Pequeno ato de rebeldia
Now I think I understand
How this world can overcome a man
Like a friend we saw it through
In the end I gave my life for you
Dezesseis dias se passaram desde a fatídica queda no lago e desde então você nunca foi a mesma.
Sentia-se tão quebrada e com tanto ódio de toda situação exposta que começou a agir dentro dos conformes, ou seja, ao lado de Douma tornou-se a dama do Paraíso eterno, executando funções cada vez mais providas de divindade, e em todo esse tempo suas asas não voltaram a aparecer.
Nesse exato momento estava sentada na banqueta terminando de se arrumar, a pena e as folhas escritas com todo o conteúdo que expôs com clareza, estão ao lado direito e seus lábios aos poucos sendo tingidos, Suki tinha terminado os seus cabelos e agora servia-lhe o chá, foi a única coisa com que se importou com precisão nesses dezesseis. O estranho era o gosto diferente daquele servido por Nefira.
-- O chá está de seu agrado?
-- Para falar a verdade está gostoso e ele costuma ter um gosto terrível. Você colocou algo a mais? -- Sua pergunta direta e seu olhar vazio.
-- Não, segui as instruções que me deu.
-- Hum, então deve ser o meu dia mais ou menos que está deixando o sabor agradável. Agora me diga Suki, Gyutaro não vem te ver a bastante tempo.
A contestação deixou-a envergonhada e você se virou para ela que logo desviou o olhar.
-- Aconteceu alguma coisa?
-- N-não, nada que a senhora precise se preocupar. -- Ela desviou o olhar e sua esquerda foi sobre a dela, a encorajando a falar. -- Lady Daki não aprova, então Gyu pediu para que eu reconsiderasse e se minha opinião se mantivesse a mesma voltaríamos a conversar daqui há um mês.
-- E o que pensa disso tudo?
-- Que todos temos direito de escolha e não mudarei por ela se importar mais com aparências do que sentimentos. -- Suki afirmou convicta e sua mente divagou:
"Escolhas... Desde quando fiquei sem elas?"
Balançou a cabeça se livrando de tal pensamento e encarou a garota.
-- Não deixe que mandem em suas vontades ou em seu coração. -- Sentiu-se um pouco hipócrita por dar um conselho tão valioso e não o seguir por completo e ela assentiu.
-- Pode se retirar. -- Suki pegou o chá enquanto você se levantou e seguiu para os armários, teria um pouco de trabalho para se vestir devido ao fato de estar quente e não ter muitas roupas de calor.
-- Aquele demônio imprestável, bem que poderia resfriar esse palácio. -- Resmungou puxando um vestido de anágua dupla e poucos reforços na cor verde clara combinaria com seu penteado e até mesmo com seus sapatos e após vestir-se seguiu para o primeiro andar.
Tinha algumas questões com Nefira ou Hanâmi, mesmo que não quisesse as incomodar e então a voz dele te alcançou.
-- Minha Washi no miko está radiante hoje! -- Douma vinha seguido por algumas pessoas, claramente do culto, a roupa de sacrossanto do demônio chegava a ser uma afronta aos deuses e lhe ocorreu que talvez seja por esse motivo que ele seja tão maldito. Os seguidores curvaram a cabeça diante de ti e você meneou.
-- Vão caros discípulos em breve estarei entre vocês. -- O demônio sorriu se aproximando e deixando um selar em seus lábios ao qual a visão foi privada dos demais pelo leque erguido a frente.
-- Me acompanhe minha dama, tenho um presente para você. -- Sem esperar por sua resposta segurou sua mão e passaram a caminhar pelo local indo até o mesmo local onde seu casamento foi realizado.
-- Aqui está minha Washi no miko.
-- E o que é isso Douma? -- Você observava o pequeno embrulho bem detalhado a frente sendo segurado por ele.
-- O que é isso? -- O superior dois não te respondeu, apenas colocou em suas mãos, antes de sussurrar em seu ouvido:
-- Bem vinda a Corte Infernal minha eterna dama..
Seus olhos se arregalaram e mais do que rápido rasgou o embrulho dando de cara com um pequeno bracelete que continha a mesma inscrição dos olhos arco-íris. Sua respiração acelerou, não querendo acreditar no que estava acontecendo.
-- Eu não aceito. -- Você sussurrou e ele riu, pegando a peça, segurando seu braço o imobilizando levemente e deslizando por seu pulso, notando que a mesma parecia grudar em sua pele, seus dedos tentaram puxar para fora e não obteve sucesso.
-- Você já pertence a ela desde o nosso contrato, só não tinha formalizado e corrigi esse erro agora. -- Beijou seu pescoço. -- Agora todo o contrato ficará visível a seus olhos, sinta-se a vontade para ler e a propósito, creio que não vá demorar para engravidar meu bem.
E assim o superior dois sumiu, seus dedos se prenderam em seus cabelos administrando a enxurrada de informações que pareciam ter sido apagadas da sua mente e novamente a sensação de impotência lhe acometeu. Logo se recordando de quando ele te beijou para que pudesse compreender a língua dos demônios, a sensação era extremamente familiar, só que dessa vez você entendia o que aceitou quando assinou aquele contrato de sangue.
Douma foi bastante sujo em deixá-la tanto tempo no escuro, uma vez que contratos só são válidos se o ser humano aceitar de maneira consciente. Evidentemente que não teve muitas opções e mesmo sentindo-se indisposta resolveu matar de vez a humanidade que te restava.
[...]
Douma te encarava sorrindo de maneira satisfeita, você finalmente foi até ele, estava implícito que não deixaria aquilo barato e por hora precisava conversar.
-- Onde vai minha dama?
-- Vou visitar Nefira. -- Afirmou.
-- Tem passado tempo demais na casa do superior um, não quero que vá. -- Aqui você sorriu olhando para ele de escárnio:
-- E desde quando tem que querer Douma? Volto para jantar. -- Afirmou.
-- Minha dama não tire a minha paciência, estou sendo tão generoso e afetivo com você. -- Deu de costas andando em direção a porta e pode ouviu o barulho dos leques se agitar.
-- Se for uma ameaça sugiro que melhore pois, não da para matar o que já está morto Douma! Se você me queria tanto que fizesse por onde. Agora o que você tem é exatamente o que procurou e eu vou sair!
-- Se passar por aquela porta eu vou te cortar todinha minha Washi no miko. -- Um sorriso brincou em sua face conforme se aproximou do demônio, seus dedos correndo pela face fria e pressionado o queixo, sua boca roçando na dele antes de tomá-la e ao menor contato das mãos alheias se afastou.
-- Pois então terá que me matar -- tudo o que o lua superior dois viu foram os seus longos fios esvoaçando conforme saia do palácio e a sensação de que a cada dia perdia o controle que tanto infligiu em você.
[...]
A casa de Kotoa parecia deserta, você não quis incomodar Nefira depois de tanta hospitalidade. Agora batia na porta da morena calmamente e com o tempo ela veio a abrir.
-- Sn, que bom vê-la.
-- Peço desculpas pela minha chegada repentina, é que preciso conversar com alguém e sei que você é a melhor pessoa para entender...
Um barulho chamou atenção e quando se deu conta só a cabeça de javali a mostra foi o suficiente para se assustar. O garoto ao perceber a reação tirou a carcaça e você sentiu um alívio percorrer seu corpo.
-- Surineme não é? Chegou em boa hora, logo mais comemoraremos o meu aniversário.
-- Oh eu peço desculpas, devo voltar outro dia? Não lhe trouxe um presente adequado.
-- Compre depois! Pode entrar. -- Ele sorriu e a Hashibira respirou fundo sentindo as bochechas inflarem de vergonha.
-- Inosuke tenha bons modos!
-- Sim mamãe. -- Ele saiu pondo a cabeça falsa, rumando para a floresta e isso te fez sorrir.
-- Seu filho é adorável, ele parece estar muito feliz. -- Afirmou enquanto adentrava a casa de Kotoa que te guiou até a sala oferecendo um chá no processo.
-- Ele está sim -- ambas sentaram-se no sofá -- Há exatos um ano ele fez passou por um intenso treinamento para o esquadrão de caçadores, samurais e espadachins e entrou, hoje ele e os amigos possuem bons professores e um deles virá para a aclamada comemoração por meu filho ter suportado seu árduo treinamento. Agora me diga a que veio?
Por um minuto postergou. Kotoa estava feliz, as coisas pareciam estar calmas e fluindo corretamente para o lado dela e achou um tanto quanto errado estragar a felicidade alheia com suas dúvidas e até mesmo possíveis devaneios e assim resolveu guardar para si.
-- Vim lhe convidar para uma tarde no palácio. -- Afirmou, deixando-a surpresa. Digamos que Kotoa não ia ao culto do paraíso eterno para tomar um chá por assim dizer, tanto que apenas adentrou o local para ir ao seu casamento, após a fatídica separação do lua superior dois.
-- Adorarei passar o dia com você. -- Afirmou te deixando aliviada.
-- Convidarei lady Hanâmi e Nefira caso não se importe.
-- Pelo contrário querida será uma ótima visita, podemos até mesmo ir ao lago se quiser outros áries. -- Ao ouvi a ideia do lago seu corpo todo se arrepiou e sem ter controle foi arrastada para a recente lembrança do seu quase afogamento.
-- Claro, será ótimo. -- Respirou fundo não querendo transparecer o medo recentemente adquirido.
-- Nesse caso querida vamos até o salão, antes que os convidados cheguem e Inosuke apronte e nada de ir embora, sempre será bem vinda em minha casa.
Ambas seguiram tal caminho e pode notar a mesa bem recepcionada no salão assim como as bebidas e Inosuke que agora te encarava, o garoto estava sem camisa e carregava consigo uma cabeça de javali fêmea, mal teve tempo de perguntar se era algum tipo de fantasia quando batidas soaram na porta e o moreno foi os receber, as vozes logo invadindo seus ouvidos, assim como as presenças dos demais preenchendo o pequeno salão. Nesse dia você foi apresentada as famílias Kanzaki, Kamado, Agatsuma e Uzui, adorando a forma como interagiam e os observando de longe ao lado de Kotoa que e das outras mulheres interagindo vez ou outra em uma leveza que sentia toda vez que estava fora de seu próprio lar.
A risada do prateado chamou um pouco atenção assim como o soco desferido na cabeça de Inosuke levando Kotoa a rir da situação e você tinha absoluta certeza que estava cega. Antes de ver aquele homem poderia jurar que Douma jazia como o mais belo que já conheceu, evidentemente que estava enganada.
Seus olhos pareciam memorizar a beleza dele, logo sentindo-se culpada mesmo que não ouvisse pensamentos impuros em sua mente, apenas contemplava a vasta e pura beleza do homem a sua frente.
-- Me diga Kotoa, não aceitaria ser minha quarta esposa? -- Seus olhos se arregalaram e seu rosto ficou quente enquanto Inosuke se aproximava.
-- Seu traste não dê em cima da minha mãe!
-- Relaxa moleque. Casando comigo você terá o quádruplo de treinamento, além disso Kotoa não ficará mais sozinha nessa casa quando estiver em missões. -- Seu olhar desviou para as esposas dele que sorriam e aprovavam a escolha.
Como podem conseguir conviver com isso? Quer dizer, são muitas. -- Sua mente divagou.
-- Senhor Uzui, agradeço sua escolha, mas eu me sinto bem assim. -- O sorriso singelo de Kotoa deixava qualquer ambiente leve e você sentiu até mesmo a paz dela emanar para ti.
-- Um dia sei que aceitará. -- O prateado olhou para você, jamais pediria uma estranha em casamento, mas não negaria que ficou encantado com sua beleza.
-- E então o que estão achando até agora da cidade? -- Kotoa perguntou, Uzui não respondeu continuou te olhando.
-- Bom, eu tenho gostado bastante até consegui um bom jardim para a mansão. -- Uma mulher com uma pinta no rosto respondeu, lindíssima, na verdade, as três são.
-- Hinatsuru comprou flores belíssimas, continuaremos a trabalhar com o mestre Tengen, mas, agora que temos mais tempo, quero praticar mais entre algumas receitas. -- A loira afirmou.
-- E eu quero ter um filho. -- A morena de olhos azuis afirmou atraindo a atenção de todos e você notou semelhança da mulher com Inosuke.
-- Suma filhos não são um passatempo e no momento certo teremos um. -- A voz de Uzui foi direcionada a ela, mas o olhar ainda está preso em você. -- Sabe, desculpe perguntar, mas você é casada com quem?
-- Uzui! -- A voz de Hinatsuru ecoou.
-- Mestre Tengen! Que falta de educação! -- Makio respondeu.
-- Deixou-a constrangida! -- Suma afirmou.
-- Me desculpem minhas esposas, mas tenho meus motivos.
-- Bem, como adivinhou que sou casada?
Ele riu.
-- Não escondeu ou sequer tirou a aliança.
-- Ah. Apenas uma obviedade. -- Você afirmou. -- Sou viúva. -- Respondeu rapidamente sentindo que não deveria informar a verdade.
-- Então aquele filhote de cruz credo morreu? Já foi tarde desgramado!
-- Inusuke! -- A voz altiva de Kotoa fez com ele tirasse a máscara.
-- Me desculpe lady Surieme. -- Você riu da situação, realmente estava se divertindo com as situações tão calmas e diferentes da sua vida.
-- Bom devo ir, já está tarde e sou aguardada para o jantar.
-- Uma pena que não fique mais. -- Uzui respondeu. -- Estou curioso a seu respeito senhorita.
Seu sorriso foi o mais singelo possível, não se achava uma pessoa digna de interesse, sempre se julgou comum.
-- Pois venham para o chá da tarde de sábado, são todos bem vindos e poderemos conversar mais. -- Kotoa afirmou -- Prepararei bastante saquê e bolinhos também.
Uzui sorriu.
-- É assim que se fala minha futura quarta esposa! Trarei surpresinhas para todos vocês. -- Uzui sorriu e Suma bateu as mãos em palminhas baixas, você achou tudo muito belo e pareceu compreender que o respeito era a base do relacionamento deles e após despedir-se de cada um seguiu para o lado externo onde a carruagem lhe aguardava, ao entrar não demorou muito em suspirar pelas recordações recém adquiridas, torcendo para que demorasse uma vida até estarem no palácio novamente.
[...]
Douma estava irritado, sem o controle privilegiado que possuía sobre você sentiu que algo estava destoando de sua costumeira paz. Quando você saiu, o lorde Fubuki suspirou empertigado pela falta de zelo e apreço pela sua própria vida em querer desobedecê-lo a todo momento.
-- Suki peça para Nala ir ao meu quarto por favor sim? -- O loiro se retirou enquanto a castanha assentia. Douma tomou um bom banho, e esperou até que a loira batesse na porta, pronunciando o famigerado.
-- Tem informações para mim? -- Perguntei ainda da banheira.
-- Não são relevantes. -- O superior dois riu de leve, achava uma graça quando os humanos pensavam ter algum poder de decisão em seus domínios.
-- Quem decidirá isso sou eu. -- Virou a cabeça para o lado esquerdo com um sorriso doce nos lábios -- Afinal e contas se não servir para alguma coisa sua estadia aqui estará com os dias contados, agora, que tal se aproximar e lavar os meus cabelos. -- A loira sentiu uma leve pressão no ar e a respiração apareceu dificultosa conforme se aproximou do seu marido para esfregar o couro cabeludo com leveza passando o óleo que deixaria os fios ainda mais alinhados, cheirosos e macios.
-- hoje pela manhã, sua esposa.
-- Não. Sua senhora Nala, chame-a da forma correta, Sn não é só minha bela dama é a única rainha ao meu lado, agora continue sim? -- Sorriu com doçura mesmo que escorresse o mais puro veneno de seus lábios.
-- A senhora alegou que precisava de um chá para as dores que sentia em seus período e pediu a Suki para preparar e achei aquele pedido estranho pois, desde que cheguei aqui nunca vi tal comportamento da parte dela.
-- Hum... Interessante. -- Abriu um sorriso largo -- Continue.
-- Ela especificou como deveria ser preparado e apenas isso.
-- Você ao menos descobriu onde Suki guardou as ervas? -- De repente o lua superior dois ficou sério.
-- Na verdade fiz melhor do que isso, quando aquela idiota foi atender a um dos seus seguidores que a estava importunando eu tomei a liberdade de retirar um pouco do líquido sem que ninguém percebesse e para que não notasse a diferença completei com água de arroz adocicado da sobremesa de hoje. Quando em chamou eu trouxe comigo e deixei sobre sua cômoda.
O loiro se levantou ficando com os quadris na altura do rosto da mulher que chegou a corar.
-- Bom trabalho Nala, agora saia sim? -- Ela se afastou em direção a porta e ele tornou-lhe a chamar: -- Talvez eu faça uma visita ao seu quarto á noite.
A mulher parecia radiante enquanto o loiro enxugou os cabelos e se secou mantendo a toalha presa no quadril, Douma pegou o copo simples e cheirou antes de bebericar e desviar o olhar em meio a um sorrio maligno.
-- Ah Sn.. Você está aprontando alguma coisa e vou descobrir. -- Riu para si mesmo, constatando que com você por perto a vida de casado nunca seria desinteressante.
Gave you all I had to give
Found a place for me to rest my head
While I may be hard to find
Heard there's peace just on the other side
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Música: Fiction - A7X
https://youtu.be/LpMtG-MBXfI
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