𝟏𝟖. 🇧🇷𝐘𝐎𝐀𝐍𝐃𝐘 𝐋𝐄𝐀𝐋ᵛᵒˡᵉᶦ

Tema: aquele em que a autora escolheu

eu sei que o Leal  é cubano, mas como ele é naturalizado brasileiro, então por isso a bandeira do Brasil


Yoandy point of view

Memories on

― Oi, amor! ― falo assim que chego do treino.

― Ah, oi ― ela sorri sem graça.

― Está tudo bem? ― estranho o seu jeito.

― Mais um teste negativo ― ela suspira ― Até quando, Yoandy?

― Querida, o nosso filho vai vir no tempo certo. Você não tem que se pressionar para isso.

― É o meu sonho ― lágrimas caem dos olhos dela.

― É o nosso sonho ― toco na mão dela ― Mas amor, as coisas vão fluir naturalmente.

Ela se levanta e eu suspiro. Desde que nos casamos que a minha esposa tem tentado engravidar, mas as coisas não aconteceram como ela previu.

As tentativas frustradas deixavam ela péssima, era sempre o mesmo ciclo. Ela ficava empolgada com a menstruação atrasada, mas dias depois descia normalmente.

― Eu não entendo, os exames não apontaram nenhum problema ― ela anda de um lado para o outro ― Não faz sentido.

― Talvez não fosse para ser agora, querida.

― E quando vai ser? ― ela me olha ― Yoandy, eu já estou com trinta e quatro anos, você não tem data de validade, mas eu sim.

― Não fale assim ― me aproximo.

― Mas é a verdade. Homens podem ter filhos com qualquer idade, mas a mulher precisa decidir quando ser mãe porque ela simplesmente não consegue mais engravidar dependendo da idade.

Eu sabia o quanto a maternidade era algo sensível para ela. O nosso casamento estava abalado por conta disso.

Ela mal se concentrava nas coisas, o foco era ser mãe. O sexo só tinha como objetivo ter o filho. Os dois viviam pressionados.

― Amor, talvez se deixássemos tudo fluir ― tento ― Não precisa ser uma obrigação.

― Você quer ser pai? ― ela perguntou.

― Lógico que quero ― digo confuso ― Por que está me perguntando isso?

― Porque você sempre fala isso e depois sai pela porta para treinar. E eu fico como? Eu lido com a frustração sozinha.

― S/n...

― É a verdade ― ela me olha magoada ― Você apenas me deixa para lidar com isso, mas quem te vê na partida nem parece que o nosso casamento está péssimo.

― Eu separo as coisas.

― Fico feliz que você ainda consiga fazer isso ― ela nega com a cabeça ― Há um ano que eu não consigo separar as coisas.

― E o que você quer que eu faça? ― suspiro ― Eu já sugeri de viajarmos, de fazer uma segunda lua de mel e tentar recuperar o casamento.

― Isso se chama "ignorar os problemas" ― ela ri amargamente ― Yoandy, nos podemos fazer isso e até terapia de casal, mas a questão de filhos sempre será uma sombra.

― Porque você quer assim.

― Não é como se a sua família me pressionasse a isso, não é? ― ela cruza os braços.

― E você decidiu dar ouvido a eles, é isso? ― pergunto.

― Todas as vezes eles perguntam quando serão avós ― ela nega com a cabeça ― E todas as vezes eu tenho que dizer que ainda estamos tentando ― ela me olha ― E a verdade é que nem isso estamos fazendo.

― A rotina... ― ela riu.

― Eu não estou falando apenas do sexo. A questão é que você não divide comigo o que quer, Yoandy. Você não me diz se quer tentar, se quer que dê certo.

― É lógico que sim.

― E por qual razão? ― olho confuso ― Quer que dê certo para que eu retome a vida normalmente ou porque você que ser pai?

― Amor, eu quero ser pai ― ela me olha ― Mas não é algo para agora.

S/n me olha indignada e eu desvio o olhar.

― Não é algo para agora, é isso que você está me dizendo? ― engulo seco ― Me dê um bom motivo para não pedir a porra da separação?

― Você quer o divórcio por eu não querer filhos agora?

― Sim ― ela diz diretamente ― Não é pela questão dos filhos agora ou depois, mas você deveria ter me dito. Yoandy, eu te perguntei durante o relacionamento qual era o seu planejamento para filhos e você disse o que? ― ela se aproxima ― Você me disse exatamente assim: "quando estiver bom para você, estará bom para mim". Agora eu estou te dizendo que quero filhos para AGORA e você diz o contrário?

― Eu sempre soube que era o seu sonho, amor.

― Não, eu sempre te disse que esse sonho era para ser nosso. Você deveria ter me dito quando estaria pronto para dividir esse sonho, mas você não fez isso ― ela chorava ― E eu não quero mais continuar com isso.

― Amor, as coisas não são assim ― me aproximo ― Olha, vamos conversar com calma ― ela nega com a cabeça.

― Eu não posso e não quero esperar o seu tempo. Isso era para ter sido discutido durante o noivado ― ela se afasta ― Eu quero ser mãe! Eu não posso esperar cinco anos, eu quero agora e se para realizar o sonho eu preciso abrir mão do nosso casamento, então eu quero o divórcio.

― As coisas não podem terminar assim ― falo.

S/n apenas sobe para o quarto e ouço o barulho da porta bater...

Memories of

Um ano se passou, hoje teria jogo para o pré-olímpico e eu estava me concentrando para o jogo.

Faz exatamente um ano que S/n e eu nos divorciamos, a decisão foi complicada. Eu ainda estou digerindo tudo que aconteceu.

Olho para a arquibancada e vejo a minha família animada torcendo por mim. De relance vejo a S/n na arquibancada com uma criança, um garotinho de mais ou menos onze anos.

― Vai lá falar com ela ― Bruninho diz.

― Acho que ela não quer me ver ― suspiro.

― Só vai, aproveita esses minutos antes do jogo ― assinto.

Vou na direção dela e meu coração acelera. Ao notar a minha aproximação, S/n me olha e um sorriso leve surge em seus lábios.

― Oi ― sorrio.

― Oi ― ela olha para o pequeno ― Diogo, esse é o Leal.

― Você joga vôlei, né ― assinto ― Eu adoro vôlei, a mamãe mandou fazer uma quadra lá em casa.

Olho surpreso para S/n.

― Então...

― Sim, eu realizei o meu sonho de ser mãe ― ela brinca com os cachinhos do garoto ― Adotei ele há oito meses e bom, oficialmente mãe.

― Fico feliz ― sorrio ― E você joga em qual posição no vôlei?

― Levantador ― faço uma careta.

― Você tem jeito para ponteiro.

― Você nem é exibido, né ― S/n ri.

― É a verdade ― dou de ombros ― Se quiser, eu posso te ensinar.

― Quero sim ― ele diz animado ― Mamãe, eu posso pegar pipoca ― ele pede e S/n assente.

Observo o garoto se afastar e volto a minha atenção para a S/n. Ela estava com um brilho diferente.

― Você está bem?

― Muito bem ― ela sorri ― Voltei a comandar a seleção feminina de vôlei, me tornei mãe.

― Fico feliz ― sorrio ― Ainda penso muito em você.

― Yoandy...

― Eu sinto a sua falta, ― suspiro ― Não houve um dia desde o divórcio que eu não pensasse na nossa discussão. Você continua morando na minha memória e no meu coração ― toco a mão dela ― Podemos recomeçar?

Espero que gostem

Votem e comentem

Até a próxima, beijinhos

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