𝐭𝐰𝐨, pride





🥀



— Haji! Você pode abrir o portão pra mim?

— Até que você não chegou tarde.

— Você sabe muito bem que sempre cumpro o que prometo.

— Convencida...

— Hajime! Só abre logo a merda do portão.

— Já estou indo, apressada.

Mahina terminou a ligação, guardando em seguida o celular no bolso da calça, e revirou os olhos pela chatice do irmão mais velho, que, na maioria das vezes, parecia até ser mais novo que ela, mesmo já esbanjando seus 21 anos. A ruiva respirou aliviada ao ver o portão abrir e não demorou muito para manobrar a moto dentro da garagem.

— Encontrou eles? — o acastanhado perguntou, observando a caçula guardar o capacete em uma das prateleiras que decoravam a parede.

— Sim! Aliás, quer me dar carona amanhã pro centro da cidade?

— Pra quê?

— Vou almoçar com eles e quero carona.

— Não dá pra simplesmente ir de moto?

— Você se lembra como é uma merda achar vaga lá?

— Tudo bem, mas vou pedir um favor depois.

— Eu não sei o que vai pedir para uma garota de quinze anos.

— Vou pensar nisso ainda.

— Não entendo como você é o inteligente da família.

— Ei!

Mahina riu enquanto tirava os coturnos e entrava dentro da casa, sendo seguida por Hajime logo depois. Os dois irmãos andaram juntos até a cozinha, onde um pequeno jantar já os esperava. O moreno sabia muito bem que Mahina tinha comido nada durante o dia, por preferir ficar trancada dentro do quarto e evitar a qualquer custo encontrar o pai dos dois, então já tinha preparado algo para quando ela voltasse.

— A "gangue" ainda existe? — ele perguntou, colocando a tigela de yakisoba na frente da irmã.

— Sim e está muito maior do que antes.

— Você vai voltar?

— Isso não depende de mim, é mais uma decisão do Mikey.

— É aquele que o irmão começou a te ensinar as coisas sobre motos?

— O próprio.

— Só não faça merda ou seja presa, já basta o que você fez em Londres.

— Tudo bem, mas você não pode dizer que não foi lendária a cara que o papai fez na época — Mahina disse, apontando os hashis na direção do irmão, que revirou os olhos.

— Você não tem limites.

— Você sabe que estou falando a verdade!

O moreno encarou a mais nova e não conseguiu mais conter a risada, fazendo com que Mahina risse junto.            

— Onde você estava? — a voz de Makoto Yoshida ecoou pelo ambiente, silenciando quase de forma automática as risadas dos dois irmãos.

O homem de um pouco mais de um 1,80 adentrou a cozinha andando de forma autoritária, com o olhar voltado totalmente para Mahina, que o encarava de volta com a mesma intensidade.

— Oi, pai — Hajime disse, tentando chamar a atenção do patriarca da família para si.

— Eu não estou falando com você, Hajime, e sim com a merda da sua irmã. Agora me responda, Mahina. Onde você estava?

— Estava andando de moto. Pelo o que eu sei, isso não é um crime.

— Incrível como você consegue ser tão mentirosa quanto a sua mãe.

— Mas não estou mentindo!

— Não levante o tom de voz comigo!

— Como você quer que eu não levante o tom se não acredita no que eu falo!

— Mahina, chega — Hajime a cortou.

— Chega?! Ele que não acredita no que eu falo!

— Porque eu sei que tipinho de mulher você é, sua mãe realmente te criou.

— Não me compare com ela!

— Não levante o tom! — o patriarca avançou, mas Hajime se colocou na frente.

— Ela não está mentindo, pai.

— Não a defenda!

— Estou lhe dizendo a verdade, acredite nela.

— Depois do que aprontou em Londres, nada irá me fazer acreditar nisso aí.

— Isso já não é problema meu — a garota respondeu se levantando.

— Eu deveria ter feito você ficar em Londres com a sua mãe.

— Já chega! — Hajime gritou, completamente irritado com o pé de guerra que existia entre os dois.

Desde que Mahina se considerava gente, ela sabia que seu pai não gostava dela.

Não era muito difícil perceber o favoritismo que ele sentia em relação aos outros dois filhos e, ao longo do tempo, ela cansou de tentar se encaixar nos padrões de Makoto Yoshida, um dos maiores investidores da bolsa de valores japonesa.

Os piercings, o cabelo curto e, obviamente, as tatuagens que cobriam seu braço esquerdo, tudo foi para tentar ser ela mesma, se achar no meio da gaiola que a cercava desde o nascimento, e, como bônus, irritar a pessoa que mais a odiava, principalmente por ela ser a cópia física da, agora, ex-esposa.  

Hajime e Eiji são gêmeos idênticos, cabelos e olhos castanhos, quase como se fossem o pai quando era mais novo, já Mahina era ruiva e com os olhos de um tom alaranjado, o que destoava dos homens da família e isso irritava Makoto de uma forma absurda. Para ele, isso mostrava cada vez mais que a garota era um erro e que, como a sua ex-esposa, não valia o chão que pisava.

— Perdi a fome — Mahina disse, quebrando o silêncio que tinha se instalado e saindo de trás do irmão para sair da cozinha.

— Mas você não comeu nada o dia todo.

—Tanto faz, Hajime.

— A nossa conversa não acabou — ela ouviu a voz grave do seu pai ecoar atrás de si e fechou as mãos em punho ao lado do corpo.

— Só se for pra você — a garota respondeu e logo começou a andar a passos rápidos em direção ao seu quarto, que ficava no andar superior da casa.

Ela conseguia ouvir a voz do irmão, discutindo com o pai dos dois, impedindo, mais uma vez, o mais velho de avançar sobre a garota.

Ao finalmente chegar no corredor que levaria aos quartos, respirou aliviada, mas uma expressão extremamente fechada logo estampou o seu rosto ao ver Eiji encostado na parede com o seu clássico sorriso convencido.

— Incrível como consegue irritar o papai até mesmo por existir.

— Cala a boca.

— Por que me calaria? Só estou constatando óbvio.

— Não sabia que estava falando com uma criança.

— Ai, Mahina, você me diverte. Pode até tentar ficar nessa pose de respondona, mas na verdade queria ser eu.

— Um idiota de 21 anos que só conseguiu entrar na faculdade por causa do nosso sobrenome? Porque pelo o que eu sei, o Haji é o gêmeo inteligente — sorriu de canto ao ver a expressão do seu irmão vacilar.

Porém, do mesmo jeito que Mahina sempre tem uma resposta pronta na ponta na língua, Eiji também tinha.

— Não, alguém que o papai tem orgulho de chamar de filho.

O moreno sorriu largo ao ver a expressão da mais nova se fechar novamente e se virou de costas para ir até o próprio quarto, sabendo muito bem que tinha tocado em uma das pequenas rachaduras da muralha que Mahina construiu ao seu redor ao longo dos anos.

Mesmo que nunca admitisse em voz alta e que todas as suas atitudes demonstravam que não ligava para o opinião do seu pai, bem no fundo, ela queria ter o que Hajime e Eiji tinham.

Ela queria poder ter a mínima sensação de dar orgulho para alguém e que não era um erro, ao contrário do que seu pai fazia questão de sempre enfatizar praticamente todos os dias.



Oi gente! Tudo bem com vocês?

O capítulo de hoje foi um pouco mais curto, comparado aos que costumo fazer, mas eu achei necessário ter esse foco maior na família da Mahina, que é a razão de boa parte das atitudes dela!

Além disso, não sei se vocês viram o que eu postei no meu mural ontem, mas até que sejam bem adiantadas ou até mesmo finalizadas, eu vou somente escrevendo Forelsket, Infinite Eyes e Aracne! Essas são as fics que estão me dando mais inspiração e também não estou tendo condição mental para escrever as oito histórias ao mesmo tempo kkkkkk

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentarem o que acharem (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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