007

— Minha sobrinha favorita. – Aemond chegou por trás de Rhaenys, que se assustou ao não ouvir ele chegando, caso contrário já estaria bem longe. Estava tentando iniciar uma conversa com ela.

— Tio Aemond, o que deseja? – respondeu ele, observando o céu azulado e mexendo nos dedos, nervosa. – Meu humor não está bom hoje então, se for breve agradecerei profundamente.

— Por que não, hm? – mas ele sabia exatamente o porque, não sabia até onde ela havia visto e ouvido, se tinha flagrado ele em algum momento com alguma mulher da casa, mas tinha uma ótima noção de todo o estresse dela.

— Não cabe ao seu respeito saber os motivos, caro tio. – ela começou a sair de perto dele, mas seu corpo foi parado e girado quando Aemond a puxou pelo pulso e fez ela parar em sua frente, admirando-a.

Aemond tinha mágoas do passado e da infância com todos eles, ele havia perdido um olho na noite em que clamou Vhagar para si. Mas não podia negar que sua sobrinha havia crescido e se tornado uma mulher linda.

Ela tinha cheiro de rosas e canela, seu cabelo era longo e bonito, seus olhos azuis iguais o da mãe, corpo magro e era alta, pálida e sua personalidade atraía muito sua atenção. É quase como se ela fosse uma pintura que ele querendo ou não pararia para admirar sem mesmo perceber.

— Tenha cuidado, sobrinha.

Rapidamente ela tirou seu pulso da mão dele e o encarou por alguns segundos antes de se virar novamente e caminhar para o lado oposto dele. Talvez ele realmente tivesse visto ela na embaixada das pulgas ontem, talvez tenha sido por isso que ele veio puxar assunto com ela e falar isso. E ela temia, pois se Aemond havia realmente visto Rhaenys pelos corredores e na casa dos prazeres, ele usaria disso para alguma coisa contra ela e ela sabia que se tornaria em um problema maior.

Andou por todo o castelo em busca de Baela ou Rhaena mas não achou nenhuma delas, não achou seus irmãos também. Era como se todos tivessem partido para Dragonstone e deixado ela lá, mas claro que não fariam isso.

Encontrou a ama de seus irmãos e perguntou a ela onde estava Joffrey, a moça apontou para uma porta de madeira grande onde provavelmente era o aposento de seu irmão e antigo quarto de seu pai Laenor. Entrou devagar vendo ele brincar com alguns blocos feitos de madeira e todos talhados.

— Joff, você viu nossos irmãos? – Ela perguntou se sentando ao lado dele, mexendo nos cubos também.

— Não...a última vez foi hoje quando estávamos com a mamãe.

— E a mamãe? Ou Daemon? – perguntou novamente. Por que todos haviam sumido de repente?

— Com os dragões! – Se levantou indo na frente da irmã e puxando sua mão, ele queria que ela se levantasse e o seguisse. Rhaenys fez o que ele pediu, se levantou do chão sujo de poeira e seguiu Joffrey pelos corredores que corria animado para chegar logo até a mãe.

— Joffrey! Devagar, por favor. – perguntou parando o irmão que já beirava o campo de treinamento. — Estão no fosso?

— Sim.

Rhaenys se afastou do irmão e procurou por algum guarda conhecido ou então alguma carruagem por perto que estivesse livre. E olhando pelos lados finalmente viu um guarda conhecido, o mesmo que a havia ajudado sair da embaixada das pulgas quando ela se perdeu noite passada. Correu até ele tropeçando em alguns buracos e o cutucou, torcendo para que ele estivesse livre. Sor. Erryk se virou e sorriu para a princesa, se curvando logo em seguida.

— Princesa Rhaenys, o que houve? Precisa de algo?

— Não, estou bem. Eu gostaria de uma carruagem para o fosso dos dragões, por favor, meus pais estão lá e o pequeno Joffrey gostaria de ir também...

— Bom nós temos uma carruagem mas eu precisaria acompanhá-los com alguns outros guardas e...

– Perfeito, obrigada! – Assim que Rhaenys se virou com um sorriso no rosto para ir até o irmão, Aemond estava atrás dela com a adaga de estimação no punho e a olhando de cima a baixo com um sorriso no rosto. Rhaenys logou se afastou dele, e o encarou com as sobrancelhas franzidas, a presença de Aemond a deixava alerta demais.

— Onde vai? — ele perguntou com aquele olhar que em certos momentos causava arrepios na mais nova. Ele havia ficado mais assustador e frio depois do ocorrido de anos atrás.

— Não importa.

— Ao fosso dos dragões. – olharam para trás para ver Joffrey mexendo os braços e sorrindo e Rhaenys não pode evitar de sem querer amaldiçoar o irmão na mente dela. Mas não tinha como culpá-lo, Joff era recém nascido quando tudo aconteceu e não via maldade em nada pois era apenas uma criança ainda.

— Irei junto. — girou a adaga na mão e depois a colocou na cintura, passando por ela e Joffrey e indo falar com Sor. Erryk. Rhaenys não teve muito tempo de raciocínio para ir dizer que não, pois a carruagem já estava chegando e consequentemente ele já estaria quase entrando nela.

Ela então correu na direção do tio e o empurrou para o lado, novamente, surpreendendo Aemond com sua ação. Quando ela tentou subir na carruagem foi puxada pela cintura para trás e acabou caindo no chão de areia, seu vestido branco agora ficando todo sujo com a poeira. O moinho de areia subindo a sua volta enquanto ela ficava sentada no chão encarando o tio e o irmão, sem saber exatamente como reagir diante a isso, afinal nem sempre ela tinha uma ofensa na manga.

Contudo, mesmo irritada, se levantou do chão enquanto batia as mãos uma na outra e mexia o vestido para tirar o excesso de sujeira, sem trair o contato visual que fazia com Aemond. Ele sorria, feliz como sempre em perturbar um de seus sobrinhos bastardos.

O Targaryen tinha uma lista mental de coisas que amava fazer como voar com Vhagar ou então treinar com suas espadas e adagas, e agora poderia adicionar também tirar a paciência de seus sobrinhos, cujos todos tinham pavio curto.

Strong's, fáceis de tirar do sério.

Bela genética.

Parando com as provocações, Aemond entrou na carruagem, seguido do pequeno Joffrey e por último Rhaenys. Logo, o cocheiro partiu o mais rápido que podia para que chegassem ao fosso dos dragões.

Rhaenys sentia o cheiro das ruas de King's Landing, cheiros desagradáveis que a lembravam da noite passada e das coisas que viu, ela não tinha a mínima idéia de que era dessa forma mas agora entendia o porque não era tão bom frequentar a baixada das pulgas ou as ruas de seda, principalmente sendo uma mulher da realeza como ela.

O clima estava desconfortável ali e ela estava começando a ficar nervosa, mordendo as bochechas com os dentes e mexendo nos dedos freneticamente. Ela deu uma rápida olhada no tio vendo que ele estava entretido olhando as ruas e então desviou seu olhar para ela quando se sentiu observado, o que fez com que Rhaenys desviasse seus olhos azuis para a rua novamente, sentindo estresse ao extremo por tudo.

— Já visitou aqui? – Aemond perguntou a ela com seu sorriso sarcástico de sempre, tentando ver se conseguia encurralar ela e a fazer confessar por si própria. Rapidamente ela girou a cabeça para o tio, chocada com a pergunta que era verdadeira mas ele não podia saber.

— É claro que não! Por que eu visitaria esse lugar? — Aos poucos ela estava começando a se convencer de que ele sabia de algo e temia que a colocasse contra a parede ali em frente ao seu irmão mais novo. — Esse lugar é triste, os homens do castelo apenas visitam essa parte de King's Landing para se esbanjar nos bares e nas casas da rua de seda.

— E como você teria certeza sobre isso, princesa?

— Intuição. — Encarou Aemond sentindo seu estômago revirar de nervosismo, era como se ele estivesse fazendo as perguntas de propósito a ela. — Frequenta este lugar com frequência, tio? — A Targaryen se arrependeu no mesmo instante de ter feito a pergunta.

— Não. Eu prefiro voar com meu dragão no meu tempo livre. — sua voz sempre calma chamou sua atenção de forma que a deixou um pouco intrigada. Ele poderia dizer atrocidades banais mas sua voz ainda estaria no mesmo tom de calma e paciência, o que era o oposto dele.

O silêncio se instalou novamente e ela se alivou um pouco, o suor de seus dedos agora diminuindo e sua ansiedade também e se sentiu melhor ainda quando viu a colina que estavam subindo, indicando que estavam perto do fosso dos dragões.

Agradeceu os Deuses por não ter sido provocada ou acusada de algo em frente Joffrey.

A carruagem parou e logo os cavaleiros se juntaram perto da porta, Sor. Erryk entrando na frente para abrir a porta e ajudar a princesa Targaryen a descer dali. Ela aceitou de bom grado e fez uma reverência de agradecimento ao guarda real, e depois de sair ela ajudou o irmão a descer da carruagem deixando Aemond para trás sem hesitação.

Colocando a mão em frente ao rosto para cobrir os olhos do sol forte que pairava sobre King's Landing nesta tarde, ela viu sua mãe junto de Lucerys.

Mas em questão de minutos Daemon já estava ao lado dela segurando em seu braço e encarando Aemond. Não era dúvida para ninguém que ele não era fã dos meninos de Alicent por o terem colocado ainda mais longe na linha de sucessão, mas havia ainda mais repulsa quando se tratava das crianças que ele considerava como os filhos verdadeiros dele.

— O que ele faz aqui com você? Você está bem? — Aemond olhava a situação sorrindo, ajeitando seu tapa-olho ele saiu de lá, para ver se Vhagar estava bem e estava ápita para uma volta nos céus.

Ele amava seu dragão mais que tudo, considerava-se premiado por tantas piadas que sofreu de seu irmão e os filhos de Rhaenyra por seu ovo nunca ter chocado e ele nunca ter conseguido clamar seu próprio dragão. E no fim, ele acabou conseguindo o maior dragão que havia ali e isso lhe custou um olho, mas pelo menos ele tinha um para chamar de seu.

— Estou bem pai, não aconteceu nada. Joffrey me disse que vocês estavam aqui com os dragões então passei para ver...Caraxes continua bonito.

Ela conseguia ver apenas alguns dragões como Caraxes, Syrax, Arrax e Dreamfyre. Talvez os outros estivessem mais para o fundo e ela também estava um pouco longe.

Ainda hoje ela voltaria para Dragonstone buscar seu dragão pessoalmente.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top