0.5
Os olhos acastanhados da mulher caíram mais do que uma vez sobre o garoto de cabelos longos, ele parecia completamente inerte em seus próprios pensamentos, não havia dito uma palavra sequer desde o que Suna havia dito, na verdade já esperava uma reação daquelas vindo dele, afinal Kozume Kenma parecia um verdadeiro gatinho assustado quando estava em torno de Rosallie, quase como se sempre que abrisse a boca ele tremesse de cima a baixo. A mulher não era uma pessoa sentimental, nunca havia sido, sempre fazia de tudo para proteger a própria pele sem se importar muito em como aquilo atingiria as outras pessoas, precisava encontrar um jeito de saber se poderia confiar em Kenma, se ele poderia continuar por baixo de seu teto, não se importaria de mandar aos seguranças para que o jogassem no mar, estava pouco se fodendo para o Kuroo, o homem alto e de cabelos escuros e espetados provavelmente sabia daquilo.
— Suna — chamou com a voz firme enquanto arrancava uma caixinha de cigarros do bolso do terno levando um até os próprios lábios logo o acendendo com o isqueiro prateado o devolvendo juntamente com a caixa escuro ao bolso, segurou o cigarro fino por entre os dedos o tragando com cuidado antes de soltar a fumaça por entre os lábios, correu os olhos até o homem de olhos dourados que lhe fitava com atenção esperando que dissesse alguma coisa —, fique de olho no garoto, tenho alguns assuntos a tratar com Koutarou.
Ela murmurou por fim, ele engoliu em seco antes de concordar com a cabeça por fim, Suna Rintarou não possuía nada contra Kozume Kenma, mas não era como se não se sentisse levemente ameaçado pela presença do garoto de cabelos longos, era quase como se seu lugar pudesse ser roubado a qualquer segundo — não que ele tivesse um lugar reservado para si —, Rosallie era alguém difícil de ler, Rintarou nunca sabia o que estava passando em sua mente, a única coisa que tinha a plena certeza era de que você não se envolveria mais romanticamente com ninguém depois de Ellie, por isso não se preocupava tanto, talvez Kozume não fosse um problema tão grande como ele imaginava.
Suna viu a mulher se distanciar pouco a pouco em passos firmes logo saindo da vista dourada do homem que respirou fundo a perdendo por entre a multidão, olhou ao redor em busca de Kozume o encontrando sentado em um dos sofás de veludo que estavam espalhados pela toca da raposa, a perna direita do garoto tremia sem parar, os braços cruzados sobre o abdômen, ele parecia nervoso demais, quase como se fosse ter uma enorme crise de ansiedade a qualquer segundo se continuasse daquele modo; Rintarou respirou fundo se aproximando do garoto antes de se sentar ao seu lado, sentiu os olhos cor de mel assustados em sua própria direção, Kenma fungou baixinho antes de encolher os ombros, arrumou a máscara sobre os próprios olhos.
— Você tá bem, cara?
Indagou com a voz suave pousando a mão destra e grande sobre o ombro do meio loiro que respirou de maneira trêmula antes de prensar os lábios, negou com a cabeça devagar desviando o olhar para as próprias mãos, remexia os dedos finos uns nos outros de maneira nervosa.
— Eu já desconfiava que sua chefe não fosse sã, mas eu não imaginei que fosse tanto, Kuroo havia me avisado mas... matar a própria namorada? É um pouco demais.
Ele sussurrou com a voz falha antes de respirar fundo, Kozume certamente não fazia a mínima ideia de onde estava se metendo, não sabia o que Rosallie fazia para ganhar a vida, mas aos poucos as coisas começavam a fazer um pouco mais de sentido na mente bagunçada do garoto que apenas entreabriu os lábios tentando respirar, jogou a cabeça para trás. Suna cerrou os dentes lançando um olhar irritado para o mais novo.
— Você não sabe o que aconteceu — Suna sussurrou com a voz irritadiça afastando a mão do ombro de Kozume que levou os olhos claros até o homem que apenas respirou fundo, infiltrou os dedos longos nos fios escuros os bagunçando como se tentasse pensar de forma clara —, ela sofreu muito fazendo isso, a Rosallie com certeza tem os problemas dela, mas mesmo assim não deixa de lado o fato que ela também é humana, então fique calado.
O garoto de cabelos longos engoliu em seco ao escutar as palavras do segurança, concordou com a cabeça devagar, estava assustado, era muita coisa de uma vez para que soubesse lidar com a mente calma, quase havia sido morto e agora estava aos cuidados de uma mulher que aparentemente não batia muito bem da cabeça e havia matado a própria namorada, não sabia o que havia levado ela a fazer aquilo, muito menos sabia onde estava se metendo, Kozume Kenma sentia que enlouqueceria pouco a pouco se continuasse ali, talvez apenas devesse ligar para para Kuroo e implorar para que o empresário o tirasse de lá.
Do outro lado da toca da raposa Rosallie tentava ao máximo manter a própria calma enquanto girava o anel com o brasão da Inarizaki por entre os próprios dedos, seus olhos estavam fixos nos amarelados do homem de cabelos acinzentados a sua frente, ele tinha o cenho franzido em uma feição mau-humorada enquanto levava o copo pequeno de vidro com conhaque em direção aos próprios lábios virando o líquido na boca de uma vez sem desviar o olhar do da mulher pro um segundo sequer, Koutarou abriu um sorriso irritante em lábios enquanto pousava o copo pequeno sobre a mesa fazendo com que você tremesse de raiva, parou de girar o anel da Inarizaki por entre seus dedos, cerrou os olhos cutucando a bochecha com a ponta da língua.
— Está me olhando muito, Nari, vou achar que quer me levar para a cama desse jeito — ele sussurrou curvando o corpo apoiando os cotovelos sobre os joelhos, arqueou uma das sobrancelhas, a mulher riu desacreditada —, mas você vai ter que ficar por baixo, sabe eu não curto muito esse lance de submissão.
— Bokuto, por favor, a única vez que eu fiquei por baixo foi quando a sua namoradinha sentou na minha cara — murmurou em um tom divertido, abriu um sorriso irritante ao ver os ombros do acinzentado tremerem de raiva quase como se ele fosse avançar em sua direção a qualquer segundo, ergueu as mãos em sinal de rendição —, calma, não precisa ficar estressado, são águas passadas.
Ele bufou antes de passar a mão grande sobre os fios claros os bagunçando de maneira irritadiça sem desviar o olhar do seu por um segundo sequer.
— O que você quer, Rosallie?
Koutarou indagou por fim enquanto esparramava o corpo contra a poltrona de veludo vermelho, a mulher abriu um sorriso em lábios antes de encolher os ombros, suspirou de maneira pesada correndo os olhos pelo rosto do homem.
— Quero saber se tem notícias do Ushijima.
O homem de cabelos acinzentados riu incrédulo ao escutar suas palavras, deu de ombros enquanto enfiava às mãos grandes por dentro do terno retirando de lá uma caixinha de cigarros levando um deles até os próprios lábios, Rosallie respirou fundo pegando o próprio isqueiro do bolso o acendendo e curvando o corpo sobre o móvel pequeno que separava ela e Bokuto acendendo o cigarro preto que o homem tinha em lábios, ele sorriu antes de tragar soltando a fumaça sobre seu rosto.
— E por que acha que eu diria qualquer coisa para te ajudar, Nari?
— Porque eu sei que quer mata-lo tanto quanto eu — disse por fim, ergueu o queixo de modo petulante, ele piscou devagar correndo os olhos amarelos por seu rosto —, podemos ajudar um ao outro, Koutarou, vamos deixar o passado para trás.
Disse com a voz baixa quase em um sussurro, como se estivesse contando um segredo, Bokuto respirou fundo ao escutar suas palavras, prensou os lábios antes de concordar com a cabeça devagar por fim, pendeu a cabeça para o lado.
— Se eu o encontrar, você tem que prometer que não vai encostar um dedo sequer nela, se isso acontecer se considere em guerra com a Fukurodani, nós nos tornamos muito mais fortes desde quando você virou líder da Inarizaki — o homem sussurrou se levantando por fim, jogou o cigarro sobre o chão próximo ao seu pé, Rosallie cerrou os dentes com raiva, ele sorriu antes de continuar —, talvez isso signifique que seu governo da Inarizaki não seja tão poderoso assim, sua princesinha mimada... te contacto quando receber notícias do Ushijima.
Bokuto murmurou virando as costas para a mulher que se levantou de modo transtornado pisando com força sobre o cigarro que ele havia jogado sobre o chão, enfiou à mão no terno arrancando de lá a calibri 38 que estava no cós de sua calça a engatilhando e a erguendo mirando na cabeleira acinzentada, Koutarou parou de andar de uma vez ao escutar o som, virou o corpo em direção a mulher alta que sorriu antes de pender o rosto para o lado, entreabriu os lábios de maneira trêmula como se tentasse segurar o próprio riso.
— Você acabou de me ameaçar dentro do meu território, Koutarou?
Todos ficaram em completo silêncio, conseguia escutar o som da própria respiração, Bokuto lhe encarou de maneira séria, ergueu o queixo.
— Tem certeza que quer fazer isso, Nari? Não tem mais volta depois que puxar a porra desse gatilho.
Rosallie riu de maneira fraca ao escutar as palavras do homem, negou com a cabeça devagar antes de dar de ombros, girou o revólver um pouco para o lado, cerrou os olhos, sentia o coração bater forte contra o próprio peito, gotículas de suor frio se acumulando contra a testa, não gostava daquela sensação, a sensação de se sentir fraca com certeza odiava aquilo mais do que qualquer coisa, respirou fundo.
— Eu posso confiar em você, Bokuto?
— Vou cumprir minha promessa se você cumprir a sua, solte essa arma antes que você faça uma besteira.
Umedeceu os lábios com a língua o encarando de modo fixo, ponderou por alguns segundos antes de abaixar a arma devagar voltando a guardá-la no cós da calça, fez um gesto com a mão como se pedisse para que ele fosse embora.
— Me mantenha informada.
Disse por fim, ele concordou com a cabeça fazendo um gesto para que o homem que estava com ele de cabelo escuros e curtos o acompanhasse para fora da toca da raposa; a mulher respirou fundo sentindo sua cabeça doer, jogou o corpo contra a poltrona massageando as têmporas com as pontas dos dedos, não demorou muito para que a música alta voltasse a se fazer presente.
Precisava ir embora, precisava ir para casa, mas bem aquilo era um problema.
Afinal nunca havia tido uma casa para onde pudesse retornar.
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Estava escuro, a luz da lua se fazia presente por entre as frestas das cortinas pesadas iluminando o chão amadeirado do quarto pouco a pouco, Rosallie respirou fundo deixando o banheiro em passos cansados, vestia unicamente uma calça de moletom acinzentada e uma regata branca e fina, uma toalha curta em volta de seus ombros para que secasse os cabelos longos. Andou para fora do quarto se infiltrando por entre os corredores do apartamento escutando o som da televisão vindo da sala de estar, fitou de soslaio se detendo com o garoto de cabelos longos que agora estavam presos em um rabo de cavalo, tinha um moletom maior que o próprio corpo sobre ele, os olhos cor de mel vidrados no televisor.
— Está com fome?
Indagou com a voz baixa, ele provavelmente não havia percebido a sua presença pois seu corpo teve um espasmo assustado quase caindo para fora do sofá grande demais, Kozume levou o olhar em sua direção, entreabriu os lábios devagar antes de concordar com a cabeça devagar.
— Podemos pedir alguma coisa para comer... quer se sentar?
Ele murmurou com a voz baixa apontando para o lugar livre e imenso no sofá, Rosallie riu baixinho antes de concordar com a cabeça devagar se aproximando em passos lentos, jogou o corpo próximo ao do garoto sentindo seus ombros completamente tensos, estava tão acostumada com aquilo que nem doía mais, retirou o celular fino do bolso da calça de moletom cinza.
— O que quer comer, gatinho?
Ele bufou antes de dar de ombros, volteou a atenção para o filme que assistia.
— Qualquer coisa e pare de me chamar de gatinho, já ganhei muitos apelidos hoje, principalmente daquele seu amigo de cabelo preto.
Não conseguiu conter a própria risada que escapou de seus lábios em um som alto arranhando sua garganta, ele levou o olhar assustado em sua direção, talvez ele nunca havia lhe visto rir de modo sincero nos poucos dias em que se conheciam.
— Você ainda está irritado porque o Kageyama te chamou de putinha?
— Qualquer um ficaria irritado — ele disse com a voz baixa, suspirou aconchegando mais o corpo contra o sofá mantendo os olhos claros fixos em sua direção —, pode pedir comida chinesa?
Não conseguiu esconder o sorriso divertido que insistia em se fazer presente por entre os próprios lábios, concordou com a cabeça devagar.
— Você é uma pessoa muito exigente, Kozume.
Murmurou com a voz suave, levemente rouca, o garoto levou os olhos claros em sua direção, ele encolheu os ombros antes de sorrir fraco.
— Você disse que eu poderia comer a vontade quando estivesse junto com você.
— Não acho certo sua agência fazer você passar fome.
— Eles querem que eu seja perfeito para o público.
Ele sussurrou por fim, a mulher de cabelos escuros piscou devagar correndo os olhos acastanhados pelo mais novo, não sabia ao certo qual era a idade de Kozume mas duvidava muito que ele passasse dos vinte, negou com a cabeça devagar, recostou o rosto contra o sofá fitando o rosto do meio loiro.
— Você já é perfeito, vou jogar um processo em sua agência para eles falirem.
Disse com a voz séria arrancando um riso baixo dos lábios do mais novo que negou com a cabeça devagar, encolheu os ombros antes de guardar as mãos dentro das mangas do moletom preto e grande que vestia.
— Quer me deixar desempregado?
— Eu posso criar uma agência eu mesma e contratar você.
— Vou receber bastante dinheiro?
— Sim senhor.
Ele sorriu divertido antes de concordar com a cabeça devagar, volteou o olhar para a televisão, ficou em silêncio por alguns segundos, o sorriso nos lábios dele sumindo pouco a pouco.
— Nari?
Kenma chamou com a voz baixa, a mulher levou o olhar até ele.
— Sim?
— Você matou mesmo a sua namorada?
Ficou em silêncio ao escutar as palavras dele, sabia que não demoraria muito para que aquela indagação viesse a tona, assentiu devagar, respirou fundo antes de fechar os olhos descansando as pálpebras.
— Ela mentiu para mim, Kenma, isso é algo que eu não tolero, não tolero mentiras.
Kozume levou o olhar em sua direção, respirou trêmulo antes de entreabrir os lábios devagar.
— Eu também não gosto nenhum pouco de mentiras.
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