0.1
Os olhos castanhos se abriram quase de automático ao escutar o som insistentemente irritante do despertador que avisava que haviam chego as cinco da manhã, a mulher fitou o teto acima de si por alguns minutos antes de simplesmente deslizar o corpo para fora do colchão extremamente macio, sem dúvidas havia ficado mau acostumada desde o dia em que tomou controle da Inarizaki; olhou ao redor antes de bagunçar os próprios cabelos longos e escuros como se tentasse forçar a si mesma a acordar antes de andar em passos preguiçosos até o banheiro ridiculamente grande, encarou o próprio reflexo no espelho de corpo inteiro, a regata fina esbranquiçada deixava os músculos suaves de seus braços a vista, algumas cicatrizes na altura dos ombros, várias se faziam presentes em suas costas e abdômen também. A mulher levou as mãos até a barra da regata a arrancando de seu corpo deixando que o tecido caísse ao chão, girou o corpo suavemente fitando a tatuagem da raposa de nove caudas sobre suas costas, era o símbolo de todos que tinham qualquer vínculo com a Inarizaki, seus subordinados possuíam apenas uma simples raposa ao contrário da dela; comandava aquele lugar como se nada mais importasse.
Andou até o box tomando um banho quente e rápido antes de deixar o banheiro em passos apressados e com os cabelos ainda úmidos, se secou e vestiu a camisa e a calça sociais antes de colocar o terno preto por cima, o abotoando do jeito mais rápido que pôde, andou até a porta amadeirada do quarto a abrindo de uma vez se detendo com a luz forte do corredor, o homem de cabelos castanhos a esperava do lado de fora, possuía uma espécie de escuta em seu ouvido, os olhos dourados caíram sobre a chefe, fez uma reverência rápida.
— Srta. Nari.
Ele disse correndo os olhos por Rosallie em sinal de respeito que apenas acenou rapidamente enquanto pegava a prancheta das mãos do homem andando pelo corredor enorme do hotel de luxo sendo seguida por ele.
— Aqueles malditos corvos ainda estão zanzando por aqui, Suna?
Indagou com cara de poucos amigos enquanto virava as páginas vendo todos os afazeres que teria durante o dia, Rintarou suspirou pesadamente antes de concordar com a cabeça devagar, desviou o olhar para mulher como se quisesse ter certeza de que estaria tudo bem consigo mesmo pelas palavras que diria a seguir.
— Ontem um deles insistiu dizendo que queria te ver, dissemos que não estava, a investigação ainda não se encerrou pelo jeito.
Ele murmurou a seguindo, Rosallie bufou irritadiça antes de empurrar de volta a prancheta em direção ao homem que a segurou de modo atrapalhado apertando o passo para conseguir a acompanhar, como tudo que envolvia a vida da mulher, ser rápida era com certeza uma delas, era quase como se tudo estivesse acontecendo como uma espécie de corrida quando se tratava de sua vida agitada, não tinha tempo nem ao menos para conseguir colocar os pensamentos em ordem, dormia as dez da noite e acordava as cinco da manhã diariamente, enquanto seus oponentes dormiam ela trabalhava, deixava a sua marca no mundo, se tornava cada dia mais invencível, talvez fosse um pouco obcecada demais por controle mas mesmo assim não deixava de ser difícil de lidar com toda aquela situação.
Concordou com a cabeça por fim enquanto seguia em direção ao final do corredor repleto de luzes já que o dia do lado ainda permanecia na penumbra; correu o olhar até Suna antes de respirar fundo.
— Mande alguém os expulsar daqui, diga que eles tem até amanhã ou eu vou meter um processo na merda daquela delegacia — murmurou irritada antes de cerrar o cenho de maneira mau humorada —, eles não tem a porra de nenhuma prova para continuarem no pé da Inarizaki, nunca encontraram provas que estamos envolvidos no tráfico de drogas, sou uma simples empresária.
Disse revirando os olhos acastanhados de maneira divertida arrancando um riso fraco dos lábios de Suna que concordou com a cabeça, não demorou muito para que estivessem andando em direção ao elevador dourado, adentrou no mesmo descendo até o primeiro andar do hotel de luxo da Inarizaki onde Rosallie e seus homens viviam, alguns membros de outras máfias e gangues conhecidas se hospedavam ali vez ou outra, no subsolo possuíam um cassino secreto onde os magnatas jogavam, já havia perdido as contas de quantas pessoas tiveram que vender um órgão ou outro ou até mesmo assassinar alguém para escaparem da enorme divida em que se afundaram.
A mulher escutou uma voz conhecida por trás, virou o rosto para o lado rapidamente se detendo com os fios loiros e levemente raspados na lateral, ergueu o queixo o encarando ali enquanto ele se aproximava mais.
— Srta. Nari, o Sr. Kuroo está aqui, disse que tem algumas coisas para resolver com a senhorita, está com problemas.
۩۞۩
...algumas horas antes...
Kozume Kenma estava em transe sentado contra o sofá de veludo da sala de seu apartamento, era por volta das três da manhã, simplesmente não conseguia parar de tremer, tinha a sensação de que todo o ar havia simplesmente sido roubado de seus pulmões, entreabriu os lábios tentando respirar de forma forçada mas o ar simplesmente não chegava, os olhos estavam marejados, levemente aguados, quase como se houvesse acabado de ter uma das maiores crises de choro dos últimos tempos, seu pescoço ainda doía, ainda conseguia sentir as mãos do homem contra aquele local, Kuroo andava de um lado para o outro no carpete caro da sala de modo nervoso.
Ser um cantor famoso certamente possuíam suas vantagens, recebia muito dinheiro e tinha fãs que o amavam, tinha amigos e um empresário incrível... mas naquele momento sentia que as desvantagens estavam começando a superar as coisas boas de sua carreira.
Estava sendo perseguido. Estava sendo ameaçado de morte.
Faziam algumas semanas que recebia mensagens e cartas de ódio a sua pessoa, mas apenas as ignorava achando ser de um lunático, até aquele momento, quando acordou sendo sufocado contra um homem mascarado, as mãos estavam protegidas por luvas de borracha e apertavam o pescoço do meio loiro com força, se Kuroo não houvesse escutado a confusão a tempo talvez não estivesse mais vivo aquele momento; quando o homem de cabelos escuros abriu a porta o mascarado pulou janela a fora e correu como se não houvesse amanhã, a polícia já havia sido chamada mas mesmo assim não haviam o encontrado, Kuroo Tetsurou empresário de Kenma havia achado melhor que não deixassem que aquele incidente fosse ao público, não queriam causar uma comoção desnecessária.
O homem de cabelos escuros suspirou pesadamente enquanto parava de andar levando o olhar até Kenma que seguia trêmulo contra o estofado, respirou fundo antes de passar a mão sobre os fios levemente espetados os colocando para trás.
— Tenho uma conferência na Europa até o final do mês, não posso deixar você com a polícia, eles são moles demais — murmurou de modo cansativo atraindo os olhos cor de mel de Kozume até ele que ainda permanecia levemente inerte —, tenho uma amiga, nos conhecemos desde a infância, posso pedir que cuide de você, mas seria complicado, Ken, então siga as coisas que eu vou te dizer a risca, entendeu?
Ele murmurou se abaixando aos pés de Kenma o encarando ali de modo sério, o homem de cabelos longos e com as pontas levemente loiras respirou de maneira aflita, Kuroo com certeza estava desesperado para que colocasse Kenma naquela posição, mas ficar com Rosallie certamente seria mais seguro do que com a polícia, ela era doida, não duvidava nem um pouco que ela explodiria a cabeça do primeiro que chegasse a um raio de cinco metros do homem.
Kozume fungou baixinho antes de limpar o nariz na manga do moletom encolhendo os ombros.
— Como assim?
Indagou com a voz quebradiça, Kuroo encarou o cantor por alguns segundos antes de encolher os ombros desviando o olhar para os joelhos do mais novo.
— Eu não posso te contar, não tente descobrir também, vai ser mais seguro ficar lá do que com a polícia.
— Que coisas eu tenho que seguir a risca?
O homem de cabelos longos indagou com a voz falha, Kuroo respirou fundo antes de voltear o rosto até os olhos cor de mel de Kenma.
— Não fique perguntando as coisas para ela, não a siga para todo o canto e nem a interrompa quando estiver ocupada, dificilmente vai esbarrar com ela pelos corredores mas mesmo assim tome cuidado, ela não bate muito bem da cabeça — ele murmurou com a voz baixa antes de continuar com os olhos escuros fixos aos claros do menor —, em hipótese alguma desça para o subsolo e não ande desacompanhado pelo hotel, fui claro? Lá é mais seguro do que com a polícia em questão de ninguém conseguir te encontrar, mas mesmo assim não deixa de ser perigoso.
Kenma piscou devagar de maneira levemente assustada antes de concordar com a cabeça por fim, mesmo que estivesse levemente aflito com todas as palavras do empresário não poderia deixar de estar completamente desesperado com tudo o que havia acabado de acontecer horas atrás. Estava disposto a qualquer coisa naquele momento para que continuasse vivo, estar a beira da morte era mais assustador do que julgava ser possível.
— Quem é ela?
Kuroo respirou fundo antes de entreabrir os lábios devagar.
— Rosallie Nari.
۩۞۩
A mulher alta suspirou pesadamente sentada na pequenina sala que estava completamente fechada, deslizou mais o corpo contra o sofá aveludado e vermelho enquanto levava o charuto até os próprios lábios o tragando com cuidado deixando a fumaça escapar, respirou fundo correndo os olhos pelo recém chegado que parecia nervoso demais ao lado de seu amigo de infância, cruzou as pernas antes de esticar um dos braços contra as costas do sofá.
— Vá direto ao ponto, Kuroo, eu não tenho tempo para perder com você agora.
Murmurou por fim vendo o homem de cabelos espetados suspirar pesadamente enquanto curvava o próprio corpo apoiando os cotovelos nos joelhos, encolheu os ombros.
— Rosallie, cuide dele pra mim por uns dias, tenho umas coisas para fazer na Europa, ele está sendo ameaçado de morte.
Ele disse sério, Nari franziu o cenho correndo os olhos castanhos até Kozume que permanecia com a cabeça baixa sem desviar o olhar claro do chão por um segundo sequer, a mulher riu fraco antes de dar de ombros soltando a fumaça por entre seus lábios.
— E por que isso seria problema meu?
Indagou arqueando uma das sobrancelhas com uma expressão divertida em rosto, Kuroo fechou a cara antes de cerrar os olhos em uma expressão mau humorada, conseguiu ver o homem de cabelos longos levantar os olhos em sua direção de maneira quase que desesperada.
— Estou pedindo isso como um amigo, Rosa, por favor, esse hotel é gigantesco você nem vai ver ele direito.
— Ainda não vi como isso vai me beneficiar em algo, Kuroo, não tenho tempo para lidar com ele, aqueles abutres estão no meu pé a mais de um mês — disse por fim antes de respirar fundo, encolheu os ombros levando uma das mãos até os cabelos os bagunçando de leve —, se ele jurar que não vai me incomodar eu posso pensar em deixar ele ficar aqui, não quero ter que me preocupar com ele.
— Ele não vai te incomodar, juro.
O homem disse juntando as mãos, a mulher suspirou pesadamente antes de concordar com a cabeça por fim, correu os olhos até o homem de cabelos longos cerrando os olhos.
— Qual o seu nome, garoto?
Indagou por fim, ele correu os olhos claros por seu rosto remexendo os dedos uns nos outros de maneira ansiosa.
— Kozume Kenma — murmurou com a voz baixa, franziu o cenho de maneira confusa antes de entreabrir os lábios —, não quero parecer arrogante mas... eu sou bem famoso, você não me conhece?
Indagou de maneira confusa, Rosallie sorriu fraco antes de negar com a cabeça devagar, curvou o corpo mais para frente apoiando os cotovelos nas coxas, deu de ombros pendendo o rosto suavemente para o lado.
— Podemos nos conhecer melhor depois, gatinho.
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