𝐈𝐕
Revisado Por rtc017
Peter
Eu sempre achei a Mary Ann bonita. Quando nos conhecemos, ela estava usando uma saia listrada com um colete de lã, o cabelo preso em duas tranças enquanto segurava dois copos de café. Ela não estava em toda a sua graça, mas o jeito com que sorriu meio desajeitada para mim me deixou intrigado, então eu pedi seu telefone. Dois meses depois, estávamos namorando.
Desde então, Mary não mudou muito, apesar de eu ter quase certeza de que ela cortou o cabelo. Durante nosso tempo juntos, eu notei sua obsessão por roupas de cores vibrantes e com estampas. Vejam só, talvez eu não tenha sido tão babaca. Então preciso confessar que esse vestido caiu muito bem nela.
— Eu conheço um restaurante italiano que fica aqui perto. Você é de família italiana, certo? — pergunto a Mary Ann, sentindo-me um pouco nervoso perto de uma garota, pela primeira vez na vida.
— Então seu cérebro não guarda apenas informações sexuais — Mary Ann murmura enquanto caminha ao meu lado.
Tudo bem. Eu mereci essa.
Pigarreio.
— O que você acha de irmos ao cinema depois? Vi na internet que o segundo filme de "A maldição da casa 15" está em cartaz.
Mary Ann ri, mas é uma risada sarcástica, e eu já sei que falei alguma coisa errada.
— Eu retiro o que disse — fala. — Seu cérebro continua a mesma coisa.
— Poderia me explicar?
— Eu odeio filmes de terror, Scott. Eu disse isso no nosso segundo encontro, mas é claro que você não lembra. — Abro a boca para me desculpar, mas Mary Ann ergue a mão. — Poupe seu fôlego, não é como se eu esperasse algo diferente de você.
Mary 2 | Peter 0
— Certo… Deve haver outros filmes… — tento, mas, na verdade, não lembro o gênero de que ela gosta.
— Eu não quero ir ao cinema. — Mary Ann não parece nada mais do que entendida. Olho para o relógio. São 20h00. Eu tenho pelo menos até às 05h00. Nove horas.
— Para onde você quer ir, então? Acho que o restaurante fica…
— Tacos.
— O quê? — Viro-me para ela sem entender, mas Mary Ann está encarando a barraca de tacos do outro lado da rua. — Mary Jane, você sabe o que eu acho sobre comida de rua…
— Eu deveria me importar? — Arqueia a sobrancelha. Mais um ponto para ela.
Mary Ann continua andando, enquanto permaneço parado. Ela vira de costas e grita:
— É assim que você pretende me reconquistar, Scott? Dando para trás no primeiro desafio?
— Eu não sabia que isso era um jogo.
Mary Ann sorri de um jeito travesso, algo que eu nunca vi antes, mas que fica bem sexy nela.
— Mas é, e você não vai ganhar.
— Isso é o que vamos ver.
☾︎
Eu nunca como comida de fastfood. Eu sei cozinhar e sou muito rigoroso com o que como, então estar aqui agora comendo tacos vai contra os meus critérios, e eu não estou nada feliz.
— Você criou alguma nova habilidade e agora é capaz de comer com os olhos? — Mary Ann pergunta, claramente se divertindo. Eu disse que estava comendo? Talvez eu não esteja, e passei os últimos cinco minutos encarando a comida de aparência duvidosa.
— Você nem mesmo sabe como essas coisas são feitas. Tipo, eles literalmente preparam a comida dentro de um micro-ônibus. — Eu sou o único pensando nisso, pois a garota à minha frente apenas dá outra mordida.
— São apenas tacos. — Mary Ann revira os olhos e estica o braço, seu segundo taco pela metade na sua outra mão. — Dá aqui, eu vou comer.
— Mas você nem terminou o seu.
— O que uma coisa tem a ver com a outra?
Semicerro os olhos, mas não deixo ela pegar.
— Eu vou comer.
Mary Ann dá de ombros e volta a comer, me ignorando mais uma vez.
Eu reprimo um suspiro quando dou uma mordida no taco. Sei que estou fazendo tudo errado. Eu deveria fazer a garota gostar de mim de novo, mas até agora eu não fiz nada para mudar a visão de ex-namorado babaca que ela tem de mim.
Ela gostou de conversar com aquele Peter, senão não teria aceitado o encontro. Seja ele agora. Mostre que se importa com ela, que prestou atenção nas coisas que ela disse.
Pigarreio pensando. Nós falamos sobre muitas coisas, o que é irônico, pois, quando namorávamos, eu nem sabia que ela tinha uma gata. Nunca fui ao seu apartamento, sempre preferíamos o meu. Ou você preferia.
— Como está o trabalho? — Começo por algo fácil. Ela mencionou o trabalho poucas vezes nas nossas conversas e, em uma delas, disse que queria pedir demissão.
Mary Ann parece surpresa com a minha pergunta, como se não esperasse eu lembrasse que ela tem um emprego.
— Bem. Muito bem. — diz, obviamente mentindo.
— Vamos lá, Mary Jane. Eu sei que você não tem obrigação alguma de conversar comigo, mas você me prometeu uma noite. Podemos conversar sobre qualquer coisa, não precisa ser sobre o seu trabalho se não quiser.
Mary Ann termina de comer, limpando a boca e os dedos enquanto parece pensar se irá me ignorar de novo ou não. Eu, por outro lado, observo como o vento sopra seu cabelo, da cor do sol, e ela precisa usar a mão para afastá-los do seu rosto. De repente, eu sinto uma vontade estranha de fazer isso por ela. Eu provavelmente já fiz isso antes, mas agora eu sei um pouco mais sobre ela, sei que prefere usar o cabelo solto por causa de uma cicatriz pequena na têmpora esquerda, de quando caiu enquanto jogava futebol com seu irmão mais velho, quando criança.
— A minha chefe continua sendo uma megera comigo, e, apesar disso, não tenho coragem de pedir demissão — Mary Ann conta, atraindo minha atenção para seus lábios rosados, que, até agora, não deram um sorriso verdadeiro para mim.
— Você não deveria aceitar ser tratada dessa forma.
— Acredite, eu sei bem.
Desvio dos seus olhos como um covarde. Eu mereci essa também, mas me incomoda. Mary Ann falou um pouco sobre sua chefe, como ela é desagradável, horrível e superficial.
— Eu fui tão ruim assim, Mary? — pergunto a ela, com medo de ouvir a resposta, mas preciso saber se fui tão desprezível ao nível da sua chefe.
Seus olhos azuis encaram os meus por um tempo, e eu gostaria de saber o que ela está pensando, quando diz:
— Não. Não, você não foi. — Com suas palavras, eu relaxo um pouco. — A minha chefe é tipo a Miranda Priestly e eu sou tipo a Andy. Você é… você.
— Isso não parece bom — murmuro, surpreso por entender a referência ao filme O Diabo Veste Prada. — Eu sinto muito por não ter sido um bom namorado para você. Eu falei sério a respeito de ter mudado e querer fazer dar certo.
— Atitudes falam mais do que palavras.
Sim, é verdade, e eu sei que não vou reconquistá-la apenas com tacos.
Termino de comer e fico de pé, estendendo a mão para ela.
— Quero te levar a um lugar.
☾︎
Pegamos um metrô porque é mais rápido chegar lá assim do que de táxi. Mary Ann perguntou para onde estávamos indo, mas eu não disse, e sorri quando ela cruzou os braços e fez cara de emburrada.
Estamos quase chegando quando ela tira um pirulito da bolsa, onde com certeza deve haver mais. Mary Ann sempre, sempre, tem algum doce consigo, e, geralmente, é pirulito de cereja. Lembro de uma vez avisar que ela teria diabete precoce, mas ela não me ouviu.
— Você quer um? — oferece quando me nota olhando. Faço que sim, e ela põe um pirulito em formato de coração na minha mão.
— Por que você sempre anda com doces? — Guardo o pirulito no bolso, esperando que ele não derreta. Mesmo eu não comendo doces, Mary Ann sempre deixava algum antes de ir embora pela manhã. Eu nunca comi, mas guardava todos em um pote no armário. Eles estão lá até hoje.
— Porque a minha vida já é amarga demais.
Não falo mais nada depois disso, mas continuo observando-a. Mesmo agora, eu não entendo como ela continuou comigo por cinco meses, mesmo eu agindo do jeito que agia. Porém, pensando melhor, Mary Ann não é do tipo que desiste tão facilmente, e a prova disso é ela ainda trabalhar para a chefe megera dela.
Quando chegamos na estação, eu não penso, apenas entrelaço nossas mãos, dizendo a mim mesmo que é apenas para eu não perdê-la na multidão. Mas, conforme subimos as escadas e nenhum de nós faz nada a respeito, eu preciso reconhecer que as batidas aceleradas do meu coração tem tudo a ver com o seu toque.
Finalmente saímos do subsolo e, depois de andar um quarteirão, alcançamos o nosso destino: um dos parques de diversões de São Petersburgo.
— Você disse que nunca tinha vindo a um parque de diversões desde que se mudou para cá… — digo, desejando estar filmando a sua reação, como seus olhos azuis brilham enquanto ela olha em volta, em sua boca um sorriso se formando lentamente.
Sua mão já não está mais na minha enquanto ela caminha lentamente, devorando cada detalhe do lugar. Eu jamais vi essa expressão em seu rosto, por isso fico meio embasbacado com como ela fica ainda mais bonita quando está encantada com algo.
Mary Ann para, virando-se para mim.
— Você não vem?
Se ela estava linda comendo tacos com o vento soprando seu rosto, agora ela está… Eu não sei de uma palavra que posso usar para descrevê-la neste momento, com seu vestido longo e florido, usando botas de couro enquanto sorri, os olhos azuis mais vívidos do que nunca.
Então eu vou até ela, prometendo a mim mesmo que farei com que ela sorria assim mais vezes e que nunca mais chore por minha causa.
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Aí está o capítulo quatro!
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