O vício de um demônio
Can't subtract from Adderall
Pull you in before you fall
Not as sweet as it appears
Someone, tell me why I'm here
Ooh, you know I'm gone
Ooh, you go I'm onto you now
Douma sentia algo estranho dentro de si crescer, ele não conseguia compreender o sentimento que estava embaralhando seus pensamentos, não conseguia lidar com a face inexpressiva de Sn, na verdade, essa era a sensação que estava o matando.
Que é isso? Sentimentos... Eu nunca os tive... Por que estou tão atormentado?
A face escondida pelo leque enquanto te observava no jardim, sentada no banco, o mesmo banco de pedra ao qual consumou o casamento de maneira tão vil. O jardim e a fonte como um todo deveriam ser um presente para você. No entanto, estava ali sentada a mais de meia hora encarando o céu azul e o ambiente que ele insistia em manter frio para conservar a beleza do local e no momento nem isso te importava, uma vez que estava completamente vestida e coberta. Desde que sofreu o aborto se passaram dois meses e por algum motivo Douma não te perturbou, ele te sentia mais arisca que o normal, não que ele merecesse qualquer demonstração de carinho ou cuidado. Na manhã seguinte a perda você queria ver Nefira, mas ele a impediu devido às recomendações da parteira que pediu que lhe deixasse em repouso, também sentia que estava escondendo algo e que esse motivo era mais que o suficiente para evitar visitas à dama do lua superior um.
-- Minha dama temos algumas reuniões dos nossos seguidores. -- Ele se aproximou minimamente e você apenas se levantou seguindo até a porta, não disse nenhuma palavra e muito menos negou.
Sua cabeça estava uma bagunça e tinha que se manter forte a todo momento, afinal a culpa nunca foi sua e ainda assim precisava compreender o que, ao melhor, onde havia errado. Desde que tudo ocorreram, suas asas não apareceram mais e ainda assim Douma mantinha as penas que caíram quando ocorreu guardadas para si, indo de encontro ao salão onde receberiam os pedidos e orações, Sn divagou sobre tudo o que viveu, estava tão indisposta e até mesmo deixou de desejar uma vida tranquila.
Os pedidos e súplicas dos outros pareciam em vão conforme se mantinha sentada na flor de lótus, uma vez que a palma de Buda preenchida com a almofada vermelha mantinha o corpo do superior dois e no fim daquele teatrinho como você imaginou, todos seguiram para suas casas só restando você e seu marido demoníaco.
-- Minha dama vamos passear. -- Douma parou a sua frente sorrindo e você aceitou. Sabe, ninguém entende a dor do aborto e o quanto isso pode quebrar uma mulher, principalmente quando ela não estava preparada para conceber, para interromper ou sequer viver o momento. Sn Fubuki estava uma completa bagunça, absorvendo cada traço de ruindade que foi jogado em seu colo, se importando cada vez menos consigo mesma e querendo acabar com isso de uma vez e Douma sentia suas incertezas, afinal ele é o seu contrato eterno. Nos meses que se passaram o loiro percebeu o quanto você mudou, quanto peso perdeu e acima de tudo como ficou ainda mais distante.
-- Vou levá-la a um local para relaxar, troque de roupa.
-- Está bom assim. -- Foi tudo o que respondeu e já foi demais. Douma tem dormindo e acordado ao seu lado sem ouvir a sua voz, para ele já era um progresso, para ti, apenas mais um dia indesejado do qual queria esquecer.
[...]
De todos os lugares que imaginou que o demônio te arrastaria, esse não passou pela sua cabeça e agora encarava os cavalos selados, Douma te ergueu colocando no alazão negro e se sentando atrás de ti, não sabia se gostaria de montar sozinha, mas o outro pesadelo iria atrás de vocês.
Ele cavalgou lentamente enquanto você lutava para não encostar nele sentindo as rédeas serem puxadas com firmeza, em determinado momento e de propósito o demônio travou a criatura apenas para que o baque te fizesse tombar para trás e assim encostar nele.
Douma se pegou sentindo saudade, e ele não estava gostando disso. Não quando sempre teve o que quer, o demônio ainda se lembrava da última vez que sentiu algo:
Comparado a uma divindade, a criança que não sentia nada se viu guiada pela curiosidade em meio aquele enorme castelo, caminhando com suas vestes impecáveis sendo adorado por todos por onde passava, esse era o único sentimento que conseguia reconhecer por parte dos humanos.
Ao chegar no ambiente encontrou sua mãe descontrolada, conversando com seu pai e no fim presenciou o assassinato e suicídio de sua família. Ainda que uma criança não entendesse o porquê de tanta violência, deveria se sentir horrorizado, derramar lágrimas de desespero e até mesmo ser traumatizado, mas tudo o que o pequeno Douma sentiu foi raiva.
"Esse chão está manchando, preciso de alguém para limpar, todo esse sangue está fedendo. -- Foi tudo o que sussurrou enquanto os servos horrorizados e trêmulos cuidavam do lugar."
A criança nasceu morta por dentro, sem qualquer emoção, em uma época onde o termo psicopata sequer existia e todas as atribulações seguintes foram dadas ao demônio que de tão implacável e sanguinário só sentia algo quando desgraçava vidas humanas as consumindo com pactos temporários. A sensação forte de prazer era o único sentimento tatuado em um ser vazio, até que ele se casou com você.
Douma não imaginou se unir eternamente a uma humana, não no começo, porém após visitar a sua casa, provar das suas emoções e as achar genuína soube que tinha encontrado a presa perfeita. Só não esperava que fosse tão difícil de te converter e te submeter, primeiro teve todo aquele incidente com o Kaigaku, é claro, na cabeça do demônio todas as torturas que te fez passar estão longe de contar, depois teve toda a discussão causada pelo casamento e por fim a parte mais deliciosa que foi estar dentro de você, Douma poderia facilmente dizer que estava viciado em te consumir mesmo sabendo que o único propósito de terem lhe arrumado uma noiva era para a conceber Muzan, uma vez que com o nascimento do rei você morreria de uma forma brutal, imagine um ser humano se formando dentro do seu corpo rapidamente ao ponto de evoluir rasgando seu corpo como um simples embrulho ao sair inteiro.
Isso era um nascimento infernal, Muzan precisavam de sangue de nefelin para impregná-lo com o demoníaco e assim nascer bem mais forte, uma vez que tentou por meio de uma maretti demoníaca, um anjo e até mesmo um mero mortal e em todas obteve o mais puro fracasso, por ser ardiloso e extremamente paciente aguardou que um ser humano fosse facilmente seduzido e gerasse aquela que lhe traria a vida e esse alguém é você.
Doce, ingênua, perfeita.
Agora sua última tentativa ruía mais uma vez, já que seu Lua, seu último lua com uma quantidade acessível de sangue, estava falhando.
O caminho até o local escolhido foi rápido. Uma lagoa imensa ao qual você se retraiu, sem perceber havia desenvolvido medo de águas fundas, não entraria em nada que não se assemelha-se a uma banheira. Desceram do pesadelo e ele foi à frente.
-- O que viemos fazer aqui, Douma? Por acaso finalmente a minha vida desgraçada vai acabar? -- Apesar da seriedade em sua voz, não queria morrer e ele riu antes de emitir um pequeno hum de satisfação.
-- Minha dama -- se aproximou passando o leque por seu dorso coberto. -- Nossa vida eterna está apenas começando, jamais estragaria algo tão... -- Mordeu o lábio te olhando com desejo. -- Intenso.
E assim fez questão de te guiar para o lago, seus olhos havia te traído e você não percebeu o pequeno barco a espera.
All they want is your control
For the Bible scares me so
Smell the ones that came here last
Must've lost the game too fast
We don't read bеtween the lines
Cut too deep to see the signs
Watch mе as my blood runs cold
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Pré-revisado ,
Que saudade que eu estava de escrever essa trama infernal que tanto amo!
Música: Adderall - Slipknot
https://youtu.be/TM5uq8gHUy4
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