𝐊𝐈𝐌𝐈 𝐑𝐀𝐈𝐊𝐊𝐎𝐍𝐄𝐍
S / N CANTU
8 de julho de 2007, Grã-Bretanha.
O clima na Inglaterra era agradável. O sol estava tão forte quanto o vento que bagunçava meu cabelo e eu constantemente tinha que tira-lo do meu rosto. Infelizmente, só o dia estava agradável. Räikkönen estava mal humorado há uma semana por seu péssimo desempenho no fim de semana passado.
Entrei no seu motor home, como o finlandês havia pedido, porém, ele não estava lá. Bufei e analisei meu celular, prestes a ligar para ele, mas fui impedida quando de repente fui virada abruptamente.
Os lábios de Räikkönen supriram meu grito de susto, meu peito subiu e desceu buscando ar para acalmar as pulsações fortes em minhas veias.
— Oi, linda. Sentiu saudades? – o loiro sorriu sacana. Eu grunhi e estapeei seu peito. — Ai! Doeu!
— Era para ter doído mesmo. Você é maluco de me assustar desse jeito? – Kimi riu e rodeou minha cintura com seus braços, e beijou meu pescoço. Forcei seus ombros para trás para afasta-lo. — Para com isso, alguém pode nos ver.
Kimi me olhou com uma expressão de tedio e disse:
— Fala sério, S / N. Nós já transamos nesse motor home, não se faça de santa.
— Kimi, existe uma coisa chamada limites e eu odeio o quanto você zomba dessa palavra. – Räikkönen revirou os olhos e se afastou um pouco. — Eu não sua boneca, muito menos sua namorada. Sou sua assistente, nossa relação deveria ser estritamente profissional.
Eu vi seu olhar cair por alguns segundos, Kimi zombou e subindo o macacão por seu corpo. O piloto olhou nos meus olhos e disse:
— Você não pensou nisso quando estava gritando para mim ontem. – me engasguei com a sua fala e o mesmo riu. –
— Nós temos que parar com isso! Não vai nos levar a nada. – Debati, tentando não dar um tapa em Räikkönen. –
— Você sempre fala isso, mas sempre volta para mim. – ele piscou para mim e eu me senti uma idiota. — Agora vamos, baby. Tenho uma corrida para correr.
— Se você fizer alguma merda, eu me demito.
— A porta tá aberta.
— Você me ama demais para me deixar ir, você depende de mim. – Kimi riu, como se zombasse de mim, mas eu sabia que no fundo ele estava me amaldiçoando por ter falado a verdade. –
O paddock fervia com a agitação de todos. Eu me mantinha quieta no canto, apenas me movendo quando alguém solicitava minha ajuda, acabei aproveitando para resolver algumas pendencias em relação à administração da Ferrari. Eles confiavam muito em mim. Eu já estava a dois anos trabalhando na Ferrari e todos me respeitavam. Nos tratávamos como se fosse uma família.
— S / N, você não que ir descansar um pouco? Faz mais de uma hora que você está aqui sentada. – Andrea disse, tirando alguns papeis de minha mesa e colocando a sua frente. — Posso chama Samuel para ficar no seu lugar
Andrea era um rapaz formoso e cavalheiro, um ótimo amigo e era também muito engraçado. Eu o tratava como um irmão mais novo e o rapaz sempre se certificava se eu estava bem.
— Tem certeza? Posso ficar aqui se quiser. – o encarei –
— Não, não precisa. Pode dar uma volta pelo paddock, comer algo, falar com amigos. Eu encontro alguém para ocupar seu lugar. – ele piscou para mim e sorriu. –
Sorri de volta e me levantei saindo da garagem da Ferrari. Cumprimentei algumas pessoas pelo caminho e perdi tempo fofocando. Meu corpo já estava começando a dar indícios de cansaço, então fui atrás de café para me dar mais energia, pois o dia mal havia começado e ele seria longo.
Kimi estava se dando muito bem no campeonato, suas corridas estavam sendo ótimas e vitorias excelentes, praticamente estava mandando no campeonato. Mas parecia que ele queria mais alguma coisa, como se algo estivesse faltando. Claro que Räikkönen é um homem chato, difícil de se agradar, mas o seu descontentamento era fora da pista.
Eu alguns meses eu iria ingressar no mestrado de física – um pouco diferente da minha profissão atual – e eu não sei se eu vou continuar sendo assistente de Kimi. Eu comecei a brincar sobre me demitir para ver se ele entendia que uma nova fase da minha vida estava diante dos nossos olhos e eu seguiria sem ele, ao meu ver, ele já tem suas suspeitas. Ele diz que eu tenho que parar de brincar com essas coisas, Kimi fica incomodado, pelo menos eu sei que ele não quer que eu vá.
Querendo ou não, Kimi é um grande amigo e foi uma pessoa importante para mim. Não sei o que seria de mim se eu não escutasse suas piadas idiotas de madrugada quando a insônia de Kimi atacasse e ele se tornasse hiperativo, e eu fosse seu alvo fácil e a primeira pessoa a passar em sua cabeça. Se eu deixasse de ser sua assistente, eu não teria mais nenhum cabeça dura para dar broncas ou algo do tipo.
Pessoas vem e vão, ciclos acabam e ciclos começam, mas acho injusto acabar com uma amizade de cinco anos. Conheci Kimi em 2002, quando ele havia estreado na categoria e eu havia sido contratada pela Ferrari como estagiaria. Ele flertava comigo quando nos esbarrávamos pelas corridas, mas nunca me deixei levar, mas isso se tornou constante quando ele entrou para a Escuderia Ferrari e passamos a trabalhar juntos. Nos tornamos ótimos amigos e, sem querer, acabamos por trocar beijos quando estávamos completamente bêbados em uma festa. Até hoje esse momento me trazia borboletas na barriga.
Acabei pensando tanto que nem prestei atenção ao meu redor e só retornei a terra quando senti o calor do café queimar meu peito e um pouco do meu braço.
— Oh, me desculpa! Me desculpa mesmo! Eu juro que não foi por querer.
Um rapaz loiro, alto e dos olhos claros dizia nervosamente. Ele era lindo, seus olhos azuis me atraíram, mas não se comparavam com os de Kimi. Ele era jovem, seus cabelos encaracolados o deixavam com um aspecto mais fofo ainda, mas ele vestia uma blusa da Red Bull.
— Ei, se acalma, tá' tudo bem! Eu também não estava prestando atenção no meu caminho. – ele concordou, mas se desculpou da mesma forma. Ri da sua ação e olhei nos olhos, ele ficou vermelho enquanto brincava com os dedos. Ri novamente e ele sorriu. — Você é novato? Nunca vi você por aqui.
— Sim. Meu nome é Sebastian Vettel, um prazer conhecer você.
— Ah, então você é o novato da Red Bull que andam falando?
— Talvez, o que estão falando? – sorri para o garoto, ele era um fofo sem saber. –
— Que você é um bom piloto, quero ver se isso é verdade na corrida de amanhã.
— Sou apenas reserva, senhora.
— Senhora? – ri e ele ficou tímido. –
— Não sei seu nome.
— S / N Cantu.
— S / N. Adorei seu nome.
— Obrigada. – sorri. –
Acabamos por desenrolar uma conversa muito fácil. Sebastian era um garoto doce e diferente dos idiotas que circulavam esse paddock, ele tinha preceitos e era super respeitoso, e realmente estava interessado no que eu tinha para falar.
Escutei botas baterem no chão freneticamente, como se alguém estivesse correndo. Segundos depois, Kimi surge olhando ao redor da cafeteria, ele parecia um pouco aflito, assim que me vê sua expressão suaviza, porém, na mesma agilidade que seu rosto teve em suavizar, teve em ficar carrancudo novamente ao ver o piloto da Red Bull.
— S / N, o que você tá' fazendo aqui? – Kimi pergunta arrogantemente. Revirei os olhos, mesmo eu lidando com a arrogância de Kimi muitas vezes não significava que minha paciência tinha se espichado. –
— Eu ia tomar um café... – respondi e Kimi me interrompeu. –
— Você não olha o celular? Eu estava precisando de você!
— Eu também preciso de descanso, e acabei me distraindo conversando.
— Você sabe que a qualificação é daqui a pouco, você me atrasou.
— E daí? Eu estava no meu intervalo e... – Kimi me interrompe de novo. –
— Quer saber? Esquece! Vem! – ele agarrou o meu pulso, sem nem me dar oportunidade de me deixar me despedir de Vettel. –
— Dá pra' você largar meu pulso? Tá' me machucando! – puxei meu pulso e Kimi se virou. –
— Quem era aquele moleque?
— Por que você se importa tanto?
— Me responde primeiro e depois pergunta, vou perguntar de novo se não ficou claro pra' você: quem era aquele moleque?
— Aquele moleque é Sebastian Vettel, piloto da Red Bull. – respondi e Kimi zombou. –
— Conversa com os rivais desde quando?
— O que você quer dizer com isso? conheci ele hoje!
— Fala sério, S / N. Só você não viu o jeito que ele tava' te olhando!
— Não vi mesmo, como ele estava me olhando? Eu estava muito interessada na conversa que estávamos tendo para prestar atenção nisso. – falei grosseiramente, podia sentir que Kimi ficava cada vez mais irritado, mas só assim conseguiríamos chegar a uma conclusão. –
— Ele te olhava como se você fosse uma... – interrompi Kimi. –
— Não ouse terminar a frase se for para falar merda. Você diz isso como se você não olhasse assim para mim quando nos conhecemos.
— É diferente, S / N!
— Não, não é diferente- Ah, agora me toquei. Sua situação e a dele são sim diferentes. Ele estava me escutando, diferente de você!
— Eu não te escuto?! – Kimi perguntou indignado. — Quando que eu não escuto você?
— Demorou seis meses, ou até mais, para você se interessar pelo que eu falava. Porque, sinceramente, você estava mais preocupado em flertar comigo.
— Era só o que me faltava...! – ele passou a mão pelo rosto. –
— Eu senti como se tivesse voz, porque eu não estava conversando com um cabeça dura que nem você e os outros na garagem, que não dão a mínima para o que sai da minha boca. – exclamei e Kimi olhou nos meus olhos. Os nossos gritos atraíram olhares indesejados, então comecei a andar, tentando evitar as câmeras viradas para nós, e bati de proposito em seu ombro. –
O que eu disse foi como um tapa na cara Räikkönen. Pela primeira vez ele pareceu perceber meu verdadeiro sentimento e algo estalou em sua cabeça, talvez minhas indiretas sobre demissão e morar em outro lugar vieram à tona.
— Você tem mais alguma coisa a dizer? – Kimi correu e parou na minha frente, segurando meus ombros. Eu estava incomodada com as câmeras, mas finlandês parecia não se importar. Me desvencilhei e andei até um lugar mais isolado, Kimi me seguiu. –
— Mês que eu vou começar meu mestrado em física. Vou viajar para a Alemanha, farei meu mestrado lá. – a expressão de Kimi caiu e seus olhos se encheram de lágrimas, parecia que ele iria chorar a qualquer momento. Ele apertou meus ombros e seus olhos caçaram algum vestígio de mentira. –
— E você não me contou nada?! – ele estava com raiva. –
— Eu não sabia como contar e você estava ocupado com as corridas.
— Há quanto tempo você tomou essa decisão?
— Consegui essa vaga faz dois meses... – minha resposta foi o gatilho perfeito para fazê-lo chorar. — Kimi... Eu tentei falar pra' você, mas você faz parecer que o mundo gira ao seu redor.
Kimi me olhou, e eu senti pena, seus olhos e nariz estavam vermelhos.
— S / N... – foi a única coisa que Kimi disse enquanto segurava meu rosto com a mão direita. –
Ele continuou encarando meus olhos e de repente seus lábios grudaram nos meus. O beijo era eufórico e desesperado por contato, desesperado pelo carinho, desesperado pelo sabor, sem pensar nas consequências, sem pensar no que viria a seguir.
Suas mãos percorriam meu corpo, me deixando mais quente e mais sedenta por seu contato. Eu arranhava seu pescoço com minhas unhas e apertava seus ombros.
Kimi me encurralou contra a parede, e de pouco em pouco, foi desacelerando o ritmo do beijo, e enfim encerramos o beijo. Ele acariciou meu rosto e deixou um beijo em minha testa.
— Não vai, por favor... fica.
Räikkönen soprou contra meu rosto. Eu quis ficar, dizer que não iria mais. Porém, não tinha como. Eu tinha que ir, eu queria ir, eu iria. E não seria Kimi que me impediria.
— Você sabe que eu não posso. Eu vou, e não a nada e nem ninguém que me faça mudar de ideia! – falei firmemente, para passar a ele a segurança de que eu tinha certeza daquilo, mas eu estava insegura. –
Kimi se afastou, buscando em meu rosto mais vestígios de mentira, mas tudo o que saiu da minha boca era a mais plena verdade.
— Odeio o quanto você é verdadeira. Por que você não pode mentir pra mim pelo menos uma vez? – Kimi perguntou e eu não respondi. –
— Tá na hora de você correr, Kimi. Estão te esperando. – Murmurei. Com pesar, Räikkönen concordou e começou a andar em direção a garagem. –
Talvez fosse melhor assim.
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Sir Ariella, Febre90's🚬
Imagine©
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