16.Um dia com você

"... Sorri ao pensar que finalmente poderia ficar em paz com a minha decisão sem remorso ou crise de consciência e pela primeira vez em anos adormeci sem me preocupar com o amanhã sentindo meu corpo ser aquecido e uma respiração pesar em meus cabelos."

Um dia com você


O sol invadia sem pena a casa de hóspedes e a mulher de cabelos castanhos dormia confortavelmente sobre o peitoral masculino, seu corpo se movia lentamente e quando sentiu seus cabelos serem afagados os olhos violetas despertaram.

-- Bom dia Diane -- a voz suave atravessou seu ouvido enquanto o braço masculino repousava em sua cintura.

-- Bom dia -- com o semblante corado se levantou -- Nós... Quer dizer eu dormi com você a noite inteira?

-- Sim, você pegou no sono no segundo filme e eu no terceiro, definitivamente somos fracos para maratona -- deu um meio sorriso desajeitado.

-- Então vamos preparar o café -- foi em direção às escadas, queria ficar um minuto sozinha, passou pelo quarto e adentrou o banheiro fez suas higienes matinais e tomou um banho quente sem pensar na decisão que havia tomado -- Droga Elizabeth você vai me pagar! Essas roupas muito mal tampão a minha bunda! -- Esbravejou enquanto procurava por algo que coubesse no seu corpo, vestiu uma das camisas de King e desceu as escadas lentamente havia acabado de retirar a bota e agradeceu a deusa por seu pé está normal, colocou a tala de volta simplesmente por orientação médica e caminhou até a porta da cozinha, fitou o homem que virava panquecas com muita calma -- Nossa quando foi que você aprendeu a cozinhar? -- Desviou os olhos dele  que estava sem camisa e com o pano de prato no ombro -- Pelo que me lembro você só sabia fazer lasanha.

-- Eu mudei muito nesses anos, durante a minha procura por Helbram tive que me virar ai aprendi uma coisinha ou outra. E você está falando de mim mas só sabia cozinhar macarrão e porco assado -- observou-a corar quando seu olhar percorreu o corpo feminino, ela estava linda com aquela camisa masculina.

-- Que bom que evoluímos não e mesmo! Eu vou fazer um café forte pra gente e o almoço é claro -- preparou o café no mais profundo silêncio agradecendo pelo homem não lhe fazer perguntas, ambos arrumaram a mesa e se sentaram para comer, de fato Arlequim havia mudado muito principalmente na estrutura física enquanto aos 17 anos era baixinho e franzino agora aos 23 se tornara um homem alto com um corpo suavemente definido tanto que suas camisas ficavam parecendo um vestido cobrindo meio palmo abaixo das polpas de Diane devido ao tamanho -- Nossa Arlequim isso está muito bom -- sorriu ao terminar de comer.

-- Que bom que gostou Diane, o que faremos depois do café já que estamos meio presos aqui?

-- Pra começar você pode colocar uma camisa -- corou -- E depois você pode me contar tudo o que anda escondendo.

-- Diane, eu não escondi nada de você -- o suor desceu por sua espinha enquanto tentava da melhor maneira possível fazer com que suas palavras parecessem naturais.

-- No fim das contas você não mudou tanto, continua fazendo uma cara de assustado toda vez que esta mentindo -- respirou fundo ao ouvir as palavras dela.

-- Ok garota você venceu -- deu um sorriso sincero e ela apenas retribuiu. -- Me diga o que quer saber senhorita Von Stain implicou e ela corou com aquilo de uma forma tão violenta que arrastou uma mexa do cabelo para cobrir o rosto.

-- Bom pra começar, para com esse apelido. Eu quero tudo, comece pelo começo: como foi até encontrar o Helbram, o por que de você está construindo hospitais pediátricos, com quantas garotas você saiu, se si comprometeu, quantos filhos...

-- Diane você está indo fundo demais não acha? Mulheres eu entendo mas... filhos? -- Coçou a parte de trás da cabeça enquanto tentava esconder sua face claramente sem graça.

-- Desculpe... Não era minha intenção, na verdade nem sei como cheguei nesse ponto.

King deu uma leve gargalhada:

-- Tudo bem, não me importo com as coisas que você quer saber, eu vou resumir os acontecimentos pra não te entediar, mas antes vamos arrumar logo isso -- se levantaram e limparam a bagunça do café da manhã, depois seguiram para o sofá onde King deitou-se e começou a contar o ocorrido a alguns anos atrás :

-- Eu fiquei algum tempo procurando o Helbram, sua localização não era exata nem sua irmã possuía tal informação e ninguém sabia quem era o seu traficante, aquilo me deixou com muita raiva quer dizer, como futuro rei o mínimo que se espera é que eu saiba das coisas que acontecem no meu reino, mas... Não foi bem assim, quando finalmente descobrimos da onde vinha o fornecimento de drogas o povo cobrou uma postura da minha parte em outras palavras, eles queriam a expulsão ou a morte de todos os envolvidos e eu inocentemente deixei que o Chanceler resolvesse isso enquanto eu e Victoria íamos de encontro ao idiota do meu amigo, o estado do lugar onde o Helbram estava era insano, a cidade havia sido destruída por um tornado e  várias crianças assim como adultos estavam desabrigados e com fome além de feridos quando eu vi tudo aquilo soube que não poderia ir embora, não voltaria para o meu castelo, minha cama quente enquanto aquelas pobres crianças estavam ali desamparadas e com fome. Victoria internou Helbram na clínica de reabilitação e voltou para me ajudar foram seis meses até conseguimos redirecionar a população da cidade para um único ponto enquanto o resto do pessoal contratado empenhava-se em separar os escombros, totalizar o número de mortos e reorganizar a cidade. Nesse meio tempo o Helbram fugiu, mas consegui encontrá-lo e prometi que superaríamos isso juntos. 

-- Um ano e quatro meses, esse foi o tempo que levou para eu colocar tudo de volta no lugar e mesmo depois da sensação de dever cumprido eu não consegui voltar, eu simplesmente não consegui voltar pra você, ao invés disso passei oito meses percorrendo cada canto daquele reino em busca das falhas que eu cometi quando deixei claro que não o assumiria -- Respirou fundo antes de continuar seu relato, ajeitou sua postura e compenetrou seu olhar em sua amada: -- Cada falha me deixava preso, me sentia culpado por não supri-las então, fiz o que devia fazer: decidi me abster de tudo a minha volta e comecei a faculdade de direito tentando balanceá-la com os meus afazeres do reino e no fim perdi a noção de tempo enquanto tentava dar o melhor de mim e acabei deixando de lado todas as pessoas que eu amo.

Suspirou, não esperava que ela entendesse de forma tão ampla ou que lhe perdoasse com tanta facilidade, apenas queria lhe contar a verdade.

-- E você dizendo que não me escondeu nada, Arlequim você se tornou um homem maravilhoso e deveria se orgulhar de seus feitos, o que aconteceu enquanto você estava aqui não é culpa sua. -- Se aproximou dele e acariciou seu rosto. -- Você assumiu tantas responsabilidades sozinhos e tudo por que quis, não pensou que eu, seus tios e sua irmã estávamos aqui para ser sua base? Que o trabalho teria sido mais leve se os tivesse dividido conosco? Você é mesmo um cabeça dura idiota! Agora entendo por que da preocupação com o atraso das construções. -- Diane não notou o que estava fazendo, sua mão direita que antes estava no rosto dele agora afagava os fios levemente alaranjados um ato simples que para ele significava muito.

-- Essa é a parte do meu passado que divide opiniões dentro de mim, apenas por isso preferi deixar guardada. Agora é a sua vez, me conte o que aconteceu nesse tempo em que fiquei fora. -- Ela corou ao sentir a mão macia de King segurar a sua e puxa-la em direção aos seus lábios, só então percebeu que se deixou levar pelo momento enquanto afagava os fios lisos.

-- Eu fiquei um bom tempo me perguntando por que você não voltou e quando esse sentimento de tristeza e frustração passou eu apenas segui em frente, entrei pro corpo de bombeiros, para faculdade de economia e administração, ou seja, nada demais.-- resumiu de forma meio mentirosa.

-- E arrumou um namorado... -- Ele respirou pesado.

-- Sim e arrumei um namorado, você não? -- Arqueou a sobrancelha, nunca pensou que conseguiria ser tão sincera a respeito de seus sentimentos, principalmente com o homem que tanto amava.

-- Bom... -- Ele desviou o olhar por um segundo -- Tive minhas aventuras mas nada sério ou como você perguntou antes, nada que tenha gerado herdeiros para o trono.

-- Então você teve muitas aventuras e quem seria Victoria afinal? -- Involuntariamente as palavras saíram de sua boca com certo desdém ela não estava com ciúmes e sim intrigada que aquele garoto tímido que conhecera aos onze anos pudesse se aventurar no mundo dessa forma.

-- Eu não contei porque não foram muitas. Na verdade, elas ocorreram há dois anos atrás, sai como algumas mulheres que estavam interessadas no meu status então pulei fora e por fim Victoria é a irmã do Helbram, uma baixinha de olhos verdes que possuiu uma personalidade terrível enfim, uma boa amiga -- o sorriso tranquilo de King deixou Diane com um pé atrás naquela historia porém, não o questionaria. Por um minuto lhe ocorrera que o homem a sua frente era um completo desconhecido mesmo olhando naqueles olhos e vendo o seu doce ex-namorado, se perdeu em seus pensamentos tentando entender como essas mudanças poderiam tê-lo afetado afinal foram mais de três anos sem vê-lo -- Diane... -- Se aproximou dela devagar e tocou em seu braço a tirando do transe.

-- Você realmente mudou bastante King, tanto que não vejo semelhanças com aquele garoto que convivi por tantos anos -- festejou internamente com as palavras ditas por ela.

-- Nós dois mudamos bastante -- acariciou o rosto feminino. -- O mundo te traz novas perspectivas e isso é muito bom, nós faz dar valor a tudo o que temos e aquilo que perdemos também, além de te dar a chance de recomeçar.  -- sorriu.

-- E você pretende demonstrar para o mundo que vai fazer valer a pena essa nova oportunidade? -- seus olhos se conectaram enquanto ele se aproximava.

-- Pro mundo não Diane, só pra você -- observou-a fechar os olhos com o toque de seu polegar sob a pele sensível de seus lábios e depois de acariciá-los se afastou minimamente só para apreciá-la antes de enfim tomar seus lábios sem pressa, cada movimento que fazia era correspondido da mesma forma intensa por ela que agora se via com os braços envolta do pescoço masculino, seu corpo foi puxado e a mesma permaneceu sentada sobre suas pernas, por um instante o tempo pareceu parar enquanto o casal se entregava os sentimentos, havia uma única vontade em seus corações e ambos fariam valer a pena.

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