13.Curtos esclarecimentos

Sheets of empty canvas
Untouched sheets of clay
Were laid spread out before me
As her body once did


A casa do Lua um parecia estar cheia pela quantidade de vozes que escutou, mas bastou se deparar com as portas abertas do grande salão para ver rostos conhecidos a mesa. Douma trazia você em um dos braços, tendo a mão rodeando o músculo torneado e enquanto a outra segurava na cintura de Nala.

-- Chegamos a tempo Kokushibo-dono. -- Riu de leve, atraindo atenção de todos e seu corpo arrepiou ao ver a aparência de um dos demônios a mesa.

-- O desgraçado é um guloso né? -- Gyutaro comentou coçando o pescoço ao ver as mulheres do lua dois.

-- Não ele é burro, é bem diferente. -- Akaza se pronunciou.

-- Parem com essa conversa desnecessária. -- Kokushibo ficou de pé. -- Nefira! Leve a convidada para um passeio, já você Sn fica. -- Sua saliva desceu amarga enquanto a mulher completamente coberta de aproximou mandando a loira segui-la. Você foi levada por Douma até a mesa e ia sentar ao lado dele, mas o olhar de Kaigaku em você o incomodava e por isso que o demônio lhe fez sentar em seu colo.

-- Vamos começar. -- Kokushibo falou. -- Gyokko faça as honras.

-- Bom, o império cresceu meio porcento em ouro e trinta por cento em almas, as pessoas são bem estúpidas na hora de fazer os contratos.

-- Qual a média? -- Kokushibo perguntou.

-- Dez anos.

-- Eu só reconheço os fortes, afinal, não há como montar um exército com fracotes que imploram por misericórdia. -- Akaza simplesmente cruzou os braços.

E você já não estava entendendo mais nada.

-- Douma, por que eu estou aqui?-- Sussurrou no ouvido do demônio que alisou suas costas.

-- Você é a esposa de um demônio, o mínimo que se espera é que fique a par das suas funções. -- A voz de Kokushibo ecoou.

-- Mas eu não sou. -- Sua resposta fez com que Hantegu suspirasse.

-- Francamente, superior não explicou nada a ela?

-- Sn-chan é muito indisciplinada -- A destra alisou seu quadril. -- Minha adorável dama ainda não compreendeu seu dever. -- Riu, estava claro que a ironia dele uma hora tiraria do sério o Lua mais forte.

-- Não tenho tempo para a sua besteira, Douma. Nefira! -- Kokushibo chamou e assim a mulher não tardou em aparecer abrindo as portas pesadas com Nala parada na entrada.

-- O que deseja?

-- Leve Sn e faça com que leia esse contrato e você Kaigaku vá junto e fique de olho, essa humana parece que vai fugir a qualquer momento. -- Tanto você quanto Douma se levantaram.

-- Não aprovo esse escolha.

-- Não aprova ou não se garante? -- Foi a voz de Akaza que ecoou, eram raras às vezes que o superior três implica e o sorriso de Douma tornou-se assustador.

-- Ora-ora Akaza-Dono de bom humor, isso significa que Ayla veio lhe fazer uma visitinha ou será Hanâmi? -- Ele riu.

-- Quietos! Temos assuntos importantes a tratar.

-- Kaigaku fique de olho em Sn e certifique-se de ajudá-la e Nefira ficará ao seu lado.

O moreno deu a volta na mesa te olhando nos olhos antes de oferecer a destra, ao qual você aceitou, sentindo o rosto esquentar. Nada foi dito enquanto saiam da sala, apenas seguiram a dona do castelo até a biblioteca do segundo andar, essa você pouco visitava, visto que a do primeiro era bem maior.

-- Vejamos, contrato 5.470 - Lorde Douma, segunda diligência. -- A voz de Nefira ecoou enquanto ela pairava no ar, maravilhando a ambas as mulheres na sala.

-- Sente-se Sn e você senhorita, aguarde do lado de fora. -- Encarou a loira que apenas seguiu a ordem.

-- O que essa mulher está fazendo aqui? -- Nefira perguntou.

-- Ah, ela é a mais nova diversão daquele cretino. -- Sua voz carregava um pouco de lamento. -- Enfim, finalmente saberei o que ele fez comigo.

-- Kaigaku pode ler para ela, irei preparar um chá, isso deve demorar.

-- Mas Nefira, Kokushibo mandou que...

-- Ele não me dá ordens, Kaigaku, isso se aplica a você. Agora se apresse.

Sn Nethuns Amarantis levou para o lado pessoal, compreendendo que Nefira estava os acobertando e, sem pensar muito, se aproximou dele, praticamente dividindo a mesma respiração.

-- É bom vê-lo -- Sentiu a destra afagar sua cintura antes de a envolver, misturando seus cheiros enquanto abraçava o corpo do moreno que agora olhava em seus olhos.

-- Sentiu saudades, princesa? -- Ironizou.

-- Sim. -- E assim tomou a iniciativa de beijá-lo intensamente, sendo retribuída, o moreno pegou seu corpo e apoiou na mesa ficando entre suas pernas enquanto você começava a abrir os botões da roupa dele, sentindo os músculos enquanto a boca descia para seu pescoço, arrancando um gemido baixo.

-- SN estou me contendo com você. Do contrário, irá direto para o inferno, vou ler seu contrato primeiro e depois fará o que quiser.

Você piscou diversas vezes.

-- Está me dando o direito de escolha? -- Sentiu os lábios sobre seu busto.

-- Nunca o tiraria de você.

-- Ah Kai. -- E assim se beijaram novamente. Sem perceber que a porta foi deslizada levemente e a loira os espionava.
Nefira olhou para ela rapidamente, pigarreando e assim vocês se separaram.

-- Espero que estejam prontos para a leitura. Pode começar senhor Kuwajima.

Kaigaku limpou os lábios deliberadamente bordados e se endireitou enquanto você arrumava o vestido e se encostava na cadeira fingindo que nada ocorreu.

Sn Nethuns Amarantis, por meio deste contrato, fica implícito que sua vida não lhe pertence mais que, a partir de agora, o Lua superior dois é o responsável por ela. Dentre os inúmeros itens aqui destacados encontra-se a subserviência e a concepção de um nefelin, podendo ou não acarretar morte do contratante.

Lorde Fubuki se responsabilizará pela maior parte dos seus desejos, desde que não envolva Liberdade ou traição. Ocorrendo ambos, poderá ser punido da forma como o demônio desejar - validade cento e vinte e cinco anos.

De pé, puxou o contato da mão dele rudemente lendo por si mesma, havia inúmeras cláusulas que levavam a outras e ainda assim tornava-se vago, principalmente por não entender o motivo dele te tratar daquela forma.

Até que chegou no fim, onde seus olhos estacionaram, lendo atentamente em silêncio:

O demônio reserva-se o direito de obter a alma da vítima da maneira que desejar, desbravando suas emoções e as absorvendo atentamente. Também fica estipulado um casamento para não haver contradições e, a partir do momento em que a vítima assinar, não terá volta, estando ou não consciente.

Seus joelhos travaram e se arrependeu por estar de pé e se não fosse o moreno lhe pegar no colo e trazer para si, não saberia o que houve. Seus olhos pesavam, a fragilidade emocional retornava com força total enquanto ele lhe erguia.

-- Leve-a para o quarto e não a deixe sozinha.

-- Tudo que está aqui é mentira, você sabe, não é?

Nefira suspirou ouvindo algo tão trivial. Demônios são em sua grande maioria ardilosos ao ponto de manipular as palavras uma vez que o contrato é regido com sangue, você jamais saberá que foi escolhida a Dedo para algo muito maior e tudo o que foi lido não passou de uma vil manipulação, afinal demônios sempre mentem.

-- Nem tudo é uma fantasia Kaigaku, Douma gosta do que faz e todas as entrelinhas desse contrato são verdadeiras, Sn deve se tornar a esposa dele por que Muzan quer e os planos do seu mestre aprisionado não são bem-vindos ou esqueceu que a jurisdição do inferno está nas mãos do meu marido? Enfim, vamos deixá-la descansar e depois teremos uma conversa.

Enquanto você lidava com toda a carga emocional que afetava não só o seu corpo como sua mente, algo dentre de ti parecia se partir e talvez desse início a um novo ciclo em sua vida.

Nefira andava pelos corredores observando a loira que estava a sua espera, ao se aproximar suspirou.

-- Garota, eu não sei o que ele te ofereceu, mas vendo tudo o que aconteceu consegue entender que talvez não valha a pena? -- A mulher de olhos rubros encarou o semblante coberto e sorriu minimamente.

-- Ela não consegue ser grata, daria tudo para estar em seu lugar e acredite em mim quando digo que não falharei. -- Nefira suspirou, entendo que essa alma provavelmente não teria salvação e assim foi até onde as luas estavam e se aproximou de Kokushibo apoiando a destra no ombro dele, o toque fez com que os seis olhos desviassem para ela e aquilo era um aviso de que algo não estava correto.

-- A reunião está encerrada, voltem aos seus respectivos palácios e você Douma tire essa servente daqui. -- Encarou a loira há metros de distância que agora olhava tudo ao redor. O superior dois se aproximou tocando no ombro dela e sorriu falsamente:

-- E então?

-- Ela está apaixonada e não é por você. -- Respondeu em um sussurro enquanto andavam em direção à saída do palácio, ele manuseou o leque sorrindo antes de olhar para a paisagem praticamente branca indicando que o inverno se aproxima.

-- Muito bem, isso será interessante. Você fará algo para mim e depois disso estará livre e se quiser permanecer em meu culto fique a vontade.

Ela assentiu com um sorriso aberto nos lábios.

-- Vá até a ilha Mizake e entregue isso ao líder da família Kaminari. -- Tirou do bolso uma carta enquanto uma carruagem puxada por pesadelos se aproximava, ela assentiu tendo ajuda para adentrar e assim partindo. Douma retornou para o castelo com a intenção de te levar para casa, mas foi impedido por Nefira que sequer o deixou adentrar o quarto.

-- Ela está inconsciente. -- Tirou o véu que cobria o rosto. -- Tem permissão para passar a noite aqui, mas não a verá mais por hoje.

Ele riu de lado como se estivesse conformado e logo depois em um movimento rápido a destra estava ao redor do pescoço da mulher que o olhou de maneira tediosa.

-- Não brinque tanto assim com minha paciência sim?

Uma rápida rajada de vento ocorreu cortando o pulso do superior dois enquanto a mulher tirava o restante da mão de seu pescoço e jogava no chão.

-- Quem te deu permissão para tocar na minha mulher?

-- Não precisava disso, sou perfeitamente capaz de me defender. -- A resposta de Nefira o atingiu e ele simplesmente respirou pesado a observando descer o véu e entrar no quarto, Douma pegou a mão colocando-a de volta em seu corpo e olhou para Kokushibo que o encarava intensamente.

-- Você é uma desgraça, não consegue cumprir uma simples ordem!

O loiro vagou pelo corredor logo adentrando a um ambiente mais calmo e se sentando em posição de lótus sobre uma almofada bem fofa, apoiando o cotovelo na coxa e o rosto na mão.

-- A culpa não é minha se seu subordinado quis brincar com ela.

-- Ele fez o combinado, conferiu se o sangue da garota era puro, se tinha a mesma linhagem de Nefira e você até agora não deu um passo! Nunca pensei que estivesse com dificuldade para levar uma mulher para cama.

Douma gargalhou.

-- A Kokushibo-dono que graça teria, cumprir o acordo se ela não me der o que eu quero? Será que é tão difícil assim compreender que preciso de uma alma novinha? -- Fez um bico de desgosto e a respiração do lua um pesou. De maneira estridente, entendeu por que Akaza sempre batia nele, é realmente irritante! Douma sempre leva os contratos como uma brincadeira, mesmo quando a relevância é tudo o que importa.

-- Preciso lembrá-lo que Muzan está esperando por isso há seiscentos anos ou está pronto para morrer nas mãos dele?

-- Muzan-dono pode me matar a hora que bem entender, agora veja bem. Sn nem despertou ainda, acha mesmo que ela conseguiria gerar um nefelin se não compreender o que carrega? Kokushibo-dono já tentamos isso antes e as incubadoras morreram. -- A voz apresentava muito tédio e o mais forte se apoiou na mesa, infelizmente o desgraçado tinha razão.

-- E o que falta para ter total controle sobre ela?

-- Bom. -- Douma se endireitou. -- Eu despertei seu medo, ódio, fúria, paixão, alegria, excitação, dor, desespero e amor. Se não estiver me esquecido de algum, falta apenas quebrar aquele lindo coraçãozinho.

O superior um arqueou a sobrancelha cruzando os braços.

-- Imagino que já tenha uma forma de reavê-la, já que perdeu metade do domínio ao deixá-la dividida.

Os dentes incrivelmente limpos, assim como as presas do superior dois ficaram à mostra e, em grande satisfação, respondeu:

-- O que você acha Kokushibo-dono?

Voltando para o quarto onde você se encontrava, Kaigaku continuava ao seu lado, mentalmente passou a se questionar o que estava acontecendo. Você foi uma simples ordem onde ele deveria conferir seu sangue, o papel ao qual se cortou foi o contrato que Douma redigiu a mão utilizando o próprio sangue como tinta e Kaigaku aferiu seus genes. Você é perfeita e foram os segredos de sua mãe que te fizeram assim, mas por que continuava ali? Por que sentia uma vontade enorme de estar em sua presença e acima de tudo feliz?

A resposta é simples: Kaigaku Kuwajima o décimo sétimo membro da família Kaminari, o jovem dado como traidor estava completamente apaixonado e, para piorar, é completamente correspondido.

Não deveria ter se metido com você, nem na hierarquia fixa estava e havia se metido com um dos luas mais fortes e adquirido seu ódio, e só estava vivo porque Douma adora brincar com suas presas, pois, se houvesse se metido com um dos contratos de Akaza, por exemplo, teria morrido na primeira oportunidade. Kaigaku sabia que Kokushibo não poderia lhe proteger, compreendia que a partir do momento em que se envolveu com você estava comprometido e isso o irritava profundamente, já que entregaria a vida de qualquer um para sobreviver, então por que proteger a sua?

Essas dúvidas mais lhe pareciam um Carma e, ao notar que seu corpo se remexia na cama, todas as questões ficaram de lado, inclusive o fato de que Nefira estava no quarto esse tempo todo e que não havia prestado atenção.

-- Kaigaku quero que vá até a família Honō e convoque Hanâmi.

-- Se eu for até lá, serei morto. -- Ela o encarou incrédula.

-- Será morto se ficar aqui também, você não terá a proteção de Kokushibo por muito tempo, pelo menos indo até os Honō terá uma chance, ou prefere morrer como um covarde?

Ele ponderou antes de respirar fundo e se aproximar de seu corpo, alisando sua bochecha e deixando um beijo em sua testa.

-- Do que você precisa?

-- Que convoque a bruxa e traga-a até aqui. -- Ele assentiu, se afastando e olhando para ti de esguelha, como se, se despedisse. O moreno sentia nos ossos que não lhe veria nunca mais.

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Pré-revisado.

Kaminari = Trovão | Honō = Chamas

Música: Black - Pearl Jam

https://youtu.be/akJbXYm-lUk

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