16. Um pouco do passado.

Frio. Definitivamente muito mais frio que ps outros dias. Aurora mal sentia seus dedos, e tudo o que queria era chegar logo em casa. Havia sido um dia bem entediante sem Jasper, que havia aproveitado a nevasca para ir caçar.

Ela queria desesperadamente se sentar perto da lareira agora. Seu almoço poderia esperar, e os trabalhos também.

Quando enfiou a chave na porta do chalé, notou que a mesma não só estava destrancada, como também estava aberta, apenas encostada no batente, e agora abria sozinha por causa do vento. Aurora congelou na porta. Não era Jasper, porque ele nunca deixaria a porta assim.

Aurora colocou as chaves entre os dedos e fechou a mão em punho, deixando todas as pontas á mostra, como um soco-inglês. Ela largou a bolsa no chão silenciosamente, e andou com passos suaves para dentro de casa, usando a outra mão para discar para o número de Jasper.

Ela viu tudo no exato lugar em que deixaram. E supôs que não fosse um assalto. Isso não a tranquilizou. Apertou ainda mais os punhos.

— Vocês tem uma bela casa. — Aurora se virou rápido, deparando-se com a figura de um homem alto, quase tanto quanto Emmett, mas não tão musculoso quanto, ele tinha cabelos castanhos claros, e olhos vermelhos. Ele olhou Aurora atentamente, parando sobre as chaves na mão dela. — Pretende ferir um vampiro com isso? — Ele perguntou com um ar debochado. Aurora ergueu uma sobrancelha.

— Pretendia. — Ela respondeu. — Agora, talvez eu esteja pensando em fogo. — O homem riu pelo nariz.

— Você é divertida, Aurora. E corajosa. — Ele começou a andar pelo cômodo, fitando cada detalhe.

— Obrigada. — Ela disse sem emoção. — Sabe meu nome, pode me dizer o seu? — Ele olhou para ela sobre ombro.

— Ah, perdão. — Se aproximou em um piscar de olhos, segurando a mão de Aurora, fazendo as chaves caírem no chão. — Sou Jackson Nortburn. — E beijou calidamente os nós dos dedos de Aurora e, com a outra mão, mostrando o envelope branco pérola texturizado. Era um dos convites de casamento. Ela relaxou um pouco. — Sei que cheguei um pouco antes...

— Nove meses antes. — Ela corrigiu. Jackson deu de ombros, rindo.

— Mas achei que seria mal educado ir em um casamento sem sequer conhecer a noiva. — Explicou. Aurora cruzou os braços.

— E achou que seria educado entrar sem ser convidado na casa de alguém? — Ela perguntou séria.

— Agora que você disse em voz alta realmente parece ruim. — Ele confessou. Por um momento, ele franziu o rosto, então olhou para a outra mão de Aurora, que segurava o celular. — Ligou pra alguém? — Ela olhou na mesma direção, só agora se lembrando de Jasper na outra linha, ele provavelmente já estaria chegando agora.

— Para o Jasper. — Ela respondeu, vendo o vampiro erguer uma sobrancelha. — Que foi? Você invadiu nossa casa. Eu posso não ter chance contra um vampiro, mas eu sei quem tem. — Deu de ombros.

— Que esperta. — Ele pareceu realmente surpreso ao dizer isso.

— Já que está aqui, me conte, de onde conhece os Cullen? — Ela recolheu suas chaves e sua bolsa do chão, e caminhou para a cozinha, sempre com Jackson lhe seguindo, e falando.

— Não os conheço. — Ele respondeu. — Não todos. Só conheço seu noivo. — Aurora o ouvia atentamente, enquanto colocava água na chaleira, e preparava sua mistura de camomila com damasco para o chá. — Nós estivemos juntos no Exército Confederado, e estávamos juntos na travessia quando Maria apareceu e nos transformou. — Aurora olhou para Jackson, que fechou a boca e arregalou um pouco os olhos, como se tivesse dito algo que não deveria. — Ele te contou sobre Maria, certo? — Ele perguntou meio receoso. Aurora assentiu.

— Contou. — Respondeu. — Mas ele não fala muito sobre, parece ser uma pessoa que ele quer esquecer. — Jackson assentiu.

— Não é uma surpresa na verdade. No palavreado atual, eu diria que ela é uma vadia. — Ele disse. Aurora franziu as sobrancelhas.

— Não sou à favor de chamar mulheres por esses adjetivos. — A ruiva falou.

— Não estou me referindo ao sentido sexual da palavra. — Ele explicou. — Maria destruiu a vida dele, e a de muita gente. Literalmente. Ela transformava homens e mulheres, velhos, jovens, quase crianças. Qualquer um que pudesse ser capaz de obedecer ordens. Ela tinha um dom de manipular as pessoas, e usou para formar um exército. Maria queria poder, queria seu território de volta, mesmo que isso significasse destruir todos que entrassem em sua frente. — Explicou. — Mas não era ela quem destruía. Era pra isso que ela tinha a nós dois, mas principalmente Jasper.

— Eu sei. — Aurora disse. — Ela o fazia treinar os recém-criados.

— E destruí-los quando não atingiam as expectativas. — Jackson disse. — Ele odiou cada momento disso. Todos nós odiávamos. Mas nenhum de nós sabia, porque estava envolto pela manipulação de Maria.

— Mas saíram. — Aurora disse. — Vocês dois. — Jackson sorriu.

— Não sozinhos. — Ele disse. — Tivemos um incentivo de outros amigos, Peter e Charlotte, você vai conhecê-los ainda. — Aurora assentiu.

— Já disseram que não é educado entrar sem ser convidado? — Aurora olhou sobre o ombro de Jackson, vendo Jasper ali, parado sob o portal da cozinha, com os braços cruzados e uma sobrancelha erguida. Jackson sorriu antes de se virar para o outro loiro.

— Na verdade, sua adorável noiva disse isso há poucos minutos. — Ele disse, novamente em seu tom descontraído. — Mas você me conhece. Eu sou cara-de-pau assim mesmo. — Depois de longos segundos, os dois riram, e Jackson se aproximou para abraçar Jasper. — Senti sua falta, irmão. — Jasper retribuiu o abraço, dando tapinhas amigáveis nas costas de Jackson. Aurora sorriu.

— Você sumiu. — Jasper falou quando separaram o abraço.

— Eu não crio raízes, Jasper. — Jackson disse, fazendo o outro rolar os olhos e andar até Aurora, beijando-lhe o topo da cabeça em cumprimento.

— É, você já disse que é um "espírito livre". — Jasper ironizou, gesticulando com as mãos.

— Não entendi o motivo das aspas. — Jackson reclamou. — Eu sou, sim.

— Claro. — Jasper concordou falsamente.

— Olha quem fala. — Jackson acusou. — É você quem está prestes a se casar, depois de mais de cinquenta anos vivendo com uma família de vampiros extremamente civilizados e "vegetarianos". — Jackson riu um tanto divertido. — Ora, ora, olha só quem está se contradizendo agora.

— Tinha esquecido o quanto você é chato. — Jasper reclamou. — Não dê ouvidos a ele, querida. Jackson é um idiota. — O outro vampiro gargalhou em resposta.

— Ah, Whitlock, eu e sua noiva ainda temos muito assunto pra colocar em dia. — Ele piscou divertido para Aurora.

— É verdade. — Ela concordou. — Estou curiosa, tem tanto que ainda não sei sobre sua vida humana, sua adolescência, amores antigos... — Jackson prendeu uma risada, entendendo que Aurora havia entrado no jogo.

— Ah, eu ficarei honrado em esclarecer suas dúvidas. — O Nortburn disse. Jasper lhe encarava seriamente agora. Jackson entendeu, e ergueu as mãos em sinal de rendição. — Péssima ideia. Deixa pra lá. — Aurora riu.

— Não se preocupe, querido. — Aurora beijou a bochecha de Jasper. — Eu já sei tudo o que preciso sobre seu passado. — Jasper lhe sorriu de volta.

— Que lindos... — Jackson disse, apoiando o queixo na mão e piscando várias vezes. — vocês são tão doces que me dão náuseas... e isso nem devia ser possível, porque eu estou morto. — Aurora riu alto.

— Quer estar morto? — Jasper lhe perguntou. — Porque eu posso resolver em dois segundos. — Ele deu dois passos na direção de Jackson.

— Não na minha cozinha. — Aurora disse rapidamente. — Se matem lá fora, e longe do carro. — Ela apontou a saída da casa, olhando séria para os dois loiros. Ambos se entreolharam e, em um piscar de olhos, sumiram da cozinha, e da casa. Aurora rolou os olhos. Era irônico que eles fossem quase dois séculos mais velhos que ela.


Jackson aí gente. Ele é interpretado aqui pelo Daniel Sharman. Me digam o que acharam dele à primeira vista.

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