011
Ela e seu irmão começaram a se servir do frango a sua frente, rindo e conversando alto. Até agora, vários Lords já tinham vindo pedir sua mão para uma dança, Lords de meia idade ou Lords que beiravam a puberdade e ela já não aguentava mais aquilo. Talvez fosse impossível ter alguém para ela dançar que não estivesse beirando a morte.
— Logo será você Lucerys, e eu acredito que o casamento será tão lindo quanto este. — ela entrelaçou seus dedos no do irmão e sorriu para Rhaena que retribuiu.
Ela gostava de observar as pessoas dançando enquanto comia e conversava, várias vezes notando a paz que se mantinha na mesa entre todos. Aegon e Aemond apenas bebiam em silêncio o vinho posto na mesa, enquanto Helaena brincava com os talheres dali. Pela primeira vez ela viu sua mãe e a rainha Consorte conversarem sem brigas e o avô parecia ter o estado de saúde bom e sustentado pelo leite de papoula.
— Princesa Rhaenys. — olhou para seu lado esquerdo vendo um homem alto, de cabelos escuros, cicatriz na bochecha e um manto de pelo nas costas. — Sou Lord Cregan Stark de Winterfell, gostaria de perguntar se aceitaria uma dança comigo?
E pela primeira vez, ela realmente sentiu vontade de dançar com ele, era o primeiro Lord que não era velho. Antes de aceitar olhou para a mãe e para o padrasto que a apoiaram.
Ela segurou na mão do rapaz e se levantou da mesa ajeitando o vestido, era um homem realmente bonito. A pele pálida por conta do inverno rigoroso que tinha em Winterfell, as características típicas de um membro da casa Stark.
Partiram para a parte de dança do salão e receberam sorrisos do irmão e da noiva que dançavam perto também.
— Me diga, meu Lord, como é viver no frio de Winterfell? — segurou nas mãos de Cregan, girando para trocar de posição.
— Para pessoas que não nasceram lá, a adaptação é difícil. Mas eu tive meu berço em Winterfell, o frio não é algo que me incomoda. É um lugar lindo.
— Posso dizer que sou o oposto disso, o sangue quente do dragão corre em minhas veias e os cantos da Fortaleza vivem sendo as mais quentes. Se você fosse visitar o fosso do dragão desmaiaria de tanto ar quente que emana de nossos dragões.
— Certamente, minha princesa. — sorriu sem mostrar seus dentes e os olhos brilharam, os dois se sentiam confortáveis e felizes com a dança. — Dragões não são minha paixão, os lobos são.
— Dragões são seres incompreensíveis, M'Lord. Nós felizmente temos uma grande conexão com eles, conseguimos criar vínculos desde a hora do nascimento até a hora em que montarmos neles uma última vez. O senhor não entenderia isso.
— Eu poderia.
— Talvez, mas nunca sentiria a mesma euforia que nós da Valíria sentimos ao ver um ovo chocar ou conseguir dar o seu primeiro comando a eles.
O silêncio permaneceu, não um silêncio desconfortável mas sim um confortável. Trocou de par quando foi dançar com seu irmão na hora de fazer as voltas e sorriu ainda mais. Rhaenys amava dançar e amava ainda mais dançar com alguém que sentia amor e esse alguém era seu irmão. Em outro momento ela acabou voltando a dançar com o Lord Cregan, ambos sorriam um para o outro se divertindo genuinamente.
Aemond viu os sorrisos que soltavam e de repente se levantou da cadeira onde estava, deixou a adaga sobre a mesa e caminhou até o meio do salão indo atrás da sobrinha que dançava com o Lord Cregan. Alicent se alertou vendo o que o filho faria mas não tinha como impedir aquilo e temia que acabasse em brigas.
Ele parou ao lado de Rhaenys e estendeu a mão a ela.
Rhaenys percorreu o olhar a fechou a cara quando viu que se tratava dele, o mesmo aconteceu com o Jace ao lado deles.
— Lord Cregan, me permite a troca? — O Lord não queria, mas mesmo sendo apenas poucos anos mais velho que Aemond, não queria causar brigas com o príncipe nesse casamento então apenas sorriu e permitiu tal ato. — Sobrinha.
Ela olhou por alguns minutos a mão de Aemond estendida e quando percebeu que ele não desistiria, aceitou e colocou a sua sobre a dele. Aemond deixou sua mão descer das costas da sobrinha até sua cintura e ali apertou com força, puxando-o para longe de onde o sobrinho e Baela dançavam. Giravam, tocavam as mãos e se mexiam acompanhando os passos da melodia que tocava, sem trocar nenhuma palavra e ambos rostos neutros, sem expressão.
O momento perfeito para Aemond a encurralar.
— Por que estava nas ruas de seda a algumas noites atrás? — a pergunta a pegou de surpresa e ela arregalou os olhos, ele sabia, claro que sabia.
Mas ela negaria, negue e negue até não dar mais.
— Não sei do que está falando meu tio, eu jamais pisei nas ruas de seda.
— Não negue, Rhaenys, eu sei que estava me seguindo desde o castelo até a casa dos prazeres e sei que entrou lá dentro em meio aquelas mulheres nuas e homens também. — Rhaenys tentou soltar da mão de Aemond para voltar a mesa e encerrar o assunto mas ele não deixou, puxando seu pulso para que voltassem a dança anterior.
Enquanto isso, Daemon e os irmãos dela o observavam com a cara carrancuda, sentindo ciúmes da dança que eles compartilhavam mas sabiam que não passava de uma provocação do Aemond.
Ela não disse outra palavra, agora que estava sem chances de se defender estando em público e no casamento do irmão, não sabia o que fazer para desviar disso. Diversas vezes ela pensou em dizer algo para negar mas nada fazia sentido como desculpa. Sua reputação estava nas mãos do tio que ela não gostava e que guardava tantos rancores da infância deles.
— O que Daemon e seus irmãos diriam em saber que você entrou em uma casa dos prazeres?
— Não ouse.
— Não irei, a única coisa que eu gostaria de entender é por qual motivo você me seguiu naquela noite. Tantas coisas para se fazer e você decidiu entrar em um bordel apenas para me ver? — ele encarou o rosto dela, sério, vendo que estava tirando a paciência de Rhaenys.
— Eu não sabia que se tratava de uma casa de prazeres! Se eu soubesse não teria pisado lá, o segui porque achei que estava escondendo algo, e eu poderia usar isso contra você para que as provocações parassem.
O Targaryen puxou a menina pela cintura para deixar seus corpos próximos e assim alcançar o ouvido dela.
Daemon vendo aquela aproximação quis se levantar do lugar para terminar aquilo, mas Rhaenyra o impediu dizendo que Rhaenys saberia se defender caso necessário.
— Não tenho segredos vis como os de meu irmão Aegon, minha sobrinha, é algo que deve saber sobre minha pessoa. — ainda apertando mais a cintura da sobrinha, ela se apoiou nos braços do tio para não perder o equilíbrio. — Bastardos...eles sempre estão se esgueirando pela baixada das pulgas como ratos.
Aemond sentiu uma dor em seu pescoço e se afastou rapidamente dela, colocando os dedos sobre onde doía e percebendo que se tratava de uma mordida que ela desferiu nele.
— Não me chame de bastarda novamente!
Jacaerys segurou a irmã pelo braço e Baela surgiu logo em seguida, haviam sido alertados pelo pai. Os três encaram ela e quando ela voltou a olhar para frente, Aemond já havia ido embora e estava sentado ao lado do irmão mais velho, sorrindo com os dedos ainda no pescoço.
Sentiu o gosto de ferro na boca mas não tinha certeza se era por estar mordendo sua boca de nervosismo ou por ter arrancado sangue do pescoço do tio. Baela a guiou novamente para a mesa e ela se sentou acalmando a mãe e o pai, tentando ao máximo evitar olhar para frente.
...
Assim que as promessas foram feitas e o casamento encerrado, Baela e Jace eram oficialmente marido e mulher e a festa tinha terminado.
Rhaenys deveria ter ido para a cama descansar, mas parou no corredor quando percebeu a lua cheia e brilhante no céu estrelado de Westeros. Sua paixão pela lua e as estrelas era indescritível. Toda vez que ela precisa se acalmar ou se perder em pensamentos, ela caminhava para fora do quarto e olhava o céu. Podia estar chovendo, podia ter nuvens escuras tapando todo o azul escuro, podia não ter tantas estrelas brilhando mas ela sempre se sentia melhor em ver aquilo.
Por isso preferia voar em seu dragão durante a noite, de preferência sozinha.
— Continua com essa obsessão pela lua.
Rhaenys se virou para trás em um susto ao escutar a voz de Aemond perto dela, não entendia como ele chegava perto das pessoas sem fazer tanto barulho ou então ela estava entretida demais na paisagem que não notou nada.
— É um hobbie seu sair do escuro e assustar as pessoas? Faz isso com frequência?
— Sim. Por que acha que eu saio a noite? — ele foi para o lado dela também observando as estrelas em um completo silêncio desconfortável, a mordida dela ainda estava bem visível em seu pescoço e a irritabilidade de Rhaenys prevaleceu até o último momento em que esteve sentada naquela mesa. — Vire-se.
— Como é? — ela viu sua mão se aproximar e deu um tapa, Aemond não desistiu e a virou para ficar frente a frente com ela, aproximando a mão de seu colar de lua azul.
Percebeu que ela ainda usava o colar que ele derá a quase 8 anos atrás, sempre estava com ele no pescoço sendo uma ocasião importante ou não. Ele só não sabia o porque dela continuar com ele mesmo depois de tudo o que aconteceu entre todas as crianças.
— Eu lhe dei este colar, por que continua fazendo uso dele? — ele girava o colar em seus dedos enquanto Rhaenys ficava atenta para nenhum movimento impróprio ser feito.
— Esse colar significa minha infância para mim, alguns dias depois de ter ganho esse presente, consegui clamar Tessarion para mim. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Eu considero como um amuleto da sorte, também foi dado por você de forma inocente. — ele ouvia atentamente ela contar sobre o dragão, era quase como ele se sentia quando via Vhagar.
Ele estava com 4 taças de vinho no organismo e sua cabeça estava meio embaralhada, ele não costumava beber mas tentava prestar atenção nela.
Ela é linda. Herdou todas as melhores características Valirianas.
Deu um pequeno passo a frente quando soltou o colar dela, e mais um. Ela se alertou e andou para trás sem nem mesmo notar o que ele estava de fato tentando fazer.
Aemond a pegou de surpresa quando a segurou pelos braços e a beijou nos lábios. Rhaenys ficou em estado de choque, não sabia o que fazer.
Ela queria empurra-lo e chamar alguém mas ficou em tanto choque com o que o tio estava fazendo que simplesmente ficou imóvel com os olhos abertos em espanto quando finalmente o Aemond se afastou dela.
Sem dizer uma palavra ele virou as costas, o cabelo platinado mexendo por causa do vento e o tapa-olho mal colocado deixando a cicatriz mais a mostra. Rhaenys permaneceu por quase 30 minutos parada na mesma posição que foi deixada, sem reagir, sem falar, sem se sentir irritada e sem emoção nenhuma.
Foi para seu quarto só quando escutou sua mãe a chamando para dentro e mesmo assim não disse uma palavra durante o caminho e consequentemente sua confusão a deixou acordada a noite toda.
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01. certo, eu queria fazer o beijo deles parecer algo rápido e sem emoção, que foi exatamente como a Rhaenys se sentiu mas eu não tenho a mínima idéia se passei essa sensação então...
02. eu espero que não esteja fazendo a história e o enredo de forma rápida e confusa, estou tentando melhorar minha escrita a cada capítulo!
03. para o Cregan Stark, usei como base o ator Arnas, que interpreta o personagem "Sihtric" em The Last Kingdom.
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