vi. gathering
𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗦𝗘𝗜𝗦
❝ conclave ❞
Já era um pouco tarde quando acordaram de um longo sono na enfermaria, mandaram eles ficarem lá por precaução. Após tomarem uma ducha, os três estavam sentados na mesa comendo o resto do almoço que Caçarola havia feito. Pelo menos a comida de hoje não era aquela gororoba que ele chama de ensopado.
Na mesa, um silêncio estava presente entre os três. Nenhum tinha assunto para puxar ou para conversar. Estavam bastante concentrados devorando o almoço como se estivessem há dias sem comer algo.
—Olha, Ella... — Minho começou a dizer enquanto olhava para a garota ruiva, essa que começou a o olhar também. — Me desculpa, por ter corrido e deixado vocês... Você está certa, eu fui um verdadeiro covarde!
Um riso fraco escapou dos lábios de Ella.
—Nem sempre é o cavalheiro que salva a donzela. As vezes podemos fazer uma reviravolta na história onde a donzela que salva o cavalheiro. — ela deu uma gargalhada, fazendo o asiático imitar a garota. — E que bom que admite que você foi um covarde.
—Você acha que o Alby vai melhorar? — indagou Thomas. Ella apenas deu de ombros.
—Acho que não. A picada de verdugo não tem cura, ou pelo menos não a temos. — explicou a ruiva. — Talvez ele parta dessa para melhor. — a garota diz, mas imediatamente Minho começa a fazer um sinal para ela, indicando que havia alguém atrás da garota. Ao olhar para atrás, viu Newt ali, com um semblante um pouco triste. O arrependimento de ter dito essa frase bateu. — Newt... Me desculpa... Eu não queria ser pessimista...
—Não tem problema, El. — ele diz se sentando ao lado de Minho. — Você está certa, talvez ele não dure muito tempo. Agora, é pensar no que vamos fazer com vocês dois. — ele diz apontando para Thomas e Ella, que estavam sentados juntos.
—Fazer com nós dois? Do que você está falando? — questionou Thomas.
—Você virou toda esta droga de lugar de cabeça para baixo, seu maldito trolho. — ele diz apontando para Thomas. — E quanto a você, Ella, tem essa coisa acontecendo com você. Você literalmente lançou chamas em um verdugo, chamas que saiu da sua mão, o que é bem estranho, não acha? Agora que vocês dois entraram no labirinto e sobreviveram a uma noite, metade dos Clareanos acha que vocês são deuses, a outra metade quer atirar vocês no Buraco da Caixa. O que não falta é assunto para conversar.
—Que tipo de assunto? — quis saber Ella.
—Vão descobrir daqui a pouco. — o loiro diz se levantando. — Convoquei uma Conclave para daqui meia hora. E vocês vão participar, isso vale mais para o Tommy do que para a Ella, já que ela participa de todas as Conclaves por ser a segunda Encarregada dos Corredores. A diferença, é que ela, junto com esse trolho, são o único tema na droga da pauta.
Dizendo isso, deu meia-volta e se afastou. Ella se perguntava porque precisava de uma Conclave apenas para discutir sobre ela e Thomas.
O moreno deu uma cotovelada de leve na ruiva, a fazendo o olhar.
—O que é uma Conclave? — perguntou em um sussurro.
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Thomas encontrava-se sentado em uma cadeira, com Ella ao seu lado, o garoto estava preocupado e ansioso, suando, de frente para os outros. Os nove Encarregados ocupavam cadeiras dispostas em semicírculo em torno dele, com exceção de Minho, que estava em pé encostado em uma parede, não muito longe de Thomas e Ella. Newt ocupava uma cadeira ao lado de uma vazia que seria de Alby. Já os outros Clareanos estavam espalhados pela Sede, eles estavam lá para darem seus votos quando forem decidir o que fazer com os dois motivos dessa Conclave.
"Vai dar tudo certo." — Ella diz mentalmente para Thomas ao perceber sua situação, ele a olhou. A ruiva sorriu para o garoto que retribuiu o sorriso.
Mas quem não gostou nada nada dessa troca de sorrisos, foi Minho, que encarava os dois um pouco incomodado. Mas, teria que manter a postura diante de todo mundo.
—Em nome do nosso líder, que está de cama, declaro este Conclave iniciado — disse ele, com um rápido rolar de olhos, como se odiasse tudo que lembrasse formalidade. — Como todos sabem, os últimos dias foram bem loucos, e muita coisa parece estar ligada ao nosso Novato, Tommy, aqui presente. — o rosto de Thomas enrubesceu de embaraço. — E a nossa corredora, Ella, que está tendo algumas coisas... sobrenaturais, dentro dela.
—Ele não é mais um Novato. — falou Gally, a voz áspera tão grave e cruel que soou quase cômica. — Agora ele é apenas um transgressor.
O comentário provocou uma profusão de murmúrios e sussurros, mas Newt fez com que se calassem. Thomas de repente sentiu vontade de estar o mais longe possível daquela sala. Já Ella mantinha a postura e estava séria enquanto esperava eles decidirem o que vão fazer com ela.
—Gally — falou Newt —, vamos manter uma ordem nesta droga. Se pretende arreganhar essa latrina toda vez que eu disser alguma coisa, pode ir dando o fora, porque não estou numa boa hoje.
Ella teve vontade de se levantar e aplaudir, assim também como Thomas. Os dois se entreolharam percebendo isso.
"Também quis aplaudir?" — indagou Thomas mentalmente. Ella imediatamente assentiu com a cabeça.
"Se pudesse eu dava um buquê de flores e dava um beijo no Newt. Mas seria nojento ao ver que considero ele como irmão." — respondeu Ella mentalmente. Essa frase da ruiva fez os dois terem que tapar a boca com a mão para não começarem a rir ali mesmo.
E novamente, um incômodo ao ver os dois acendeu em Minho, o que fez ele revirar os olhos e cruzar os braços enquanto encarava os dois.
Gally cruzou os braços e recostou-se na cadeira, a carranca tão forçada que Thomas e Ella quase deram mais uma gargalhada. Agora ele parecia um idiota, uma figura patética, bom, para a garota ele sempre foi isso.
Newt dirigiu um olhar duro a Gally e continuou.
—Que bom que esclarecemos esse ponto — disse Newt rolando novamente os olhos. — O motivo de estarmos aqui é porque quase todo adorável garoto nesta Clareira me procurou nos últimos dois dias para acabar com Thomas e Ella ou para pedir suas mãos em casamento. Precisamos decidir o que vamos fazer com eles.
Gally inclinou-se para a frente, mas Newt o cortou antes que pudesse dizer alguma coisa.
—Você terá a sua oportunidade de falar, Gally. Um de cada vez. E, Tommy, El, vocês não está autorizados a dizer porcaria nenhuma até eu mandar, tudo bem? — advertiu ele enquanto aguardava um sinal de Thomas e Ella consentindo, que foi dado de má vontade. Ella apenas ficou quieta, indicando que havia consentido. Depois apontou para o garoto na cadeira à extrema direita. — Zart, você começa.
—Bem — começou Zart, correndo vivamente o olhar pelo local, como se esperasse que alguém lhe dissesse o que falar. — Sei lá. Eles desrespeitaram uma das nossas regras mais importantes. Não podemos deixar que as pessoas pensem que está tudo bem.
—Opa, pera lá! — Ella interviu, arrancando olhares para si. — Eu não desrespeitei nenhuma regra! Esqueceu que sou uma corredora? A regra é bem clara: ninguém pode entrar no labirinto, exceto os corredores.
—El. — Newt a chamou, e fez um sinal com a cabeça para que ela se calasse como o combinado. A ruiva apenas se ajeitou na cadeira e assentiu. — Continue, Zart.
—Mas, de qualquer forma, agora sabemos que a Ella pode ajudar a distrair os Verdugos para sairmos daqui.
A garota sorriu, se sentindo imensamente grata por Zart. Iria ajudá-lo mais vezes na jardinagem.
—Ah, corta essa! — bradou Gally. — Até agora eu não entendi o que o Thomas fez!
—Mais coisa do que você. — murmurou a garota, arrancando um olhar do próprio Gally.
—O que você disse? — indagou sem paciência.
A garota bufou e o encarou.
—Ele fez mais coisa do que você. Se não fosse pelo Thomas, eu não conseguiria ter matado aquele Verdugo sozinha.
—Você só está dizendo isso para defender esse Fedelho!
—Gally, feche a matraca! — gritou Newt, dessa vez levantando-se para impressionar. Thomas e Ella sentiram, de novo, vontade de aplaudir. — Sou o maldito Presidente aqui e, se ouvir mais uma droga de comentário seu, vou providenciar um outro Banimento para o seu traseiro sujo.
—Por favor — Gally murmurou sarcasticamente, enquanto franzia a testa de forma ridícula. — E é só comigo que vai gritar? Essa garota também estava falando! Não é porque ela é sua amiga que deve deixar por isso!
Com uma encarada irritada de Newt, Gally se sentou largado na cadeira. Ella não conteu um riso nasal.
Newt sentou-se e fez um sinal para Zart.
—Acabou? Alguma recomendação oficial?
Zart abanou a cabeça negativamente.
—Certo. Você é o próximo, Caçarola.
O cozinheiro sorriu e endireitou-se na cadeira.
—Esses dois tem mais colhões do que todos os porcos que preparei no ano passado. — fez uma pausa, como se esperasse risos, mas ninguém riu. Ao ver como o garoto ficou, Ella soltou uma gargalhada apenas para não deixá-lo constrangido. O cozinheiro sorriu para ela em agradecimento. — Isto é uma bobagem. Eles salvam a vida do Alby, matam um Verdugo e a gente senta aqui para tagarelar sobre o que fazer com eles? Como o Chuck diria — ele diz apontando para Chuck, que estava ao lado de Clint —, isto é uma montanha de plongs.
Caçarola havia acabado de dizer exatamente o que a própria Ella estava pensando. Resolveu que vai ajudar ele na cozinha em agradecimento. Ou talvez comer a sua gororoba sem fazer careta.
—E o que recomenda então? — indagou Newt.
Caçarola cruzou os braços.
—Ponham eles no Conselho para nos ensinar tudo o que fizeram lá fora. Talvez nós vamos conseguir fazer fogo com as mãos assim como a Ella.
As vozes se ergueram de todas as direções e Newt precisou de quase um minuto para acalmar os ânimos. Ella arqueou a sobrancelha. Caçarola fora longe demais com aquela recomendação.
—Tudo bem, tomando nota — falou Newt enquanto fazia exatamente isso, escrevendo em um bloco de anotações. — Agora todo mundo fique com a maldita boca fechada, não estou brincando. Vocês conhecem as regras: todas as ideias são aceitáveis... e todos têm direito a dar a sua opinião quando formos votar. — terminou de escrever e indicou o terceiro membro do Conselho, um garoto que nem a própria Ella reconhece.
—Na verdade, não tenho opinião nenhuma — disse ele.
—O quê? — Newt reagiu com raiva. — Que bela coisa foi escolher você para o Conselho, então!
—Sinto muito, sinceramente, não tenho. — ele deu de ombros. — No mínimo, concordo com o Caçarola, eu acho. Por que punir duas pessoas por salvarem a vida de alguém?
—Então você tem uma opinião... É só isso? — insistiu Newt, lápis na mão.
O garoto concordou, e Newt tomou nota. Pelo menos a maioria estava a favor deles. Ainda assim, era mesmo difícil só estarem sentados ali, Thomas queria desesperadamente falar em sua própria defesa. Mas forçouse a seguir as ordens de Newt e ficar calado. Já Ella, bom, digamos que duas vezes descumpriu essa ordem.
Em seguida foi a vez de Winston.
—Eu acho que eles deveriam ser punidos. Sinto muito, pessoal. — ele diz olhando para os dois.
—Sim, claro, amigos amigos, negócios a parte. — retrucou Ella enquanto revirava os olhos. Da próxima vez, irá pensar e repensar trezentas vezes quando for ajudar Winston no Sangradouro.
—Enfim, continuando... — ele continuou, ignorando totalmente a ruiva. — Newt, você mesmo é um que sempre está falando em ordem. Se eles não forem punidos, daremos um mau exemplo. Eles transgrediram a Regra Número Um.
"Quantas vezes irei dizer que não quebrei regra nenhuma?!" — Ella pensou enquanto bufava com certa irritação.
—Ok — falou Newt, anotando no bloco. — Então você recomenda que eles sejam punidos. E que tipo de punição seria?
—Acho que eles deviam ser colocados no Amansador a pão e água por uma semana. E devemos fazer com que todos saibam disso para que ninguém venha com ideias.
Gally bateu palmas, recebendo uma careta de fúria de Newt. O coração de Thomas ficou um pouco apertado e Ella ficou arrependida por não ter feito a mesma coisa antes.
—Isso não é justo! — Ella se exaltou enquanto se levantava. — Caramba, até entendo punirem o Thomas. Mas eu? Eu sou uma corredora! Não quebrei nenhuma regra! Ou seja, não preciso de punição!
—El, por favor, sente-se. Sua vez de falar vai chegar logo. — Newt disse calmamente para a garota, que apenas voltou a se sentar de má vontade.
Outros dois Encarregados falaram, um a favor da ideia de Caçarola, outro da de Winston.
Então chegou a vez de Newt.
—Concordo com a maioria de vocês. Tommy deveria ser punido, já que a Ella realmente não quebrou nenhuma regra, mas precisamos encontrar um modo de usá-los. Vou deixar a minha recomendação para depois, quando tiver ouvido todo mundo. O próximo.
Falaram todos na sequência. Alguns achavam que eles deveriam ser elogiados, outros que deviriam ser punidos. Ou ambos. Thomas e Ella mal conseguia prestar atenção, tentando imaginar os comentários dos últimos dois Encarregados, Gally e Minho.
Gally foi o primeiro.
—Acho que já deixei bem claras as minhas opiniões.
—Ótimo. Então, fique de boca fechada. — murmurou Ella, mas apenas Thomas havia a ouvido.
—Bom isso — falou Newt com mais um rolar de olhos. — Sua vez agora, Minho.
—Não! — gritou Gally, fazendo alguns Encarregados e alguns Clareanos, esses que estavam quietos desde que entraram na Sede, saltarem na cadeira. — Quero dizer mais uma coisa.
—Então desembuche logo — replicou Newt.
—Agora pensem no seguinte — começou Gally. — Há dois anos atrás, essa garota subiu na Caixa, o que fez todos se perguntarem o porque de terem enviado uma garota em uma Clareira cheia de garotos. Sempre fiquei desconfiado dela desde então. E agora, esse cabeção surge na Caixa, parecendo todo confuso e amedrontado. Alguns dias depois, está correndo no Labirinto com os Verdugos, agindo como se fosse o dono do pedaço.
Thomas encolheu-se na cadeira, esperando que os outros não pensassem em nada parecido. Já Ella estava com os braços cruzados apenas ouvindo essas barbaridades. Gally continuou a sua ladainha.
—Acho que foi tudo uma encenação. Como ele poderia fazer o que fez lá depois de apenas alguns dias? Não dá pra engolir isso. A mesma coisa com a Ella. O que nos indica que ela realmente perdeu a memória? Ela é a única diferente aqui.
—O que está tentando dizer, Gally? — indagou Newt. — Que tal esclarecer logo a sua maldita opinião?
—Acho que eles são espiões das pessoas que nos puseram aqui.
Mais uma vez a garota arqueia a sua sobrancelha e sua cara fecha instantaneamente. Espiã? Que merda ele está falando?!
—Tá legal! Isso foi demais! — a garota diz se levantando com certa irritação, Thomas tentou segurar seu braço para tentar impedi-la, mas a mesma já caminhava em direção a Gally com raiva no olhar. — Está achando o que, Gally? Por que eu seria uma espiã?!
—Ella, se acalma. — Newt tentou a acalmar se aproximando da ruiva.
—Não, Newt! Eu não vou me acalmar! — ela diz se virando para o loiro. — Esse mertila fica me acusando e falando atrocidades o tempo todo! Acha que eu vou ficar calada?! Eu cansei! — exclamou. Newt imediatamente ficou calada e apenas deixou Ella acabar o que havia começado. A garota se virou para Gally novamente. — Anda, me responde! Por que eu seria uma espiã?!
—Não é óbvio? Você é a única garota aqui, nunca me passou confiança.
—Mas os outros confiam em mim! Vem cá, já não acha que eu teria acabado com vocês faz tempo se eu realmente fosse uma espiã? Se toca! Você com certeza está falando isso por que simplesmente não gosta de mim! Admite logo que está usando a sua autoridade como encarregado para me dar a punição que você tanto quer!
—Eu acho que você deveria calar a boca ao invés de ficar falando plong! Já que, do jeito que você é maluca, só fala bobagem!
—Sim, eu sou maluca, mas se você testar a minha paciência vai ver que sou uma insana por completo! — exclamou enquanto o encarava com irritação no olhar.
Após essa frase, foi instantâneo, seus olhos novamente começaram a ter a mesma visão turva alaranjada que estava tendo. Suas veias voltaram a queimar e logo a sua mão que estava fechada estava começando a ter a luz das chamas que estavam surgindo na palma de sua mão. Mas dessa vez, ela não estava incomodada, e sim confiante. Era como se ela mesma estivesse provocando todas essas sensações, ela queria que as chamas na palma de sua mão aparecessem.
Sua vontade era de queimar Gally até que sobrasse apenas cinzas do seu corpo.
—Você não deveria ser punida por entrar no labirinto, mas deveria ser punida por causa dessa coisa estranha que está acontecendo com você. — a fala de Gally a fez imediatamente desviar o olhar e piscar repetidamente para ver se toda aquela sensação acabava. — Você literalmente matou um Verdugo lançando chamas nele, chamas vinda da onde? Sua mão. Isso é um tanto estranho. Devemos tomar as providências em relação a isso.
—Ah, claro, eu seria punida por isso?! Foi graças a essa coisa estranha que Thomas e eu matamos aquele verdugo! Você só fala bobagens Gally! Você deveria era agradecer e se ajoelhar na nossa frente por termos matado um verdugo! Algo que ninguém havia feito!
—Muitas coisas estranhas estão acontecendo, e tudo começou quando esse Fedelho cara de mértila apareceu. E por acaso ele e a Ella são as primeiras pessoas a sobreviver uma noite no Labirinto. Tem alguma coisa errada e, até que a gente descubra, recomendo oficialmente que eles dois fiquem apodrecendo no Amansador... por um mês. Depois faremos uma nova avaliação.
Mais discussões brotaram, e Newt escreveu alguma coisa no bloco, abanando a cabeça o tempo todo, o que deu a Thomas um fiapo de esperança. Já Ella revirou os olhos e se sentou ao lado do moreno novamente de má vontade.
—Isso é desnecessário e muito injusto. — murmurou a garota.
—Terminou, Comandante Gally? — indagou Newt.
—Vê se para de dar uma de espertinho, Newt. — desferiu ele, o rosto vermelho. — Estou falando muito sério. Como podemos confiar nesse trolho depois de menos de uma semana? E agora, como podemos confiar na Ella com essas coisas? Pelo menos pense no que estou dizendo, antes de ficar me tirando.
Pela primeira vez, Thomas sentiu um pouco de empatia por Gally. Ele tinha uma opinião sobre como Newt o tratava. Gally era um Encarregado, afinal de contas. "Mas ainda o odeio", pensou.
"Eu também o odeio, você não está sozinho." — disse Ella mentalmente. Thomas a olhou e deu um sorriso cúmplice.
"Até que essa coisa de telepatia não é tão ruim, não é?" — ele diz em sua mente, fazendo a garota assentir com a cabeça. Era legal conversar com alguém sem ninguém estar ouvindo.
—Ótimo, Gally. — falou Newt. — Me desculpe. Ouvimos o que disse e vamos todos considerar a sua maldita recomendação. Acabou?
—Sim, acabei. E estou certo.
Com o fim da fala de Gally, Newt apontou então para Minho.
—Vá em frente. O último, mas não menos importante.
Thomas e Ella se alegraram por ser a vez de Minho. Com certeza ele os defenderiam até o fim. Minho se ajeitou antes de começar a falar.
—Eu estava lá. Eu vi o que esses dois fizeram... eles permaneceram fortes enquanto eu me transformei num covarde choramingão. Não vou ficar de conversa mole que nem o Gally. Quero dar a minha recomendação e ponto final.
Thomas prendeu a respiração, imaginando o que ele iria dizer. Já a garota olhava para o asiático, curiosa com sua recomendação.
—Tudo bem. — falou Newt. — Fale, então.
Minho olhou para Thomas e Ella.
—Eu indico esse trolho para me substituir como Encarregado dos Corredores, sendo Encarregado junto com a Ella. Falando nela, recomendo que estudemos mais sobre o que está acontecendo com ela e podemos até usar isso como distração para os Verdugos, para enfim sairmos daqui.
Um silêncio total encheu a sala, como se o mundo tivesse sido congelado. Todos os membros do Conselho e os Clareanos olhavam para Minho. Em sua cadeira, Thomas ficou atordoado, esperando que o Corredor dissesse que estava brincando.
Gally quebrou o encantamento, pondo-se de pé.
—Isso é ridículo! — olhou para Newt e depois apontou para Minho, que voltara a se encostar na parede. — Ele deveria ser expulso do Conselho por dizer uma coisa tão idiota.
—Na verdade, você que deveria ser expulso por dizer coisas idiotas. — retrucou Ella.
Alguns Encarregados e Clareanos pareceram concordar com a recomendação de Minho - como Caçarola, que aplaudiu tentando abafar as palavras de Gally, pedindo para votar. Outros não. Winston abanou a cabeça inflexivelmente, dizendo alguma coisa que Thomas não conseguiu entender direito. Todos começaram a falar a um só tempo. Chuck gritava o nome de Thomas e Ella começando uma torcida animada, mas imediatamente ele se calou ao ver que ninguém havia o seguido.
Por fim, Newt largou o bloco onde fazia as anotações e encaminhou-se para fora do semicírculo, ordenando aos gritos que todos calassem a boca. Aos poucos, porém, a ordem foi restaurada e todos se sentaram.
—Mértila. — falou Newt. — Nunca vi tantos trolhos agindo como bebezinhos. Pode não parecer, mas por aqui somos adultos. Ajam como tal, ou vamos acabar com este Conselho e começar tudo da estaca zero. — caminhou de uma extremidade à outra da fileira curva formada pelos Encarregados e Clareanos sentados, olhando cada um deles nos olhos enquanto falava. — Estamos entendidos?
O silêncio se abatera sobre o grupo. Thomas e Ella esperaram mais explosões, mas ficaram surpresos quando todos inclinaram a cabeça concordando, até mesmo Gally.
—Ótimo. — Newt voltou para a sua cadeira e sentou-se, pondo o bloco no colo. Depois de rabiscar algumas linhas, olhou para Minho.
— Esta porcaria é muito séria, cara. Sinto muito, mas você precisa argumentar melhor para ir adiante com a sua proposta.
Thomas não podia negar quanto estava ansioso para ouvir a resposta.
Minho parecia exausto, mas começou a defender a sua ideia.
—É fácil demais para vocês, seus trolhos, ficar sentados aqui discutindo sobre uma coisa de que não entendem nada. Ella e eu somos os únicos Corredores deste grupo, e o único aqui além de nós dois que já esteve lá fora, no Labirinto, é Newt. Seja como for, ouçam o que tenho a dizer. Em toda a vida, nunca vi nada parecido com aquilo. Eles não entraram em pânico. Não se queixaram, nem choraram, nunca pareceram ter medo. Cara, e Thomas está aqui só há uns dois dias. E a Ella, cara, ela é uma garota, e foi mais corajosa que muitos garotos por aqui. Pensem em como todos éramos no começo. Enfurnados pelos cantos, desorientados, chorando toda hora, desconfiando de todo mundo, recusando-se a fazer qualquer coisa. Todos fomos assim, durante semanas ou meses, até não termos outra escolha senão encarar a barra e viver.
Minho apontou para Thomas.
—Apenas alguns dias depois de este cara aparecer, ele sai para o Labirinto para salvar dois trolhos e uma garota entrando no labirinto que mal conhecia. Todo esse plong sobre ele desrespeitar uma regra é pra lá de idiota. Ele conhece as regras. Mas quase todo mundo tinha falado para ele como é estar no Labirinto, especialmente à noite, e a Ella sabe como é estar lá. E mesmo assim eles foram lá, justo quando a Porta estava fechando, preocupados apenas com duas pessoas que precisavam de ajuda. Eu acho que, durante o tempo que estivemos aqui, ninguém jamais matou um verdugo. Quando dei as costas e corri, esses mértilas ficaram para ajudar o Alby. A Ella eu sei que é corajosa, mas não sei se o Thomas é também um corajoso ou na verdade um burro. Por isso, sugeri que ele me substituísse como Encarregado dos Corredores, precisamos de gente como ele. A Ella seria a primeira Encarregada e ele o segundo, assim como está sendo agora. Acho que os dois fariam um trabalho melhor.
Ella levantou a mão quando o asiático terminou de falar.
—Posso dar uma sugestão? — perguntou para Newt. Mas, Gally respondeu antes dele.
—Você não está sujeita a falar, esqueceu?
—Eu perguntei para o Newt. — retrucou a garota.
—E por que você daria uma sugestão? — indagou Gally. Ella apenas deu de ombros.
—Porque antes disso tudo acontecer, eu também sou uma Encarregada, então assim como todos os Encarregados eu também tenho o direito de opinar e dar uma sugestão, mesmo eu sendo o assunto da pauta.
—Pode falar, El. — Newt diz antes de Gally dizer mais alguma coisa.
—Obrigada, Newt. — agradeceu e em seguida se levantou. — Bom, não irei ficar muito de conversa mole. Thomas sim, quebrou uma regra, mas pensa, foi para nos ajudar com o Alby. E quando Minho foi um covarde e abandonou nós dois, ficamos lá, ajudando o Alby. Passamos uma noite no Labirinto e matamos um verdugo, coisa que ninguém havia feito. Punir ele por literalmente salvar a vida do nosso líder é completamente injusto e desnecessário! Devemos usar isso ao nosso favor. Obviamente a ideia do Minho de tornar ele um Encarregado é péssima, mas, ele está certo quando disse que precisamos de gente como o Thomas. Minha sugestão é que o tornamos um corredor e veremos como vai se sair daqui em diante.
—Sua ideia é péssima! — exclamou Gally.
—A sua que é péssima! A minha ideia é a melhor até agora! — Ella retrucou.
—E é claro que ela vai ser a escolhida, você sendo amiguinha do Newt, obviamente ele vai escolher a sua. — ele diz revirando os olhos. — Algumas pessoas são sortudas demais.
—Gally — disse Minho em voz mais calma, se intrometendo -, você não passa de um maricas que nunca, nem uma vez, pediu para ser um Corredor ou para tentar ser. Você não tem o direito de falar sobre coisas que não compreende. Então cale a sua boca.
Gally levantou-se outra vez, furioso.
—Fale mais uma dessas e vou quebrar o seu pescoço e o pescoço da sua namoradinha também, aqui mesmo na frente de todo mundo. — ele respingava saliva pela boca enquanto falava.
Minho deu uma risada, depois levantou a palma da mão e empurrou o rosto de Gally. Thomas meio que se levantou quando viu o rapaz ser arremessado de volta à cadeira, inclinando-a com violência para trás e rompendo-a em dois pedaços. Gally esborrachou-se no chão, depois fez um esforço para se levantar, apoiando-se com dificuldade nas mãos e nos pés. Minho aproximou-se dele e atingiu as costas de Gally com a sola do pé, obrigando-o a estatelar-se no chão.
Thomas afundou-se na cadeira, atordoado, e Ella olhava toda a situação em uma mistura de choque e animação.
—Eu juro, Gally — disse Minho com um sorriso de escárnio. — Nunca mais ouse me ameaçar e muito menos ameaçar a Ella. Nem mesmo fale com a gente de novo. Nunca. Senão, quem vai quebrar o seu pescoço de mértila sou eu, logo depois de fazer o mesmo com os seus braços e pernas.
Newt e Winston estavam de pé, segurando Minho antes que Thomas sequer conseguisse entender o que estava se passando. O sorriso nos lábios da ruiva foi instantâneo. Eles afastaram o Corredor de Gally, que se levantara de um salto, o rosto transformado numa máscara contorcida de raiva. Mas Gally não fez nenhum movimento na direção de Minho; simplesmente ficou ali parado com o peito arfando, respirando com dificuldade.
—Querem fazer um desfile para o novato e para aquela louca, tudo bem! Divirtam-se! Mas se há algo que eu sei do Labirinto, é que você não...
A frase de Gally foi cortada por um barulho vindo do lado de fora, arrancando olhares confusos e surpresos. Newt foi o primeiro a se levantar e correr para fora da Sede seguido por Gally. Logo todos os outros se levantaram e começaram a seguir os dois loiros que estavam correndo em direção a Caixa.
—Eu conheço esse som. — diz Thomas.
—Por que a Caixa está subindo de novo? — indagou a garota.
—Não deveria... — diz Minho voltando a correr em direção a Caixa.
Todos correram até o local da Caixa. Newt e Gally abriram as portas e logo Newt pulou lá dentro para ver o que havia chegado dessa vez.
—Newt, o que está vendo?
—Outra garota. — Newt falou confuso. Todos os Clareanos começaram a se aproximar para ver a tal garota. Cabelos negros e pele bem pálida. Especialmente Thomas que abriu espaço para passar e ver mais de perto. Ella estava logo atrás dele e ficou surpresa quando viu a garota. — Acho que está morta.
—O que tem na mão dela? — questionou Ella apontando para a mão dela que havia algo.
O loiro se abaixou e pegou o papel que ela segurava e começando a ler.
—"Ela é a última de todos." — ele franziu o cenho e olhou para os outros após ler o conteúdo do papel. — O que isso significa?
Em questão de segundos, a garota despertou, ofegante e assustada, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo. Seus olhos eram muito azuis. O que fez Ella imediatamente reconhecer a garota. É ela! A garota que aparece em seus sonhos junto com Thomas!
—Thomas! — foi o que ela disse antes de fechar os olhos novamente.
Todos ao redor da Caixa começaram a olhar para o moreno, este que estava tão confuso quanto os outros.
—Ainda acham que estou exagerando? — indagou Gally, quebrando o silêncio.
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Acho que dessa vez não demorei tanto😝 mentira, só um tico só🙈
Aproveitando que tô literalmente sem aula (vim para a escola ter aula vaga) finalizei o capítulo para vocês!! E esse ficou ENORME viu? Eu amo demais a cena da Conclave no livro e por isso resolvi misturar a Conclave do filme com a do livro, bele? Bele!
Ella e Thomas vão ser muito irmãozinhos, aff😔☝🏻
O que vocês estão achando dessa coisa de telepatia? Tô tentando desenvolver bem e pesquisando bastante, mas ainda sim tô meio insegura. Quero a opinião sincera de vocês🫶🏻
EU SOU APAIXONADA PELA ELLA E PELO MINHO, AFF! MEU MILLA (shipp que inventei para eles)🥹💜
E teve a chegada da quen... digo, Teresa🙄
Gente, falo uma coisa para vocês... O ATO DOIS DESSA FIC VAI SER INCRÍVEL!! Garanto para vocês😝😝
O que estão achando da fanfic até agora? Opiniões sinceras por favor💜
Quero agradecer a todos os votos e comentários! Muito obrigada mesmo pessoal! Saibam que isso é de grande ajuda para a fanfic continuar, amo vocês demais💜💜💜
Peço perdão se tiver algum erro ortográfico ou erro de roteiro, tento ao máximo evitá-los, mas pode passar despercebido.
O capítulo sete de Fire Blood só vai ser publicado quando o capítulo oito (?) De Secrets from Past e o capítulo vinte de Golden Hour forem postados!
Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️
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