𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭𝟴
Estrondoso era o volume da música que reverberava pela janela da casa de Aya, havia muitos carros parados em frente ao jardim antigamente bem cuidado e muitas pessoas espalhadas pela extensão da propriedade.
Megumi engoliu em seco, preparando seu psicológico para lidar com tantas pessoas de uma vez, não que conhecesse todos, mas era comum ser sociável em uma festa, porém, era completamente fora da curva ser gentil com alguém que não fosse Aya. Sentia-se nervoso por ansiar pela presença da garota, mal acabara de chegar e seus olhos percorriam por todos os cantos na esperança de encontrá-la em meio a multidão, com seu sorriso iluminado junto de sua gargalhada contagiante. Aya era admirada por qualquer um que ousasse prestar atenção nela, era um desperdício ela achar-se desprezada.
Quando não era recatada em seu próprio canto e ousava falar, era instantâneo pararem para escutar o que aquela garota brilhante falava.
— Naoya mandou um toque - Yuuji colocou a mão em seu ombro, o rosado estava particularmente bonito hoje, mas Megumi não gostaria de perguntar o porquê de tanto afinco para se arrumar, quando ele fez o mesmo por um garota. — Estão todos na área da piscina, vamos para lá!
Nobara resmungou colocando-se ao seu lado, o vestido verde escuro curto era lindo, ressaltava suas mechas ruivas e seus olhos castanhos - Merda, vim com o meu belo par de saltos novos e vamos pra porra de uma piscina? Que pecado!
— Ninguém apontou uma arma na sua cabeça e a obrigou a colocá-los - Megumi riu fraco com o comentário do irmão, que recebeu uma saraivada de xingamentos por todo o trajeto.
A casa de Aya parecia tão grande quando estavam só ele e ela, imensa e bonita, mas agora era um aglomerado de gente apertada, com Mind Games, Sickick, tocando em um volume absurdamente alto. Fushiguro tentava sem sucesso não encostar nas pessoas bebendo ou dançando ou sabe deus fazendo mais o que, mas ainda sim se desculpava e não encarava-as por tempo o suficiente para reconhecê-lo. Nobara e Yuuji eram todos sorrisos, cumprimentando seus conhecidos e amigos enquanto Megumi se colocava apenas a sorrir minimamente em sinônimo da educação que recebeu.
Estar na área externa era um alívio imenso, havia menos pessoas do que dentro da casa e mais rostos conhecidos, provavelmente aquela área eram para os mais próximos do grupo organizador e da dona da casa.
— Vocês chegaram! - Naoya praticamente berrou junto com um bando de garotos do time - o capitão saiu da água com um impulso majestoso, colocando as duas mãos na borda da piscina antes de forçar-se para cima — Pensei que não viriam.
Naoya cumprimenta Nobara com um beijo no rosto limitando suas mãos aos braços dele, ele bate a mão na de Yuuji e o puxa para um abraço e Megumi pensou que iria ficar desconfortável quando ele repetisse o movimento com ele, mas não, o garoto estava bêbado e incrivelmente propício a sorrir.
Ele abraçou Megumi e o deu um beijo estalado na bochecha — Cara, como é bom ver você! - diz animado, com o sorriso de orelha a orelha.
Megumi ri, não se importando que o garoto estava encharcado — É bom ver você também.
Naoya se afasta animado começando a conversar com eles antes de pegar o braço de Yuuji e puxá-lo para a piscina em um baque estrondoso. Risadas se misturam com a música e Megumi mesmo não controlando o sorriso se afasta da borda para não arriscar ser o próximo.
Não avistou Aya de primeira e instintivamente se policiou por estar procurando ela por cada canto que suas retinas passasse.
Juntou-se a um grupo de pessoas do clube de moda, colegas de Nobara e todos eram simpáticos e engraçados, Megumi não era esquivo e tentava conversar quando sua palavra era necessária, permanecia mais em sua própria bolha e ainda sim se saía com sucesso em se enturmar da sua própria maneira, não estava afastando as pessoas, estava apenas demonstrando que era introvertido, não mal educado.
Sua cabeça era um turbilhão de pensamentos e sensações, muitas coisas aconteceram e pouco tempo lhe foi disposto para processá-las, mas estar ali naquele momento aliviava a tensão, poderia sim ser efeito do segundo copo de bebida que tomava mas preferia acreditar que realmente se sentia bem.
Até escutar aquela gargalhada.
Até virar-se para o lado e dar de cara com a talvez a mulher mais bonita que já viu.
Até saber que a mera ciência da presença de Aya fazia todo o seu sistema nervoso ficar alerta.
Ela estava um espetáculo, se é que era possível ela ser ainda mais bonita do que nos outros dias em que esteve com ela, mas sempre se superava, a cada dia que passava mais um traço aparecia nela e o fazia ficar encantado nas delimitações de seu rosto, ou do arco em seus lábios, de seus olhos brilhantes adornados por seus cílios ou de seu maldito sorriso.
Aya era tão estupidamente linda.
Ela conversava um garoto alto e corpulento do time de vôlei, ele estava tímido, sorrindo acanhado enquanto Aya prestava atenção no que ele falava com um sorriso gentil pintando seu rosto. Seus cabelos em cascatas de ondas perfeitas, os lábios pintados de vermelho e aquilo era um vestido? Megumi definitivamente não sabia que precisava ver Aya vestida em um para perceber que necessitava.
Seu corpo merecia um prêmio. Um prêmio por ser esculpido pelas mãos de um deus muito habilidoso e atencioso por ter prestado devoção total em cada detalhe daquela maldita garota.
Ele desviou o olhar por tempo o bastante para respirar e recuperar o fôlego, Nobara percebe e rapidamente acha uma desculpa para se desvencilhar da conversa com seu grupo.
— Ela está um absurdo - a ruiva sussurra olhando para garota — Vai lá falar com ela.
— Ela está conversando com outra pessoa, é falta de educação entrar no meio - ele diz indiferente bebendo do próprio copo para evitar a queimação por seu corpo.
Mas entra em combustão ao perceber que por um ínfimo segundo Aya desvia o olhar da sua própria conversa e percebe a presença dele. Foram segundos que a fez dispensar educadamente o garoto que estava em sua frente e ir na direção dos dois.
Nobara percebeu a aproximação da garota e Megumi podia jurar que a irmã nunca o deu um olhar tão cruel e malicioso - Toda sua, gatão - a ruiva fingiu escutar seu nome sendo chamado e saiu rapidamente com seus saltos tilintando pelo ambiente.
Megumi tinha absoluta certeza que pode se jogar na piscina para não ter que lidar com a intensidade do olhar de Aya.
Ela para alguns centímetros dele e seu olhar percorre por toda sua extensão antes de se voltar ao rosto do garoto, Aya da a ele um sorriso malicioso cruzando os braços em frente ao corpo ressaltando ainda mais o que Megumi tentava fervorosamente desviar o olhar.
— Vim conferir se não era uma ilusão - seu tom irônico costumeiro aliviou algo dentro de Fushiguro — Achei que detestasse multidões.
Megumi sorriu ladino repetindo o mesmo movimento de cruzar os braços, se recortando na parede — Sacrifícios são necessários.
— Oh, deve ter sido tão doloroso pra você - ela dramatiza o comentário, fazendo-o rir até que o olhar dela seja alarmante o suficiente.
— O que há de errado comigo para me olhar tanto? - ele pergunta franzindo o cenho.
Pode ver a garganta da garota oscilando, engolindo em seco e as bochechas - pode ter sido um jogo de luzes - ruborizadas — Você está... Arrumado.
Arrumado?
Megumi riu negando com a cabeça —Queria poder dizer o mesmo mas você está linda hoje.
Não era jogo de luzes. Aya estava vermelha. A garota desconcertada com o comentário coça a nuca e olha ao redor. — Quer beber algo específico? - aquela talvez tenha sido a melhor jogada de Aya para desviar do assunto.
Megumi, mesmo estando nervoso a ponto de querer tremer, era profissional em esconder os sentimentos e fingir uma máscara de indiferença — Estou bem com esse - ele ergue o copo minimamente.
— Pelos céus Megumi, me diz que esse não é o ponche dps garotos do time? - ele concorda com a cabeça e ela cai no riso — Isso é quase cerveja sem álcool, eles bebem pouco porque são atletas. - ela aponta para o time espalhado na piscina — Só estão loucos porque não tem o costume de beber. Anda, vou preparar um drink decente para você.
A garota não deu tempo de reação para ele, apenas enrolou sua delicada mão no pulso do garoto e o arrastou para dentro da casa. Podia sentir olhares nos dois, cochichos e espanto, mas não se importava, Aya estava ali e estava agindo normalmente com ele, era o bastante no momento e dane-se quem quer que fizesse outros boatos no dia seguinte.
Pararam na cozinha, aquela que ele já esteve antes, o balcão estava repleto de garrafas e copos sujos e limpos.
— Gosta de morango? - Aya pergunta a ele e com um sorriso inevitável ele faz que sim com a cabeça — Por que está me olhando com essa cara de besta?
— Só estou te olhando.
Aya revirou os olhos voltando a se concentrar no drink, colocando vodka e algo com gás, depois a fruta morango e mistura finalizando com uma pitada de conhaque. Colocando em dois copos, um próprio e outro para Megumi.
— Não vou morrer se beber isso, não é? - ele pergunta brincalhão e Aya lhe dá o dedo como resposta.
Megumi provou o drink e, não foi porque Aya o fez, mas estava maravilhoso, dando uma surra na mistura sem álcool que ele estava colocando para dentro por pelo menos duas horas antes de Aya aparecer.
— Bom pra caralho - ele admite dando mais uma golada na bebida. Aya deu a volta na bancada e agora estava parada alguns bons centímetros dele, aproveitando o próprio drink.
— É claro que está, eu quem fiz. - disse convencida, mas o sorriso tímido nascendo enquanto bebia no canudo de sua própria bebida dizia o contrário.
Seus olhos travaram um no outro novamente, trazendo a tona aquele embate, aonde os dois se continham ao próprio limite, vendo qual será o primeiro a ceder e finalmente colocar um fim naquela tensão palpável entre os dois.
E Aya sai vitoriosa quando pigarreia e ameniza o olhar, como se quisesse encostar no rosto dele para falar — Megumi eu...
Quase imperceptivelmente Megumi segura a mão dela por debaixo da bancada e traz mais para perto de si, prestando atenção total no que ela estava prestes a dizer, o ato a deixou alerta, tanto que engoliu em seco antes de ser interrompida por um grande grupo chegando, chamando-a em meio aos risos. Provavelmente convidados dela ou de Naoya.
Ela soltou sua mão de um jeito que o fez suspirar, Aya apertou a mão de Megumi levemente e a tirou de forma arrastada, como se fosse um sacrifício sair de perto dele. Doeria menos se ela apenas a retirasse bruscamente.
— Merda - ela resmunga — Por favor, espere aqui. Prometo que não vou demorar.
Ela provavelmente iria se livrar do grupo até que eles se esquecessem da presença dela. Então Megumi apenas concordou com a cabeça, observando-a se afastar.
Poderia até ficar amuado se a visão de Aya de costas não fosse o próprio paraíso.
Sentou-se em uma das banquetas da bancada, virado de costas para todos enquanto mexia em seu celular e bebia do seu drink estupidamente bom de morango. Redes sociais, por incrível que pareça, Megumi não as abominava, até se apetecia em passar um tempo fútil rolando a tela por elas, principalmente ao ver as fotos das suas bandas prediletas ou de seus restaurantes favoritos.
Uma mão pequena com unhas pinturas arranhou levemente a pele exposta de seu braço, Megumi virou-se, sabia que não era Aya, quando a garota encostava nele, nunca usava as unhas e suas mãos não eram geladas.
— Lembro de dizer que queria conversar com você - Aimi diz cruzando os braços em frente aos seios — Está me ignorando.
Megumi respira fundo inclinando a cabeça para trás, implorando para qualquer divindade dar-lhe o minino de paciência.
— Achei que estivesse claro. Vou ter que desenhar para você entender que eu não a quero por perto? - completamente inexpressivo e taciturno, olhando para os lados desinteressado no próximo escândalo de Aimi.
— Isso foi cruel - ela sorri ladina, observando sem escrúpulos os braços tatuados, levando o olhar lascivo aos lábios dele — Fica um exagero de bonito quando está bravo.
Revirou os olhos entediado, esperando que aquela merda de conversa terminasse logo — Quer conversar, certo? Então diga logo o que quer e suma da minha frente.
— Você sabe o que eu quero.
Ele sente seus músculos tensionado no lugar e se vê extremamente tentado a simplesmente levantar e sair, mas precisava dar um ponto final naquilo, Aimi precisava ir embora de uma vez.
— Não posso voltar com você, Aimi - ele diz calmo, mais gentil, na esperança dela entender melhor do que quando é rude — Você sabe muito bem que nós dois não temos mais um futuro juntos. Não dá mais para insistir, não vai dar certo. - o olhar dela cai, e tristeza genuína paira em suas orbes preta.
Mas é passageira, logo seus olhos se estreitam em fendas perigosas e aquele olhar insano retorna aos poucos.
Aimi respira fundo antes de dizer, não poupando o escárnio na voz — É só passar um tempo com ela que acaba ficando mole, igualmente patético. - Megumi franziu o cenho, não entendendo o que ela queria dizer, Aimi revirou os olhos perante a confusão dele e estalou a língua em desacordo — Não acredito que me trocou por uma garota estúpida como aquela.
— Me diga o que Aya tem a ver com isso. - Megumi perde a confusão substituindo-a pelo mais puro desprezo — Ela é tão relevante assim para você? Não me lembro uma vez que ela tenha mencionado o seu nome ou sequer ter tomado nota da sua existência. Você implica com ela por não ter a quem culpar pelo nosso término - ele levanta-se em um impulso, parando em frente a garota de nariz franzido — Se te conforta, quando estávamos juntos, eu e Aya não passávamos de estranhos um para o outro, ela não tem absolutamente nada a ver com o que aconteceu entre nós, ela nem sabe que eu a conheço - Ele vira de costas para ela, pronto para ir embora — E se depender de mim ela nunca vai saber.
Está feito, acabou, não vai ter mais Aimi para te importunar.
Porém, a risada dela reverberou por seu interior e Megumi virou-se novamente para entender a graça.
Aimi tinha o colar, aquele Aya nunca tirava do pescoço, pendurado no dedo indicador dela, a mesma borboleta lilás com as pedrinhas reluzentes adornando o corpo da jóia.
— Mesma família, lembra? - Aimi sorri ao ver o choque se espalhando pelas feições do garoto — Ela sabe que eu existo, só é esperta o bastante para fingir que não e burra o suficiente para não me ver se aproximando - Megumi pegou o colar da mão dela e ela ri observando-o — Eu realmente não pretendia dar mais atenção para ela, a coitada já tem problemas demais para lidar, terrores dos quais você nem imagina mas você, Fushiguro, trouxe de volta o maior dos problemas.
Aimi era fodidamente maluca e sabia exatamente o que estava fazendo, quando em voz taciturna, recitava calmamente o que planejava.
— Pensei em como chegar em você por meses, como afetar o garoto que não dá valor a porra nenhuma? Como entrar na cabeça desse desgraçado que não pensa em ninguém além dele mesmo? - tentou fingir que as palavras não o afetaram, mas ele sabia que Aimi tinha plena certeza que sim — Mas olha só! Ele se apaixona pela garota mais frágil que eu conheço, e não só conheço como eu sei cada pedaço da vida miserável dela.
Ela sorri, dando a volta por ele prestes a entrar na multidão, mas antes, coloca-se ao lado de Megumi apoiando as mãos no ombro dele ficando na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido:
— Ficaria surpreso com o quão fácil é quebrar o coração de Aya.
Não teve tempo algum para defender, para dar a última palavra pois Aimi adentrou por entre a multidão alucinada, com sua silhueta pequena sumindo dentre todas aquelas pessoas.
Megumi definitivamente precisava respirar.
Passou por entre aqueles corpo suados e malucos, não se importando em ser educado dessa vez, se esgueirava pelos cantos implorando pela saída, só queria a porta e ar fresco, as paredes ameaçavam sufocá-lo.
Quando finalmente chegou no jardim da frente alívio instantâneo tomou conta de si e a única visão que tinha era de seu carro e a vontade avassaladora de ir embora. Pediria desculpas para Yuuji e Nobara depois, talvez voltasse para buscá-los mais tarde mas já não estava no clima para festas. Foi até o seu carro estacionado quase em frente a casa dela.
— Ei! - a voz de Aya invadiu o espaço, ignorando todos os outros no jardim. Ela parou a sua frente, colocando as mãos no joelhos, ofegante pela possível corrida — Já... vai ir embora?
Ele observou a garota, o tanto que ela havia ido atrás dele, o quão mais corajosa ela era por simplesmente continuar atrás mesmo quando ele era um covarde.
— É, acho que sim - Megumi disse mais cabisbaixo do que o planejado.
Aya pareceu confusa, olhava para os lados na intenção de tentar descobrir o que havia o deixado assim.
— Eu já vou indo - Megumi abre a porta no carro, completamente decidido a ir.
— Espera - Aya pousa sua mão delicada e quente em seu pulso, o fazendo parar de supetão — Eu vou com você.
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