7.Minha donzela do santuário

When in your darkest moments
And you're trapped in deep despair
You'll never see me coming
But I am always there
I am the wise shape-shifter
And I am always there

O demônio andava pelos corredores do grande castelo satisfeito com cada aquisição, seus passos fluíam como a água silenciosa, no entanto, havia alguém lhe espionando e mesmo que escutasse o respirar alheio mantinha-se invocado, ignorando completamente a ordem de seu superior, restando ao terceiro no comando assumir o papel que tanto odiava: o zelador.

-- Pare de faltar as convocações. -- Havia se materializado em frente a ele.

-- Só foi uma vezinha, aposto que Kokushibo-dono entenderá, Sn-chan deu muito trabalho. -- Ironizou fazendo o maior menor revirar os olhos.

-- Não sou demônio de recados Douma, está avisado e a propósito, não se esqueça do que aconteceu com a última traição ao mestre.

Sem o deixar responder, sumiu de sua visão e o demônio dos olhos arco-íris continuou seu caminho, o objetivo era somente um, te preparar para a breve concepção...

Na sala de jantar você se fartava com a comida deliciosa, comeu tanto que por algum tempo esqueceu os bons modos, seus pés descalços tocaram cada vez mais o chão não tão frio, devido ao curto costume com sua pele e meio receosa caminhou até a única saída, você bateu na porta lentamente sentindo a madeira maciça em suas falanges e ouvindo o eco pela sala evidenciando o quão solitário seria a sua vida a partir de agora. A porta aos poucos sendo aberta te deixava mais apreensiva, não imaginou que sentiria suas mãos suando, apertaria o vestido de maneira tão abrangente ou que olharia ao redor mesmo tendo a idosa a sua frente lhe esperando.

-- A senhorita está satisfeita? -- Seus olhos encontraram os dela, percebendo um brilho distante e ainda assim acolhedor.

-- Estou, sim, a comida que fez é muito gostosa. -- A idosa sorriu antes de tocar sua destra.

-- Permita-me guiá-la até seus novos aposentos, o lorde mandou preparar o quarto da forma que imaginou que mais lhe agradaria. -- Você engoliu a seco, não queria estar perto dele quem dirá dividir um único ambiente e por ter esses pensamentos duvidosos e conflituosos, travou diante da mulher que apenas queria cumprir com suas funções, limpando bem a garganta sentindo-a secar deixou seus anseios de lado enquanto pronunciava palavras em baixo tom:

-- Será que podemos ir a outro lugar?

A idosa lhe encarou surpresa, porém, nada lhe respondeu, somente sorriu ameno.

-- Onde ou o quê deseja conhecer?

Você parou para pensar um pouco antes de responder, em sua cabeça várias rotas de fuga se formavam de maneira completamente ilusória uma vez que desconhecia por completo o ambiente, seus dedos não estavam mais tão frios enquanto batia na ponta do próprio queixo.

-- Que tal ao jardim ou... Uma biblioteca? Isso! Uma biblioteca! -- Tentou conter a curta euforia de sua mente.

-- Claro como a senhora desejar. Imagino que queira usar o toalete antes para lavar melhor as mãos. -- A vergonha lhe alcançou rapidamente e ela docemente te guiou até um dos muitos banheiros imensos do castelo onde pode se aliviar e lavar as mãos corretamente antes de retornar ao corredor sendo guiada por ela, chegava a ser inacreditável o quanto o tratamento dela era diferente do que sentia vir por parte do demônio e assim começou a se questionar, como uma pessoa aparentemente tão boa poderia servir a alguém tão mal? Será que ela possuía um contrato?

A idosa lhe guiava pelos corredores divagando a respeito da construção e óbvio que não prestou atenção.

-- Chegamos -- a voz ecoou mediante o monólogo. -- Quando quiser ir embora basta tocar na porta ou dar duas batidas que irei lhe acompanhar. -- Você suspirou, de certa forma sentia-se uma criança.

-- Posso andar sozinha.

-- Sim senhorita. Essa é uma ordem do lorde, espero de verdade que entenda. -- Á contra gosto assentiu, observando a idosa andar pela biblioteca e aos poucos acender os candelabros, as arandelas e a lareira, iluminando a biblioteca claramente riquíssima em um tom de azul, o veludo no tapete a sua frente fez com que se sentisse bem, uma vez que não pisaria mais no chão frio, pelas paredes corriam enormes estantes de carvalho negro abarrotadas de livros no teto abobadado de vidro um mosaico semelhante a uma mulher nua e a luz do luar batia exatamente ali iluminando a sala com algumas de suas cores, você resfolegou. Como poderia haver um ambiente tão bonito, num local tão cruel? -- Fique à vontade minha futura senhora.

A voz quebrou seu solilóquio e vislumbre e quando a porta se fechou você ficou estática, a ideia de se unir em matrimônio com um demônio não lhe apetecia, na verdade, gerava um bolor em seu estômago tão grande que lhe dava vontade de expelir a refeição recém-consumida, balançando a cabeça tocou finalmente o veludo do tapete claro com seus pés sorrindo por achar tão gostoso as leves coscas que seu pé sofria.

-- Será que vou encontrar o que procuro? -- Observou todos os livros pareciam chamar-lhe atenção, no entanto, havia uma prateleira que lhe intrigou mais do que as outras: o apoio dos livros era feito de ouro, todos os livros dessa curta seção tinham capa vermelha criando um perfeito degradê do mais claro ao mais escuro e notou não ter inscrições em suas laterais para serem catalogados, se empoleirando nas fileiras pegou o livro que tanto queria o vermelho, mas escuro e descer foi um problema sentia que cairia a qualquer momento e nem se deu conta de que não estava mais sozinha. A porta foi aberta de maneira discreta e quando ficou rente a ti que tentava alcançar as prateleiras seguintes para descer, algo tremeu, como se as estantes estivessem sendo balançadas de propósito e era exatamente o que estava acontecendo, seu corpo se desprendeu com tanta facilidade que sentiu a trágica dor dele batendo ao chão, no entanto, o que encontrou foram braços firmes e frios seguido de um cheiro almiscarado.

-- Tome cuidado minha dama, não pode haver um arranhão nesse belo corpo pelos próximos dias. -- O sorriso singelo deixaria qualquer uma rendida e encantada, já você, havia visto o quanto essa beleza poderia machucar.

-- Me ponha no chão, por favor. -- Tentou manter a compostura tocando o peitoral dele já que o demônio insistia em aproximar seus corpos.

-- Não querida noiva, ainda não. Por que está tão tensa fiz algo que lhe desagrada? -- Seu corpo travou, ele só podia estar brincando! De fato uma ideia de muito mal gosto, seus olhos de maneira insana se prenderam aos dele, aqueles arco-íris que pareciam ter se tornado malditos para você, também se tornaram hipnotizantes, uma bela e inegável maldição.

Seu suspiro acompanhado da respiração gélida lhe deu uma ideia de como proceder.

-- Seu corpo está frio. -- Por alguma razão entendia que não havia como tratá-lo de maneira incomum, ele não a obedeceria da forma como precisava.

-- Oh é isso Watashi no miko? -- sorriu de lado. -- Soube que um dos meus "irmãos" te beijou. Que desagradável, roubando os lábios da minha noiva. -- Ironizou e seu coração disparou.

-- O quê devo fazer primeiro? Instigá-la e possuir lhe ou tomar o que de fato é meu por direito? -- Olhou para os seus lábios pouco incertos, seu corpo tremia internamente, não queria tais obrigações, não queria estar com um demônio, não queria entregar-se sem amor. Douma não fez nada, apenas se manteve concentrado em suas ações e no que te causava, sua mente gritava para agir com cuidado, sentindo o cheiro da luxúria emanando dele, mesmo que nunca houvesse de fato sentido. As unhas alongadas do ser infernal contornaram seus lábios e o olhar desceu para a curvatura de seus ombros levemente expostos, sua respiração desregulou e o corpo que antes emanava uma frieza desigual agora se assemelhava as chamas do próprio inferno pronto para consumi-la e tudo ao redor aparentava não ter saída, uma sensação nova se apoderava de seu corpo e sua mente, não era medo ou sequer o pânico recorrente. Aos poucos passaram a dividir o mesmo ar, o hálito frio em contato com seu rosto, o cheiro de vinho forte e um leve roçar em sua boca, queria empurrá-lo correr e simplesmente não o fez, não quando a sentença do contrato tornava tudo tão incerto.

E se em seu primeiro beijo sentiu sua vida retornar aos poucos aos seu corpo, o segundo viria mais voraz, Douma tocou seus lábios exigindo passagem com a língua se enrolando na sua como se puxasse sua alma através daquele contato, seu corpo enrijecia nas mãos hábeis do demônio que não tardou a te levar para o tapete, o livro que havia escolhido estava largado no chão e seu corpo deitado sobre o veludo, seu vestido bagunçado exibindo suas coxas e o corpo dele pressionando o seu em um beijo que não parecia ter fim, seus longos cabelos esparramados pelo tapete e sua face quente buscando o ar que para ele não fazia a menor diferença, as unhas da mão esquerda passaram a subir por sua coxa esquerda a arranhando e em um tranco forte fez com que sentisse a ereção em contato com sua íntima coberta, por um segundo Douma pareceu entender que você precisava respirar e assim soltou seus lábios se erguendo de leve apenas para lhe ver completamente desconcertada, sorriu de lado ao ponto de uma das presas ficarem aparentes, a direita foi até seu pescoço o apertando levemente te fazendo arfar de medo e seu pulso foi segurando rente ao tapete impossibilitando de se debater, novamente se abaixou roçando os lábios em seu ouvido.

-- Nunca mais quero vê-la sendo tocada por outro. -- Um beijo foi deixando na ponta de sua orelha em uma trilha que corria aos poucos pelo pescoço desaguando na clavícula esquerda, subi novamente para a parte macia onde sem deixar de te olhar afundou as presas em sua carne macia, sua boca se abriu em um perfeito O e nenhum som foi emitido devido ao aperto em sua laringe, a dor perfurante em seu ombro fez uma lágrima escorrer por seus olhos e ele se afastou para olhá-la.

-- Não fique assim querida Sn-chan, você vai amar ser minha de corpo e alma, prometo ser muito carinhoso. -- Havia tanta ironia em suas palavras que chegava a escorrer. -- Para que você não pense errado de mim, vou lhe agradar um pouco.

Ele se afastou indo até o livro largado no chão, pegou e entregou a você que permaneceu imóvel, ele suspirou se abaixando novamente e seu corpo tremeu negativamente só pelo contato, Douma deixou um selar sobre os furos.

-- Você quer ler esses livros não, quer? -- Continuou em silêncio e ele te puxou para o colo encostando na parede e te mantendo ajeitada sobre as pernas, abriu o livro lentamente e seus olhos não conseguiram evitar de correr pela página demonstrada, piscando diversas vezes sem entender uma sequer palavra se sentindo uma analfabeta completa.

-- Os livros da minha biblioteca estão em sânscrito, nenhum humano consegue os ler, apenas aqueles escolhidos, como, por exemplo, Ayla-chan ou Hanâmi-chan. -- Nomes que você não esqueceria ao serem pronunciados em uma conversa tão informal.

-- Então não há nada aqui para mim. -- Sua face apresentava uma expressão tão vazia de descontentamento que o deixou confuso, algo que ele não compreendia, afinal nunca sentiu nada.

-- Não-não Sn, vou deixar que leia todos eles. Será capaz de ter tudo o que quiser. -- Um pouco de malícia resvalava dos lábios dele, em um movimento rápido notou um vento correr pelo pulso dele antes de aos poucos o sangue começar a gotejar. -- Beba.

A ordem te deixou completamente distante.

-- Não! Isso é... Sangue!

Ele balançou a cabeça negativamente fechando o livro e lambeu o próprio sangue, fechando o corte recém-feito, depois tombou seu corpo no chão prendendo suas mãos com as dele.

-- Façamos do jeito difícil. -- E assim te beijou profundamente, ao soltar seu pulso direito sua mão foi aos fios lourados querendo puxá-los para longe e por instinto mordeu o lábio dele que apenas fez com que o sangue escorresse descendo por sua goela, a mão foi até o laço de seu vestido o desfazendo expondo mais de seu torso a boca deixou a sua para se esfregar entre seus seios e por um minuto você preferiu deixar as consequências do contrato de lado enfiando a mão na bela face do demônio e se afastando rapidamente ajeitando seu vestido o notando descrente.

Douma nunca foi rejeitado.

-- Nunca mais toque em mim, eu não me importo se esse contrato vai me escravizar ou esvair a minha vida, mas você não vai encostar em um fio do meu cabelo! -- Sua voz saiu sem falhar, demonstrando que a recente experiência lhe fez recuperar um pouco do seu fulgor. Douma levou a mão ao rosto alisando o lado da face ao qual foi agredido e sorriu abertamente te assustando ainda mais.

-- Sn-chan você é incrível, parece uma princesa e tem uma mãozinha pesada. -- Ele se levantou e você sentiu seus músculos travarem. -- Aproveite a leitura, minha dama.

Com essas curta e desconexa frase o demônio sumiu e suas lágrimas começaram a escorrer, medo, frustração e a sensação da falta de liberdade e completa impotência grudaram em sua pele, ainda descrente levou a destra até os lábios os sentindo formigar. Não queria que nada disso tivesse ocorrido, seu corpo cedeu a maciez do veludo e nem notou que o livro estava aberto, o cintilar das chamas e um leve vento que você não fazia a menor ideia de onde vinha lhe chamaram atenção e ao encarar a página foi capaz de ler a primeira linha.

Nefelin

Seus dedos pararam de tremer e pensar no contato intenso que teve, limpando as lágrimas e arrastando o livro até si.

-- O que são nefelins? -- Sussurrou sentindo o coração e o ar acalmar, porém, a sensação durou pouco. Um respirar fez seu corpo todo eriçar e a voz ocasionou que apertasse seu vestido.

-- Eu posso te ajudar.


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Pré-revisado
Música: Raven Wing - Iced Earth

https://youtu.be/dAKvZKRk_Rs

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