040

— Aemond? — Rhaenys chama por ele, entrando devagar pela passagem secreta do quarto dele, pé por pé olhando ao redor. Ela não vê sinal dele na parte de banho, e nem no closet ou na lareira então ele deveria estar na cama.

Aos poucos ela se aproxima, o quarto estava escuro e com poucas velas acesas, a única coisa que estava iluminando era a janela que estava com as cortinas abertas deixando a luz natural da noite entrar pelos vidros e refletir na figura de Aemond, parado em uma cadeira mexendo nas mãos de forma frenética e em silêncio, com o olhar fixado em algo.

Era um pouco assustador, mas Rhaenys suspirou e parou na frente de Aemond.

— Aemond? — Ela mexeu a mão dela na frente do rosto para chamar a atenção do tio. Ele olhou para ela rapidamente e depois voltou a olhar para baixo. — Você está melhor? Eu estava lá quando você desmaiou.

— Eu sei que estava, e sim, eu estou. — A voz dele era firme, mas ele finalmente levantou o olhar novamente e encarou Rhaenys. — Por que você veio aqui?

— Para ter certeza que você não morreu de desidratação. Para quem é inteligente, deveria saber as consequências em treinar por horas e horas embaixo do sol sem ter se alimentado ou dormido direito.

Aemond fez um movimento com os lábios e estalou a língua, como se o que Rhaenys estivesse dizendo fosse um absurdo.

Algo estava errado com ele, algo diferente. Ela conseguia notar ele mexer nos dedos dele quase da mesma forma que ela faz, ele batia os dedos da outra mão no braço da cadeira, a respiração estava ofegante e ele parecia querer se controlar.

Rhaenys não sabia se dizer se ele queria explodir de raiva ou frustração, mas ela seguiu em frente com as perguntas para receber mais respostas vazias dele.

— Você tem certeza? Você está estranho. — Rhaenys franziu as sobrancelhas em confusão e olhou mais de perto para examinar a expressão de Aemond.

Aemond olhou para ela com um ar diferente sobre ela. Algo em seu único olho fazia Rhaenys se sentir como se ele estivesse olhando através da sua alma. O outro estava coberto por um tapa-olho, e ela sabia que seria, talvez, impossível de ver ele sem o uso do 'acessório'.

Rhaenys se abaixou na frente dele e sorriu de forma brincalhona, ela entendeu que Aemond estava fazendo algum tipo de tratamento de silêncio com ela ou algo do gênero, então ela continuava chamando ele mas não recebia nenhuma resposta. Ela ainda percebia a respiração estranha de Aemond, agora ela realmente estava ficando preocupada com o estado quase catatônico que ele estava.

Rhaenys toca seu joelho e a outra mão em seu antebraço, mas Aemond parece recuar com o toque dela, sua respiração ficando cada vez mais pesada.

— Aemond, o que há de errado? — ela se levanta novamente e tenta tocar no ombro dele, novamente ele recua.

— Não quero- eu não quero ser tocado agora, eu só quero- eu quero respirar. — Aemond bate o punho na cadeira, e Rhaenys pisca algumas vezes tentando entender as palavras do tio. Ela ri algumas vezes, risadas sem humor e tenta tocar nele novamente, dessa vez, Aemond explode. — Eu não quero a sua ajuda e eu não quero que você me toque, pare de me tocar, o que você pensa que está fazendo?!

— Aemond se acalme, o que você está sentindo? Você precisa de um meistre ou da sua mãe? Você-

— Não, eu não preciso de ninguém, eu só preciso respirar, eu só quero respirar!

— O que? — Rhaenys para por um momento e aos poucos ela começa a perceber o que estava acontecendo com Aemond. Ele estava tendo um ataque de panico. Isso explicava a respiração pesada e ofegante dele, a ansiedade em mexer as mãos e a irritação dele.

Rhaenys conhecia ataques de pânico, Lucerys teve uma época em que ele tinha com frequência por causa de pesadelos, e ela sempre tentava ajudar quando podia. Mas a forma como ela ajudava Luke era uma que provavelmente não seria recebida de bom grado por Aemond.

Mas ela teria que tentar, caso o pânico dele ficasse pior.

Ela tocou no ombro de Aemond e apertou com uma certa força, mesmo que ele não quisesse ela queria mostrar algum tipo de apoio para ele.

Aemond desaprovou, se sentindo um pouco mais sufocado. Porém Rhaenys era insistente e ele sabia disso, enata talvez uma forma de fazer ela parar de se importar com a situação fosse ele fingir que ela estava ajudando em algo. Aemond tenta respirar fundo pelo nariz dele e tenta se acalmar um pouco.

— Certo, o que você vai fazer?!

Rhaenys coloca uma mão no peito dele para sentir a pulsação de Aemond. Parecia que o coração dele ia sair pelo peito se continuasse acelerando mais. Ela massageou devagar o peito dele com a palma da mão dela e expirou e inspirou fundo, indicando que ele deveria tentar acompanhar o ritmo da respiração dela.

Expira, inspira.

Ele ainda sentia o pânico e a ansiedade correr pelas veias dele, mas ele não tinha como negar que o toque dela quando ela pois a mão no peito dele e massageou fez ele se sentir estranhamente seguro e relaxado. A respiração ainda estava pesada e descontrolada, ele sentia o corpo pesar um pouco mas ele se apoiava segurando na cintura de Rhaenys enquanto ela massageava o peito dele e dava instruções para respirar.

Expira, inspira.

— O que é que você está tentando fazer, sobrinha? — A voz dele era baixa, enquanto ele intercalava entre olhar a mão dela e focar no rosto de Rhaenys ao mesmo tempo.

— Shh... fique quieto, Aemond. Apenas tente respirar por favor, tio.

Aos poucos, a dor no peito de Aemond sumia e a respiração se acalmava ao ritmo normal, ele não sentia mais vontade de desmaiar e nem a garganta fechada. Ele apenas sentia a palma da mão dela.

Ele havia esquecido o quão doloroso a ansiedade podia ser às vezes, a queimação no peito, a dor. A mente acelerando a um milhão de milhas por hora mas ao mesmo tempo uma mente vazia e sozinha, totalmente isolada. Era um sentimento que assustava ele e ele sempre se sentia vulnerável quando isso acontecia. Mas não agora, não. Ele se sentiu acolhido, pela primeira vez tinha alguém junto com ele para ajudar a acalmar a ansiedade que ele estava sentindo machucar, e aparentemente não havia uma razão específica para ele estar sentindo tal sensação.

— Melhor? — Rhaenys pergunta, mas para a surpresa dela, a única coisa que Aemond faz quando ela termina de fazer a massagem nele, é deitar a cabeça dele no ombro dela e continuar segurando na cintura dela.

Ela ficou paralizada por alguns segundos, sentindo o coração dela acelerar com a ação feita por Aemond. Depois de algum tempo, ela posicionou a mão dela no cabelo de Aemond e fez leves carícias, mexendo a ponta dos dedos pelos fios platinados e um pouco embaraçados dele.

Ele continua deixando a cabeça dele descansando no ombro dela, movendo devagar as mãos pelos lados dela, sentindo a mão de Rhaenys acariciar o cabelo dele. Ele sentiu uma certa paz dentro dele, uma que ele não conhecia tão bem, que ele só sentia com Vhagar mas de forma diferente.

— Você sabe o que causou o ataque de panico?

Aemond suspirou, mas não levantou a cabeça dele a momento algum.

— Ansiedade, eu acredito. Talvez eu devesse me cuidar melhor antes de ir treinar para não terr que lidar com situações assim.

— Mesmo quando as pessoas se cuidam às vezes é impossível de impedir a ansiedade de vir. Eu espero que eu tenha ajudado em algo, é a forma que eu sei para cuidar de outras pessoas quando elas tem algo parecido.

— E quem cuida de você quando você tem essa sensação de dor?

Rhaenys riu um pouco, mexendo mais no cabelo de Aemond e respirando perto do pescoço dele.

— Eu mesma, ou minha mãe.

O principe fica em silêncio.

Os dois estavam em um silêncio bom enquanto Rhaenys confortava e acolhia Aemond, ela sentia o coração dela bater mais e mais rápido enquanto eles continuavam desse jeito, mas ela decidiu apenas ignorar esse ato.

Ela precisava ignorar essa sensação do coração dela, ela não podia aceitar.

E após mais alguns minutos de silêncio, finalmente uma voz é ouvida no quarto que era iluminado por velas e uma lareira crepitando fogo na madeira.

— Oh, que bonito observar vocês dois dessa forma!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top