𝐟𝐨𝐮𝐫, chess




🥀



Mahina odiava a escola.

Não fazia sentido ter que simplesmente ir para um lugar que não iria lhe servir de nada no futuro, principalmente por não pensar seriamente em entrar em alguma faculdade.

Ao seguir a diretora pelos corredores, ela sabia que estava indo com uma passagem só de ida para o inferno e não podia fazer nada para impedir tal situação.

— Com licença, professor Nishimura — a diretora disse ao abrir a porta, interrompendo a aula que mal tinha começado.

— Bom dia, diretora Yamamoto.

— Gostaria de introduzir a nossa nova aluna.

— Claro — o homem respondeu simpático, mas se viu um pouco chocado ao ver quem seria a sua nova estudante.

A diretora se despediu e saiu da sala, fechando a porta logo em seguida, deixando Mahina sob a atenção de praticamente 30 pessoas.

— Se apresente — o professor pediu gentilmente para Mahina, que suspirou um pouco frustrada.

— Meu nome é Mahina Yoshida, é um prazer conhecer vocês — se curvou de leve para os seus novos colegas de classe.

— "Yoshida", a família de investidores? — uma voz ecoou do fundo da sala e a ruiva logo identificou de quem veio, um garoto que, com mínimos segundos de análise, ela soube que era um babaca.

Andar com membros de gangue desde que criança a fez compreender, pelo menos um pouco, quem as pessoas eram de verdade, principalmente por causa dos vários olhares tortos que a acompanharam durante o período que participou ativamente da Toman.

— Sim, algum problema com isso? — respondeu encarando o garoto, que sorriu de canto como se estivesse se divertindo com a situação.

— Acho que não, só não sei se gostaria de ser de uma família que faz fortuna com lavagem de dinheiro.

A ruiva respirou fundo, fechando as mãos em punho, enquanto escutava o professor repreender o aluno de nome "Hayato Saito", uma informação que a fez sorrir triunfante.

— Você é da família "Saito", aqueles que são donos de uma rede de bancos, não é?

— Sim — o garoto respondeu de cabeça erguida, completamente arrogante.

— Bem, como está o caso que o seu pai está tendo com a secretária dele?

Mahina sorriu ainda mais ao ver a expressão chocada que estampava o rosto de Hayato e de todos os seus novos colegas.

— Sabe, o seu pai conversa muito com o meu, então acaba que sei umas coisinhas ou outras da sua família. Além disso, fico triste em saber que fui eu quem teve que te contar isso.

— Sua... — o garoto ameaçou a se levantar.

— Sente-se no seu lugar, Hayato.

— Mas...

— Peço que faça o mesmo, senhorita Yoshida.

— Nem precisa pedir duas vezes, professor — a garota respondeu e andou de cabeça erguida até a carteira vazia na última fileira, ao lado da janela.

Ichiro Nishimura sabia que ao lecionar em uma escola localizada em uma região de classe alta ocorreria tal tipo de situação, não foram poucas as vezes que teve que separar brigas por causa de ofensas em relação às famílias dos estudantes. Além disso, ele pressentia que isso aconteceria ao ver que Mahina seria sua nova aluna, já que se lembrava muito de Hajime contando como a sua irmã caçula era uma encrenqueira nata.

— Bem, voltando ao que estava falando antes — disse, conseguindo a atenção da classe de volta — Vamos começar a aula de matemática corrigindo o dever da semana passada, o qual espero que todos tenham feito.

Mahina respirou fundo mais uma vez ao abrir sua mochila e pegar seu material.

Ela sabia que teria que lidar com a escola de uma forma ou de outra, principalmente por chegar no país com o ano letivo já acontecendo. Tudo parecia simplesmente um saco e estudar sem nenhum dos seus amigos só piorava a situação, não queria ter que lidar sozinha com pessoas como Hayato.

"Que ótimo primeiro dia de aula", a garota pensou derrotada.



(...)



A manhã tinha passado de maneira tão lenta que Mahina pensou seriamente em pular do pátio que ficava no último andar do colégio, onde se escondeu durante o intervalo e o almoço, já que definitivamente não queria socializar com pessoas que a olhavam torto por onde passava. Ela sabia que destoava do local, principalmente por causa dos piercings e das tatuagens no braço esquerdo, mas odiava ter esse tipo de olhar sobre si, a julgando a cada segundo, sentia como se estivesse em casa sob o olhar de seu pai.

Ao ouvir o sinal que indicava o fim das aulas, foi um alívio tão grande que quase gritou de felicidade. Guardou rapidamente os materiais e já se dirigia para a saída da sala, até ouvir seu nome ser chamado por ninguém menos que o seu professor, o que a fez franzir as sobrancelhas.

— Sim, professor Nishimura? — perguntou um pouco confusa, mas o mais velho simplesmente sorriu e esperou até que o último aluno saísse.

— Queria te dar boas-vindas para a nossa instituição, mas pelo menos de forma decente.

— Bem, eu agradeço, mas não precisa. Conheço pessoas parecidas como o Hayato e já nem me importo muito.

— Devo supor que esteja falando de um dos seus irmãos, mais especificamente o Eiji?

— O senhor o conhece?!

— Dei aulas para os seus irmãos durante o ensino médio.

— Então é por isso que o Haji não perguntou qual era o endereço da escola quando me trouxe — Mahina concluiu pensativa.

— Bem, com isso mente, eu sabia quem você era no momento em que passou por aquela porta. O Hajime sempre falou de você, principalmente de como nunca levava desaforo.

— Ele realmente me ajuda muito a melhorar a minha reputação.

— Não se preocupe que eu não ligo para esse tipo de coisa.

— Então simplesmente vai ignorar o meu histórico escolar?

— Bem, se fosse outro professor, com certeza ele se importaria muito mais com as advertências e suspensões que você levou tanto quanto ainda morava aqui e as de Londres. Porém, no meu caso, me importo mais com as suas notas sendo boas, principalmente em matemática, que é a minha matéria favorita de ensinar.

— Acho que nunca ouvi alguém elogiar as minhas notas — Mahina disse sincera, o que chocou um pouco Ichiro já que em nenhum boletim da garota tinha alguma nota abaixo de oito.

Ele aproveitou os intervalos para ir até a secretaria da escola e pegar o histórico da sua nova aluna e se surpreendeu com o grande contraste entre as boas notas e o comportamento em sala, principalmente a menção da quase prisão há poucos meses atrás.

— Queria conversar com você depois da aula por causa disso, Mahina. Você é uma boa aluna, com ótimas notas, a questão é mais como lida com as pessoas.

— Olha, professor...

— Não estou pedindo para mudar o seu jeito de ser — Ichiro a interrompeu — Só quero que saiba que estou vendo potencial em você e espero que também queira alcançá-lo.

Mahina encarava o homem um pouco confusa e perplexa, já que nunca tinha ouvido tais palavras de algum professor durante toda a sua vida. Sempre levou bronca por parte do corpo docente de praticamente todas as escolas em que estudou, principalmente por sempre defender a sua opinião até o fim e nunca deixar que alguém a fizesse abaixar a cabeça.

— Eu não sei o que te responder, professor — disse, sincera — Não penso em entrar na faculdade então nem sei se vale a pena desenvolver o meu "potencial" acadêmico.

— O que você pensa em fazer no futuro?

— Pode ser meio bobo e, como algumas pessoas já me disseram, algo idiota de querer se fazer, mas eu gosto muito de motos. Então algo que mexa com isso, talvez abrir uma loja especializada nisso, não sei ainda.

— Bem, como a pessoa de exatas que eu sou, tenho a tendência a falar desses cursos. Você sabe o que é Engenharia Mecânica ou Engenharia Automobilística?

— Já ouvi falar, mas nunca fui atrás.

— Pesquise e depois venha conversar comigo sobre.

— Tudo bem, mas posso te fazer uma pergunta?

— Claro!

— Por que está tendo essa conversa comigo?

— Por duas simples razões, Mahina. A primeira é que quando Hajime ainda estudava aqui, ele me disse que a irmã caçula dele era extremamente inteligente e que ela não conseguia aceitar isso e a segunda é porque eu vi que, mesmo não estando aqui desde o início do ano, você fez todas as atividades e errou nenhuma questão que passei. Pessoas como você são difíceis de achar, então não posso simplesmente não ter essa conversa.

— Eu nem sei o que responder.

— Parece que essa é a primeira vez que tem uma conversa assim.

— Todas as vezes que conversei com algum professor foram na sala da diretoria, então não sei muito bem o que fazer numa situação como essa.

Ichiro riu da sinceridade da garota e percebeu que ela era realmente o que Hajime falava, uma garota com um potencial absurdo.

Mesmo depois de ter se formado no ensino médio e entrado na faculdade de medicina, o mais velho dos três irmãos manteve contato com boa parte de seus professores, principalmente pela enorme gratidão e carinho que sentia por todos eles. Então, ao longo do tempo, sempre acabava comentando sobre como a sua irmã caçula entendia as matérias que ele estava aprendendo e ainda conseguia responder algumas perguntas.

Hajime sempre acreditou que Mahina podia conquistar o mundo se quisesse.

— Bem, espero que pense um pouco sobre o que conversamos e me desculpe por estar te fazendo demorar para ir para casa.

— Está tudo bem! Eu tenho que agradecer pela conversa, de verdade.

— Isso é o mínimo que eu deveria fazer como professor — o mais velho sorriu gentil — Até amanhã?

— Até amanhã! — Mahina respondeu sorrindo e logo começou o seu caminho para sair da escola.

Estava se sentindo completamente avoada por ter tido essa conversa, não fazia muito sentido ainda na cabeça dela que um professor parecia gostar de a ter como aluna. Sempre foi considerada um problema quando o assunto era escola, o que a faz até hoje ter uma atitude muito mais retraída com tudo que envolvia o ambiente educacional.

Ao andar pela calçada que circulava o terreno do colégio, sentiu o seu celular tremer de dentro da mochila e, quando o pegou, viu a mensagem de Baji perguntando onde ela estava, mas antes que pudesse responder, acabou trombando com alguém. Levantando a cabeça para cima, encontrou Hayato com dois outros garotos atrás de si, os quais Mahina tinha uma leve memória de que também são da sala dela.

— O que você quer? — perguntou sem paciência, guardando o celular.

— Você é muito atrevida para alguém que acabou de chegar.

— E você se acha muito, mesmo sendo só mais um babaca dos vários que existem nesse mundo.

Hayato encarava a garota com raiva.

Ela o olhava com um olhar de superioridade que estava o tirando do sério e ainda tinha a forma como simplesmente o humilhou na frente da sala inteira, acendendo a faísca do novo boato da escola, que ele era "filho de uma corna mansa". O adolescente não entendia como alguém com uma família tão suja quanto a dela conseguia ter tal atitude e ainda exalar uma aura que dizia que era mil vezes melhor.

— Acho que você não está entendendo a situação aqui — tentou soar ameaçador, mas Mahina simplesmente o encarou e respirou fundo, tirando a mochila nas costas para a colocar no chão.

— Estou entendendo muito bem, Hayato. Esse é o seu nome, não é? — perguntou enquanto estrelava calmamente os dedos — Você e seus dois amiguinhos aí estão testando a minha paciência e atrapalhando o meu caminho. Logo, vou dar duas opções para escolherem.

— Acha que tem algum poder aqui?

— A primeira é vocês simplesmente me deixarem passar — o ignorou completamente, continuando a falar — E a segunda é partir para a violência, a que eu não quero fazer muito no momento já que odeio lutar de saia. Qual vai ser?

— Olha aqui sua vadia... — Hayato ameaçou, mas a sua fala não durou muito tempo já que sentiu um soco o acertar em cheio no rosto, o fazendo se chocar com força contra a grade que cercava a escola.

— Como eu estava dizendo, vocês estão testando a minha paciência e tive que apelar para a segunda opção. Vocês vão parar de ser idiotas ou vou ter que continuar?

Mahina segurou Hayato pela camisa e o empurrou ainda mais contra a grade, se divertindo com a expressão de dor e surpresa que estampava o seu rosto. Ela não tinha medo dele e muito menos teria dos garotos que o acompanharam, duas pessoas que só queriam sumir dali ao perceberem a força da novata.

— Ei, Mahina! Está demorando por que? — a garota escutou uma voz extremamente conhecida se aproximando e, ao virar a cabeça para o lado, viu Baji terminar de atravessar a rua.

— Não consegue perceber que estou um pouquinho ocupada, Baji?

— Não pensei que você se ocupava com idiotas desse tipo.

— Você é... — um dos amigos de Hayato disse com medo, reconhecendo muito bem quem era o recém chegado.

— Keisuke Baji, o próprio — interrompeu, sem a mínima calma para aquilo — Posso saber por que estão tirando a paciência da minha melhor amiga?

— Esse aqui ficou irritado porque contei que o pai trai a mãe dele com a secretária — Mahina respondeu, segurando com mais força a gola da camisa de Hayato.

— Devo supor que os outros dois aqui só estão acompanhando e servindo de nada?

— Exatamente.

— Patético.

— Eu sei!

— Quer que eu faça algo? — Baji perguntou, sabendo muito bem como Mahina odiava quando se envolviam nas brigas dela.

— Não, acho que eles já entenderam o recado — respondeu, soltando Hayato que tinha agora uma clara expressão de alívio.

— Então vamos logo, já fiquei te esperando por muito tempo — reclamou irritado, pegando a mochila da garota do chão.

— Eu ia responder a sua mensagem, mas fui interrompida por esses idiotas!

— Digitava mais rápido!

— Por favor né, Kei!

— Nem começa, Mahina!

Os dois entraram na sua pequena bolha de discussão, quase esquecendo completamente dos três idiotas que os observavam confusos. Não entendiam como Mahina podia ser amiga de alguém com a fama de Keisuke Baji, alguém que já tinha vencido veteranos do colégio deles em diversas brigas.

— Vou deixar somente um recado — Baji disse, olhando para os três com uma expressão séria no rosto — Se mexerem com ela mais uma vez, saibam que estão envolvendo a nossa gangue nisso.

— "Nossa"? — Hayato perguntou confuso e sentiu o seu corpo arrepiar ao ver o sorriso que agora estampava o rosto de Mahina.

— Garotas podem muito bem serem membras de gangues e bem, você teve o prazer de irritar a única que participa da Toman.

— Acho que isso responde a sua pergunta, idiota. Agora sumam — Baji mandou e nem demorou dois segundos para eles saírem correndo pela calçada.

— Desculpa por ter te deixado esperando — Mahina disse, se virando para o amigo, que deu de ombros e começou a andar.

— Tanto faz, só vamos logo.

— Está tão animado para isso? — perguntou, depois de correr um pouquinho para alcançar Baji e andar lado a lado com ele.

— Tem quase três anos que fizemos isso pela última vez e quero tentar ganhar de você.

— Vamos ver se está tão bom assim.

— Não me subestime! — falou irritado, o que fez a garota rir com gosto.

— Tudo bem, Keisuke Baji, o maior jogador de xadrez da história.



(...)



Por causa da sua família, Mahina sempre teve acesso a certos passatempos que a maioria das pessoas não têm, como as aulas de xadrez que fez durante a infância. Ela não se lembrava ao certo o porquê de ter começado ou o que a instigou a aprender a jogar, mas com certeza não se arrependia.

No dia em que conheceu Mikey e Baji no parquinho, os dois garotos a abordaram porque estava jogando sozinha sentada em uma das mesas que circulava a área de areia dos brinquedos. Eles não entendiam como aquilo podia funcionar e então, poucos minutos depois, a ruiva estava ensinando o básico do jogo para os dois garotos que no futuro se tornariam os melhores amigos dela.

Agora, com a volta da garota para o Japão, Baji estava determinado a ganhar da melhor amiga pelo menos uma vez. Ele sabia que as chances eram completamente mínimas, já que Mahina era uma gênia em tudo em que envolvia xadrez e lógica, mas ele não ia desistir tão fácil assim, isso nunca foi algo da natureza dele.

— Xeque-mate — Mahina disse e sorriu satisfeita por causa da cara indignada de Baji.

— Odeio esse jogo.

— Acho que não, já que essa é a terceira partida que a gente joga.

— Cala a boca — resmungou, já arrumando o tabuleiro para uma próxima.

A garota sorriu de leve desviando rapidamente o olhar para observar o seu arredor, o mesmo parque em que tinha conhecido o garoto que estava sentado à sua frente.

— O parque continuou praticamente o mesmo — comentou.

— Sim, não foram tantas coisas que mudaram depois que você foi embora.

— Acho que só a gangue em si.

— Realmente — Baji respondeu, mas Mahina não gostou muito do tom que ele usou.

Ela tinha sentido a ausência de uma pessoa em específico, mas não tinha tido, até agora, coragem para perguntar sobre isso..

— O que aconteceu com o Kazutora?

— Então, o que te fez demorar mais pra sair da escola? Sei que não foram somente aqueles babacas — ele ignorou completamente a pergunta, o que a fez suspirar.

— Kei...

— Um dia você vai saber, só não quero ser a pessoa que vai lhe contar — Baji foi sincero, mas não conseguiu sustentar o olhar com Mahina, já que ele bem sabia como Kazutora e, principalmente, Shinichiro significavam muito para ela.

— Tudo bem, é só que estranho não o ver ali na gangue.

— Eu entendo.

— Você perguntou sobre eu ter demorado, não foi? — a garota perguntou, cortando esse assunto já que era nítido como o outro estava bem desconfortável com o rumo da conversa.

— Isso.

— O meu professor queria conversar comigo.

— Já causou problema no primeiro dia de aula?

— Bem, tirando o fato de que expus que a mãe daquele cara é corna, pior que nem fiz nada.

— Então por que ele conversou com você?

— Ele foi professor dos meus irmãos e parece que ele gostou de me ter como aluna.

— Ele bate bem da cabeça?

— Keisuke! — Mahina reclamou e Baji riu com gosto.

— Enfim, foi legal?

— Nunca conversei com professores antes, então não sei dizer se foi uma conversa boa ou não, mas eu gostei bastante. Ele até falou de uns cursos de faculdade.

— Você pretende entrar em alguma?

— Nunca tinha pensado antes sobre isso, não acho que combine comigo ter uma vida acadêmica ou algo do gênero.

— Isso é algo que você tem que pensar e até que não é uma ideia tão ruim.

— A faculdade?

— É, pensar no futuro também.

— Você já pensou em algo?

— Não tenho ainda uma ideia definida, mas com certeza vai ser algo que envolva animais.

— Se não envolvesse, não iria ser um sonho seu.

— Realmente — Baji concordou e respirou fundo, mexendo o seu peão iniciando mais uma partida entre os dois.

— Vai tentar usar uma estratégia diferente dessa vez?

— Não sei.

— Posso te dar uma dica então?

— Odeio quando você faz isso, mas vou aceitar.

— Não dependa tanto da rainha. Ela até pode ser considerada a peça mais forte do tabuleiro, mas se o seu jogo é feito exclusivamente para ela e não levando em consideração o desenvolvimento das outras peças, é quase uma derrota declarada.

— Acho que entendi o que você quer dizer, mas posso acrescentar algo?

— Claro.

— É engraçado te ouvir falando isso.

— Por que?

— Você se lembra o por que de eu ter te dado o apelido de "Rainha"?

— Não era algo haver com o fato de que eu protegeria os "reis", no caso você e os meninos?

— Tem isso também, mas o principal motivo foi o xadrez em si.

— Não vai me dizer que me considera a mais forte de todos nós.

— Se eu disse que sim?

— Vou ter que te chamar de burro — Baji riu da constatação de Mahina, mas deu de ombros.

— Pode me chamar, porque eu acredito nisso e não ligo muito para a sua opinião.

— Então me explica porque eu quero saber se tem uma mínima lógica por trás disso.

— Ela existe e é bem simples na verdade. A rainha é a peça que consegue dominar o centro do tabuleiro e você é exatamente assim, fica no meio de nós, guiando nossos passos e colocando lógica nas nossas decisões, o que para muitos que querem nos atacar vindo de fora consideram como um grande empecilho.

— E também é a peça com maior liberdade de movimentação.

— Viu? Te disse que tinha lógica.

— Primeira vez que te vejo dizendo algo inteligente.

— Mahina!

A garota começou a rir, o que logo fez Baji também acabar caindo na risada.

Sempre foi assim quando envolvia os dois, uma das duplas mais caóticas que podia existir, se conhecendo como ninguém.

Logo, estavam concentrados de novo e voltaram a jogar mais uma das inúmeras partidas que jogaram naquele fim de tarde até o início da noite, que terminou com Baji levando Mahina para jantar na sua casa, o que fez a mãe dele muito feliz, já que estava com saudades da "mais sensata do grupinho".

Mesmo com o passar das horas e a explicação do amigo, a qual ela realmente viu lógica, a Rainha das Rosas não estava conseguindo acreditar que podia significar tanta coisa ou ter um papel tão importante assim.

Talvez fosse o fato de que tinha acabado de voltar para o país e ainda estava no processo de se adaptar à nova realidade que o seu grupo de amigos se encontrava, mas, mais cedo ou mais tarde, Mahina teria que aceitar isso e entender os perigos de ter tal valor.

Visto que, diferente dela, outras pessoas já começaram a enxergar o mesmo que Baji e acreditavam que a garota era uma das peças mais importantes do tabuleiro que a Toman é.


Oi gente! Tudo bem com vocês?

Acho que esse foi o maior capítulo até agora e espero MUITO que não tenham achado ruim!

Essa cena do Baji e da Mahina é de longe uma das minhas favoritas, estava bem ansiosa para mostrar ela para vocês, principalmente porque conta um pouquinho de como eles se conheceram e já dá um leve spoiler do que vai rolar no decorrer da fic!

Aliás, contando um pouco de mim, sabiam que eu fiz aula de xadrez quando era criança? Minha escola dava e eu fiz, era até que legal, até hoje jogo um pouco com o meu avô. Outra curiosidade é que eu pensei seriamente em fazer Engenharia Automobilística na faculdade (sim, eu até que gosto bastante de física e matemática kkkkk)

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentarem o que acharam (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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