❪ 𝐎𝟒 ❫ ┆ ❛ 𝐈 𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐀 𝐏𝐑𝐎𝐕𝐄!
CAPÍTULO QUATRO
eu tenho uma prova!
ANOITECEU DEPRESSA, MENOS PARA DEVIE QUE sentiu o tempo congelar, permanecendo estática no chão frio de seu quarto escuro. Desde o final da tarde, quando os gritos começaram e, logo no instante em que o sol se escondeu, momento em que se findaram. Uma nova onda compulsiva de planto se abateu pela vila, a ruiva sabia que algo maior do que a sua insignificante existência estava acontecendo em Union. Apenas se sentiu uma egoísta por pensar em sua dor em primeiro lugar, mas não se importava com nada mais que a cercarsse. Passos aceleravam em direção ao seu corpo frágil caído em pedaços no solo, contudo, não virou a cabeça para ver.
Elijah conseguiu o que queria. E foi embora, sem olhar para trás.
── Devie... Estamos perdidas! ── a voz áspera, porém trêmula de Abigail atravessou para o quarto com a pouca força que lhe restava, a saliva presa entre os dentes e os olhos molhados com lágrimas. A ruiva só apertou o tecido manchado de sangue entre suas pernas, se escondendo ainda mais e seus olhos pairaram focados nas sombras das janelas, úmidos pelo cansaço físico e a alma igualmente desgastada, ela não queria estar presente, queria fugir daquele momento ── Eu não sei o que fazer! Te juro, não sei o que fazer... ── seu corpo caiu sobre a cadeira ao canto esquerdo do lugar ── Como... Meu Deus! Como você está?
O silêncio a intimidou.
── Como você acha?! ── retrucou, afundando em ódio, os olhos brilhando no escuro rasuável, ambos agora voltados para a pele pálida da mais velha ── Não faça nada. Nada! Como você já fez, não é? Você ficou escutando a minha dor e não fez nada! Por que você deixou ele fazer isso comigo?! Eu tô arruinada pra sempre, você não entende?!
── Eu... Eu sinto muito! ── fechou os olhos, reconsiderando com tamanho pesar ── O que eu poderia fazer? Foi a mamãe quem trouxe o Elijah até aqui, e... E ela deu a permissão... Por favor, não me culpa! Eu já tô me sentindo péssima, tá bom?
── Está certa por se sentir assim! ── permaneceu firme, sem imacular o remorso que já circulava no interior de Abie, porque afinal de contas, estava cansada de ser o exemplo da família, portanto agora seria a ovelha negra perdida, sem volta para casa, para o que costumava ser ── E por que não posso culpar você? Achei que fossemos melhores amigas, que você morreria por mim se fosse preciso! E por que tanto medo? O que foram aqueles gritos lá fora? Por que aquele maldito saiu correndo daqui?!
── O pastor... Ele, ele enlouqueceu. ── seu queixo tremeu, estava processando uma nova informação em sua mente.
── O pastor Miller? ── Devina apertou os olhos, recordando da forma como o vira hoje mais cedo. O fato em questão era de ser preocupante.
── Ele... O pastor se trancou com as crianças, na igreja... ── seu choro reiniciou ── E... Bom, eu... Desculpa, eu nem consigo dizer!...
── O quê? E o quê?!... ── então pela primeira vez a Berman deixou seu sofrimento a parte, focando naquilo que já havia esquecido: sua irmã mais nova ── Cadê a Constance?!
── Eu sinto muito, Devie. Ela tá morta! O pastor matou todas as crianças... ── a cabeça de Abigail ainda martelava feito uma tábua sendo anexada contra a janela em tempos de vendavais, muitas questões pessoais a sufocavam. Como isso pode acontecer? O que vai ser de mim sem ela? Como vou enterrar uma parte de mim? Por que isso aconteceu conosco?, eram algumas das perguntas que a paralisavam.
── Não! Não, não, NÃO! Você tá mentindo! ── com o pouco de energia que lhe restava, a ruiva se arrastou em direção a cadeira onde a outra estava, se apoiando em seu corpo magro, subindo até ficar cara a cara com ela, os olhos num desentendimento mútuo, mas Devie muito mais agressiva que de costume ── NÃO MENTE PRA MIM! Fala a verdade, por favor! Anda! Fala a verdade! Me diz que isso tudo é mentira! ── com a reação imóvel da garota, ela apenas apertou os lábios, erguendo uma das mãos e a soltando com toda a força contra o rosto da morena que se curvou surpresa e assustada, mas resignada. Estava tão esgotada que, sinceramente, aquela ação se tornou a menor de suas angústias.
── Você pode me bater quantas vezes quiser, tá bom?! ── bradou, empurrando Devie para o chão novamente, esperando que se contivesse ── Mas isso não vai mudar o fato de que a Constance não vai mais voltar! NÃO VAI! Entendeu?...
A clareza das frases citadas com violência a fizeram se inclinar, caindo num choro profundo, Constance era a única parte que fazia Devina ter vontade de continuar lutando, o pequeno pingo bondoso no oceano agora obscuro de seu coração. O qual havia sido tragicamente removido. Abigail foi cruel, mas necessária para que caísse enfim em si.
── Sua maldita! Falsa! Dissimulada!... ── praticamente cuspiu as palavras, com os nervos a flor da pele ── Como você deixou isso acontecer? Por que não ficou com ela?! Por que você não a protegeu?
── Eu não sei! Eu não sei... Tá bom?! Eu só, só sou uma pessoa ruim! É isso o que você quer ouvir? ── abraçou o próprio corpo, se afogando com sua saliva e desejando estar morta, Abigail tinha plena consciência de seus erros, mas também sabia que não era a única a tê-los cometido ── Talvez seja por conta do que fizemos... Quem sabe estejamos sendo castigadas?!
── Do que é que você tá falando? ── o rosto já vermelho dela se enrrugou numa interminável bagunça.
── Do encontro que tivemos com a viúva, de você, a filha do pastor e... E a Sarah Fier! ── respirou fundo.
── Foi você quem tirou sua semente de dentro de você sem nem pensar duas vezes. Você! Não eu. Então não me culpe por isso... Quanto ao que o idiota do seu namorado está dizendo..
── Thomas e eu não estamos juntos!
── Conta outra... Eu sei que você saiu com ele! Se não, de quem era a criança que você estava esperando? ── Devie se manteve firme, aquela não era uma questão realmente importante no instante. No entanto, decidiu colocar tudo a limpo, mas o silêncio dela fez com que percebesse que havia algo extremamente errado, Abie estava gelada ── O quê? Não me diga que se deitou com o diabo?
── Não. É que... Eu não faço ideia de quem seja o pai! ── a mais velha deslizou na cadeira, sentindo um aperto no estômago.
── Ah! E pra mamãe, isso não é motivo de vergonha pra família, não é? ── ironizou, sem muito espanto.
── Ela não sabe... E sim, eu sei que não consigo me controlar, mas, mas... Não tem nada de errado comigo! Os garotos da vila, eles também agem assim... ── sua voz quebrou, considerava tão injusto ser encarada como o mal dos Berman, ainda que não de forma escancarada.
── Eu sei! Eu sei que na maioria das vezes você não faz por mal, sei também que não é algo para se envergonhar porque, ninguém pode julgá-la, embora todos por aqui se ocupem disso. Mas eu sou a única que sou punida por fugir das regras. Você não acha isso injusto? ── se encolheu, seu corpo ainda dolorido.
── Alguém tem que ser a ovelha dessa casa... ── Abigail disse com o máximo de respeito, admirando a retidão da irmã, embora houvesse soado como mero deboche.
── Só que hoje eu aprendi que com o tempo, toda ovelha precisa se tornar um lobo, se não quiser ser devorada por um... E eu cansei de ser a boazinha da história! ── olhou para baixo, desacreditada ── Cadê a Constance?! Quero ela aqui! Eu quero ver ela... Nem que seja por uma última vez!
A porta de frente para rua bateu contra o batente num estampido. Um passo firme contra a madeira foi dado e, a voz melancólica de Sra Berman foi ouvida próximo a um soluçar incompreensível, o planto de dor se aumentou, assim Devie pode imaginar o que estava por vir. Seu pai entrou em casa após o dia todo fora, passando pela porta com a blusa rasgada no peito, como se estivesse prestes a se enterrar vivo com a notícia que carregava nos braços, e não apenas ela, o corpo frio e pesado de sua filha caçula também estava sobre eles, imóvel, ensanguentado e com uma atadura branca manchada ao redor dos olhos. Pela primeira vez a garota teve forças para se colocar em pé, embora os joelhos ainda bambos, Devina escorregou para a sala, se apavorando com a imagem de Constance sendo colocada no chão do centro de sua casa, como um animal abatido após um dia duro de caça. Os lábios se contorceram, seu corpo se atirou contra o chão, caindo próximo ao da pequena com a sombra de Abigail se estendendo sobre sua cabeça logo atrás de sua silhueta, seus olhos se fecharam e ela curvou a testa contra a barriga de Constance, inconsolável. Mas o ato foi interrompido por um timbre estridente:
── Tire as mãos dela! ── sua mãe lhe replicou, se aproximando nervosa e jogando seu corpo para longe daquela que com o cheiro da morte pairava mansa ── TIRE AGORA! É por sua culpa que isso tudo aconteceu! Está satisfeita?! Deus não há de ter piedade da sua alma. Eu não quero mais te ver... Elói, amarre sua filha! ── ordenou ao marido, que no primeiro instante, mal pode compreender seu pedido.
Devina respirou fundo:
── Sabia que a Abie estava grávida? ── sua voz rouca e falha de tanto chorar interrompeu a da mulher, pondo as claras o que estava oculto.
Abigail segurou seu peito, uma dor imensa se formou, seu segredo sendo revelado de forma tão objetiva por sua irmã, a pegou desprevinida.
── Ora, do que está falando?! ── Sra. Berman pressionou as mãos na cintura.
── Não importa o quanto me castigue. O diabo sabe que na nossa família, um de nós matou uma vida, um de nós compactuou com adultério e um de nós fingiu não ver o sofrimento e traição dos sentimentos da própria filha. ── Devina simplesmente decidiu atingi-los com suas palavras, encarando primeiro a irmã, depois seu pai e sua mãe, ao dizer friamente aquilo. ── Vocês todos cheiram a morte e pecado!
── Elói, faça o que te pedi!... E você, sua vadiazinha... Ficará de joelhos no milho! ── apontou para a mais velha.
── Mamãe, não! Não faça isso, por favor... ── suplicou ela, sendo ignorada. ── Eu posso explicar tudo...
── O que você quer mesmo que eu faça? ── Sr. Berman tornou a perguntar, como se não estivesse certo do que escutara, entretanto encontrava-se igualmente cego pela dor ── Por favor, nós já perdemos uma filha!
── Não me ouviu? O seu castigo continua sendo o mesmo, Devie. Pegue as correntes que usávamos para prender os currais, quero Devina presa feito o animal que ela se transformou! ── os olhos da mulher cresceram sobre a face revoltada da garota.
── Sua desgraçada! EU TE ODEIO! EU ODEIO VOCÊ! SEU MONSTRO! ── externou, sem qualquer remorso. E apesar de se lamentar por fazer aquilo diante do corpo de sua irmãzinha, não hesitou em reagir quando viu seu pai se dirigindo para o quintal, para atender o pedido de sua mãe. Devina simplesmente atacou, correndo em direção à sua mãe, a derrubando sobre a mesa, apertando seu pescoço com suas unhas pontudas. A mulher perdeu o fôlego, sentindo a menina a sacudir cada vez mais forte, Abie ainda sem reação, correu para tentar separá-la, mas o pai de ambas foi muito mais veloz, retornando para dentro com o objeto em mãos, envolvendo a corrente de ferro ao redor do peito da do meio, a puxando para trás, os dois caíram num rápido tropeço, mas ele se demonstrou ser bem mais ágil, a mantendo sob controle.
── Amarre essa imunda! Ela está se transformando... Vocês viram? ── ergueu-se, sua pele ardendo e praticamente na carne viva, mas não recuou em exagerar os fatos ── Deus, tenha misericórdia dessa garota! Se nem mesmo o que o Conselheiro fez pode te ajudar, o que poderia eu fazer?!... Só me resta aceitar.
Mas quem em verdade se conformou foi Devina, não houve luta desta vez, nem um sibilar depois daquilo. Somente o silêncio devastador. Ela apenas se permitiu ser levada por seu pai para o quarto no segundo andar, sem muita demora e, até lhe estendeu as mãos para facilitar o trabalho. Os olhos fincados no rosto de cada um presente ali, segura de si em seu interior, um sorriso irônico surgiu ao canto de seus lábios acompanhado por um brio de loucura. A ruiva permitiu que ele a prendesse contra os pés da cama, imóvel, exausta de hostilizar. Olhando de canto, viu uma pequena folhinha flutuar e cair no chão, era a sálvia que havia dado a Constance na noite anterior, planejando que ela fizesse um pedido. Algo lhe dizia que ela não havia sonhado com o que desejava e, havia esquecido de enterrar o objeto. Podia ser apenas uma tola superstição, mas soou tão irônico levando em consideração as desgraças que os acometeram. As pupilas do homem brilharam ao vê-la assim, de todas as três filhas, Devina era sua preferida, ele não sabia o que pensar, sentiu o mínimo de pena quando a olhou por uma última vez, contudo não foi suficiente para reconsiderar e tratá-la com o amor que tanto merecia ser acolhida depois de tudo. Só se encaminhou para a sala, de onde se dirigiria para os fundos, cavar uma cova em seu quintal e enterrar o corpo de Constance, depois sairia para a igreja central, onde alguns homens decidiam algumas questões referentes ao acontecimento do fim de tarde e exigiam sua presença. Devie apenas encarou a lua provocativa através da janela no interior do pequeno cômodo, ouvindo um par de grilos cantar, algo estava mudando dentro de si.
Portas trancadas e sangue de cordeiros nas vigas eram o cenário mais comum por toda a vila. A noite ficava, estranhamente, mais escura de modo que era possível sentir o peso no ar tenebroso e tão peculiar. Não sabia ao certo se pelo vento agressivo, ou o derramamento de sangue sobre a terra já impura. Sarah e Hannah aceleraram até a igreja central, abaixadas espiavam por uma das janelas, ambas se reuniram depois da loira estar em choque e Sarah inconsolável por perder o irmão. Elas tentaram levar Devina com sigo no caminho, mas Sra. Berman as ameaçou com uma tocha acessa, fogo inflamava e escorria pelo pano que a sustentava, e ela não parecia em momento algum estar blefando. Porém obviamente o plano era que se tudo saísse do inteiro controle, para onde podia-se dizer que a situação estava andando, precisavam pegar a ruiva rapidamente e saírem correndo daquele lugar tão impiedoso.
── Escutem! Há uma força sombria, e maléfica, atuando aqui. ── Sr. Berman iniciou, reticente ── Se nós quisermos acabar com o sofrimento, precisamos eliminar os culpados! Precisamos...
── O homem responsável, está morto! ── Solomon concluiu, do banco de onde estava sentado ── O pastor Miller...
── O pastor Miller, o nosso pastor, foi um homem de Deus. E isso não foi obra dele... Ele foi possuído pela escuridão! ── então seus olhos encararam o púlpito sobre o qual suas mãos estavam apoiadas, ocultando a emoção ── E minha filha querida, Constance. E muitos outros, estão mortos! Nossos futuros... As linhagens inteiras de muitas famílias, nos foram roubadas. Alguém deve pagar!
Todos ao redor se agitaram, concordando num uníssono com gritos e os punhos cerrados. Eram em sua grande maioria homens, pais órfãos e alguns outros cujo o lazer era apontar o erro alheio para esconder os seus próprios. Poucas mulheres integravam a reunião, estavam mais ao fundo, no entanto, não pareciam ter voz para decidir qualquer coisa.
── Eu vi três cordeirinhos da nossa cidade rindo, se divertindo na última noite de lua cheia. ── Thomas se levantou, discursando com imenso ódio e poder de persuasão.
Em seu assento, Isaac, o jovem loiro ainda bastante preocupado devido as proporções que aquela reunião estava tomando, decidiu se manifestar, por ser um dos poucos homens da oposição, caminhando até a frente de todos.
── Alguns de nós fomos a floresta, mas não houve... Nós bebemos água ardente, nós dançamos. Somos jovens! Isso nao é um crime! ── se justificou, o que não pareceu convencê-los.
── Pecadores! ── rebateu um dos moradores, firme.
── Silêncio! Você pecou! Sim, você pecou! ── gritou Thomas, insandecido ── Olhe para as suas crianças... pois elas terão a marca do diabo! BRUXARIA!
Muitas das garotas foram revistadas com o cair da noite, não havia uma justificativa plausível, mas todos queriam um motivo para abater as trevas que os perseguiam.
── Sim, bruxaria. ── Elijah se levantou, e todos se calaram para ouvir o Conselheiro ── E assim como o meu irmão Solomon, heróicamente, removeu as trevas do nosso meio ao matar o pastor enfermo. Nós também puniremos e derrotaremos esse mal! Como sobreviventes, os nossos rostos sempre estarão voltados ao céu. ── a opinião foi bem aceita pelo sorriso nos rostos. Contudo, o Goode mal conseguia erguer os olhos ao dizer aquilo.
── Eu mapeei nas minhas patrulhas, essa... Chaga. Se localiza na própria Union. ── um terceiro homem subiu próximo ao púlpito, empenhado em encontrar a solução ── Eu vasculhei a floresta e ela não se estende além do povoado! Está aqui, está em Union. Estamos sendo punidos e eu tenho uma lista de nomes!
O alvoroço foi mútuo novamente. Sobretudo, Thomas que eufórico se ergueu quase cambaleando no chão, apertando a calça com os dedos a fim de conter a ansiedade, os olhos arregalados presos na feição daquele que falava e o rosto sujo, muito interessado no que estava prestes a ser dito.
── Então mostre-a para nós! ── ele incentivou, num grito que fácilmente ecoou no lugar.
── Chega! Chega! Escutem a si mesmos! ── Solomon novamente interrompeu ── Especulação! Caçando, sombras... Imaginando maldições! Agora eu pergunto, você tem alguma prova? Não? E você? ── Thomas riu ao ser indagado ── Ou qualquer um de vocês?! ── ele abriu os braços para o resto da população, que brevemente se calou.
Então com uma inteira surpresa, o homem avistou uma silhueta em pé no início do corredor entre os bancos, sem contraste com a luz, no escuro, parecia feminina. Os pés descalços se aproximavam, passo por passo, entrando na igreja lentamente, todos olharam para o fundo quando notaram que o Goode pausara o discurso se concentrado na cena. Os pulsos encostados no tecido de sua saia, ensanguentados, não parava de escorrer e estavam marcados por correntes. Subindo para sua feição desnorteada, no entanto, sombria é os lábios secos. Os cabelos brilhando na cor ruiva que, ligeiramente a denunciaram, era Devina Berman quem caminhava tão centrada, sob os olhares tortos. Aparentemente, conseguira escapar de seu quarto, com tamanho esforço, destemida a se manifestar.
── Eu tenho uma prova! ── ergueu a voz, com um rápido chiado no fundo da garganta, os olhos verdes tremeluzindo.
── Devina? ── Conselheiro Goode se espantou, temendo que suas falhas fossem reveladas diante de todos.
── Filha?... ── seu pai também se preocupou, ao vê-la tão fúnebre.
Os homens ficaram estagnados. Sem saber se deviam continuar com a reunião, repreender a garota ou deixá-la dizer. Entretanto, concordaram em escutá-la, curiosos pelo simples fato de assistirem a garota mais sã e bondosa da vila, parecer tão desvairada.
── Eu vi Hannah Miller e Sarah Fier se deitarem com o diabo! ── a voz despedaçada de Devina revelou ── Noite passada, elas me enfeitiçaram, me levaram até a floresta e me obrigaram a assistir elas se deitando com o diabo. Eu vi! Vi tudo...
── Sim! ── Thomas concordou, pulando em seu próprio lugar.
── O quê?! ── Hannah voltou o olhar espantado para Sarah por detrás da janela. Seu coração se apertou ao ver a ruiva falando daquela forma, aquilo a magoou profundamente, especialmente por vir de alguém tão importante.
── Devie... ── Fier fixou os olhos sobre ela, triste. Mas desconfiando que algo estava errado, não só no jeito de falar, com a voz morna e embargada. A morena tinha aquela habilidade de pressentir o perigo e sabia que estavam enrascadas, ainda mais após aquela afirmação.
A ruiva cambaleou no chão, Elijah se aproximou, ele a segurou e a Berman se agarrou contra seu peito, desesperada. Solomon encarou o irmão, preocupado. Ambos não disseram uma palavra. Agora estavam sendo vistos como bons homens diante de todos, os dois haviam agido com decoro.
E Caleb que estava num dos bancos mais próximos a janela da direita, se atentou ao vulto das garotas que se movimentaram devido a surpresa.
── Bruxas! ── gritou, acenando para onde Fier e Miller estavam.
Os homens ao entorno começaram a repetir aquela palavra, se colocando em pé e correndo para o exterior, enquanto o Goode mais novo protegia o corpo desacordado da Berman com o seu. Foram tomados meia dúzia de lamparinas e armas acompanhados por gritos selvagens daqueles que prometiam fazer justiça com as próprias mãos. Sarah e Hannah apenas saíram em disparada pela imensa escuridão, correndo com a pouca força que tinham, mesmo com os joelhos já cansados. Hannah, no entanto, não suportou a pressão e escorregou sobre a grama um pouco antes do cercado que a separou de Fier, a morena arfou, sem conseguir escolher o que devia fazer: voltar para resgatá-la ou prosseguir.
── Peguem elas! Bruxas!! ── gritou um dos grupos masculinos que se aproximou ao notar a presença das duas.
── Corra! ── Miller a incentivou.
Não havia tempo de olhar para trás.
Sarah respirou fundo, acatando a decisão. Porque não seria inteligente que ambas fossem capturadas no mesmo instante. Ela tinha de fazer algo. Sim, colocou aquela responsabilidade sobre seus ombros. As pessoas mais importantes de toda sua existência estavam em perigo agora. Primeiro Devina, que por talvez não estar raciocinando direito havia as colocado em tamanho perigo, depois Hannah, no momento pega por aqueles homens nojentos.
₍ 001 ₎ Hey, amores! Como
vocês estão? ♡ Cap novo na
segunda feira, quem amou?!
Já estamos praticamente
na reta final de Evil Seed e,
ainda teremos muita surpresas.
Espero que tenham gostado!
Amo vcs!! ♡♡♡
₍ 002 ₎ Não esqueçam de
favoritar e comentar. E, me
digam o que acharam do cap
aqui!
₍ 003 ₎ Tô ansiosa pra trazer
mais capítulos, então nos
vemos em breve. Bjnhs! ♡
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