3.Morada do diabo

Welcome back to the days of old
Where the men are men and the women are sold
Unwilling sacrifice, I'll fuck you for a price
They kill 'em young so they never get old

O que deveria ser o quarto de uma donzela agora tornava-se a morada do diabo.


Sn estava completamente maldiçoada e talvez suas próximas linhagens não escapassem do mesmo destino, se bem que, se tratando do demônio ao qual se ligou não precisaria se preocupar com a linhagem a se seguir e sim com manter-se viva. Pelos dias que se seguiram você não conseguia comer, tudo lhe parecia insosso e muito mal água e vinho desciam por sua garganta, no sexto dia voltou a dormir sem ter vontade e sua mãe se desesperou, sentia que estava morrendo  o desespero perdurava pelos ossos da mais velha, não aguentaria ver a filha se despedir mais uma vez.

Dobrando os joelhos no chão implorou aos deuses por ajuda, mesmo estando longe de ser uma devota, só não queria perder seu bem mais precioso, sem saber que já não a possuía mais.

"Leve-a ao recanto" Um sussurrou passou pela mente da matriarca que abriu os olhos alarmada olhando para os lados e dando de cara com a mais profunda escuridão.

"Faça-a cumprir com seu acordo do contrário" -- Todas as velas se apagaram e internamente sua mãe suou -- "Não sobrará nada para salvar."

O coração bateu mais forte, em todos os séculos que lidou com demônios nunca precisou se submeter.

-- O que você fez Sn? -- O sussurro não passou despercebido pela voz que agora gargalhava pelo quarto tão baixo que parecia estar dentro da cabeça de sua mãe.
A mesma levantou apressadamente abrindo as portas com força e arrastando o pessoas vestido em tom marrom:

-- Preparem uma carruagem e meu casaco! -- Ordenou deixando claro que se apressassem. Em todo o trajeto com você nos braços sua mãe rezava, fechava os olhos e  torcia para que todas as escolhas que os levaram até ali fossem mentiras, mas o riso entrecortava os pensamentos e trazia a tona a pior das versões:

"Não adianta chorar sobre o sangue derramado, ajoelhe e reze o quanto quiser, mas não foi uma criança quem fez a escolha."

O freio fez com que a atenção de sua mãe fosse tomada e seus olhos se abrissem lentamente.

-- Onde estou? -- sua voz ainda estava fraca e a porta da carruagem foi praticamente arrancada pela violência ao qual utilizaram para a abrir.

-- Está em casa querida. -- A voz perfeitamente audível, mas a imagem completamente inexistente te deixando levemente aflita ao encontrar a escuridão da floresta em meio a uma sombra que pairava dentro da carruagem.

Os pais devem proteger os filhos, mas com seu acordo é você quem deve protegê-los.

-- Venha, não tenho a menor vontade de esperar -- A voz densa fez com que sua saliva descesse amarga e seus pés ainda descalços tocaram o assoalho frio da carruagem, você não sentia dor, tampouco entendia por que sua mão estava tão desconfortável, mas era óbvio seu temor.

O vestido branco com bordados de folhas deixava à mostra os seus dedos dos pés, seus cabelos completamente soltos que batiam na altura dos joelhos tudo em você beirava a perfeição e mesmo diante o medo sua face permanecia singela, como uma verdadeira princesa deve ser, em um último olhar encarou o semblante pesado de sua mama que parecia suplicar lhe a reagir e se negar, mas entendia que não poderia o fazer, dizer não a um demônio após ter assinado um contrato com ele é o mesmo que pedir para ser morta da forma mais brutal possível além de levar consigo seus entes queridos, por isso deve-se pensar muito bem antes de aceitar qualquer tipo de acordo e para o seu azar não se recordava como fora o seu e agora em meio a escuridão adentrando a carruagem pode ver apenas uma mão pálida, garras longa e levemente tingidas ao qual você daria a mão e em um último respirar compadecido de misericórdia você aceitou, sentindo a pele fria em contato com sua mão quente os dedos se fechando nos seus se entrelaçando como se ligassem suas vidas, como se te consumisse, seu corpo travou no local e um leve riso ecoou.

"Bem se quer assim, não reclame se alguma parte de seu corpo deslocar."

Não teve tempo para pensar, apenas foi puxada sumindo na escuridão e deixando um grito desesperador devido ao susto e ao tranco que levou, as lágrimas silenciosas de sua mãe pingavam no assoalho se abraçando sentindo como se houvessem cravado uma adaga em seu peito e de fato cravaram, uma inexistente fisicamente e dez mil vezes mais mordaz, pois, ela sabia que quando retornasse para o 'castelo' sua linda princesinha não estaria mais lá e que talvez nunca mais a veria, ouviria seu sorriso ou sentira seu abraço de conforto pelas manhãs enclausurantes durante as pequenas servidões. 

...

Seus olhos fechavam-se conforme sentia-se arrastar, tentando se agarrar em algo e encontrando o nada, sua respiração desregulada e seu coração batendo como se fosse sair por sua boca e então tudo parou, a claridade momentânea pinicou lhe obrigando a abrir os olhos e então viu exatamente onde estava, se agarrando a primeira coisa que encontrou devido à altura. Sua respiração saiu gelada notando a fumaça e ao olhar para frente se deparou com o mesmo lugar onde tudo começou, só que dessa vez permanecia sentada no tecido vermelho tão gelado como as noites castigantes de inverno, onde seu corpo tremeria de frio em breve pelo vestido de tecido fino, seus olhos acompanharam o longo braço de gelo pertencendo à figura do buda imenso ao qual seu corpo repousava e seus ombros chegavam a pesar como se lhe observassem de maneira intens. Respirando fundo e retomando sua coragem, a mesma que lhe levou ali pela primeira vez, você consertou a postura, permanecendo impassível com a princesa que era e então pronunciou:

-- Saia daí, demônio, sei que me observa. -- Suas mãos se apertaram no tecido do vestido para que seus braços não tremessem pelo medo e como se seu pedido soasse como uma ordem notou o ar ficar mais frio e uma respiração próxima demais de seu pescoço nu o que lhe causou um calafrio e ainda assim lutou para não se mover, porém, o riso leve lhe desestabilizou e assim por um desequilíbrio chegou demais até a ponta e só não despencou naquele rio que mais parecia gelo puro e móvel por um par de mãos segurarem sua cintura e ali pela primeira vez entre o nervosismo e a pressão aterradora de que poderia morrer a qualquer momento você viu o demônio com quem fez o pacto, seus olhos tão bonitos como arco-íris, seu semblante singelo em meio aos lábios finos curvados em um leve sorriso, uma coroa vermelha nos fios platinados que percorriam pelas costas trajando uma bela veste vermelha, as unhas stileto que apesar de tocar sua pele não arranhavam e a singela demonstração que por mais que se parecesse com bondade você sabia que demônios não capazes de tanto. Aquele poderia vir a ser o seu algoz te trouxe para o colo segurando-te no estilo noiva e travando seus movimentos, nunca esteve em tal posição antes e esse era só mais umas das sentenças a somar em seu repertório de sensações não administradas e confusas e por fim a voz que sem nenhum pudor te desestabilizou:

-- Jamais deixarei minha dama cair, afinal de contas vocês humanas quebram com facilidade.

Foi aqui que Sn Nethuns Amarantis percebeu que estava perdida e presa, presa aos olhos mais belos e cruéis que um dia foi capaz de existir.


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Eu estou amando escrever essa história, até o próximo capítulo


Música Witches Burn - The Pretty Reckless

https://youtu.be/0M6-el4zCH8

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