𝚝𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢
O gelado do milkshake de ovomaltine fez os pelos da sua nuca arrepiarem, assim que o líquido gelado entrou em contato com sua boca. Rapidamente, você afastou os lábios do canudo de papel e fechou os olhos com força, sentindo seu cérebro congelar levemente, só o suficiente para causar uma sensação relativamente desconfortável.
— Bebe mais devagar — Reiner advertiu, assim que percebeu o que tinha acontecido com você, fazendo Ymir soltar uma gargalhada alta com a situação, levando uma leve cotovelada de História logo em seguida.
Você assentiu levemente com a cabeça para a fala do loiro, somente abrindo os olhos novamente quando a sensação de cérebro congelado já tivesse passado quase que completo. Conseguiu ver a expressão preocupada do seu amigo, estampada no rosto dele, o que arrancou um sorriso agradecido seu.
Mesmo depois de ter se mudado temporariamente do apartamento que dividia com seus amigos, Reiner ainda mantinha o mesmo instinto e senso protetor de antes, não deixando de falar com você nenhum dia sequer, lhe ligando sempre que podia para saber como você estava. Era inegável a posição de irmão mais velho que ele ocupava na sua vida, e você sempre foi imensamente grata por isso.
Além dele, Ymir também falava com você todos os dias, nem que fossem rápidas mensagens para saber sobre o seu paradeiro. Depois do que aconteceu com Floch, você não saía muito do apartamento de Eren, já que seus amigos preferiam que você ficasse em casa até a polícia resolver o caso e prender o ruivo. Mesmo assim, até quando só tinha você no apartamento, você nunca se sentia sozinha, já que sempre podia contar com as chamadas de vídeo que fazia com Ymir e, as vezes, com História também, quando elas estavam juntas.
— Para de rir, Ymir — A voz baixa da loira foi alta o suficiente para tirar você de seus pensamentos e levantar o olhar.
A morena ainda ria da sua situação, tentando se controlar. Mas, ao invés de ficar chateada, uma risada fraca acabou escapando de seus lábios, contagiados pela alegria da mais velha. Ymir logo parou de rir e olhou para você, com um sorriso simples, mas sincero, que sempre foi tão preciso para você.
— Já fez a matrícula da faculdade? — Reiner perguntou, olhando na sua direção, fazendo a atenção de vocês três virarem para ele.
— Já — Respondeu, dando outro gole, dessa vez menor, no milkshake — Fiz ontem, junto com o pessoal.
— Todos eles foram transferidos pra cá, né? — Foi a vez de Ymir perguntar, só voltando a falar quando você concordou com a cabeça — Vai ser incrível todo mundo estudando junto no próximo semestre — Ela se virou para a namorada — Né, amor?
História assentiu levemente com a cabeça, com um sorriso tão verdadeiro que quase enganaria você, se você já não soubesse o que tinha acontecido entre ela e Eren.
Desde o que aconteceu na casa de campo do Yeager, nenhum dos dois comentou mais sobre o assunto, mas a loira não evitava mais tanto o moreno. Eles não tinham tantas interações, mas as que tinham não pareciam tão desconfortáveis assim. Mas você imaginava que seria diferente quando as aulas voltassem, e eles se vissem todos os dias. Talvez História ainda não estivesse preparada para encarar, todos os dias, um ex que acabou fazendo mal a ela.
— [Nome]? — A voz levemente alta de Reiner fez você piscar diversas vezes, antes de se virar na direção dele — Tudo bem? Faz uns dois minutos que eu 'tô te chamando.
— Tudo bem, sim — Você respondeu rápido, esboçando um sorriso sem graça — O que você tinha dito?
— Levi falou mais alguma coisa sobre o caso de Floch?
— Ainda não sabem onde ele 'tá — Respondeu, dando mais um gole no milkshake, já acostumada com o gelado — Ele acha que Floch talvez tenha fugido pra outro país.
— É bem possível — Ymir disse, com um sorriso divertido nos lábios — Considerando o quanto aquele idiota é covarde.
— Mesmo assim — A namorada dela disse, antes que você pudesse responder — É bom tomar cuidado, pelo menos até a gente ter certeza de que ele realmente foi pra outro país.
— Eu não acho que... — Mas a morena parou de falar assim que o som de um novo pedido pronto foi emitido. Quando ela se virou na direção do balcão, viu que o número que estava sendo chamado era o de vocês — Chegou — Afirmou, se levantando — Vem me ajudar, Reiner — Não perguntou, e sim falou em um tom imperativo, fazendo o loiro revirar os olhos antes de se levantar e seguir ela.
Um pequeno silêncio se formou quando os dois mais barulhentos saíram da mesa. Assim como você, História era uma mulher mais reservada e tímida, que ouvia mais do que falava. Então, quando a voz doce dela atingiu os seus tímpanos, você quase tomou um susto:
— Como estão indo as coisas com o Eren? — Ela tentou esconder o tom de preocupação, mas os esforços foram inúteis.
— Muito bem, na verdade — Você respondeu, sabendo que ela só estava tão preocupada porque já tinha sido uma vítima dos ataques de raiva do moreno — Eu realmente gosto dele e sei que ele gosta de mim também.
— Eu soube que ele teve um ataque de raiva perto de você alguns meses atrás.
Pela primeira vez desde Reiner e Ymir saíram da mesa, você olhou direto nas íris azuis dela. História exalava preocupação e insegurança. Estava claro que ela ainda tinha vários pés para trás com o Yeager, mas isso só fez você abrir um sorriso de lado e optar por ser completamente sincera.
— Eu sei o que aconteceu entre vocês.
Um silêncio, dessa vez difrate, pairou entre vocês. Ele era tenso e incômodo, enquanto as íris azuis não desviavam de seu rosto e os olhos de História ficavam mais arregalados a cada segundo.
— Ele... te contou? — Finalmente, ela falou.
— Não — Você acabou desviando o olhar, totalmente envergonhada com o que ia falar a seguir — Eu acabei ouvindo a conversa de vocês por acidente, quando vocês se encontraram pela primeira vez.
A loira não respondeu, mas os olhos dela estavam menos arregalados. Aos poucos, ela ia parecendo menos surpresa, até que esboçou um sorriso, um tanto aliviado.
— Eu imaginei que, de algum jeito, você ia descobrir uma hora — História não olhava na sua direção e a voz dela estava mais baixa que o normal, quase como se ela estivesse arrependida de ter escondido isso por tanto tempo — Ymir sabe?
— Não.
— Por que não contou? — Agora, ela voltou a encarar você, com as sobrancelhas meio franzidas.
— Isso é um assunto entre vocês — Respondeu, dando de ombros — Se você não queria contar isso pra ela, não acho que cabia a mim contar, mesmo que eu ache que ela não ia ligar pra isso.
— Eu fiquei com medo de ela ficar com raiva de Eren pelo que aconteceu — Finalmente, você sentiu que essa conversa estava sendo 100% sincera — Não queria que isso atrapalhasse as coisas entre você e ele.
— Ymir tem esse senso de proteção e tudo mais — Você começou a explicar, rindo com suas próprias lembranças de todas as vezes que a morena já arrumou uma briga por sua causa — Mas ela sempre levou meus sentimentos muito em consideração. Ela não implicaria com Eren sem conhecer ele antes.
— Ele já te machucou? — A pergunta dela saiu muito baixa e você quase não a ouviu. Mas, assim que raciocinou o que ela tinha dito, um sorriso radiante tomou conta de seus lábios.
— Nunca — As lembranças da primeira vez que você teve contato com uma das crises do Yeager veio à sua mente — E nunca vai, não se preocupe. Eu sei que, mais do que ninguém, você sabe como Eren pode ser perigoso, mas eu prometo que ele não vai me fazer mal nenhum.
— Eu acredito — Pela primeira vez desde que a conversa iniciou, você viu um sorriso sincero nos lábios de História — Qualquer um que conhece Eren bem o suficiente sabe que ele mudou muito desde que reencontrou com você — Ela fez uma pausa, somente para pegar na sua mão, que estava em cima da mesa, perto do copo de milkshake — Você pode não acreditar, [Nome], mas você salvou Eren dele mesmo.
Seus olhos se arregalaram levemente, mas não por muito tempo. Durante alguns meses, você nunca se deu o devido crédito por ter ajudado o Yeager a superar os demônios dele, mas começou a se perguntar se ele também se dava créditos suficientes por ter lhe ajudado a superar os seus demônios. Por isso, parou de deixar que a insegurança tomasse conta de você e aceitou, de uma vez por todas, que vocês dois se ajudaram a superar seus respectivos demônios.
— Ele também me salvou.
Sua fala arrancou um sorriso ainda mais radiante da loira, que teria continuado a conversa, se Ymir e Reiner não tivessem chegando, brigando novamente, trazendo as bandejas com os lanches de vocês. Mas, mesmo que a conversa de vocês tivesse sido interrompida, ambas sentiam como se ela já tivesse se completado. Não existiam mais pendências entre vocês e, finalmente, História estava decidida a contar toda a verdade para a namorada.
— Vai fazer o que mais tarde? — O loiro perguntou, se sentando ao seu lado, colocando o hambúrguer que você tinha pedido na sua frente e a batata que iam dividir entre vocês dois.
— Lançou um livro de uma coleção que eu gosto — Começou a explicar, enquanto tirava o hambúrguer do papel, sentindo o cheirinho de fast-food invadir suas narinas — Aí eu vou em uma livraria comprar.
— Sozinha? — Foi a vez de Ymir perguntar.
— Eren vai se encontrar comigo lá.
— Eu posso te deixar lá de carro — Reiner sugeriu, com aquele mesmo semblante preocupado de sempre.
— A livraria é aqui do lado — O sorriso divertido que você tinha nos lábios diminuiu um pouco da tensão do loiro, mas ele ainda parecia preocupado — E eu preciso pegar um ar, depois de ficar trancada tantos dias em casa.
— 'Tá certo — A morena disse, roubando uma batatinha de vocês, recebendo uma rosnada irritada de Reiner por isso — Mas, já sabe, né?
— Qualquer coisa, eu ligo pra polícia na hora — Você disse, não esperando mais nada para dar uma mordida consideravelmente grande no hambúrguer que tinha em mãos.
Você sabia que seus amigos tinham motivos muito plausíveis para ficarem preocupados. Na verdade, você mesma não sabia como não estava trancafiada no quarto, com medo de tudo e todos. A verdade era que Floch já não era mais tão assustador quanto antes.
Era que engraçado como você tinha mudado, desde alguns meses atrás. Antes, você nem sabia se tinha vontade de viver de verdade ou só queria existir. Agora, você já não se contentava com só ficar trancafiada, chorando o dia inteiro, se sentindo um lixo só por existir. Você tinha criado metas e atingido várias delas. E isso não era só graças a Eren. É verdade que o moreno teve enorme participação na superação dos seus traumas, assim como todos os seus amigos e seus médicos também tiveram. Mas, muitos dos créditos dessa superação vão para você.
— Meu Deus, olha a hora — História disse, encarando a tela do celular que tinha em mãos, depois que todos vocês acabaram de comer e já estavam a mais de vinte minutos conversando sobre assuntos diversos — A gente vai chegar atrasada — Completou, olhando para a namorada.
— Caralho — Ymir resmungou, no meio de um suspiro — Eu já tava esquecida — Logo em seguida, se virou para vocês — A gente tem que ir.
— Eu levo vocês — Reiner disse, se levantando, mas olhando para você logo em seguida — Tem certeza que não quer que eu te leve pra livraria?
— Tenho — Você respondeu, com um sorriso confiante, antes de depositar um beijo rápido na bochecha do mais velho e também se levantar, indo se despedir das meninas logo em seguida.
Quando se deu por si, já estava andando pelas ruas movimentadas de Tokyo, sozinha. O clima não estava nem tão quente nem tão frio, fazendo andar por aí ficar ainda mais fácil. Você verificava algumas mensagens de Annie, pedindo ajuda para escolher a roupa que ela usaria para sair com Bertolt e os amigos dele da faculdade. Também respondeu algumas de Erwin, que estava mandando mais mensagens do que o normal, já que as sessões de vocês pararam de ser semanais e passaram a ser de quinze em quinze dias. Então, para se certificar de que estava tudo bem, o psicólogo lhe mandava mensagem, pelo menos, a cada dois dias.
Além dos dois, também tinham algumas mensagens não lidas de Zeke, perguntando se você queria que ele comprasse alguma coisa do supermercado. Você acabou soltando uma risada fraca, mas divertida, quando percebeu que o loiro acabou, praticamente, se mudando para o apartamento do irmão. Mais do que qualquer um, você sabia como o Yeager mais velho amava Eren, e ficava mais do que feliz em ver que os dois estavam se dando cada vez melhor, mesmo que lhe aperrear fosse algo que eles faziam muito quando estavam juntos.
Mas, quando você estava indo responder Zeke, seu celular tocou e o nome de Eren apareceu na tela, arrancando um sorriso involuntário seu. Sem esperar, você atendeu a chamada, colocando o aparelho telefônico perto do ouvido.
— Princesa? — Por mais que vocês já estivessem juntos a um tempo, toda vez que ele lhe chamava assim fazia todos os pelos do seu corpo se arrepiarem.
— Oi, amor — Você não conseguiu ver o sorriso enorme que o Yeager esboçou quando ouviu você o chamar assim — O que foi? — Perguntou, quando ele demorou para responder.
— Queria saber se você já chegou na livraria — Ele respondeu, ainda com um sorriso meio bobo no rosto, mas que você não conseguia ver — Já 'tô indo pra lá.
— Acabei de chegar — Você disse, levantando o rosto e percebendo que já conseguia ver o prédio relativamente pequeno a poucos metros de onde você estava — Fico te esperando perto daquela sala de estudos no segundo andar.
— Beleza. Chego em cinco minutos.
— Certo — Enquanto falava, você passava pelas portas duplas do lugar, sentindo o cheiro de livros novos invadirem as suas narinas e o gelado do ar-condicionado arrepiar a sua pele — Vou ficar te esperando, então.
— Certo — Quando você achou que esse fosse ser o fim da ligação, ele completou — Te amo.
— Eu também te amo — Você respondeu, até parando de andar, com o mesmo sorriso bobo que ele tinha.
Assim que você desligou a chamada, um suspiro fundo escapou de seus lábios. Tentando tirar Eren dos pensamentos, você foi logo na direção das escadas, subindo dois lances logo de uma vez, indo até a sessão que você queria.
Como você já era uma cliente fiel do lugar, não foi nem um pouco difícil se localizar e chegar na sessão certa, em pouco tempo. E, no momento em que chegou, já conseguiu ver várias impressões do livro que queria, espalhadas pelas prateleiras grandes.
Impressionantemente, haviam poucas pessoas na livraria, muito menos no andar de cima. Olhando para os lados, você percebeu que estava sozinha, mas deu de ombros e foi até uma das edições, a pegando e folheando um pouco, enquanto Eren não chegava.
Você cantarolava baixinho, ao mesmo tempo em que passava os olhos pelas primeiras páginas, não conseguindo se segurar e lendo um pouco do começo da história. Somente o som de passos fez você tirar a atenção do livro e virar para trás, com um sorriso enorme no rosto, já pensando em tudo o que iria falar para o Yeager sobre suas expectativas do livro.
— Consegui achar o... — Mas, assim que se virou, você parou de falar. Floch era a única pessoa, além de você, no andar e ele tinha os olhos fixos em você, completamente sérios — O que 'tá fazendo aqui? — Conseguiu falar, tentando esconder o desespero na sua voz, o que arrancou uma risada sarcástica do ruivo.
— O que eu tô fazendo aqui? — Ele repetiu a pergunta, começando a se aproximar em passos lentos — Eu vim te levar comigo, docinho.
— Floch, a gente já conversou sobre isso — Por mais surpreendente que fosse para todos, você estava conseguindo falar o que pensava e a ideia do que o ruivo pudesse achar ou fazer já não te assustava tanto quanto antes — Por que você só não me deixa em paz?
— Deixar em paz? — Repetiu, dessa vez não com sarcasmo, e sim com raiva — [Nome], tem noção do que você 'tá me pedindo? — Os passos lentos haviam parado, mas voltaram quando a expressão de raiva sumiu do resto dele, fazendo aquele sorriso sarcástico voltar aos lábios dele — Eu 'tô fazendo um favor pra você. Acha mesmo que o Yeager vai ficar ao seu lado por muito tempo? — Agora, ele estava sério e parado a poucos metros de você — Quando ele se cansar de brincar, vai te deixar e você vai ficar sozinha, sem ninguém.
— Eren não é que nem você, Floch — Você disse, surpresa consigo mesma por não estar gaguejando ou desviando o olhar — E a gente não tem mais nada pra conversar — Levemente hesitante, você deu um passo para o lado, segurou firme o livro que tinha em mãos e já estava preparada para sair de lá — Então, só para de vir atrás de mim.
O ruivo tinha as sobrancelhas arqueadas, em completa surpresa, mas você desviou o olhar do rosto dele cedo demais para conseguir ver elas se franzindo e uma expressão indescritível de indignação tomar conta do rosto dele.
Quando você já estava quase ultrapassando completamente o corpo de Floch, preparada para sair dali e ligar para Levi, sentiu seus ombros e sua cintura serem puxados bruscamente. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, seu corpo foi atirado contra uma parede e o seu braço direito raspou em uma quina de uma prateleira, rasgando superficialmente a sua pele, mas o suficiente para fazer um filete de sangue escorrer pelo membro.
Além disso, a parede em que ele havia lhe empurrado era revistada de alguns quadros com moldura de vidro. Então, quando você atingiu alguns deles com as costas, eles quebraram, fazendo alguns pequenos cacos de vidro machucarem os seus ombros, expostos.
Por mais que você conseguisse ver o sangue, não eram os ferimentos que lhe assustavam, mas sim a expressão de Floch, que já estava a centímetros de você.
Sua boca se abriu, quase que involuntariamente, e você tomou fôlego para gritar, mas sentiu a mão de Floch calar você, com muita força. Sabia que os dedos dele ficariam marcados nas suas bochechas depois disso, mas você não sentia dor. Estava muito anestesiada com o medo para sentir qualquer dor física.
— Se você gritar — Ele começou a falar, sussurrando bem rente ao seu ouvido, fazendo todo o seu corpo tremer de puro pavor — Eu vou apertar o seu pescoço até você parar de respirar.
Você não tentou falar nada e nem se mexeu. Para falar a verdade, você nem sabia se estava respirando direito. Mesmo assim, não desviou o olhar das íris raivosas dele, nem por um segundo.
O medo ainda gritava na sua mente, mas você sabia que isso tudo podia acabar, porque você não estava mais disposta a se submeter à forma que Floch lhe tratava. Antes, você teria voltado para ele como em um estalar de dedos, simplesmente pelo fato de que você achava que iria ficar sozinha sem ele. Mas, parando para pensar agora, mesmo que você ficasse, de fato, sem um namorado. Qual seria o problema disso?
Você passou tanto tempo pensando que teria que ser amada romanticamente por alguém, que se esqueceu que você nunca tinha ficado sozinha. Seus amigos sempre estiveram lá por você, de todas as formas imagináveis.
Mesmo que você não ficasse com ruivo, ou até que Eren realmente lhe deixasse, você nunca ficaria sozinha.
Por isso, você não desviou o olhar do dele, porque sabia que nada voltaria a ser como era antes. Floch teria que te matar antes de fazer você aceitar ir com ele para algum lugar.
Mas, enquanto você pensava nisso, o corpo do ruivo foi atirado para longe de você, lhe tirando de todos os seus pensamentos. Assim que virou o rosto para onde ele tinha caído, seus olhos se arregalaram ao ver Eren, tão furioso como você nunca tinha visto.
Durante os últimos meses, você tinha presenciado algumas crises dele, mas em nenhuma delas ele exalava tanto ódio como agora.
Floch estava jogado no chão e o Yeager estava em cima dele, mas não demorou muito tempo para o Forster começar a tentar sair de lá e, com isso, fazer o moreno começar a socar o rosto dele, repetidas vezes.
— Eren! — Você gritou, indo para perto dos dois, mas o Yeager não olhou na sua direção. Ele continuava a bater em Floch, sem parar, que também revidava algumas vezes — Eren para! — Você gritou, sem sucesso — Você vai acabar matando ele! Para! — Nenhuma resposta. As lágrimas já corriam pesadamente pelo seu rosto, não com pena do ruivo, mas desesperada com a ideia do moreno tirar uma vida por sua causa — Socorro! — Você começou a gritar, mais para o rosto da livraria do que para os dois homens brigando — Alguém me ajuda, por favor!
Seus gritos podiam ser ouvidos por toda a livraria, mas ninguém se dispôs a subir as escadas e ver o que estava acontecendo. Com as mãos trêmulas, você tirou o celular da bolsa, que estava jogada no chão, e procurou nos seus contatos, o mais rápido possível.
— Alô? — A voz baixa e monótona fez o seu choro sessar um pouco, mas nada que conseguisse disfarçar dele — O que aconteceu, [Nome]?
— Me ajuda, por favor — Sua voz era trêmula e baixa, interrompida pelo choro pesado — Por favor, ajuda o Eren, Levi.
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