𝐕𝐈

Revisado Por rtc017

Peter


  Ela está estranha. Quando voltei depois de comprar a água, Mary Ann estava mais quieta e tensa. Não acho que tenha a ver com a sua pressão alta, e eu fiz ela beber a garrafa de água quase toda, além de obrigá-la a comer pipoca.

    Agora ela está com o olhar perdido.

    Pigarreio.

— Então, se você não gosta de filme de terror, qual o seu gênero preferido? — pergunto, porque esse silêncio está me matando e eu quero conversar com ela.

— Ação e romance. Ou qualquer filme com o Chris Evans.

— Típico. — Reviro os olhos, zombando dela.

— Não faça essa cara. Sua atriz preferida é a Jennifer Lawrence.

— Ela é… boa atriz. — murmuro, ganhando um olhar da Mary Ann.

    Pelo menos agora ela não está mais tensa. Penso em sugerir para irmos em outro brinquedo, quando vejo a cabine de fotos. Eu arrasto Mary Ann até lá antes que ela tenha a oportunidade de discordar.

— Espere, meu cabelo está legal? — pergunta, ajeitando os fios loiros.

— Você está linda — digo sem pensar enquanto olhamos um para o outro, e ela sorri de modo tímido. Ouvimos o clique bem na hora.

    Mary Ann se volta para câmera e fico atrás dela, as mãos em sua cintura enquanto também sorrio para a câmera. Depois, pego-a desprevenida e começou a lhe fazer cócegas, rindo ao ouvir sua risada.

— Peter! — Mary Ann ofega e ainda estou sorrindo quando respondo.

— Olhe para a câmera, Mary Jane.

    Ela faz, mas eu continuo olhando para o seu rosto corado quando o último clique acontece.

    Nós saímos da cabine depois de pegar a tirinha de fotos e, enquanto olho para elas, penso que parecemos mesmo um casal. E já fomos um antes de eu estragar tudo.

    Entrego a Mary Ann, notando que seu rosto fica mais vermelho ao ver as fotos.

— Por que você me chama de Mary Jane? — pergunta, guardando a tirinha na bolsa.

— Você ainda não sabe? — Arqueio a sobrancelha, um pouco sem acreditar que ela ainda não percebeu.

— Não.

— Peter Parker e Mary Jane — digo, lembrando que foi a primeira coisa que pensei quando nos conhecemos.

— Quem? — Mary Ann franze as sobrancelhas, e eu me sinto ofendido pelo super-herói dos quadrinhos.

— Peter Parker, O Homem-Aranha — falo, como se não fosse óbvio.

— Ah. Aaaah. Faz sentido. — Eu estou divido entre achá-la fofa ou malditamente linda agora.

— E sabe de uma coisa?

— O quê?

    Passo o braço por seus ombros e sussurro em seu ouvido:

— Você é a minha Mary Jane.

☾︎

    Todas as minhas ex's podem me chamar de cafajeste e coisas desse tipo, mas não podem se queixar do meu romantismo. Brandon costuma dizer que todo cafajeste é romântico, e eu o ignoro, é claro.

    Eu imagino que levar Mary Ann ao túnel do amor em uma barca em formato de cisne a luz de velas seja algo romântico. Pelo menos ela está com um sorriso no rosto, mesmo parecendo um pouco relutante.

— Você falava sério sobre querer pular de Bungee Jump? — pergunto enquanto a barca vai avançando lentamente.

— Sim. Eu não sei porque, mas um dia vi na TV e fiquei com vontade. Mas é apenas isso: um sonho bobo. — Mary Ann dá de ombros, e eu não gosto nenhum um pouco do sorriso fraco que ela dá.

— Eu não acho que seja um sonho bobo. — Não estou mentindo, mas ela não parece acreditar. — É sério, você deveria fazer isso, se é o que quer.

— Eu não tenho tempo, ou coragem — murmura, brincando com o palito do pirulito que ela mastigou há dez minutos.

— Por que você continua nesse emprego, Mary Ann? — Franzo as sobrancelhas. — Você não parece feliz.

— Eu gosto do meu trabalho. Pelo menos parte dele. — Ela põe uma mecha loira atrás da orelha. — Eu gosto de moda, mesmo com algumas pessoas achando que não, pela forma como eu me visto. — Mary Ann ri. — Então buscar café e ir na lavanderia de vez em quando valem a pena se eu vou viver um pouco desse mundo.

— Você merece mais. — A palavra “hipócrita” me define bem nesse momento, mas o que eu disse é verdade, e ela merece ouvir isso.

— Você já disse isso.

— E vou continuar dizendo. Você não continuará trabalhando para ela para sempre, né? O que você quer fazer? Aposto que tem a ver com moda?

— Bem, sim. — Isso a anima, e seus olhos parecem brilhar como quando chegamos ao parque. — Eu estudei moda para ser Personal Stylist. O trabalho que tenho hoje era apenas temporário, mas nunca me arrisquei o suficiente ir viver o meu sonho… De novo.

— Então você desenha?

    Mary Ann ri e meu coração acelera com o som.

— Não. Eu até queria, mas sou péssima nisso. Personal Stylist é quem dá a cara à nova coleção. Quem escolhe e decide como exibir as roupas ao público, organizando eventos, catálogos, editoriais, desfiles de moda e essas coisas. Também significa ser responsável por escolher os looks que serão propostos na temporada, escolhendo a combinação de roupas e acessórios, além de escolher fotógrafos, maquiadores, locações e modelos… Ser um Personal Stylist também requer um conhecimento profundo e extenso da história da arte e da moda.

    Mary Ann respira fundo, erguendo os olhos para mim.

— Falei demais? — pergunta, parecendo envergonhada.

— Não, eu gosto de ouvir você falar. — Maisuma vez, algo sem querer escapa da minha boca. Mary Ann ignora, é claro. Ela não quer ter seu coração quebrado outra vez. — Sabe, eu também tenho um sonho.

— Surfar na Austrália? Aliás, eu não sabia disso.

— Sim e não. Eu quero surfar na Austrália porque… Não sei, é a Austrália e tal. Mas o que estou falando é a música, eu amo a música. Na verdade, assinei um contrato com uma gravadora ontem.

Sério?! Isso é incrível, Peter! — Sou surpreendido quando Mary Ann me abraça, mas fecho meus braços ao redor dela de volta. — Eu sabia que um dia você ia conseguir! Tipo, você escreve bem, tenho certeza que vai fazer sucesso, apesar de nunca ter ouvido você cantar.

— Obrigada, Mary Jane — sorrio, desfrutando de como é tê-la em meus braços antes que se afaste, parecendo notar só agora que me abraçou, mas não lhe dou tempo para recuar. — Eu devo isso a você, na verdade. Aquele dia que você achou as pastas? Foi ali que eu resolvi tentar. Obrigado, de novo.

    Mary Ann dá de ombros, como se não fosse nada, mas é muita coisa. Quando eu descobri minha paixão pela música, disse ao meu pai e, apesar de ele dizer que me apoiava, eu sei que ele não acredita que eu tenha um futuro nisso e que não passa de um sonho bobo. Mas Mary Ann acreditou em mim, e eu nem mesmo merecia.

— Você deveria pular de Bungee Jump — digo, afastando seu cabelo do rosto. — E seguir o seu sonho no mundo da moda. Aliás, eu acho que você se veste muito bem.

— Certo. —  Mary Ann ri, talvez meio nervosa.

    O túnel está quase no final quando passamos por um ramo de flores. Eu me inclino, arrancando uma flor.

    Ponho a florzinha azul atrás da sua orelha. Mary Ann a toca nela antes de abaixar a mão, dando aquele sorriso contido.

— Obrigada, Peter. — Ela se afasta, como tem feito a noite toda sempre que eu chego perto demais.

    Logo estamos saindo do túnel.

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Vcs já tinham sacado o negócio de Mary Jane e Peter Parker?

Esperam que tenham gostado ✨

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2bjs, môres♥

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