xvii. i need you
—Esta arena foi projetada como um relógio, — digo. Estávamos andando na trilha de rochas até a Cornucópia. — com uma nova ameaça a cada hora, mas apenas dentro de sua área. — chegamos na Cornucópia. — Tudo começa com o raio, depois a chuva de sangue, macacos, isso nas primeiras quatro horas. Às dez, aquela onda gigante vem de lá. — digo apontando para o local onde veio aquela onda.
—Wiress, você é um gênio. — disse Finnick.
—Veja, a cauda aponta para doze. — diz Peeta.
—É onde o raio cai ao meio-dia e meia-noite. — digo.
—Cai onde? — perguntou Beetee.
—Naquela árvore grande ali. — apontei para a árvore e Beetee olhou na direção que apontei.
—Ótimo.
Fomos para dentro da Cornucópia, percebi que Wiress não estava perto de nós e estava cantando uma música bem engraçada sobre um rato em um relógio. Se eu soubesse a música, eu me sentaria com ela e cantava junto.
—Então das doze até uma, raio. — disse Peeta desenhando um relógio com sua faca. — Da uma até duas é sangue. Depois a névoa. E aí os macacos.
—Dez até onze, a onda. E quanto ao resto? Viram algo? — perguntei.
—Nada além de sangue. — respondeu Johanna.
—Não importa. Evitando seções ativas, estaremos a salvo. — Mellark diz se levantando após terminar o desenho.
—Sim. Teoricamente falando. — disse o outro loiro.
Estranhei o silêncio de Wiress e me virei para ela, e vi Gloss com um sorriso malicioso e uma faca em seu pescoço. Um som de canhão logo soou e eu atirei uma flecha em seu peito no mesmo instante. Johanna me empurrou para o lado e tentou acertar seu machado em Cashmare, mas ela desviou. Quando ela estava se aproximando de nós duas, peguei minha espada e em um golpe rápido, a espada passou pelo seu pescoço, fazendo sua cabeça voar para o chão e seu corpo logo caindo também. Ver a sua cabeça fora de seu corpo era satisfatório e completamente nojento ao mesmo tempo. Johanna me olhou com um sorriso orgulhoso no rosto, não sei se ela estava realmente orgulhosa do que eu fiz ou se estava sendo irônica, mas apenas sorri de volta.
Preparei outra flecha no arco quando percebi que Brutus estava lutando contra Finnick, Peeta tentava o ajudar e Beetee estava em um canto. Vi Enobaria lançar uma faca que passou raspando no braço de Odair. Não pensei duas vezes e atirei a flecha, mas atingiu no metal da Cornucópia quando eles estavam fugindo. Comecei a correr atrás deles e Johanna corria junto comigo. Senti o chão tremer e começar a girar, fazendo nós duas cairmos, estava quase caindo na água quando Johanna me segurou pelo pulso, ela prendeu seu machado na pedra enquanto me segurava, mas eu não tive sorte. Minhas mãos se soltaram da sua e cai na água agitada, não conseguia nadar devido a agitação e os segundos passavam tão lentamente que parece ter passado minutos, quando a água finalmente se acalmou e tudo parou. Consegui nadar a trilha de rochas, havia engolido bastante água e não parava de tossir, o fato de eu ter nadado na água agitada e ter engolido muita água fez um enjoo aparecer, com muito esforço consegui subir na trilha mas não conseguia me levantar e continuava tossindo. A vontade de vomitar veio com tudo e logo a água que acabei ingerindo quando cai e a "refeição" de alguns minutos atrás foi tudo para a trilha de rochas. Senti as mãos de Johanna bater de leve em minhas costas e segundos depois senti a mão de Peeta acariciando minhas costas enquanto a outra segurava meu cabelo. É, acho que meu estômago está virando um estômago fresco que não aceita coisas de baixa qualidade.
—Está melhor? — perguntou quando terminei de jogar tudo para fora. Estou longe de ficar melhor, minha garganta queima e o gosto de vômito estava presente em meu paladar, mas apenas assenti com a cabeça indicando que sim.
Peeta me ajuda a me levantar e só então percebi que estava um pouco fraca e com dores pelo corpo. Céus, se eu não morrer por um dos Carreiristas com certeza vai ser de tanto vomitar.
—Vamos pegar o necessário e sair dessa maldita ilha. — disse Johanna.
Peeta andava junto comigo com a mão apoiada em minha cintura e segurando minha mão, para garantir que eu estava bem. Como eu não precisava de nada da Cornucópia, decidi voltar para a praia e deixar os outros pegando o que precisavam, para não me deixar sozinha, o loiro me acompanhou. Peguei a cavilha e preguei o objeto na árvore, assim que a água começou a cair, lavei minha boca e bebi um pouco da água, que ainda está quente, para ver se eu melhorava. O gosto ruim ainda era presente, mas do lado da árvore em que coloquei a cavilha tinha uma folha, a primeira vista eu conhecia, a arranquei e a cheirei, era menta, como imaginei, coloquei a folha na minha boca e comecei a mastigar, logo o gosto de vômito foi substituído pelo gosto da menta. Tirei a cavilha da árvore e guardei, me sentei na areia da praia e esperei os outros voltarem. O loiro se sentou ao meu lado e sua mão acariciava minhas costas, olhei para ele e seu olhar era preocupado.
—Eu estou bem. — digo com um sorriso fechado. Agora é verdade, o enjoo melhorou um pouco depois da água. Mas ele apenas franziu as sobrancelhas, aparentemente não acreditando muito em mim. — É sério.
—Tem certeza? — assenti com a cabeça.
—Eu estou grávida. — aproveitei para ressaltar a mentira, para ver se eles nos enviam alguma dádiva. Quando que vão ter dó de nós de novo? Já está na hora! — Isso acontece com frequência, já devia estar acostumado.
—É, eu estou. — ele parece ter entrado na mentira também. — Mas mesmo assim fico preocupado.
—Eu sei. Mas eu estou bem. — deixei um beijo em sua bochecha, o que fez ele corar um pouco. — Eu juro.
Logo os outros se aproximaram de nós. Com exceção de Finnick, todos se sentaram na areia. Odair me olhou preocupado e eu assenti com a cabeça indicando que estava bem.
—Além de Brutus e Enobaria? Quem sobrou? — pergunto.
—Talvez Chaff. Só os três. — Peeta respondeu.
—Sabem que estão em desvantagem. Não atacarão de novo. Estamos seguros na praia. — disse Finnick.
—Então o que faremos? — Johanna perguntou impaciente. Por parte entendia sua impaciência, estar nessa arena é a pior coisa que está acontecendo. Nos transformamos em pessoas que nem sabíamos que existia dentro de nos. — Vamos caça-los?
Franzi minhas sobrancelhas ao ouvir gritos, gritos masculinos, eles não me pareciam estranhos, acho que conheço esses gritos de algum lugar. Olhei na direção dos gritos para tentar identificar.
—Lily, me ajuda! — aquela voz, a voz que conheço de longe, a voz que foi minha companhia durante anos, a voz dos meus duetos nos shows. Meu coração acelerou e minha cabeça não parecia funcionar.
—Jeremy! — gritei seu nome, me levantando rapidamente, começando a correr em direção a voz.
—Lily, espera! — ouvi a voz de Finnick me chamar, mas eu só queria correr até Jeremy.
Eu não controlava meus pés, corria feito louca até sua voz e chegava a quase tropeçar nos galhos que havia no caminho. Eu gritava seu nome desesperadamente, mas continuava ouvindo seus gritos e pedidos de socorro. Ele está aqui? Como? Ele não está morto? Ele está vivo? Meu Deus, ele está vivo! Isso pode ser tão bom e tão ruim ao mesmo tempo.
—Jeremy! — eu gritava seu nome com todas as minhas forças. — Jeremy! Jeremy!
Estava tão próximo da sua voz. Mas, cadê? Cadê ele? Onde está meu irmão? O que estavam fazendo com ele esse tempo todo? Escuto sua voz acima de mim e vejo um pássaro voando ao redor. Mirei uma flecha nele e o acertei, logo os gritos de Jeremy cessaram. É claro, um gaio tagarela. Como não pensei nisso antes? Ao mesmo tempo que eu estava aliviada em ele não estar ali, o desespero tomou conta de mim novamente. Se ele está vivo, o que estão fazendo com ele? Como eles pegaram seus gritos?
—Lily! — ouvi a voz de Finnick se aproximando e olhei em sua direção. — Está tudo bem?
Antes de responder, outra voz apareceu. Não a voz de Jeremy, mas sim uma voz feminina, que gritava o nome de Finnick pedindo ajuda. O efeito no loiro foi imediato. Sua pele fica pálida e vejo seus olhos começaram a se dilatar de medo. Meu Deus, Annie!
—Finnick, espera! — digo tentando o impedir de correr, mas ele começa a correr desesperadamente, assim como eu alguns segundos atrás. Comecei a correr atrás dele sem pensar duas vezes, para tentar impedi-lo novamente.
—Annie! — ele gritava seu nome desesperadamente enquanto corria. — Annie! Annie!
Ele está em estado de pânico. Um jeito de Finnick que nunca havia visto. O alcancei e me coloquei em sua frente, colocando a mão em seu ombro.
—Ei, Finnick, calma! Está tudo bem! Não é ela! — ele pareceu não acreditar muito. Procurei o pássaro em volta e assim que o achei, atirei uma flecha nele, os gritos se cessaram no mesmo instante. — Viu? É só um gaio tagarela.
—E como você acha que eles conseguem esse som, Lily? Você mais do que ninguém deveria saber disso. Gaios tagarelas repetem os sons!
Sua frase começou a fazer sentido na minha mente. É claro, Lily! Eles repetem o som! Mas como eles conseguiram o som dos gritos de Jeremy? Isso só significa uma coisa, ele está vivo! Mas ele deve estar sendo torturado para eles conseguirem seus gritos. E Annie? Estão a torturando também? Tudo isso para nos assustar e nos desestabilizar? Logo escuto outra voz, também feminina, mas essa conheço muito bem.
—Katniss. — sussurrei seu nome e ia começar a correr quando Finnick me impediu segurando meu braço.
—Lily, não é ela! Vamos sair daqui!
Antes de eu falar alguma coisa, mais pássaros apareceram. Não um, dois ou três, mas sim milhares deles, gritando com vozes conhecidas. Comecei a correr e logo Finnick começa a correr atrás de mim. Os amontoado de pássaros vezes ou outra batiam em nossos rostos enquanto repetia as vozes. Ele está certo, sair daqui é a melhor coisa a se fazer. Outra arma do relógio. Acho que são das quatro horas. Quando o ponteiro bate as quatro, os macacos vão para casa descansar e os gaios tagarelas aparecem para fazer a festa. O som das vozes era perturbador. Vozes conhecidas para Finnick e para mim, todas misturadas. As vozes de Katniss, Gale, as de Jeremy novamente, Haymitch, Effie, até mesmo a voz de Prim, a única no meio de todas elas que não me afetava era a voz do meu avô pedindo socorro. Mas as outras, os pedidos de socorro e gritos eram uma verdadeira tortura para mim. Mais a frente o resto do grupo estava lá e corríamos até eles. Assim que vi Peeta, desejei seu abraço mais do que nunca, o abraço que sei que vai me confortar dentre todas essas vozes agonizantes ao nosso redor. O abraço que sei que vai me trazer tranquilidade e paz. O abraço que só ele tem, o abraço que assim como me faz esquecer dos meus pesadelos, vai me fazer esquecer dessas vozes que estão gritando em meus ouvidos. Quando achei que nosso contato finalmente seria possível, bati em uma parede invisível, fazendo novamente eu entrar em desespero. Peeta estava com as suas mãos na parede, dizendo alguma coisa do outro lado que não conseguia ouvir. Coloquei as mãos em meus ouvidos e comecei a gritar para tentar abafar o som daquele pesadelo, mas ainda conseguia ouvir todos os gritos. Sem perceber, eu já estava agachada no chão enquanto gritava e lágrimas caiam de meus olhos. Por favor, que isso acabe logo, por favor...
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—Lily, está tudo bem. Está tudo bem. — eu ouvia a voz de Peeta, mas ainda estava com os olhos fechados e com as mãos em minhas orelhas. Não era real, tenho certeza. — Está tudo bem, a hora já passou, eles já foram. — me assustei ao sentir o seu toque em meu ombro e abri meus olhos assustada e olhei para todos os lados. Eu estava tremendo como nunca.
—Jeremy, Katniss, por favor, achem eles! — digo desesperada.
—Ei, calma. — disse com a sua voz doce enquanto acariciava minhas costas. — Fica calma. Eles nunca vão tocar na Katniss, ou na Prim, ou no Gale, Katniss está na Capital junto com Haymitch, e Prim e Gale estão a salvos no 12. — aquilo ainda não me convenceu. Os gaios repetem. Eles devem estar fazendo alguma coisa com eles e ninguém está percebendo.
—Seu noivo está certo. — ouvi a voz de Johanna e todos olharam para ela. — Todos amam a Katniss, se a torturassem ou fizessem mal a ela, esqueça os Distritos, haveria levantes em toda a Capital. — não consegui identificar se estava sendo irônica ou não, mas eu conseguia ver sua irritação por detrás daquele sorriso sarcástico. — Ei, o que acha disso, Snow? — ela começou a gritar e olhou para cima. — E se nós queimassemos o seu quintal?! Sabe, não pode colocar todo mundo aqui!
Por parte eu concordava com ela, totalmente, o que é bem estranho visto que não nos damos nada bem. Mas de uma coisa eu já tinha certeza e agora tenho mais ainda. Essa mulher é maluca! Tá, pode ser bastante corajosa, mas mesmo assim, maluca. Meu avô não iria deixar ela sair impune, com certeza iria descontar em sua família ou em alguém que ela ame. Mason reparou em nossos olhares.
—O que foi? Eles não podem me machucar. Não sobrou ninguém que eu ame. — ah, agora entendi o porquê dela ter dito isso. Ela não é maluca, ela só não tem como ser atingida. Por mais que eu não goste nenhum pouco dela, fiquei com pena. Sei como é ruim não ter ninguém da família. — Vou pegar água para você. — a mulher deu as costas e se afastou de nós.
—E quanto a Jeremy? — pergunto olhando para Peeta. Ele não havia mencionado o meu irmão. — Você não mencionou ele. Jeremy também está bem, não é?
O olhar de decepção do Peeta entregou tudo. O que fez um nó se formar em minha garganta e senti meus olhos arderem por causa das lágrimas que se formavam.
—Ah, claro, ele está morto. — dou um riso irônico. Era óbvio. — Como eu sou idiota.
Me levantei e saí andando em passos largos e rápidos até a praia. Senti as lágrimas começaram a cair enquanto andava. Como pude ser tão idiota a esse ponto? Ele está morto. Jeremy está morto assim como minha família. Isso tudo foi para me dar falsas esperanças de que ele ainda estava vivo. Como fui burra. Burra! Ao chegar na praia, me sentei na beira na água e abracei meus joelhos e abaixei minha cabeça, logo começando a chorar. Se antes eu não havia superado sua morte, imagina agora ao ouvir sua voz novamente, mas não aquela voz que fazia piadas comigo ou aquela voz grave ele tinha quando cantava ao meu lado. Mas uma voz como se ele estivesse sendo torturado. Senti alguém me abraçar de lado e olhei para a pessoa. Finnick. Que estava tao atordoado quanto eu.
—Eu sei. — disse enquanto acariciava minhas costas. — Foi horrível, não é?
—Mais do que horrível. — digo com a voz embargada. — Annie pelo menos está viva, e se você for o vencedor, ela vai estar te esperando. Mas e eu? Se eu voltar viva não vou ter ninguém, irei voltar para aquela prisão que chamo de casa e viver com meu avô que quer a todo custo me matar. Eu não tenho família, não mais, e ouvir a voz de Jeremy abriu uma ferida que estava bem longe de cicatrizar. Não estou diminuindo sua dor, Finnie. Sei que você ficou tão abalado quanto eu, sei que você está de luto pela Mags, mas pelo menos Annie ainda está viva, e te espera no 4. Eles usaram a voz de alguém que era totalmente importante para mim, só para me atingir. E boom! Eles me atingiram, e bem lá no fundo.
Finnick não disse nada, apenas me abraçou, fazendo eu retribuir e começar a chorar novamente.
—Eu te entendo. — ele disse também com a voz um pouco fraca, indicando que ele também ia começar a chorar. — No final somos mais parecidos do que pensamos, não é?
Isso fez um riso abafado soltar dos meus lábios. Realmente, Finnick e eu somos mais parecidos do que pensamos. Não temos família, somos os queridinhos da Capital, vencemos os Jogos aos quatorze e sofremos as consequências de ser um vitorioso. É por isso que entendemos a dor um do outro. Porque são as mesmas.
—Onde ela está? — ouvi a voz de Johanna não muito longe de nós. — Trouxe água para ela.
—É melhor esperar um pouco para entregar. — ouvi a voz de Peeta. — Acho que ela não quer muita conversa agora.
Resolvi prestar atenção na conversa que eles iriam ter, ou não ter.
—Desculpa me intrometer, mas, quem é Jeremy? — perguntou a Mason. — Um ex namorado ou algo assim?
Confesso que não gostei do jeito que ela falou, um tom debochado, como se minha dor fosse motivo de deboche. Ao suspeitar pela demora da resposta de Peeta, provavelmente ele também não gostou.
—Antes de Lily ir para os Jogos, ela tinha uma família, não de sangue, mas uma família. — ele começou a dizer. — Eles eram chamados de Bando, e cantavam no Distrito 12 todos os dias, sem exceção. Jeremy era como se fosse o irmão mais velho dela, eles eram bem unidos e apegados um ao outro, como ela é com Finnick. Mas após sua vitória nos Jogos, a família dela foi encontrada morta, por motivo desconhecido. E aí que veio o Snow dizendo que ela era neta dele, e agora você sabe o resto da história. — um silêncio de poucos segundos entre eles dois se fizeram presente, aparentemente Johanna fez algum gesto, acho eu. — Sabe, ele foi muito importante para ela, Lily nunca superou sua morte. A maioria de seus pesadelos envolvem ele e sua família. Por isso, não pegue muito pesado com ele, tá? Ela é uma ótima pessoa se você a tratar bem.
—Você realmente gosta dela, não é?
Mais um silêncio de poucos segundos.
—Não só gosto, mas eu a amo. Eu faria de tudo por ela, até mesmo as coisas que seriam impossíveis.
Aí. De novo aquele sentimento de culpa. O sentimento de culpa por saber que Peeta ainda me ama. Odiava quando ele lembrava disso. Me fazia sentir culpada por não ter os mesmos sentimentos. Ele cuida tão bem de mim, e na maioria das vezes eu só o machuco.
—Finnick, Lily! — nos separamos do abraço quando ouvi Johanna nos chamar. — Ele tem um plano. — disse apontando para Beetee com a cabeça.
Finnick e eu nos aproximamos do grupo, me sentei ao lado de Peeta. Beetee começou a explicar seu plano.
—Onde os Carreiristas se sentem mais seguros? Na selva?
—A selva é um pesadelo. — respondeu Johanna.
—Provavelmente aqui na praia. — disse Peeta.
—E por que não estão aqui?
—Por nossa causa. Nós a ocupamos. — disse Johanna novamente.
—E se saíssemos, eles viriam.
—Ou ficariam escondidos na linha das árvores... — Finnick diz.
—Que em pouco mais de quatro horas será inundada com a água da onda das dez. E o que acontece à meia-noite?
—O raio atinge a árvore. — digo.
—Eis o que eu proponho. Saímos da praia ao escurecer, em direção a árvore do raio. — ele disse apontando para a árvore. — Isso deve atraí-los de volta à praia. Antes da meia-noite, corremos este fio da árvore para a água. Qualquer um na água ou na areia úmida, será eletrocutado. — vejo Peeta pegar um pouco da areia úmida para sentir.
—Como sabe que o fio não irá queimar? — perguntou Johanna.
—Porque eu o inventei. — respondeu Beetee. — Eu garanto, não vai queimar.
Um silêncio ficou entre nós por alguns segundos. Todos nos olhávamos pensativos. O plano era bom, mas eu estava com medo do que iria vir a seguir. Eu sei o que acontece quando pessoas fora do nosso grupo de aliados morrem. Ou o grupo de aliados começam a matar as pessoas do seu grupo, ou pode acontecer que nem com aconteceu em relação a Gavin, o que no caso seria a opção que prefiro que aconteça.
—Bom, é melhor do que ir caça-los. — Johanna quebrou o silêncio.
—Sim, por que não? — digo. — Se falhar, não haverá maiores problemas.
—Acho que devemos tentar. — disse Mellark.
—O que podemos fazer para ajudar? — perguntou Finnick.
—Mantenham-me vivo nas próximas seis horas. Isso ajudaria muito.
O grupo se separou. Finnick voltou para a beira do mar, Johanna e Beetee sentados na areia e Peeta e eu também sentados na areia, mas um pouco longe dos outros. Estava pensativa. Os Jogos está chegando ao seu fim. O que pode acontecer se esse plano der certo?
—Acho que devemos ir. — digo baixo para o loiro ao meu lado.
—Esse plano vai funcionar, Lily.
—Sim, eu sei. Mas você sabe muito bem o que vem depois da morte dos Carreiristas. Eu não estou muito consciente de meus atos, não quero ser a primeira a atacar, mas se alguém representar alguma ameaça, principalmente para você, sabe que não irei agir por mim.
Isso é verdade. Aquela arena está me fazendo ficar fora de mim. Por parte, não quero atacar, não quero matar ninguém do nosso grupo, mas, se caso algum deles representar alguma ameaça para Peeta, não irei pensar duas vezes antes de atacar. Matarei até Finnick se ele também representar uma ameaça, sim, tenho coragem até de matar meu melhor amigo para salvar Peeta, o que pode ser hipocrisia de minha parte visto que ele me ajudou muito nesses anos, e graças a ele que sei me defender agora nessa arena. Mas se ele atacar primeiro, não irei colocar a amizade acima. Qualquer ameaça precisa ser eliminada.
—E se eles também não quiserem? — ele me olhou. — E se todos nós recusarmos a atacar?
—Bom, ainda podemos acabar mortos.
—Talvez não, funcionou da última vez.
—Porque eu me intrometi. Ameacei Seneca Crane e dei aquela pílula para você e Katniss. Nem mesmo se eu tentasse, eles iriam cometer o mesmo erro de novo. Você sabe que só um vai sair vivo daqui. E vai ser um de nós três, Finnick, você ou eu.
Ele olhou para frente um pouco pensativo e logo abaixou sua cabeça.
—Os Carreiristas ainda estão na selva. Temos que ficar com o pessoal até meia-noite. — ele me olhou novamente. — Se ouvirmos um canhão, nós iremos embora.
Assenti com a cabeça, ficamos em silêncio por alguns segundos até ele voltar a falar.
—Lily, não sei que tipo de acordo você fez com o Haymitch, mas ele também me fez promessas. — ele tirou o medalhão que estava em seu pescoço e o abriu, revelando quatro fotos.
Uma foto de Katniss, uma de Prim com sua mãe, uma de Gale e outra da minha família do Bando. Meus olhos se encheram de lágrimas.
—Se você morrer e eu viver... — ele fez uma pausa, com um olhar pensativo e triste. — não me sobraria nada. Ninguém mais com quem eu me importasse.
—Peeta... — disse baixo e respirei fundo.
—É diferente para você. Katniss, sua nova família precisa de você. Sei que sua família do Bando está morta, mas queria que tivesse a foto deles. Você precisa voltar, Lily, você tem uma nova família agora que precisa de você. Você precisa viver como a sua família quisesse que você vivesse se tivessem vivos. Você precisa viver, por eles.
—E quanto a você?
Peeta me deu um sorriso fechado e negou com a cabeça, me olhando nos olhos.
—Ninguém precisa de mim. — diz ele, e não há nenhuma autocomiseração na voz dele. É verdade que a família de Peeta não precisa dele. Eles sentirão a sua morte, assim como um punhado de amigos. Mas continuarão com suas vidas. Até mesmo Haymitch, com a ajuda de uma grande quantidade de aguardente branca, seguirá com sua vida. Percebo que apenas uma pessoa ficará irreversivelmente devastada pela morte de Peeta. Eu.
—Eu preciso. — digo da forma mais sincera que eu podia falar. — Eu preciso de você.
Ele parece chateado e um pouco desconfiado com o que eu disse. É claro que ele iria ficar assim, todas as vezes que disse sobre meus sentimentos, que o beijei, ou algo do tipo, sempre foi por causa das câmeras, sempre foi para aumentar a nossa encenação. Mas dessa vez eu falava de verdade, sentimentos verdadeiro, eu realmente preciso dele, mais do que tudo. Preciso de seu abraço quando acordo de um pesadelo, preciso ouvir sua voz doce me acalmando, preciso ver ele cantando comigo. Eu realmente preciso de Peeta Mellark na minha vida. Olhei para os seus lábios e o que eu mais desejo agora é ter eles sobre os meus.
Então, sem nem pensar duas vezes, selei nossos lábios, iniciando um beijo, ele não demorou muito para segurar meu rosto e começar a retribuir o beijo. Estou sentindo novamente aquela coisa. Aquela coisa que senti quando nos beijamos na sala do piano. Aquela palpitação no coração e a necessidade de querer mais. A sensação dentro de mim fica mais quente e se espalha por todas as extremidades do meu ser. Em vez daquele beijo me satisfazer, tem o efeito oposto. Fazem com que minha necessidade seja maior. Acho que se não estivéssemos aqui na arena, esse beijo teria o mesmo fim que aquele dia teve, nós dois na cama trocando gestos de amor.
O que mais acho estranho é como aquele beijo mexe comigo. Como Peeta Mellark está mexendo comigo. Ele faz eu ter sentimentos e desejos que nunca imaginei que teria. Um outro sentimento começa a crescer no meio desse beijo. Um sentimento completamente estranho por mim que rodeava meu corpo. Mas diferente dos outros sentimentos que conheço muito bem, como dor, tristeza e medo, este era um que me trazia conforto, tranquilidade, e o principal de todos, paz.
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Deu para perceber que amo postar capítulo de madrugada neh? KAKAKAKAKAKAKAK quero ver como vai ser quando começar as aulas daqui quinze dias🥲
Meu Deus gente, eu estou completamente apaixonada por eles dois SOCORROOOOOO🥺🩵🧡✨️
Vei eu juro que quase chorei na cena quando a Lily chama pelo Jeremy (mentira, eu realmente chorei). Meu Deus😭
Mas nesse capítulo teve cenas da minha amizade favorita da fanfic e do nosso casal! Meu Deus amei muito escrever esse capítulo, socorroooo.
Olha, não sei, mas provavelmente o próximo capítulo vai ser o último do enredo de "Em Chamas". Mas pretendo fazer que o enredo de "A Esperança" (acreditem, que de esperança não vai ter nada, literalmente) ser um pouco maior. Claro que não vai ser ao ponto de deixar a fanfic chata e com coisas nada haver, mas é que estou com algumas ideias que vai ter mais rendimento nesse enredo😃
Peço desculpas pelos erros ortográficos, tento ao máximo evitá-los, mas tem vezes que passa despercebido.
Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️
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