xv. stranger things
—Ele não está respirando! — disse alto olhando para Finnick e Mags, minha voz estava embargada e quase não estava saindo. — Ele não está respirando! — voltei a olhar para Peeta e comecei a sacudir ele. — Peeta! — grito seu nome enquanto o sacudia com mais força.
Finnick me jogou para o lado com certa rapidez. Estranhei seu ato e por uma fração de segundos, vejo Finnick beijando Peeta, me deixando mais confusa ainda. Me aproximei mais dos dois e reparei que ele não está beijando Peeta. Seus dedos fechavam as narinas de Peeta e deixava sua boca bem aberta e está soprando ar para seus pulmões. Logo ele começa a pressionar com as mãos o ponto em cima de seu coração. Esse processo foi se repetindo várias vezes. Mas nada, nenhuma reação de que ele vai acordar. Senti um nó se formar em minha garganta e meus olhos se encherem de lágrimas, logo elas começando a cair, já começando a perder as esperanças. Foi quando ele inspirou o ar, indicando que deu certo, que ele acordou. Finnick se afastou e eu me aproximei mais dele, colocando a mão em seu rosto.
—Peeta? — digo suavemente com a minha voz fraca. Ele abriu lentamente os olhos e logo eles se encontraram com os meus. —Aí meu Deus! — minha voz saiu embargada e mais lágrimas começaram a cair.
—Cuidado. — diz ele fracamente. — Tem um campo de força ali na frente.
Eu ri em meio às lágrimas e logo selei nossos lábios em um selinho rápido. Minha mão começou a acariciar seus fios de cabelo loiro. As lágrimas caiam sem parar e eu soluçava. Eu quase o perdi. Quase perdi mais uma pessoa importante para mim.
—Você morreu. — digo com a voz embargada e um soluço por causa do choro acabou escapando sem eu ao menos tentar impedir. — Você morreu. Seu coração parou.
—Está tudo bem. Ele está funcionando agora.
Eu o ajudei a se levantar e logo o puxei para um abraço forte, ele tentou retribuir na mesma intensidade. Eu tremia e eu chorava descontroladamente a ponto de soluçar várias vezes seguidas.
—Eu quase te perdi. Eu deveria ter ido na frente, eu sabia ver o campo de força, não deveria ter deixado você ir na frente. Você quase morreu por minha culpa. Me perdoa. — mais um soluço escapou de meus lábios. — Eu nunca iria me perdoar se você realmente morresse. Me perdoa.
—Ei, calma, está tudo bem. — ele diz quando nos separamos, ele colocou as mãos em meu rosto. — Está tudo bem, não é culpa sua, não é culpa de ninguém. — Peeta secou algumas lágrimas que caiam com seu dedo, mas não adiantou muita coisa visto que mais lágrimas começaram a cair. — Está tudo bem, Lily. — vi ele ficar com um olhar preocupado quando mais soluços escaparam de meus lábios. Ele estava preocupado comigo. Mas sou eu quem deveria ficar preocupada com ele. Foi ele que quase morreu. — Ei, Lily, está tudo bem.
—São os hormônios. — ouvimos a voz de Finnick e olhamos para ele, este que estava nos olhando. — Por causa do bebê.
Ah claro, quase me esqueci, de novo, que é para eu estar grávida. Por mais que essa choradeira foi real, porque eu realmente tive medo de perder o Peeta, até que deu para sustentar a mentira. Me aproximei de Finnick e o abracei, e ele retribuiu o abraço.
—Obrigada. — digo para ele. — Obrigada por ter o salvado. Obrigada. — sei que Finnick fez isso mais por consideração a mim, mas é uma dívida que nunca irei conseguir pagar, ainda mais se eu ou ele morrermos aqui na arena.
—De nada. — disse acariciando minhas costas. — Vamos continuar. — diz quando nos separamos. Finnick olhou para Peeta. — Consegue continuar? — Mellark assentiu com a cabeça.
—Acho que se formos um pouquinho devagar, não deve ter problema.
Voltamos a andar em busca de água. Eu ficava ao lado de Peeta e segurava sua mão, me certificando se ele estava realmente bem. Caminhávamos lentamente, jogávamos nozes para identificar o campo de força para não ocorrer outro acidente. Procuramos por qualquer coisa, água, comida, um lugar bom para dormir, mas nada. Só havia árvores, folhas, mais árvores e mais folhas. Me abaixei para sentir as folhas e vi que elas estavam um pouco úmidas, deve ter água aqui em algum lugar e provavelmente estamos mais perto dela do que nunca.
—Esperem aqui. — digo para todos. — Eu já volto.
Não deixei eles terem tempo de falar alguma coisa, então me afastei o mais rápido o possível. Andei reto para ver se encontrava alguma coisa. Comida, água, um lugar seguro, qualquer coisa valia. Sempre me abaixava para sentir as folhas e elas estavam úmidas a cada passo. Resolvi escalar uma árvore grande para ter uma visão melhor da arena, no alto vejo a Cornucópia e uma praia não muito longe. Olhei para o céu e vi o campo de força, E consigo distinguir um ou dois daqueles quadrados ondulados, brechas na armadura, como Wiress e Beetee os chamaram, porque eles revelam o que deveria estar oculto e são, portanto, um ponto frágil. Só para ter certeza absoluta, atiro uma flecha no espaço vazio acima das copas das árvores. Há uma explosão de luz, uma súbita ocorrência de céu azul real, e a flecha é jogada de volta à selva. Estávamos totalmente cercados pelo campo de força. Desci da árvore e voltei a andar a procura de algo, coloquei até a mão em minha barriga para ver se alguém teria compaixão pela pobre neta do presidente, que está grávida nessa arena, respirei fundo e não muito longe ouvi um barulho de um animal e vi alguma coisa que parece um cruzamento de ratazana com gambá, grudada aos galhos próximos ao tronco. Atiro em um desses últimos – que cai da árvore – para olhar mais detidamente. Ele é estranho e bastante horrível, e seu cheiro era tão ruim que me deu enjoos. Enquanto tirava sua pele e suas estranhas, como Katniss e Gale haviam me ensinado, e fazendo uma cara de nojo a cada vez que o cheiro ficava mais forte, percebi uma coisa em seu focinho, estava molhado, como se ele acabasse de beber água de um riacho. Fui até o tronco de árvore de onde ele estava e comecei a procurar algum resquício de água, mas não encontrei nada além de folhas. Suspirei desanimada e voltei para onde estava os outros. Eles me olharam esperançosos, mas apenas balancei a cabeça negando.
—Deve ter água em algum lugar, mas só essa... Coisa horrenda aqui sabia. — digo erguendo o roedor para todos verem. — Ele tinha acabado de beber água quando o encontrei. Mas não achei nada além de folhas e árvores.
—A gente pode comê-lo? — perguntou Peeta.
—Não sei... Aparentemente a carne não deve ser diferente das carnes de esquilo que eu caçava com a Katniss. Só que ele precisa ser cozido...
Fiquei pensando em como cozinhar aquele roedor. Acender uma fogueira estava fora de cogitação, visto que poderiam nos localizar facilmente. Peeta teve uma ideia melhor, ele pega a carne do roedor e joga contra o campo de força. O pedaço de carne voltou preto do lado de fora, mas estava bem cozido por dentro. Damos a ele uma salva de palmas, mas paramos ao lembrar onde estávamos. Fizemos uma refeição com a carne do roedor e as nozes. Para a pequena Lily de quatorze anos que passava fome no 12, essa seria uma carne de alta categoria, agora para a Lily de agora que está acostumada com as carnes de alta qualidade da Capital, essa está sendo a pior refeição. O gosto é horrível e o cheiro era pior ainda, os outros não estavam se incomodando, aparentemente. Bom, as vezes eu que fiquei fresca com o tempo enquanto vivia na Capital. Comi só um pouco só para não ficar com fome e depois dei o que sobrou da minha parte para Peeta e fiquei apenas comendo as nozes, essas que estavam boas e não teve o que reclamar.
—Vamos descansar. — disse Finnick ao ver que estava escurecendo. — Vamos revezar a vigia, eu fico com o primeiro turno.
—Será que podemos confiar nele? — Peeta disse baixo para mim, mas aparentemente Finnick ouviu. — As pessoas podem mudar quando estão na arena, e... — ele foi interrompido.
—Acha mesmo que vou fazer algo contra você ou contra a Lily? — retrucou o loiro, fazendo Peeta o olhar um pouco surpreso por ele ter ouvido o que ele disse. — O fato de eu ter salvado a sua vida não te dá um ponto de confiança em minha relação? Acredite, eu já teria matado vocês dois se eu quisesse. — ele foi ajeitar Mags em uma árvore.
—Ele está certo, Peeta. — digo para o loiro ao meu lado. — Podemos confiar nele. Finnick não faria nada contra nós dois. — eu sorri. — Vamos descansar um pouco. Você está cansado e eu também.
Eu realmente estava cansada. Juntava a sede e o fato daquele lugar ser quente demais me deixava cansada. Peeta apenas assentiu com a cabeça e logo nos encostamos em um tronco de árvore. Mags não estava muito longe de nós e ela já se ajeitava para dormir. Me aconcheguei nos braços de Peeta, este que começou a acariciar meus fios de cabelo enquanto sua outra mão estava sobre a minha que estava sobre seu abdômen. Não demorou muito para eu adormecer.
Meu cochilo não durou por muito tempo. Acordei com enjoo e com vontade de vomitar. Me levantei rapidamente e corri até um arbusto próximo e joguei para fora toda a minha refeição daquele dia, desde minha refeição na Capital até a carne do roedor e as nozes que comi alguns minutos atrás. Estômago fresco. Pensei. Por quatorze anos você recebia até casca de árvore como comida e agora só porque dois anos seguidos você recebe comida de alta qualidade fica desse jeito. Senti uma mão acariciar minhas costas enquanto a outra segurava meu cabelo e logo reconheci o toque irreconhecível de Peeta. Senti olhares sobre nós mas acabei não me importando.
—Está melhor? — perguntou Peeta quando terminei de jogar tudo para fora. Assenti com a cabeça.
—Deve ter sido aquele roedor. — digo tentando me recompor. Nesse momento, preferia o gosto daquela carne ruim do que o gosto de vômito que agora está presente em meu paladar. Tudo o que eu queria era água para tirar esse gosto ruim.
O loiro me ajuda a voltar para onde estávamos e ficou do meu lado. Finnick logo se aproximou de mim, com um olhar desconfiado e preocupado ao mesmo tempo.
—Está tudo bem? — perguntou e eu assenti com a cabeça. Ele me estendeu uma pequena folha, reconheci essa folha, é uma folha que pode ser comestível ou usada para se limpar. — Não tem papel aqui e não seria muito legal limpar na roupa.
Eu ri de seu comentário e isso fez ele rir também. Peguei a folha e com ela limpei meus lábios. Não havia muitos vestígios de vômito como imaginei que teria. Finnick acariciou meu ombro com um sorriso e logo voltou para seu posto de vigia. O enjoo ainda era presente e com certeza se eu ingerir mais alguma coisa irei vomitar tudo de novo. Respirei fundo para ver se iria passar, mas nada, ainda era presente. Espero que isso tenha feito algum patrocinador ficar com pena de nós.
—Vamos voltar a procurar água logo, eu prometo. — disse Peeta enquanto acariciava minhas costas. — Tenta dormir mais um pouco.
Assenti com a cabeça e deitei a cabeça em seu ombro e tentei dormir. Consegui por alguns minutos até que acordei com o som de um paraquedas dos patrocinadores. Me levantei rapidamente e fui até o paraquedas, abri o pote de metal e vi um bilhete de Haymitch.
"Parabéns passarinha, graças a sua pequena encenação, os patrocinadores tiveram pena de vocês. Aí esta algo para ajudar na busca por água."
Peguei o objeto e olhei com atenção, tentando identificar o que era.
—O que é isso? — perguntou Finnick.
—Parece uma cavilha.
Fui em direção a uma árvore e com a ajuda de uma pedra, preguei o objeto na árvore e observei atentamente qualquer pequena gota d'água que caísse. Mas nada, não caia nem um pingo. Quando estava perdendo as esperanças a água começou a cair e comecei a beber, o líquido era quente mas pelo menos era alguma coisa. Nós três alternavam a vez e Finnick pegou uma folha para dar água para Mags. O alívio foi instantâneo, já estava melhor, então realmente era sede. Vomitar é ruim, mas bem que poderia acontecer de novo para terem pena de nós, não é? Bebemos água e até lavamos o rosto e cabelos, e quando todo mundo estava satisfeito, tirei a cavilha e guardei. Percebi que Peeta estava um pouco cansado e quase caindo de sono. Será que ele dormiu quando estava comigo ou ficou atento a mim por preocupação? Pelo jeito que ele está, deve ser a segunda opção. Ele quem deveria descansar mais.
—Pode dormir, eu fico de vigia com o Finnick. — digo com um sorriso.
Ele pareceu hesitar antes de responder.
—Tudo bem, mas só um pouco.
Ele foi para o tronco que estávamos e eu fui para o lado de Finnick.
—Como você está? — ele pergunta.
—Ah, sabe né, chateada por estar aqui, mas bem.
—É chato essa situação do Massacre. Primeiro o casamento foi cancelado, e agora você está aqui grávida.
De novo Finnick está reforçando essa mentira da gravidez. Tenho quase certeza que ele sabe que isso é mentira e só está fazendo isso para me ajudar.
—Bom, é a vida. Algumas vezes só temos que aceitar nosso destino, por mais cruel que ele seja.
—Poético, e triste. — disse e rimos.
Ouvi barulhos de algo como badaladas de um relógio, fiquei atenta para saber o que seria e contei quantas badaladas seria.
—Doze. — digo.
—Meia-noite?
—Ou o número de Distritos.
Ao longe vi raios caírem em uma árvore grande. Doze no total. Aquela árvore diz algo como "se aproximem de mim e você vira churrasco". Melhor ficar longe dela se ainda quisermos ficar com vida.
—Bom, eu vou dormir um pouco. Consegue cuidar da vigia sozinha?
Assenti com a cabeça e ele foi para um tronco de árvore se ajeitar para dormir. Fiquei alerta o tempo todo para ver alguma ameaça se aproximando, mas logo esse meu lado alerta se desligou e só percebi que estava dormindo quando minha cabeça caiu para baixo, dei umas batidinhas no meu rosto para me manter acordada e novamente fiquei atenta a qualquer perigo com meus olhos quase pregando. Meu olhar vai para uma neblina branca que se aproximava de nós, fiquei em alerta para ver o que isso significava, o que obviamente não era coisa boa, nada que vem dos Idealizadores são coisas boas. Estendi os dedos para a névoa e imediatamente senti dores agudas na ponta dos dedos e indo para a palma da minha mão fazendo com que um grito de dor saísse de meus lábios, logo bolhas começaram a se formar no local.
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Vei, eu não queria lembrar da série "Stranger Things" quando escolhi o título da fic KAKAKAKAKAKAMAKAK mas era o único que combinava, entaooooo foi esse mesmo😃
Já falei que AMO a amizade da Lily com o Finnick? Pois vou dizer novamente EU AMO MUITO ELES DOIS!!! Sério, meta de vida é ter um amigo como o Finnick🫶🏻
Confesso que iria colocar mais coisas nesse capítulo, mas resolvi deixar para o próximo, porque senão o enredo de Em Chamas vai ter pouco capítulo, assim como o enredo de Jogos Vorazes, e não quero que isso aconteça😻
Peço desculpas se tiver algum erro ortográfico, tento ao máximo evitá-los, mas tem vezes que passa despercebido.
Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️
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