23. Londres

Por Overhaul,

Estou há seis minutos encarando essa garota andando para todos os lados procurando por uma saída, além de precavida é impulsiva, irritante e acima de tudo teimosa. Uma combinação um tanto quanto agridoce, principalmente por aparentar ser doce e divertida, meus pensamentos foram por água a baixo quando ela chutou a porta do galpão.

— Droga, não consigo abrir! — Achei graça da malcriação indevida já que estava cheia de si dizendo que não ia ficar aqui, no entanto coloquei a mão em meu bolso e me aproximei.

— Desative a sua individualidade que eu abro a porta, simples assim. — Ela me olhou desconfiada. — Garota se fosse para te matar já tinha mandado te dar um tiro agora coopere, não quero ter trabalho com pessoas indevidas por que aquele portal inferior é um fraco. — Ela revirou os olhos e se afastou, pareceu respirar fundo.

— Vai logo. 

É no mínimo engraçado que alguém tão espevitada seja tão... Medrosa, se bem que não é isso, ela sabe com quem está lidando e gosto disso. Em questão de segundos a porta havia sumido e nós estávamos fora, depois coloquei tudo de volta no lugar enquanto ela ativava a individualidade novamente.

— E ai com fome Kai? — Sorriu e arquei minha sobrancelha. — Não precisa me olhar assim, estamos longe dos seus domínios e não se preocupe só quero me divertir. 

— Se divertir? Até onde sei sua última diversão te deixou desacordada.

Ela riu, sem vontade.

— Vocês são engraçados. Fui praticamente dopada e tenho que me sentir aliviada por ninguém ter me estuprado ou por estar viva! Nenhuma mulher deveria passar por isso, pois quando é um homem a sair para se divertir não são abordados com tanta violência como se fossem propriedades de algum macho simplesmente por estar ali livre e disposta a se divertir SOZINHA! 

— Então foi isso que aconteceu com você, alguém te dopou? Foi isso que você tentou me contar, quando deu o recado?

— Se tivesse apenas me dopado seria menos pior, ele invadiu a minha mente e abusou das minhas memórias as distorcendo em algo... Cruel. — Pude notar seu olhar vagando para o mar enquanto saíamos do cais e não me leve a mal, mas realmente não me importo com nada, porém essa garota me parece interessante.

— Overhaul vamos tirar a máscara, assim fica fácil de te reconhecer se tiver alguém te vigiando. — Sussurrou e tive que concordar, já estávamos fora do cais e ela respirou fundo retirando a máscara, estendi minha mão e na hora ela entendeu me entregando a peça, coloquei ambas no bolso interno do meu casaco e ela riu. — O quê é tão engraçado?

— Nada... Você fica melhor sem esse troço na cara, assim como esse casaco não combina em nada com as suas vestes te deixa menos sensual. — Sorriu como se o que tivesse dito não fosse nada.  — Bom vamos estou com fome e tenho dinheiro o suficiente para comermos e comprar roupas! 

"Puta que pariu" Foi o que pensei.

— E quem disse que quero fazer isso? 

Ela abriu um sorriso enorme.

— Não me obrigue a te forçar Kai, vai ser divertido e podemos ir a Millennium Wheel o que acha? — Os orbes esfumaçados chegaram a brilhar e a forma despreocupada dessa garota, de agir como se não se importasse com nada, não é normal e só me deram uma única certeza:

Mirai é perigosa.

OFF

Por cerca de uma hora a dupla andou pelas ruas de Londres em busca de um restaurante caro que agradasse ao paladar de ambos, era difícil concordar em algo até encontrarem uma divisão do Leviatã a pouco mais de um km de onde a roda gigante fica e a garota sorriu extasiada. 

— Preciso de um banho e um bom jantar!

Leviatã é um restaurante cinco estrelas com um hotel tão requintado quanto seus pratos. O lugar desde os anos vinte está acostumado a lidar com o mundo do crime, não suas bases mas sim seus herdeiros, o hotel que nasceu dentro do cassino Leviatã um marco em Vegas, foi espalhando suas células por todo o mundo assim como as pessoas poderosas que recebiam, Leviatã é liderado por um homem rico e claro filho de vilão que seguiu os passos do pai.

O quarto foi reservado no décimo primeiro andar e a garota sorriu segurando a chave, mesmo a contragosto Overhaul subiu até o local e claro, Mirai havia reservado um lugar com duas camas, ela adentrou o quarto praticamente saltitando e foi até o banheiro arrancando as roupas e ligando a banheira, depois pegou o smarthphone se recordando de que não serviria muito já que estavam em outro país, colocou uma música qualquer para tocar e entrou na banheira cheia se banhando com gosto, ainda sentia um resquício dos pensamentos distorcidos causados pelo desconhecido.

"Talvez eu queira aquilo." Concluiu ao lembrar do sorriso e da frase fixa em sua mente: "Meu bem."

Após o banho vestiu o roupão e saiu do quarto encontrando Kai concentrado ao celular.

— Te darei três horas e nada mais! — Desligou o aparelho e folgou a gravata.

— Nossa você é um chato mesmo né? Não consegue se divertir e olha que sou uma ótima companhia. — Ironizou indo ao tablete colado a bancada de serviços uma tecnologia muito útil que lhe permitia efetuar compras e fazer pagamentos sem precisar sair do quarto e no momento precisava de uma roupa decente já que se recusava ir jantar com trajes tão simples. 

— Beleza, vamos ver. — Ouviu a porta batendo e deu de ombros, resolveu aprontar mais uma das suas: escolheu um vestido caro, um louboutin tradicional e uma bolsa de ombros com alças podendo virar uma cluch isla facilmente além de comprar um eau de parfum, uma lingerie preta e pedir duas fatias de torta de morango e suco de limão e como faria para pagar isso tudo? Simples colocou na conta da Yakuza. Overhaul é um cliente fidedigno do Leviatã.

Demorou cerca de quinze minutos para que tudo chegasse e a garota se arrumou rapidamente se arrependendo da escolha: o vestido era decotado demais claro que tinha peitos mas não tanto e estavam um pouquinho inchados e isso seria bom, porém não iria desperdiçar e só se culpou por esquecer de pedir uma maquiagem para combinar, se vestiu sorrindo ao arrumar o cabelo no espelho.

— Façam dessa forma, quero  pronto até amanhã... Vou desligar. — Overhaul encarou a garota.

— E ai gostou?  — Deu uma voltinha.

— Só me pergunto como você pagou por tudo isso. — Cruzou os braços.

Ela calçou os saltos e sorriu ao pegar a cluch e passar um pouco de perfume.

— Ora querido, foi um presente seu. — Pode ver uma veia saltar na têmpora dele e ativou a individualidade.

— Você vai repor cada centavo que gastou entendeu!

Ela revirou os olhos.

— Claro, claro, mas não sou mulher de centavos. No mínimo essa aparência vale uns belos seis mil. Agora vamos jantar? — Ele não sabia se tentava matá-la ali mesmo ou se mandava devolver tudo, no fim das contas saiu do quarto e foram jantar e mesmo que quisesse negar a companhia dela era agradável. A garota sabia se portar e atraia atenções demais principalmente por estar vestida daquele jeito.

 — Droga devia ter escolhido um vestido mais discreto. — Reclamou.

— Se não aguenta te olharem como se fosse um prato de comida não provoque. — Riu levando a taça de vinho branco aos lábios.

— Pode não acreditar, mas não foi minha intenção, escolhi pela imagem e não pensei que fosse ficar tão apertado nas coxas. 

— Você não é exatamente padrão garota. — Ela revirou os olhos com a afirmação. — Qualquer roupa vai evidenciar volumes em você... Bons e belos volumes.

Riu e ela sentiu vergonha, pelo resto do jantar a conversa ia de perguntas sobre negócios aos quais ele ignorava e assuntos triviais, quando acabaram ela sorriu.

— Agora vamos a Millennium Wheel. —Sussurrou terminando o suco e por um lado ele estava inclinado a negar, mas sabia que teria a paciência torrada se não fizesse a vontade dela, pelo menos naquele momento...

A vista era incrível e Mirai havia tirado algumas fotos tanto da paisagem quanto de si mesmo, essa era a primeira vez na sua vida desde que entrou para o mundo do crime que agia como uma pessoa "normal" e Kai a observava confuso, ela aproveitou esse momento de distração para fotografá-lo.

— Kai, tira uma foto minha? — Pediu e o mesmo concordou, batendo uma foto da garota sentada com as pernas dobradas e não cruzadas a bolsa estava ao lado do banco os cabelos soltos e é claro o busto bem puxado pelas cordas do vestido ao qual ela apertou para não ficar tão exposto, o sorriso doce sem um resquício de maquiagem na pele, tirou duas por garantia e ela agradeceu se aproximando. — Agora tira uma comigo.

— Não.

— Ah qual é Kai, você é muito sério e "malvadão" ao ponto de não tirar uma foto? Ela não vai te custar nada, aposto até que sabe sorrir.  — A filha da mãe era persuasiva e no momento a voz estava mais do que suave, ele não negou apenas deixou que a garota se aproximasse e batesse a foto, tirou uma, mudou de pose e bateu novamente até que tivesse umas seis fotos dos dois ele feito um poste e ela sorrindo e se posicionando de diversas formas.

O celular do moreno tocou e a mesma revirou os olhos, isso significava que seu passeio tinha acabado:

— Estamos no leviatã aguardem minha ligação. — Desligou o aparelho e ela suspirou, quando a cabine voltou ao chão sabia que tudo iria acabar. 

Foi só o tempo de passarem no hotel e pegar as coisas além de fechar a conta sendo que a lilás ainda comprou uma mala de mão para levar os itens. Kai não deixou que trocasse de roupa e ela revirou os olhos de raiva, no entanto a surpreendeu colocando o casaco extremamente perfumado sobre o corpo feminino e não pode deixar de o observar colocando a máscara. A ligação foi feita e o portal foi aberto no saguão, por ele Shin passou e antes de Kai entrar sentiu o pulso ser segurado.

— Obrigada por hoje. — Sem esperar por uma resposta deixou um beijo na bochecha coberta pela máscara e atravessou o portal deixando-o inerte.

Kai ajeitou o gravata e sorriu por baixo da peça.

"Essa garota..." O portal se fechou e ali se encerrava um agradável passeio por Londres.

•ೋ° °ೋ•

Notas finais: Foi isso que ela comprou.


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