i. friendly meetings
"O que será necessário para que você me ame? Devo me tornar como Jennette? Se eu fizer isso, você chamará meu nome carinhosamente como faz com o dela e me observará com calor em seus olhos? Você irá me segurar em seus braços... Sem me afastar?"
A princesa implorou, de joelhos, para o homem na sua frente.
"Tal coisa não acontecerá até o dia que eu morrer."
"Por que isso? Eu também sou sua filha, pai. Fiquei ao seu lado por muito mais tempo do que Jennette." Mesmo que ela estivesse praticamente se humilhando para ele, ela ainda queria saber o porquê.
Porque ele a odiava tanto? Quando tudo que ela queria era um sorriso, talvez um olhar orgulhoso - ela só queria que ele a amasse.
Claude nem mesmo pareceu surpreso ao ver sua filha, sempre tão gentil e educada, chorando e soluçando aos seus pés enquanto implorava por seu amor.
"Seu idiota." Esse desprezo penetrante. Sua voz cavando nos ouvidos de Athanasia era mais cruel do que nunca. "Nunca houve um dia em que te considerei minha filha."
Claude foi sem coração até o fim.
O mais profundo desespero como nunca antes inundou os olhos azuis como jóias de Athanasia...
oOo
Assim como as próprias Jennette e Athanasia, Lippe não sabia muito sobre sua mãe biológica. Era irônico, considerando que o pouco que sabia dela era que a mesma era uma princesa de grande beleza vinda de Siodonna. Lippe às vezes se perguntava se isso era uma coincidência do destino, porque a mãe de Athanasia também era de lá.
O rei de Siodonna parece ser um típico velho gordo e ganancioso que adora vender suas filhas para imperadores dos reinos vizinhos.
Lippe apreciava a inteligência de sua mãe, no entanto. Ela ganhou o coração de seu pai assim que se casaram e, mesmo após sua morte, seu tio, o Imperador, a tinha em estima o suficiente. Mesmo que ela não fosse biologicamente sua filha, o Imperador meio que a criou como se fosse e ela só podia agradecer por ele não a ver como um estorvo.
Outro fato importante era que, em vez de tentar fazer seu pai ou mesmo o Imperador a dar um nome com 'imortalidade' como significado, sua mãe a nomeou através do seu chá favorito - o Chá Lippe, cujo ingrediente principal era cultivado apenas em Siodonna, e o significado era nada menos que 'lábio'. Foi uma jogada que mais uma vez comprovou a astúcia da mulher que a deu à luz, pois era certo que a Imperatriz faria loucuras se sentisse que a posição do filho como Príncipe Herdeiro estava sendo ameaçada. Porque, apesar de se tornar uma Duquesa depois que se casou com o irmão amado do Imperador, ela não ousaria algo assim. Seria praticamente dizer que seu filho estaria na disposta pelo trono.
É realmente uma pena que Diana não tenha pensado nisso...
Talvez Athanasia não tivesse sido criada por um pai tão frio e distante que a odiava.
Lippe levou a xícara de porcelana aos lábios. Ela nem precisou conter a vontade de soltar um gemido de satisfação, já acostumada com o gosto do que poderia se passar pelo néctar dos deuses. A fragrância do chá era doce e suave e era como se flores estivessem desabrochando na sua boca toda vez.
Como dito anteriormente, Lippe Day de Alger Obelia não sabia muito sobre sua mãe. Mas algo que elas tinham em comum era o amor pelo Chá Lippe.
"Sua Alteza, o chá está do seu agrado?"
Lippe encarou a garota que ainda segurava o bule, pronta para servi-la apesar das mãos ligeiramente trêmulas.
Thamara era a mais jovem das suas criadas, tendo sido contratada há menos de duas semanas. Claro, Thamara passara por um treinamento obrigatório antes de finalmente começar a servi-la, mas o processo foi agilizado porque uma das suas criadas teve que ser demitida porque estava esperando o primeiro filho. Lippe não tinha nada de mal para falar até o momento atual, Thamara aprendeu rápido como as coisas funcionavam.
Se Lippe tinha sido severa demais quando Thamara chegou, foi porque ela estava com raiva. Holland não era a sua melhor criada e falava pelos cotovelos, mas sabia fazer um chá maravilhoso. O Chá Lippe requer muita paciência e cuidado, por isso muitas pessoas se perdem ao prepará-lo.
Ela teve que se contentar com um chá meio aguado por quase dois dias, até que descobriu as habilidades de Thamara.
"Está bom," deu um sorriso para a criada, que lhe retribuiu com um ainda maior. Lippe então voltou sua atenção para a jovem sentada à sua frente, que desfrutava do seu chá de hortelã. "O chá está do seu agrado, Lady Penélope?"
A jovem, mais conhecida pelo seu nome Penélope Judith, era uma vadia interesseira assim como nas descrições. Mas sua beleza era tão notória quanto sua personalidade ambiciosa. Seu cabelo castanho ia até o meio das costas em cachos perfeitamente modelados, seus olhos verdes como os de um felino eram inclinados para o lado, sua pele era como porcelana e ela tinha uma marca de beleza logo abaixo dos lábios.
Lippe entendia porque Claude se apaixonou por Penelope e nunca desconfiou da sua traição, mas a Judith mais nova era claramente uma vilã. Penélope tinha um rosto característico de vilã de romance clichê com aquelas sobrancelhas arqueadas como se estivesse sempre com raiva, os olhos como os de uma víbora e a típica verruga abaixo dos lábios. Ela sabia como parecer tímida e ingênua, no entanto.
Urgh. Jennette é a mesma, só que suas ações são genuínas.
Tal mãe, tal filha.
Penelope sorriu, e Lippe teve vontade de tirá-lo do seu rosto. A princesa só estava aqui porque precisava manter uma relação boa e amigável com a noiva do primo. Mas era difícil, principalmente porque ela podia sentir o cheiro de podridão que vinha de Penélope.
Pelo visto, a vadia e Anastacius já estavam concebendo a quimera.
"Está ótimo, Princesa Lippe." Sua voz era macia como seda, mas só fez Lippe querer proteger os ouvidos. "Me pergunto, no entanto, quando você voltará a hospedar as festas do chá?"
Lippe já esperava aquilo. Afinal, depois da Imperatriz, ela era a figura feminina mais respeitável do Império, o exemplo que as damas nobres seguiam. Apesar de sua mãe ter origens humildes, ela ainda tinha mais poder que todos os outros nobres por ser casada com um Duque - sem contar o fato que o próprio Imperador a respeitava. Mas Lippe foi adotada pelo Imperador após a morte de seus pais e isso a fez uma princesa, portanto, seu sangue era mais puro que o de muitos.
E infelizmente, ela precisava realizar certas atividades bem chatas. Como organizar festas do chá.
"Infelizmente, durante os próximos dois meses, não farei nenhuma. Sua Majestade, a Imperatriz, estará organizando suas festas do chá e me vejo na obrigação de não aborrecê-la."
"Ah sim, me lembro" Penélope balançou a cabeça. "Zenim e Rosália receberam seus convites."
Ah sim. As outras irmãs Judith.
Zenim era a esposa do Duque Alpheus e mãe do pequeno Ijekiel, e tem o maior título por ser Duquesa. Assim como Penélope, ela tinha olhos verdes e a mesma marca de beleza sob os lábios, só que seu cabelo era castanho claro com mechas loiras naturais. Zenim era a mais velha, tendo vinte e três anos.
Rosália, a atual Condessa e chefe da Família Judith depois do falecimento dos pais num acidente no ano passado, tinha cabelos e olhos castanhos e era a mais parecida com Penélope no quesito físico. Rosália tinha atualmente dezenove anos, mas faltava um mês para seu vigésimo aniversário.
Lippe não era próxima de nenhuma delas. Por serem ambas de famílias que apoiavam abertamente o Príncipe Herdeiro, Lippe manteve uma certa distância para que não fosse associada a elas. Lippe tinha muito orgulho de dizer que era neutra, porque era isso que a salvaria se Claude quisesse matá-la no futuro; Anastacius não a ver como uma ameaça era um bônus.
"Desculpe-me, Lady Penélope, mas não pude deixar de reparar no seu vestido." Desviando o assunto antes que entrasse em uma discussão acalorada sobre política, Lippe depositou a xícara na mesa e sorriu docemente. "Presumo que seja uma das criações de Madame Clemont?"
Mesmo que não fosse expert no assunto, Lippe adorava se vestir bem. Na sua vida passada, ela não tinha muito dinheiro para gastar com roupas e tinha um ou dois vestidos. Mas agora como uma princesa, era quase uma obrigação que ela se mantivesse a par das tendências. Lippe aceitou essa nova realidade com muito prazer, adorando todos os vestidos e saltos que tinha no closet e fazendo questão de usar jóias caríssimas.
Penélope, como previsto, aceitou sua sugestão com entusiasmo. A garota era astuta como uma raposa, mas se você a tratasse bem e não a fizesse se sentir inferior, ela não causaria problemas. Era realmente uma pena que ela fosse a vilã, porque ela daria uma ótima aliada.
"É uma criação dela sim, Princesa Lippe." Penélope sorriu arrogantemente, enrolando um cacho no dedo. "É o modelo mais recente, aliás."
O vestido de Penélope era roxo com detalhes em magenta e seu modelo era o típico tomara-que-caia, com um laço azul no colo e a saia era bufante. Era bem menos enfeitado do que os que ela usava normalmente, mas tão bem feito quanto.
A própria Lippe usava um vestido semelhante. Seu vestido também era no estilo tomara-que-caia, mas tinha um decote em formato de coração e a saia era mais leve e esvoaçante. Ele era rosa bebê com detalhes em branco e tinha rosas bordadas como enfeite, com as mangas ligeiramente transparentes.
Estava óbvio quem tinha a posição mais alta ali, pois Lippe estava vestida como a princesa que era. Seria considerado uma afronta, no entanto, se Penélope tivesse usado um vestido e acessórios que eram claramente mais caros. E era por isso que Penélope, para diversão de Lippe, escolhia sempre seus vestidos menos glamourosos para seus encontros. Outro detalhe era que, enquanto Lippe usava brincos de ametista e um acessório de pérolas no cabelo, Penélope usava apenas uma tiara fina com uma flor azul e um simples colar de pérolas.
Foram esses pequenos detalhes que fizeram Lippe descobrir mais sobre a personalidade de Penélope, percebendo que a mãe de Jennette também era perfeccionista e extremamente cuidadosa. Lippe realmente apreciou isso.
Se ela não morresse ao dar à luz a Jennete, ela com certeza seria uma vilã e tanto e traria mais drama para a história.
"Peço perdão por interrompê-las, Vossa Alteza."
Lippe teve seus devaneios interrompidos quando Helena, sua mais leal criada, apareceu, segurando a saia e fazendo uma breve reverência.
"Aconteceu algo, Helena?" Ela perguntou, sabendo que Helena não iria aparecer do nada por motivos fúteis.
"Vossa Majestade, o Imperador, solicita a presença de Lady Penélope na sala do trono."
"Oh" Lippe piscou os olhos e deu um sorriso doce para a outra garota de cabelos castanhos. "Pelo visto, teremos que nos despedir, Penélope."
Porque estou surpresa? Anastacius nunca foi do tipo discreto.
Me pergunto como Claude ainda não descobriu do caso deles...
Ela se pegou avaliando Penélope enquanto a castanha saia de uma das salas de visitas do Palácio Esmeralda com um sorriso malicioso que gritava problemas no rosto. Penélope era bonita, sim, mas carecia de algo. Talvez se ela tivesse uma personalidade menos... Frívola, as duas poderiam ter sido boas amigas.
Mas ela balançou a cabeça, suspirando enquanto tentava esquecer esses pensamentos. (Afinal, as coisas são como são.) Ela protegeu o nariz, ainda sentindo o cheiro horrível de podridão na sala.
Lippe sinalizou com as mãos para a porcelana cara na mesa, nojo claro como o dia no seu rosto enfeitado por uma carranca irritada. Principalmente porque o cheiro era muito mais forte onde Penélope anteriormente estava sentada.
"Jogue tudo fora."
A empregada deu um soluço sofrido e lançou um olhar de saudade para a porcelana cara, mas fez o que foi dito. Thamara, que ainda tinha o bule nas mãos, olhou para Lippe como se ela tivesse crescido duas cabeças. E Helena, que tinha enviado outra pessoa para guiar Penélope até a sala do trono, suspirou.
....
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