Capítulo LXXIII
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Bem-vindo a não saber o que fazer.
É uma especialidade paterna.
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JACOB BLACK
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Pai.
Uma pequena palavra, que ecoava na minha mente há uma semana. Ou quase isso, desde que reparei que Ada estava escondendo algo de mim e que, esse algo, envolvia nosso filho na sua barriga. E que Bella sabia, também. Ada nunca foi boa em esconder segredos, Bella muito menos. Parecia algo das irmãs Swan que eu sempre achei hilário.
Mas agora que era algo tão sério, eu estava puto. Por ela ter escondido de mim por todo esse tempo e também por que eu sabia que ela estava escondendo para poder lutar. Meu Deus, não podia acreditar nisso.
E agora, encarando sua expressão culpada, posso dizer que acertei em cheio.
Grávida e querendo lutar. Balanço a cabeça, desacreditado, e a solto, escorregando até a beirada da cama e me sento, encarando-a.
— Por que você não me disse? — Falo, sério, olhando para seu rosto. — E, por favor, se você disser que é para lutar nessa briga dos Cullen, vai arranjar um problemão para o nosso casamento.
Ela se senta, me encarando. Linda. Mesmo parecendo culpada, o cabelo desgrenhado e a roupa desalinhada, faziam ela ser ainda mais linda do que já era. Pelos ancestrais. Essa mulher maravilhosa era minha e seria a mãe dos meus filhos. Ada me faria ter cabelos brancos antes da hora, mesmo sabendo que não podia envelhecer enquanto me transformasse, mas acho que eu ficaria grisalho feliz. Como amo essa teimosa.
— No começo, foi. — Ada sussurrou, sem jeito. — Eu não queria ficar de fora da briga. Você sabe, Jake. Sabe como eu sou. Mas depois... — Ela coloca a mão na barriga, acariciando, e sinto meu coração errar uma batida ao imaginar nosso filho ali. — Eu acho que só não sabia como dizer, sem você querer me colocar em um casulo e deixar de fora de tudo.
— É exatamente isso que quero fazer agora.
Ada me olha brava, o beicinho e as sobrancelhas franzidas deixando ela ainda mais adorável. Que nosso filho se pareça com ela. Na aparência. Se for no gênio, eu tô lascado.
— É sobre isso que tô falando, Jacob. Quero ajudar, mas sei que não posso lutar. Não sou idiota. — Revira os olhos. — Eu quero ajudar, e vou. Tô grávida, não inválida. Entendeu?
Me viro na cama, ficando cara a cara com ela.
— E como, exatamente, você vai ajudar sem ter que estar no meio da luta? — Pergunto, desacreditado.
— Eu ainda não sei. Estou dando apoio, ajudando Bella com os vampiros novos na cidade. Não sei se posso me transformar e nem quero colocar a prova, meu corpo todo muda quando me transformo. Então, por enquanto, estou apenas ajudando da melhor forma que consigo sem colocar a mim nem a criança em risco.
Curvo a sobrancelha, admirado. Fosse alguns anos atrás, Ada não daria o braço a torcer e se meteria na luta. Fico contente, sabendo que uma boa briga tinha sido evitada. Me arrasto na cama, pegando-a em meus braços e, pela primeira vez, cubro sua mão com a minha, sentindo o calor de sua barriga. Ficamos em silêncio por um tempo, e respiro fundo, me concentrando ali.
Além dos nossos corações batendo, havia outro. Mais rápido, forte. O pulsar de um coração que nem havia nascido ainda. Meu filho.
— Precisamos fazer o Zuimã. — Comento, pensando pela primeira vez naquilo. O ritual de um novo filhote para a tribo era tradicional, e o último que tivemos fora o do pequeno Derek, meu sobrinho. — Meu pai vai surtar quando souber.
Ada ri, um pouco menos tensa.
— Meu Deus, padrinho vai soltar fogos. — Diz entre a gargalhada, se aconchegando em mim. Seu riso aos poucos vai morrendo e de repente Ada estava quieta.
— O que foi, meu amor?
— Estou com medo, Jake. Tudo isso acontecendo outra vez. Parece que nunca teremos paz. — Ela respira fundo, tremendo um pouco.
— Os problemas dos Cullen sempre acabam recaindo em nós, não é mesmo? — Murmuro, um pouco bravo. Sabia que Bella era a família de Ada, e minha amiga, mas era um saco que sempre tudo acabasse respingando em nós.
Ada abre a boca para me responder mas é interrompida por um uivo alto e insistente. Levanto da cama, correndo e olho pela janela. Paul estava lá, e parecia nervoso
— Eu já volto. Vou pedir para que alguém fique com você.
Tiro a calça correndo e pulo da janela, me transformando.
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ADA BLACK
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Me levanto rápido, vendo Jake correr até a orla da floresta, uivando. Todo o meu corpo arrepia, minha loba querendo seguir seu alpha e seu imprinting para o que parecia uma batalha. Puta que pariu. Coloco a mão em minha barriga, tentando segurar o impulso de me transformar, respirando fundo e tentando controlar o tremor do meu corpo. Apoio na cômoda, uma sensação estranha seguindo todo o meu corpo. Deixo um rosnado sair, quando sinto o começo da dor que conheci tanto nas primeiras vezes que me transformei.
— Leah! — Grito, sentindo sua presença na casa, seu cheiro inundando meu olfato. — Leah!
Ela entra correndo no quarto e logo sinto suas mãos me apoiarem.
— Ada, o que está acontecendo?! — A preocupação é evidente em sua voz. Levanto meu rosto, sentindo os espasmos tomarem conta de mim. — Por que você está segurando a transformação? Ada!
— Grávida! — É a única coisa que consigo dizer, encurvando minhas costas e soltando um berro quando a dor me invade. — Porra!
Tento respirar, o ar faltando em meus pulmões e consigo sentir o corpo ainda mais quente.
— Mãe? — Ouço a voz de Leah, o telefone em seu ouvido. — Mãe, precisamos da sua ajuda. É a Ada...
Me agacho no chão, sentindo a dor ficar mais intensa. Meu eu brigando com a loba pelo controle do corpo.
O tempo parece não passar. Tudo estava envolto naquela névoa de dor, quando sinto duas mãos em mim. Olho para cima, perdida, e encaro o rosto de Sue. Quero pedir ajuda, quero pedir que ela acabe com aquela dor, mas minha voz falha. Mas não preciso dizer, ela de alguma maneira me entende e me apoia, gentilmente me colocando na cama. Ela estende a mão para Leah e coloca um copo em minha boca, delicadamente me ajudando a engolir o líquido amargo.
— Pobre criança... — Ela sussurra, sentando ao meu lado, suas mãos gentis fazendo carinho em meus cabelos. — Durma, Ada. Seu filho precisa que você descanse.
A dor diminui. Sinto meus membros ficarem pesados, meus olhos se fecham e começo a sentir o sono me dominar. Quando dou por mim, acabo dormindo, agradecendo Sue por salvar meu filho.
Quando acordo no dia seguinte, ouço vozes vindas da sala de casa. É dia, a luz do sol entrando pela janela entreaberta. Sonolenta, me levanto, sentindo meu corpo mole e estranho. Em passos arrastados, vou até onde a algazarra de vozes, vendo a matilha reunida ali. Até os mais novos, que eu ainda não tinha conhecido, estavam ali e me surpreendo com quão novos são.
— Jake? — Sussurro, perdida, procurando por meu marido.
Ele se levanta da cadeira que estava sentado e vem até mim, seu rosto preocupado.
— Como você está, amor? Sue me contou o que aconteceu.
— Tive que lutar contra a transformação. — Conto, sentindo meu corpo tremer com a lembrança da dor. — Se eu tivesse me transformando...
— Mas está tudo bem. O bebê está bem. — Jacob gruda sua testa na minha, respirando fundo. — Tivemos duas visitas surpresa ontem. Conhecidos dos Cullen, que não foram convidados.
Arregalo os olhos, preocupada.
— Mais algum lobo se transformou?
— Nenhum. Mas essas visitas têm que acabar. Crianças estão se transformando. — Bravo, Jacob se afasta e olha para a matilha. — Já dei um ultimato nos Cullen. Esses serão os únicos sanguessugas que toleraremos. É perigoso para os mais novos, se continuar com essa palhaçada corremos o risco de Ethan e Derek se transformarem, também. E eles mal deixaram as fraldas.
Ouço Paul e Sam rosnar com a menção de seus filhos, tão novos, se transformarem. O pequeno Derek mal tinha dois anos, e Ethan estava com cinco.
— Como vamos resolver esse problema se mais vampiros acabaram aparecendo, como os de ontem a noite? O doutor não tinha conhecimento que eles viriam. — Embry pergunta, sério.
— Vamos fazer as rondas mais longe do nosso território, e cobrir toda Forks. Se algum vampiro se aventurar para esses lados, vocês têm permissão para afugentar e se não resolver, quero que acabem com eles.
— Jake, você não está sendo muito extremista? — Pergunto, aflita, dando um passo em sua direção. — Podem ser amigos de Carlisle..
— Podem ser amigos do papa, Ada. Se estão ameaçando meu povo, o meu futuro filho, eu não vou ter dó.
[ n o t a s ]
demorei horrores? demorei.
peço perdão! minha vida está uma bagunça por aqui. tentando normalizar aos poucos.
amo vocês e peço paciência!
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