capitulo vinte e sete, e último.
-- O amor não tem meio termo, ou ele te salva ou ele te destrói querida.
[...]
-- Quem é você?
Senti o mundo parar ao meu redor, minhas pernas fraquejaram, todo o meu ar abandonou o pulmão, e agulhas atingiram cada traço do meu coração. Doeu, quando eu olhei em seus olhos e não vi nada demais, aquele brilho que ele carregava toda vez que olhava, sumiu, nada estava mais ali.
-- O que? - eu perguntei tentando sorrir, eu não podia estar ouvindo o que ele acabou de dizer, certo?
-- Desculpe, mas quem é você? - a voz dele saiu mais alto.
Alto suficiente para que meu coração escutasse, e foi como se pegassem e amassassem meu peito, uma pressão dolorida se fez presente ali na região, e eu quis chorar. Levei minha mão até o começo da minha garganta me afastando do moreno que ainda me olhava com dúvida.
Perda de memória?
-- Sou eu, [Nome], sou sua.... - eu ia completar aquela frase, mas antes que eu terminasse, uma onda de dúvida invadiu o meu ser.
O que eu era dele? Eu nunca fui sua namorada, nem mesmo estabelecemos uma relação de amizade, as coisas só acontecerem do jeito que tinham que acontecer, eu não me lembrava de algum dia estabelecer rótulos, o que eu deveria dizer a ele? Sou a garota que você estava apaixonado e eu por você?
-- ...Minha? - quando ele perguntou aquilo, Osamu entrou no quarto e agarrou os meus ombros.
-- Ela é nossa amiga Suna, vocês eram próximos. - o gêmeo disse por mim.
E eu agradeci mentalmente, aquilo me deu um alivio, já que eu não sabia como responder de uma maneira correta, nada parecia certo responder agora, já que nunca tivemos uma conversa fixa sobre isso. Mas eu percebi que Rintarou ainda me olhava confuso e incertezas era o que corria o seu rosto.
-- Somos próximos? Por quê então, eu não me lembro? - perplexo era o seu olhar.
Não respondemos a sua pergunta, porquê finalmente o médico entrou e começou a examina-lo, Osamu comentou sobre o acaso da sua perda de memória e o médico apenas confirmou pedindo alguns exames. Eu estava sentada na poltrona ao lado, observei tudo calada, mas no momento eu me sentia estranha, era quase como se estivesse sendo indesejada ali, Rintarou não me olhou em nenhum momento dentre aquela sala, era quase como se ele não me visse ali, estava invisível na mente dele, e com isso eu me sentia deslocada, me sentia mal até para falar alguma coisa, então permaneci calada.
Quando os médicos se afastaram, e os gêmeos saíram do quarto, eu finalmente me vi apenas com ele naquele lugar. Rintarou mexia em algumas coisas do seu celular, parecia curioso e entredito. Já eu, estava perdida.
-- Eu tenho uma moto? Não consigo me lembrar disso. - ele comentou chamando a minha atenção. E eu sorri.
-- Você tem, era do seu irmão mais velho, ela tem até um nome, é neko. - respondi e vi um riso frustado brotar na garganta do moreno.
-- Está tudo confuso aqui dentro, sabe? Quase como se fosse um quebra-cabeça meu cérebro, e tá tudo bagunçando e faltando peças.
Eu apenas concordei sem saber o que dizer, me levantei novamente até o garoto, ele me mostrava algumas fotos de seu celular, e me contava sobre o que lembrava, as coisas na qual sua mente estava em branco eu tentava lhe dizer algumas coisas. Mas no fim, não era como se adiantasse muito. Então, eu ainda continuei ali do seu lado, tentando uma proximidade que já tínhamos, mas agora era como se nunca tivesse acontecido. Magoava o meu coração olhar para ele, mas ver seu olhar curioso sobre tudo, era o que me salvava no momento.
Mas ainda sim, me machucava.
muito.
[...]
-- E então doutor? - Ouvi a voz de Osamu comentar.
Hoje era outro dia, depois daquilo tudo de ontem, Rintarou deve que subir para fazer exames, e eu e os gêmeos nos separamos, precisávamos dirigir tudo o que aconteceu.
-- Ele perdeu uma parcela da sua memória, ele se lembra de coisas importantes do passado, como seu nome, nomes dos pais, irmãos. Porém tem alguns brancos sobre o que aconteceu em épocas, do tipo ele não consegue se lembrar de [Nome], é como se a garota não existisse para ele, ou o motivo do seu irmão ter dado aquela moto para ele, Rintarou não consegue lembrar.
Eu não sabia o porquê, mas minha respiração estava presa até agora.
-- Mas ele vai recuperar a memória, não é? - foi eu que perguntei, saiu de forma urgente e desesperada.
Mas eu vi o médico negar, o que me frustou.
-- Perdas de memórias são complicadas, a ciência não pode dar certeza sobre isso. A pessoas que conseguem se lembrar em dias, meses ou anos, e a algumas que nunca se lembram.
-- Rintarou também é um rapaz que consumia o uso de maconha, isso pode também ser um dos fatos que ajudaram a sua perda de memória, ele também é alguém que tem ansiedade e passou por muito estresse no dia do acidente. Sabe, tudo isso se junta e se transforma em fatores que podem dificultar ele a recuperar a memória.
Ouvíamos tudo o que médico dizia atentamente, era quase como se, o que saísse da boca daquele homem fosse ouro.
-- Então, quer dizer que ele pode nunca recuperar a memória? Ele pode nunca se lembrar de mim? - falar aquilo doeu, era quase como se as palavras fossem facas que atingiam a minha garganta.
-- Talvez, perder a memória é criar dúvidas sobre tudo, eu sinto muito por isso, vocês precisam ter calma com o rapaz.
Ele tocou o meu ombro como um consolo, e após olhar os gêmeos, o médico se afastou, nos deixando no corredor de frente ao quarto dele. Suna estava lá dentro, não receberia visitas hoje, o pai dele não permitiu. Aquele maldito velho estava lá dentro, e eu sabia muito bem que ele se sentia culpado pelo filho.
Vi Osamu bater suas mãos contra a parede e ignorar o consolo de Atsumu, o platinado correu para fora. Rintarou ainda se lembrava dos gêmeos, mas ele tinha esquecido uma boa parte de como eles eram próximos, o que deixou o gêmeo frustado. Osamu estava zangando, eu nunca tinha o visto desse forma, mas eu não o culpava, por dentro também me sentia assim.
Já eu, estava encostada na parede, segurando a dor que subia lentamente, corroendo cada parte do meu corpo com tanta força, que fui capaz de sentir meus ossos se quebrar, esfarelando totalmente no chão. Porque era assim que eu estava por dentro, destruída.
Suna Rintarou não se lembrava mais de mim, e eu nem sabia se um dia ele conseguiria, nada mais fazia sentindo. Isso danificou o mais fundo do meu ser, Suna me destruiu, e me magoava demais, porque foi de um dia para a noite, eu nem sequer tive tempo de argumentar.
Nosso amor se esvaneceu na mesma intensidade que se iniciou.
Nada do que aconteceu deveria ter acontecido, o nosso romance era proibido, desde que estivemos juntos, tudo sempre conspirou para que nos separássemos, Mas a gente insistiu, ele insistiu, Suna sempre correu atrás de mim, mudando minha ideia, ele me tratou bem e deixou marcas por todo o meu ser. Mas, de um dia para o outro tudo mudou.
Por quê isso aconteceu?
Eu sussurrei diversas isso para quem quer que estivesse me ouvido lá encima. Por quê coisas ruins aconteciam com pessoas boas?
-- Vamos tomar um café. - Atsumu comentou com as mãos no bolso -- Vamos apé, tem um aqui perto.
Eu apenas confirmei sem responder nada, ainda me sentia enjoada com tudo, e ver ele me olhando do outro lado da parede me fez perceber que eu precisava de um apoio agora. Caminhei ao seu lado um tanto sem graça, me sentia desmotivada, toda aquela onda de felicidade que invadiu o meu corpo horas mais cedo tinha ido embora, quase como se tivessem arrancado com as mãos e jogado no lixo, me sentia como um anti-depressivo, que deixa o seu corpo dopado, incapaz de sentir nada, mas ainda sim, infeliz. Eu queria chorar, queria muito, o meu corpo pedia para isso, mas a essa altura eu já não sabia nem mais como chorar.
-- Você vai querer o que? - o loiro me perguntou, e eu percebi que já tínhamos entrado dentro do restaurante.
-- Deixei que eu escolho algo para a gente. - sorri baixo para ele, o gêmeo concordou e foi buscar um lugar para sentarmos.
Na fila, quando a atendente me chamou pedi um milkshake de chocolate para ele e uma limonada rosa para mim, e alguns biscoitos também, o pedido foi entregue numa bandeja e eu caminhei lentamente para onde Atsumu estava.
-- Não me esqueci que estou te devendo uma água, mas acho que isso compensa por hora. - eu sorri sem graça entregando o milkshake para ele.
Ele me olhou confuso mas logo abriu o típico sorriso dele.
-- Ainda vou cobrar a minha água. - eu gargalhei um pouco, sentindo meu coração se aquecer.
Enquanto tomávamos nossas bebidas eu admirava o sol se pondo dali, era uma vista bonita que inúmeras vezes deixei passar, eu estava acostumada a sempre buscar a luz da lua, e havia me esquecido que sol da província era de onde tínhamos a melhor imagem.
-- O que eu faço agora, Atsumu? - saiu mais desesperado do que imaginei.
Eu sentia meu lábio tremer enquanto via o Miya cruzar os seus braços se encostando no banco.
-- Você tem que seguir sua vida, [Nome], não pode parar nisso. - me respondeu e eu sabia muito bem o que ele queria dizer.
Mas seria difícil, o que eu deveria fazer? Ficar na vida de Suna mesmo que ele não se lembrasse de mim, ou ficar e esperar e ansiar para que, um dia ele se lembrasse? Eu deveria acompanha-lo? Sumir? Eu não sabia, estava confusa e perdida, era quase como se tivessem tirando uma parte de mim e quebrando em milhões de partes, para que eu não conseguisse recuperar.
Suna me fez prometer que eu nunca o esqueceria, então porquê ele havia se esquecido de mim? Não era justo. Não era justo apenas eu lembrar do que vivemos, lembrar do seu sorriso, do seu cheiro, e todas as coisas que ele me falara. Não era justo comigo, ele jogou tudo em cima de mim, e eu já não sabia mais se eu era capaz de suportar.
-- Como? Eu não sei nem o que fazer Atsumu, eu deveria voltar a visita-lo amanhã? - comentei e vi ele rir baixo.
-- Você está se pondo pressão demais [Nome], para com essa mania, você não ta' sozinha, assim como Suna, você também precisa de um tempo, se de um tempo para colocar as coisas em dias.
-- Eu não sei se consigo Atsumu, sou acostumada a por pressão em tudo o que eu faço, que eu já nem sei mais agir sem pressa na minha vida. - respondi sincera. Eu nunca fui boa em lidar com sentimentos, se pudesse eu gostaria de jogá-los apenas no lixo.
-- Respire [Nome], se de um tempo, você precisa, o seu amor acabou de perder a memória, o Suna vai entender isso, ele pode não se lembrar mais ainda é ele, nada mudou. - aquelas palavras me reconfortaram.
-- Sabe, eu sei que, eu e ele somos complicados, amar o Suna as vezes me deixa louca, mas eu não quero sorrir se não for com ele ao meu lado.
Falar aquilo me derrubou, me magoou, porquê me fez perceber que o amor que eu carregava dentro do peito por Rintarou era algo forte demais para que eu conseguisse um dia deixar de lado. Eu prometi que nunca o esqueceria, e eu cumpriria minha promessa até o meu último suspiro, mesmo que ele nunca se lembrasse, mesmo que o futuro nos separasse. Eu seria justa com minhas palavras, eu não tentaria esquecê-lo.
-- Posso te perguntar uma coisa? - eu o olhei rapidamente, os olhos do loiro estavam curiosos.
-- Claro. - saiu simples mas sincero.
-- Por que ele, [Nome]? Por quê amar justamente o Suna?
Aquela pergunta me veio de surpresa, os olhos atentos de Atsumu caíram sobre mim enquanto eu pensava a resposta de sua curiosidade. Mas não era tão simples, o motivo de amar alguém não era algo tão simples de ser explicado ou comentando. Na maioria das vezes quando percebemos que estamos apaixonados, simplesmente acontece, quando a ficha cai, já era, é muito tarde para querer ignorar o sentimento.
-- E quem seria se não fosse ele?, amor é tudo aquilo que a gente descobre quando caminha ao lado de alguém. É, parceria, e muita mais que afeto, e eu percebi que amava Suna, quando me vi querendo ser alguém melhor, porquê queria ser forte como ele, para assim, andar ao seu lado, e não atrás.
-- Ouvir isso é interessante. - sussurrou levando sua bebida a boca.
Já eu, me encostei no banco em que estávamos, e mexi desesperada na bolsa preta de ombro que eu carregava. Peguei aquela carta, a guardei tem uns dias na minha bolsa, eu estava já a semanas querendo lê-la porém nunca consegui, e agora segurando forte o papel sobre os dedos, eu sentia que precisava, que era esse o momento.
-- Que isso? - o gêmeo me perguntou vendo o papel ser amaçado sobre meus dedos.
-- Uma carta, o pai de Rintarou me deu quando conversamos, mas eu não abri ainda. - respirei fundo.
-- Então está na hora de ler, já passou da hora na verdade. - me disse depositando um beijo suave na bochecha -- Irei voltar ao hospital, caso volte estarei lá.
Me disse e eu apenas confirmei vendo o seu corpo caminhar para fora do local requentado que estávamos. Quando olhei pelo vidro, vi que pequenas gotículas da chuva começaram a cair lentamente na janela, o céu estava se fechado, e logo o sol iria embora, dando vez para a lua.
E em sua presença, eu comecei a abrir aquele envelope de cor amarelado, uma carta escrita a mão foi revelada, porém eu conhecia muito bem aquela letra, era da minha mãe.
"Saudações pequena, [Nome].
Eu imagino agora que se está carta está em suas mãos, sua querida mãe partiu dessa para outro mundo. E filha, eu lamento tanto, peço milhões de desculpas por te deixar sozinha, sei que papai não é um homem totalmente delicado, mas eu espero que ele faça o seu melhor cuidado de você.
Quando descobri que minha gravidez era de risco, não tive muito tempo para preparar algo de presente a você, apenas está carta, que deixei com Kushina, minha melhor amiga, e também mãe de Suna Rintarou, vocês tem quase a mesma idade, ele é um pouco mais velho, mas eu sempre imaginei que vocês dariam ótimos amigos de infância. Como éramos próximas, pedi para que ela guardasse e se um dia vocês realmente se encontrasse que ela lhe entregasse, e se está em suas mãos eu imagino que tudo isso aconteceu, e eu fico feliz já que está lendo isso.
Sua mãe é uma mulher boba demais, nem terminei e já sinto lágrimas em meus olhos, imaginar que nunca poderei vê-la crescer ou ouvir suas primeiras palavras, dói em meu peito, eu queria estar aí, saber sobre suas dúvidas de crianças e adolescentes. E principalmente sobre sua escola e o que deseja fazer, espero que se torne alguém com boas notas mocinha. Mas sabe, eu gostaria muito de estar aí quando você encontrasse o seu primeiro amor, falar isso pode parecer bobeira, mas é algo importante para mim, eu não sei se você já encontrou um ou não, mas como mãe, irei te dar um conselho, e espero que leve isto para o resto de sua vida.
Você não vai encontrar a mesma pessoa duas vezes, nem mesmo, na mesma pessoa, e talvez, você continue esperando uma versão de você, que foi mais feliz com esse amor. Mas sabe, alguns amores foram feitos para enfeitar o tempo, e não para durar o tempo inteiro. Não fique esperando pelo o que não vem, Esperar é o mesmo que se esconder, quem quer ser feliz, precisa seguir em frente, precisa aceitar o passado e entender que ele é a causa para os fins futuros.
Te desejo forças para continuar seguindo em frente filha, você é o meu maior amor, te amarei para sempre, me desculpe por partir.
ass, sua mamãe."
Quando meu olhos rolaram a última linha, eu chorei. Senti uma lágrima traiçoeira descer pela lateral da minha bochecha, foi sem minha autorização, mas só aquele pequeno ato me fez sentir que chorava pelo mundo. Com certeza ela imagina que a mãe de Suna estivesse por perto já que elas eram melhores amigas, mas como ela faleceu, o destino nos afastou. Mas era irônico que no final, aquela carta tinha parado em minhas mãos.
Mas aquilo me fez perceber uma coisa, que não importa o que acontecesse, o que está destinado para acontecer vai acontecer. E isso me fez pensar um pouco sobre mim e Suna, o que mamãe havia escrito naquela carta começava a fazer total sentindo para mim aos poucos. Eu não podia me esconder agora, como se não soubesse o que fazer, e muito menos ficar remoendo o passado, porquê ultimamente eu já não conseguia nem contar nos dedos o tanto de vezes que me culpei, no fim, comecei a aceitar a premissa que eu também havia errado, nós dois erramos, carregávamos o peso da mesma parcela. Mas o acidente, não era, e nunca será culpa nossa.
Aceitar que, o que tinha acontecido entre mim e Suna, ficava mais fácil quando acreditamos que nem sempre merecemos um final feliz assim de mão beijada, sabe? Porquê, por deus, quando eu vi Rintarou jogado naquele chão da estrada, como eu quis voltar ao passado e mudar nossa história! O mundo não faz nem ideia da dor que se apoderou do meu peito, rasgando quando traço do meu corpo que ainda tinha vontade de viver e levando embora. Eu ainda sentia que tudo isso era culpa minha, mas agora eu tinha uma noção nítida que não era, o final trágico do acidente aconteceu e não posso me culpar por isso. Rintarou perdeu a memória, e por mais que me magoe de uma forma avassaladora, como um furacão que entra em erupção sem aviso prévio, eu também não podia me culpar por isso.
Mas essa era a questão do grande problema, eu não conseguia me perdoar por nada, e o passado ainda prevalecia na minha mente, eu queria voltar lá trás quando estava nos braços quentes de Suna, ou até mais, voltar para quando cruzei com seu olhar a primeira vez na quadra de vôlei. Mas eu não podia, e ficar revivendo o passado não me levaria a lugar nenhum, e eu precisava aceitar de uma forma leve. Entender que, antes de me preocupar com Suna, eu precisava se preocupar comigo, eu estava mal, eu já não conseguia enganar ninguém. Minha aparecia estava bem, mas era por dentro em que eu estava desgastada, e precisava me curar disso.
Eu precisava encarar as coisas de frente, dar um tempo para mim, e quando me sentisse mentalmente estável eu voltaria. Eu precisava ir, para poder voltar, e só ali, finalmente eu teria forças para encarar Suna e fazê-lo me amar novamente. Osamu me disse uma vez que, ninguém ama uma pessoa duas vezes, porquê, ou você ainda a ama ou nunca a amou de verdade. Mas isso não se encaixava para mim e Rintarou, não somos casais como outros, e eu iria no meu tempo fazer com que Suna Rintarou se apaixonasse por mim novamente. Eu não desistiria no meu primeiro amor enquanto ainda estivesse chance, eu agarraria com tanta força mesmo que fosse um único fio fino e me prenderia a ele.
Agora eu entendo o porquê ele me fez prometer nunca esquecê-lo, o amor é sem dúvidas, uma das forças mais poderosas do Universo, o amor transcende o tempo, as mágoas, e o nosso próprio ego. O amor sobrevive, mas o amor não te leva para lugar algum, o amor é justamente o que te faz ficar. Ele é a única razão para você voltar.
Mas antes de ajudar Suna, eu precisava me ajudar, Atsumu mesmo me disse, ele entenderia se caso eu desse um tempo para mim. Eu não tenho certeza que o moreno vai recuperar boa parte da sua memória ou se lembrar de mim, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu voltaria para descobrir. E eu iria continuar ali, fazendo o mesmo caminho, só para ver se em algum momento a gente pudesse se esbarrar. Só para ver se ele, me vendo assim do mesmo jeito, pudesse se lembrar que um dia já me amou.
E com isso, hoje eu decido.
Preciso-ir me, preciso deixar de procurar por ele por um momento, a hora agora é de me encontrar, tentar consertar o que foi quebrado, mas não vou por vontade própria, pois a minha maior vontade é sempre correr para ele.
12 meses se passaram depois daquele dia.
Suna Rintarou ainda não tinha se lembrando da garota que um dia tanto mexeu com sua vida e mente, e ele temia que nunca lembrasse. Já a garota buscou acalentar o seu coração que doía tanto em seu peito, a saudade que ela sentia do corpo de Suna era enorme, e disse ela não tinha muito o que fazer a não ser sentir. Os meses se passaram, e [Nome] se afastou de Suna, no começo ela até tentou ir visitar o moreno, mas sentir que o olhar dele mudará toda vez que ela o encarava firme, foi muita pressão para ela. Um tempo foi necessário para ambos, os dois estavam confusos, e mesmo sentindo que seus corpos estavam conectados mentalmente, não era hora deles se juntarem ainda, havia muita coisa para ser resolvida. [Nome] precisava buscar o rumo de seu futuro e Rintarou necessitava resolver as coisas com seu pai.
A garota buscou o seu melhor, em sua pior fase, longe de Rintarou, ela aprendeu a conversar com a Lua, contava para o satélite sobre Suna, e isso fazia ela se sentir viva, pelo jeito tão delicado, é tão sincero da garota contar a lua sobre seu amor, seria quase possível que a Lua também se apaixonasse por ele, mas ela com certeza ficaria triste por saber que nunca seria capaz de amá-lo, como [Nome] amava Suna. Em nenhum momento desde que a mesma se afastou do moreno, ela o esqueceu, até o cheiro do rapaz estava cravado na sua mente. Era irônico, pensar sobre isso, Rintarou sempre buscou desesperadamente não ser esquecido por ela, e só quando ela prometeu que nunca o esqueceria dentro daquele chalé, foi quando ele pode se sentir aliviado. Mas quem tanto se preocupou em não ser esquecido, acabou esquecendo, era trágico e deplorável. Mas o garoto já havia avisado, sempre alertou, ele não era bom com promessas, nunca foi de cumpri-las, e talvez essa seja a grande razão de tudo.
Enquanto de um lado, ficava ela, ansiando por Suna, se quebrando por dentro toda vez que lembrava dele, Rintarou sentia o peito rasgar por toda vez que tentava se lembrar dela, e não conseguia, era um enorme preto e vazio que corria sua mente. Ele sabia que ela era alguém especial, mesmo não lembrando, ele ainda conseguia sentir, o seu celular era rodeado de fotos delas, o seu caderno preenchido de desenhos pela anatomia da garota. Rintarou era obcecado por [Nome], e ele tinha total consciência disso, mas não lembrar de quando tudo aquilo aconteceu era o que machucava o garoto, porquê por deus, como ele queria. No final disso tudo, ambos eram como o Sol e a Lua, separados pelo acaso do destino, mas ainda sim, conectados por um amor.
E isso foi o que motivou ele a nunca tirar [Nome] de sua mente, após se recuperar totalmente dos danos do hospital, Rintarou também precisou ter o seu próprio tempo para aceitar as coisas como elas são. Buscou focar sem sua carreira de vôlei e se afastar dos braços de seu pai, ele era a única pessoa que o rapaz queria longe. E após conseguir tudo o que desejava, ele iria atrás dela, mas não como o mesmo Suna que ela se apaixonou pela primeira vez. Agora Rintarou estava mais maduro, ambos estavam, a mente deles funcionavam diferentes, tudo era uma nova fase em suas vidas, e ele queria essa garota por perto, mesmo não sabendo o porquê, ele sonhava com ela quase todas as noites. Uma tortura de seu próprio subconsciente contra o garoto que mesmo assim, ainda não se lembrava dela.
E inúmeras vezes antes dele bater naquele porta, ele pensou que ela poderia estar em outra fase de sua vida. Ou com um novo amor, pensou até que ele já não fazia mais parte da vida daquela mulher. Mas Rintarou tinha certeza de uma coisa, que ela nunca o esqueceria.
"Eu prometo, prometo nunca te esquecer Suna Rintarou."
Era isso, e apenas isso que ele se lembrava, aquela única frase que ficou cravada na sua mente desde a hora que ele acordou no hospital até a noite de ontem. No começo ele demorou parar entender de quem pertencia aquela voz, e muita mais do porquê ele só se lembrar disso. Mas no final, ele não se importou muito, quando ele soubesse que [Nome] havia lhe falando isso por algum motivo, ele entendeu tudo.
Ele não poderia deixar a garota esperando muito tempo por ele, a vida corria rápido demais. Rintarou não se lembrava da garota, mas ele ainda tinha vestígios dela por todo o seu mundo, o Suna de antes não permitiria que o Suna de agora a esquecesse, então ele tinha a obrigação de ir atrás dela, porquê era isso que o seu corpo pedia.
E quando o sol desceu no oeste, deixando o clima gelado pelas ruas, a Lua apareceu, dando espaço para um casal.
-- Rin? - a garota comentou surpresa assim que abriu a porta de sua antiga casa.
-- [Nome] - sussurrou a conotação daquele nome que um dia tanto agitou o seu coração.
-- Quer entrar? - ela perguntou, mas estava incerta, ver o garoto que a tempos não via a deixava confusa, porquê todos os sentimentos que um dia ela pensou ter superado voltaram de uma vez, mirando diretamente o seu peito.
-- Posso te perguntar uma coisa antes? - o rapaz parecia com pressa, seus lábios entreabertos e a respiração pesada entregava isso.
-- O que? - disse com receio do que viria a seguir.
-- Você ainda não me esqueceu, não é? - ao ouvir aquelas palavras, alguma coisa dentre o peito da garota se agitou. Não importa quanto os anos se passassem, Rintarou sempre mexeria com o pobre coração da garota.
"Palavras um dia podem voltar contra você"
-- Nunca. - ela sussurrou ao vento. O rapaz a chamou para perto.
Perplexa e imóvel era como a garota se encontrava, as atitudes do moreno agora a confundiam, no fim ela nem tentou entender, [Nome] já tinha aceitado a muito tempo que, ela não ouviria da boca dele o que desejava ouvir, que era, "eu me lembrei de você", então ela apenas desceu os degraus ficando a sua altura, e esperou que ele falasse algo.
-- Eu sinto muito, mas não consigo me lembrar de você [Nome], eu tentei mesmo, passei dias em agonia desejando que minha cabeça voltasse ao que era antes, mas eu não consigo.
Ouvir aquelas palavras doeram no mais fundo de [Nome], quase como se, seu coração fosse de vidro e agora estivesse sido estilhaçado, entretanto aquelas palavras saíram de uma forma tão pura e inocente da boca de Suna, que a única coisa que ela pode sentir foi compaixão.
-- Mas você não sabe como eu tenho morrido todos esses dias esperando por você. [Nome], por favor, fique comigo, não tenha medo, eu sei que te amei antes, e te amarei agora de novo e ainda sim conseguirei te amar por mais mil anos, a única coisa que eu peço,
é que fique comigo.
ps: Suna Rintarou nunca se lembrou dela, mas também não foi preciso, [Nome] entendeu a muito tempo que havia perdido aquele Suna que amou um dia, ele estava diferente, seu jeito era outro mas o seu coração ainda era o mesmo. E hoje, ele estava a onde ele deveria estar, memórias novas foram criadas, e essas nunca foram esquecidas.
F I M
[...]
Quando a gente ama, a gente blefa.
Mas a verdade é que só estamos numa mesa de pôquer prestes a fazer a aposta errada.
Naquele dia, ele me ofereceu um cigarro e eu fumei por educação.
E eu quase disse..."querido, eu te amo"
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