12.Pagando pelos meus impulsos
Pré-revisado, capítulo em várias visões.
Agência dos escalonáveis
Por Endeavor,
De todos os problemas que eu poderia ter escolhido para mim, Yuka foi o maior deles. Ela é completamente rebelde e tem horas que tenho vontade de realmente trancá-la num quarto e perder um tempo colocando algo dentro daquela cabecinha, porém do jeito que essa garota é, sei que fará de tudo para me seduzir e conseguirá sem nenhum esforço. Eu não sou nenhum santo e estou longe de ser um adolescente na puberdade e sem saber o que quer.
E esse é o verdadeiro problema, afinal um cara mais velho como eu não deveria querer algo com uma garota que tem idade para ser a minha filha e que tecnicamente não tem nada a me oferecer. Eu realmente deveria pensar assim, porém, estou com raiva da situação descabida, dela sugerindo sexo quando estou falando sério e me sinto pior ainda por ter realmente pensado na hipótese.
Que porra de situação que eu estou me metendo.
— Endeavor, o que você acha? — A voz de Hayato ecoou, e eu não faço a menor ideia do que ele está falando.
— Faça como quiser. — Assim que me ouviu, ele fechou o notebook com força e me encarou. — São nossos filhos, Enji! Eu não posso fazer o que eu quiser ou vou acabar dando uma surra no Shoto!
Revirei os olhos, já cansado.
— O que foi dessa vez? — Apertei o meio do nariz, torcendo para não ser outra idiotice.
— Eles estão em uma espécie de relacionamento aberto! Mas que porra é essa? Vão ficar se comendo por aí e, quando cansarem, casam? Olha aqui, eu vou castrar o seu filho e mandar a Lizayumi para um convento!
Apesar do surto dele, isso é realmente estranho. Shoto nunca me falou nada sobre isso. Na verdade, ele não me fala sobre nada, e talvez Yuka possa me dizer alguma coisa. Mas, pensando bem, ela é extremamente fiel ao meu filho.
Até demais.
— E o que você quer que eu faça? Coloque uma mira no coração dele e o obrigue? Cresce, Hayato. Isso não é problema nosso. — Falei, mesmo me sentindo desconfortável com a conversa.
— Você está muito azedo!
— Eu? Você quer controlar a vida da sua filha, que já tem dezoito anos, e eu sou o azedo aqui? Sinceramente, meu filho não me escuta. Posso falar com a amiga dele para ver se ela sabe de alguma coisa. E só isso. — Afirmei, mas o olhar de Hayato me dizia que ele estava prestes a sugerir alguma besteira.
— Essa amiga... Ele passa muito tempo com ela. Será que ela é o terceiro elemento? — Hayato indagou, arqueando a sobrancelha.
Definitivamente ele estava falando de Yuka.
— Não.
— Para e pensa, Enji. Ela dorme na sua casa, veste as roupas do seu filho, eles estão sempre juntos. Talvez seu filho esteja transando com a amiga... ou ela deve estar namorando com ele também. Meu Deus! Eu estou surtando!
Respirei fundo, sentindo a irritação começar a me consumir. Eu realmente não tinha tempo para isso.
— É impossível. Eu conheço meu filho, e você deveria dar mais crédito para a sua filha também. — Falei com convicção. Hayato abaixou o olhar, visivelmente envergonhado.
— Acho que só não estou acostumado com essa modernidade nos relacionamentos.
Apoiei minha mão no ombro direito dele, tentando transmitir algum tipo de apoio.
— Na nossa época, a história era outra. — Foi inevitável que as memórias de Rei invadissem minha mente. Nosso casamento arranjado pelas famílias... e o quanto eu havia arruinado tudo.
— É... Você e Rei, eu e Angel. No fim, acabamos sozinhos. Eu não quero isso para os nossos filhos.
— Então não se meta na relação deles. — Adverti, mesmo achando a situação peculiar.
Hayato assentiu, e a conversa mudou para trabalho. Seguimos para a sala de reuniões, e assim que chegamos, vi Shoto com Yuka. Ele trançava o cabelo dela enquanto sua namorada treinava ao lado de Burnning. Todos estavam ocupados com o treino, exceto por aqueles dois.
— Pronto, vê se não faz essa porcaria de novo. — Meu filho afirmou, e Yuka riu antes de abraçá-lo. Ele respirou fundo antes de retribuir, mas eu percebi que era um ato encenado. No entanto, o abraço dela parecia genuíno.
— Obrigada, Shô. Agora vamos praticar um pouquinho. — Yuka sorriu, e ambos voltaram ao treino.
Esperei que Hawks e Mirko encerrassem a confusão que haviam causado na sala antes de começarmos a patrulha. Quando me aproximei de Yuka, ela já estava pronta, e algo no cabelo dela chamou minha atenção: um pequeno laço de gelo na ponta da trança. Fiquei olhando por alguns segundos, cheio de perguntas que sabia que não deveria fazer naquele momento.
Ela percebeu.
— Pra onde vamos agora, grandão?
— Temos uma vistoria em algumas escolas.
— Que bom! Eu adoro crianças. São tão rechonchudas! — Ela alisou a trança e, notando meu olhar, provocou: — Por que, ao invés de ficar me secando, você não pergunta o motivo?
— Porque isso não me diz respeito. — Respondi, firme.
Ela riu, com um ar pretensioso.
— Você é um péssimo mentiroso. Não te diz respeito, mas sua curiosidade está te matando.
Deu de ombros e ficou em silêncio.
A patrulha seguiu em um clima tenso. Ainda assim, Yuka sorria para as pessoas e ajudava em situações simples, sempre mantendo sua energia alta. No entanto, aquele laço de gelo no cabelo permanecia intacto, mesmo quando ela usou sua individualidade para resgatar um gato preso em uma árvore.
— Vamos para a última ronda. Tem uma escola abandonada, e foi informado que há usuários de droga e possíveis ladrões no local. Vamos patrulhar por fora primeiro, quero entender o que está acontecendo antes de intervir. Se algo sair do controle, você volta imediatamente. Entendeu? — Falei com firmeza.
Ela revirou os olhos.
— Entendeu, Yuka?
— Claro, claro, Endeavor. — Respondeu irritada, mas era melhor assim.
Por Dabi,
Toga sorria como uma idiota ao meu lado, enquanto eu ainda saboreava as memórias da minha destruição mais recente. Aos poucos, eu vou arrancar tudo o que é precioso para você, Endeavor.
Himiko me tirou dos pensamentos quando chegamos na escola abandonada. Shigaraki sempre arranja uns informantes de quinta categoria que testam minha paciência. Mas o que posso fazer? Ele é o chefe.
E a vontade de Stain? Ainda queima dentro de mim.
O suposto informante parecia mais um usuário de metanfetamina. Tremia demais, e o discurso dele era tão fraco quanto o cheiro nojento de suor que exalava. Após cinco minutos de conversa, percebi que a individualidade dele era tão inútil quanto ele próprio. O corpo produzia alguma substância tóxica sem parar, mas ele não conseguia expeli-la direito. Que poder miserável.
— Você tem certeza de que os heróis vão se separar?
— Sim, sim! Eles estão formando grupos menores. O atual herói número um não é um símbolo da paz tão bom para que pessoas como nós o temam.
Ri internamente. Ah, como esses fracos subestimam.
— Conte-me mais sobre esses grupos e os próximos passos deles. — Exigi, agora verdadeiramente interessado.
Ele despejou tudo o que sabia, um tanto hesitante, mas eu já tinha o suficiente. Minha mente borbulhava com ideias terríveis, estratégias sombrias que mal podia esperar para colocar em prática.
Porém, ele não conseguiu terminar.
Foi então que ouvi uma voz familiar. O desgraçado do Endeavor estava por perto, e ele mencionou um nome.
Uma garota.
Movido pela curiosidade, olhei pela janela quebrada e entendi tudo de imediato.
Mais uma substituta.
Mais alguém que ele tenta proteger desesperadamente.
E mais alguém que terei o prazer de arrancar dele.
Por Yuka,
Endeavor anda estranho. Sei que passei dos limites, mas esse gelo e esse afastamento exagerado já estão ridículos.
— Ei, grandão, até quando pretende me punir? — perguntei, cruzando os braços. Ele arqueou uma sobrancelha, lançando-me aquele olhar de esguelha característico.
— É sério, Enji. Isso é infantil até pra você. Sei que passei dos limites, mas podemos resolver isso na cama depois, não acha? — Ironizei, e ele suspirou fundo antes de agarrar meu braço e me arrastar até um beco esquecido por Deus.
— Pra você tudo se resolve desse jeito, não é, garota? — Ele cuspiu as palavras, a voz baixa e grave. — Acha mesmo que é só isso que importa na confusão em que estamos metidos?
Cruzei os braços, tentando não perder a paciência. — Pelo menos arranquei uma reação de você. Que tal um cinema? Você entra sozinho na sala, eu vou depois, e saímos exatamente assim. Ninguém precisa saber, muito menos nos ver. — Dei de ombros, e ele alisou a nuca, visivelmente sem graça. Talvez tenha percebido o quanto foi duro sem necessidade.
— Garota... — Ele suspirou, derrotado. — Amanhã, às oito da noite, vamos jantar. Depois você escolhe o filme.
Tentei manter a expressão neutra, mas a verdade era que aquilo tinha me deixado feliz. Segui ao lado dele para a patrulha, mas ainda sentia vontade de beijá-lo. Esse momento, no entanto, teria que esperar pelo lugar e pela hora certos.
Ao chegarmos ao prédio designado, Enji entrou pelos portões com facilidade, enquanto eu segui logo atrás. Nos dividimos: ele patrulharia por dentro, e eu cuidaria do lado de fora. Nada de descumprir as regras dele.
— Cuidado. Se encontrar algo, me avise. E não use sua individualidade desnecessariamente.
Que gracinha. Adoro quando ele se preocupa comigo. Assenti, sorrindo.
— Pode deixar, grandão.
Enquanto ele desaparecia pelas portas desgastadas, comecei minha ronda pelo exterior. Na minha opinião, os avisos que Enji recebeu eram falsos. Essas pessoas adoram desperdiçar o tempo dos heróis. Aqui não havia absolutamente nada.
Quando terminei a volta ao redor do prédio, já estava irritada. Se Enji não fosse tão cabeça dura, eu poderia ter limpado uns dois andares daquele lugar decadente sozinha. Suspirei, olhando para o céu estrelado que contrastava com a feiura do prédio.
Foi então que vi.
Um lampejo azul brilhou no topo, seguido por uma rajada de fogo na mesma tonalidade.
— Aquele vilão cretino...
Sem pensar duas vezes, ativei minha individualidade e fui direto para o topo do prédio.
— Parece que você sobreviveu sem sequelas. — A voz debochada ecoou, e lá estava ele, encostado na porta que dava acesso ao interior do prédio.
— Não sou fácil de matar. — Rebati, me aproximando com cautela.
Ele sorriu, lançando uma rajada de fogo na minha direção. Desviei com agilidade.
— Calma aí, heroína. Está com muita sede ao pote.
— E acha que vou deixar você escapar? — rosnei, estreitando os olhos.
Ele riu, caminhando na minha direção. — Claro que não. É por isso que isso será interessante.
Notei o fogo crescendo em suas mãos. Me movi para o lado esquerdo, evitando um confronto direto. Atacá-lo por trás seria previsível demais. Optei por subir na parede com a porta ao fundo, desviando das chamas.
— Por que não veio por trás? Está com medo? — provocou, lançando mais fogo.
Aproveitei a brecha para atingi-lo na costela com força suficiente para fazê-lo tossir.
— Você bate que nem uma mulher mesmo. — Ele riu, cambaleando para trás.
— Você é um imbecil. — Avancei novamente, prendendo seus braços por trás. Ele estava imóvel, ou assim parecia.
O idiota, no entanto, ateou uma grande quantidade de fogo no chão, impulsionando nossos corpos para cima. O calor e a fumaça tornaram tudo mais difícil.
— Merda... — murmurei, tentando segurar o controle.
— E aí, heroína? Vamos morrer juntos ou você vai se salvar? — Ele sorriu, cínico, mesmo enquanto caíamos.
Minha vontade era abrir os braços e deixá-lo despencar, mas não sou assim. Movi-me rapidamente, ainda presa ao corpo dele, e consegui amortecer nossa queda com minha individualidade. Não foi exatamente suave, mas sobrevivemos.
— Uma heroína até o fim. Mas agora, como vai se salvar disso? — zombou, mesmo tossindo.
Antes que eu pudesse responder, uma névoa roxa nos envolveu.
— Você... — minha visão começou a escurecer, e o sorriso cínico dele foi a última coisa que vi.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top