amanhã temos que comparecer no 4° dia do nome do Aegon III.
Aemond bufou baixo pelo nariz e a orbes azul claro dele encarou Aegon pelo canto do olho, ainda de braços cruzados e postura rígida e intimadora.
— Nós precisamos ir?
Aegon riu baixo e ergueu os braços como se estivesse frustado com esse evento da mesma forma que Aemond provavelmente se sentia.
— É uma tradição e, infelizmente, ordens da nossa mãe.
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