☠︎︎0.7

não esqueça do seu votinho

Os gritos eram ouvidos. Tampava sua cabeça com suas pequenas mãos, negando frequentemente todo aquele grito de socorro. O cômodo estava escuro, a madeira gelada e seu corpo tremendo por um medo amedrontado. Seu choro quieto era aterrorizante. Seu peito doía por cada barulho que acontecia. Parecia que isso nunca tinha fim. Fechava suas pálpebras fortemente. A sensação que seria o próximo a ser morto pela pior forma passava em suas veias fazendo seu corpo entrar em alerta total por cada passo que era ouvido naquela casa.

Ele não tinha escapatória além de esperar tudo isso passar. No meio daquelas roupas, de seu guarda-roupa, parecia aconchegante, mas não o suficiente para fazer sua agonia ir embora. Encolheu mais seu pé, apertando-os em seu peito. Sentia seu rosto molhado e quente. Os gritos ainda era continua, o torturando psicologicamente. Ele só queria que tudo isso parasse, mas à medida que seu choro desesperador aumentava, os gritos pareciam ficar mais intensos. Ele prometeu para sua mãe que não iria sair dali, e foi pela sua lealdade que continuou.

Ele sabia o que estava acontecendo. Ele sabia quem era o real culpado pela sua dor da angústia e aquilo o fez tremer de ódio misto de medo. Sua consciência parecia girar em torno de 360 graus, fazendo-o ficar totalmente zonzo. Mas tinha que focar, não poderia dar o luxo em deixar seu transtorno o dominar, naquela hora ele que tinha que ser o dominador de sua própria mente.

Era evidente ouvir os passos dentro do cômodo. Eles estavam lá, atrás dele. A respiração do homem parecia calma, já o seu parecia que estava faltando ar ao redor. Não podia soluçar e tampouco respirar fundo, tinha que ficar completamente estátua ali dentro, naquele móvel que parecia mais um forno. Tentou respirar mais calmamente, entrevendo que seria completamente falho. Arrastou um pouco mais para o fundo, batendo suavemente as costas na madeira fria. Quanto mais no escuro ficaria, mais protegido estaria.

Ouviu os passos se afastar. Seu corpo ainda se mantinha tenso e alerta para qualquer mínima coisa. Os gritos já não eram mais ouvidos, e se perguntou se sua mãe estava bem. Meia-hora se passaram depois do homem vasculhar seu quarto. Mas nada era ouvido além de sua respiração descompensada. Ergueu a cabeça, tentando limpar com sua pequena mão o rosto cheio de lágrimas. Eles foram embora, pensou. Abriu a porta cuidadosamente, para não fazer um único barulho, mesmo sendo inevitável. Colocou sua cabeça para fora certificando que não tinha ninguém ali.

Seu corpo parecia adormecido por ter ficado tanto tempo em uma posição só. Caminhou vagarosamente para fora do quarto, sentindo sua perna formigar. Sua vista ainda estava um pouco embaçada por ter prensado muito as pálpebras. Encostou sua mão na parede no corredor, partindo rumo para sala, onde ouviu todos os gritos.

Parou no final do corredor, avistando sua mãe desacordada no chão. Aproximou mais de seu corpo. Agachou, tocando suas mãos em seu corpo morno. A chacoalhou a fim de acordá-la.

- Mãe, eles já foram, pode acordar! - balançou-a com mais força.

Ela parecia mole, como se estivesse dormindo profundamente. Pensou em subir em cima dela, como fazia todas as manhãs pedindo para fazer seu leite, mas a posição que estava não ajudava, o certo seria chacoalhar seu corpo até abrir os olhos. Suspirou sentindo cansado de balançar a mulher. Colocou sua mão no chão, mudando de posição, seus joelhos já estavam começando a doer. Voltou a balançar, mas dessa vez o corpo ficou manchado por um líquido vermelho. Estranhou olhando para suas pequenas mãos completamente encharcadas de sangue.

Deslizou seu olhar para o chão vendo o líquido escorrendo pela a sala. Caminhou com o olhar o trio por aquele negócio em tom vermelho escuro. Aquilo estava saindo de sua mãe. A casa começou a gerar algo forte e logo a fumaça começou a subir pela as paredes. O sangue parecia estar pegando fogo tão rapidamente, como álcool perto de um fósforo. Sentiu sua mão queimar numa dor sem fim. Estava pegando fogo. Começou bater na roupa tentando apagar, mas cada batida que fazia, era uma marca para se formar mais fogo, fazendo seu corpo inteiro entrar em chamas. Ele sentia o choro voltar e seu desespero novamente parecia não ter fim. Sua mãe ainda estava na mesma posição, mas agora em chamas, queimando junto a si. Ambos estavam cobertos pelo o calor imenso, a ardência e sem oxigênio. 

Jeon acordou assustado. Olhou para a janela vendo a cortina aberta e extremamente escancarada. Seu colchão parecia uma piscina de suor e seu peito descia e subia numa velocidade irregular. Levantou da cama às pressas. Precisava de seu remédio para se acalmar. Sempre tomava seu calmante para evitar ter sonhos e dessa vez queria testar. Não tomou o remédio achando que seus sonhos tinham se afastado definitivamente de si, mas que resultou na lembrança de seu trauma novamente.

Pegou a caixa de primeiro socorros em mão, bagunçando, tentando achar o seu comprimido. Tomou com a ajuda da água da pia de seu banheiro e aproveitou para molhar seu rosto. Sua mão ainda estava tremendo e seu peito estava aos poucos se acalmando. Olhou melhor no espelho colocando em sua cabeça que aquilo era passado e que certamente não o atingia mais. Ainda podia sentir as lembranças vivas baterem em sua consciência, causando dor.

Toda sua causa e trauma tinha nome e sobrenome: Jeon WonWoo, o causador de seu pior pesadelo. O homem morreu, deixando uma marca em seu filho, que sem sombras de dúvidas levaria para sempre consigo. Se seu pai não estivesse entrado no mundo dos crimes, Jungkook ainda teria sua mãe e jamais iria presenciar sua morte. WonWoo era um verdadeiro cabeça-dura, querendo se erguer no mundo dos tráficos com ajuda de grandes criminosos que não perdoavam sequer um único centavo. Se o Jeon mais velho não tivesse roubado as drogas, sua mãe ainda estaria com ele.

Partiu para fora do banheiro. O vento gelado batendo contra seu corpo acalmando seus nervos e o relaxando. Era isso que ele precisava, se acalmar. A luz da lua entrava pela janela fazendo o quarto ficar um tanto iluminado. Olhou para fora vendo as estrelas ainda brilhar fortemente, deduzindo que ainda eram três da manhã. Sentou em sua poltrona, se aconchegando melhor no couro gelado, ainda mantendo seu olhar para as árvores que agora batiam suas folhas suavemente uma nas outras.

Sua mente se esvaziou, por conta do remédio que começava a fazer efeito. Sentiu seu corpo nestesia aproveitando melhor a sensação. Sua mente ainda sentia torturado pelo o seu sonho, aflito e pensativo, causando sua insônia e mal-estar. Por mais que fechasse os olhos, as lembranças passavam em sua mente, recordando dos gritos ainda ecoando em sua consciência. Sua mente estava o torturando. Inspirou e expirou, a fim de querer afastar de si tudo que podia.

Pensou em ligar para alguém para passar seu resto noite distraído, contudo descartou a ideia, querendo ficar sozinho, apenas com o silêncio e o escuro de companhia. Seria melhor assim, uma vez que a pessoa que Jeon realmente queria por perto naquela hora, não estava mais ali e nunca mais estaria.

[...]

- Por Deus! O que fizeram com sua cara? Parece que jogaram no asfalto quente. - Tuan diz pasmo.

O garoto estava sentado na sala, apenas na espera de Jungkook descer, iria acompanhar o homem até a boate. Namjoon e Taehyung tinham ido para a Índia, à procura do piloto, por enquanto ficaria para saber a proposta de Lee. Mark parecia curioso pela proposta, uma vez que também não gostava nem um pouco da mulher, sentia sua energia negativa de longe e um ar predominante desonesto rodeava por todo o corpo. Certamente Taeyong e Chaeyon foram feitos perfeitamente um para o outro, como o seriado casal vinte.

Reparou o amigo jogado no sofá, olhando-o dar cada passo. Seu rosto parecia calmo, porém curioso. Deu de ombro pelo o interrogatório e foi até a mesinha que continha algumas bebidas, preferindo beber um whisky puro para esquentar seu corpo. Decidiu por vestir uma roupa simples, apenas com uma regata preta, calça jeans justa preta e o tênis da mesma cor. Resolveu não arrumar muito seu cabelo, não estando afim em querer passar a maior parte de seu tempo alinhando perfeitamente as suas mexas.

Virou o copo, sentindo o líquido queimar por onde passava. Fez uma pequena careta pela velocidade excessiva por engolir tudo. Fitou o homem ainda esparramado no sofá.

- Não enche, Mark! - partiu para a garagem, deixando o garoto para trás.

- Que carro vamos escolher?- perguntou logo atrás, gabando a luxúria que seu amigo carregava. - Toda vez que entro em sua garagem me sinto entrando em um museu de carros, dos mais antigos até os mais atuais. Você só pode ser fã! - comentou, recebendo como resposta o silêncio do homem.

Abriu sua garagem mostrando seus carros impecavelmente limpos, sem um único arranhão. Era exagero da parte de Tuan achar a garagem um museu, sendo que apenas tinha quinze carros, achando uma pequena coleção e o tanto de carro que seria o suficiente para si. Caminhou até em um canto onde ficavam postos as chaves, escolhendo qualquer uma.

- Nada melhor que pegar uma Lamborghini Gallardo bi-turbo preta para combinar com a roupa. - examinou o veículo admirado.

- Cadê seu carro?- perguntou antes de adentrar, vendo Mark ainda dentro da garagem.

- Está lá fora, apenas queria dar uma olhada nessas belezuras. - gesticula ao redor.

Riu pela obsessão do seu amigo por carros. Era inevitável olhar para os veículos que colecionava e não ficasse admirado. As cores e a potência chamavam muito atenção. Se sentia orgulhoso em ter ótimo gosto para escolher seus carros no melhor estilo e qualidade. Sentia uma pena quando os via parado por tanto tempo, parecia que pediam por atenção, mas Jeon evitava em fazer qualquer tipo de racha que via pelas as ruas de Londres, não queria ver sua ficha mais suja do que já estava e tampouco ir preso por causa tola.

Arrancou o carro da garagem ao ver Mark correr para o seu. Acelerou saindo dali, deixando-o para trás. Olhou para o retrovisor vendo-o adentrar no veículo às pressas e acelerar ao seu alcance. Já fora da área da mansão, Jeon desacelerou o carro, dando a chance de igualar com o de trás. Olhou-o quando atingiu ao seu alcance, vendo gesticular um boquete, na sequência acelerou, o ultrapassando com toda velocidade.

- Filho da puta!- riu ficando para trás.

Acelerou tentando alcançar. Jogou o carro para a direita ficando ao seu lado, acelerou repetidamente, desviando do carro parado e jogando para esquerda tomando a sua frente, dificultando sua passagem. Voltou a mirar no retrovisor vendo-o ficar novamente para trás. Sorriu vitorioso, trocando de marcha. Durante o percurso tentou manter na frente, mesmo quando Tuan ameaçava de chegar perto, contudo acelerava para ficar numa boa distância para garantir que o garoto não chegaria perto o suficiente.

Pararam em frente a boate. Jungkook saiu observando seu amigo sair do carro apontando o dedo para si.

- Eu apenas deixei você vencer, não me olha com essa cara de vitorioso! - comentou firme, mostrando que aquilo não o abalou.

- Você que é um frango. - zombou, rindo da cara do amigo.

Mark fez uma pequena careta. Ambos olharam para frente vendo o lado de fora do local lotado de pessoas querendo entrar. A fila parecia imensa, provavelmente boa parte passaria a noite toda apenas esperando para ter um minuto de curtição. Algumas pessoas o olhavam com curiosidade e malícia.

O que um carro esportivo de última geração chamativa não poderia causar, ainda mais dois jovens saindo delas, pensou Jeon.

Partiram rumo à boate. Observou melhor a fila, vendo rostos que nunca viu em sua vida os encararem curiosos também. De fato naquele dia tinha mais gente que costumava ter. Pessoas de vários tipos e até mesmo quem jurou nunca mais o ver. Seus olhares se cruzaram e ousou em dar um pequeno sorriso, não tendo resposta. Ele já sabia quem era Jungkook, e isso o divertiu por dentro. E com muitos pensamentos em mente, caminhou até o segurança - que já o conhecia - autorizando a passagem direta dos dois seres na fila, tendo a confirmação.

Fitou Mark que o olhava confuso.

- Quem tem olhos verdes? - indagou quando se aproximou.

- Park Jimin...isso te lembra alguma coisa?

Arqueou as sobrancelhas, abrindo sua boca em um pequeno Ô, não acreditando no que aquele nome significava.

- E você deixou o filho do Park Jisung entrar? Assim, numa boa? E desde quando você conhece ele? - diz perplexo, não conseguindo colocar na mente que o filho da pessoa que Jungkook estava levando como inimigo, estava tendo a autorização do próprio para entrar livremente, parecendo que fez questão de fazer.

- O pai dele me deve uma dívida milionária, é claro que irei conhecê-lo! E, exclusivamente, eu sei tudo sobre ele. - deu de ombro indiferente, entrando na boate.

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CURIOSIDADE DO PERSONAGEM DE JUNGKOOK:

Jeon não gosta de dormir de janela e cortina fechadas, uma vez que seus traumas do passado fez o levar isso consigo, tendo pavor de chegar em algum quarto e encontrar tudo fechado, então para se sentir menos trancado, deixa a janela e a cortina aberta. Durante o dia fecha a cortina, deixando a porta do quarto e a janela escancarados. Tudo isso é consequência de seu passado, visto que quando ele passou pelo o massacre em sua casa, teve que se esconder no guarda roupa, tudo fechado e escuro.

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