29 - Consequências
Minhas sobrancelhas se juntaram em confusão, um homem aleatório estava na parte inferior da escada.
Ele era grande, ombros largos e alto. Ele parecia assustador.
Suas maçãs do rosto eram proeminentes e suas sobrancelhas eram grossas e escuras.
Ele estava falando com minha mãe, mas eu não conseguia ouvir o que ele estava dizendo.
Sua mão alcançou a cintura de minha mãe, e ela olhou para ele com um olhar que eu nunca tinha visto antes.
Eu silenciosamente parei longe do corrimão e espiei pela porta do quarto do meu pai, apenas para ser revelado com ele sentado na beira da cama.
Morgan: Pai? — eu sussurrei.
Seus olhos voaram para os meus e suas sobrancelhas franziram em confusão com o meu tom silencioso.
— Sim, filho? O que há? — ele se levantou e colocou o telefone na mesa de cabeceira.
Morgan: Quem é aquele homem? — tentei ficar quieto, pois a porta estava apenas metros do topo da escada.
— Que homem? — ele perguntou, enquanto se aproximava.
Ele saiu de seu quarto e olhou por cima do parapeito comigo, para o homem que falava com minha mãe.
Seus olhos se arregalaram e ele rapidamente agarrou meu pulso para me puxar com ele para seu quarto.
— Papai? Quem é ele? — eu observei quando ele fechou abruptamente a porta e trancou-a
— Vá para o banheiro, filho. Agora — ele apontou para a porta do banheiro, procurando por algo no quarto. Quando eu não me mexi, ele se virou para mim. — Agora, Joseph! Vá! Tranque a porta quando entrar, entendeu?
Eu balancei a cabeça freneticamente e fiz o que ele disse.
Fechei a porta do banheiro atrás de mim, trancando-a com um clique enquanto ouvia através da porta.
O que estava acontecendo? Por que ele tinha tanto medo dele?
Tudo que eu podia ouvir era vasculhar a madeira, antes de um estrondo abafado ecoar na sala. Eu ouvi meu pai.
— Por favor, por favor, não machuque meu filho. Eu farei qualquer coisa.
Meu coração estava acelerado, batendo no meu peito de medo.
Eu senti vontade de tremer quando passei meus braços em volta dos meus joelhos, me enrolando em uma bola contra a porta branca.
— Você sabia que o que fez foi errado. Você não deveria ter mexido comigo, Alonso, você sabia muito bem! — quando suas palavras terminaram, um tiro ecoou no ar.
Depois um segundo e um terceiro.
Pareciam centenas na minha cabeça, e quando um silêncio finalmente tomou conta da sala, minha respiração pesada era tudo que eu podia ouvir.
Cobri a boca com a palma da mão, não querendo ser ouvida.
— Onde está o menino? — uma voz profunda e rouca falou.
Ele soou a apenas alguns metros de distância, e eu senti meus olhos se arregalarem de medo.
— Você disse que não iria machucá-lo — uma voz mais suave e sedosa respondeu.
Era minha mãe. Ela viu isso? eu não ouvi um grito, nem um choro. Ela não se importava?
— Encontre-o. Ensine-o a recuar quando for necessário, caso contrário, ele acabará como seu pai — o homem assustador disse, antes que eu ouvisse o clique de uma porta se fechando.
Fiquei paralisado, sem conseguir me mexer, não sabia se era seguro ou não sair.
Então eu esperei por cerca de dois minutos. Ou cinco, ou trinta.
Tudo parecia o mesmo.
Eu encontrei coragem para ficar de pé, sentindo uma lágrima escorrer da minha bochecha para o meu queixo, e lentamente girei a maçaneta.
Lá estava ele, deitado no chão com carmesim circulando sua metade superior. Eu cambaleei para ele, minhas mãos em seu braço.
Morgan: Pai? Pai, você está bem? — eu chamei.
Ele ofegou ao mudar seus olhos para os meus, e eu estava grato por ele ainda estar vivo.
— Filho...
Morgan: Quem-quem eu chamo para ajudar? Você vai ficar bem, pai, eu prometo.
Meus olhos começaram a percorrer a sala em busca de algo que eu pudesse usar para ligar para alguém.
— Ares.
Morgan: Onde dói? Por quê? Para quem eu ligo? — eu divaguei. Meus olhos dispararam para os dele. — Pai, quem eu-
— Ares! — ele me cortou, um suspiro pesado seguido pelo meu nome.
Ele ergueu a mão coberta de carmesim para a minha e segurou-o apenas com um aperto ligeiramente firme. Meu pai é muito mais forte do que isso.
— Ele atirou em mim duas vezes, Joseph — sua voz estava distorcida e magoada. Senti as lágrimas ardendo nas bordas dos meus olhos, picando na minha linha d'água. — Não deixe ele te encontrar. Sua mãe.
Minha mãe.
Morgan: Por que ela não fez nada? Por que ela simplesmente deixou isso acontecer? — minha voz aumentou de raiva.
Ela poderia tê-lo ajudado. Ela poderia tê-lo salvado.
Ele suspirou pesadamente pelo nariz, embora a tristeza em seus olhos já fosse evidente no assunto antes de minhas palavras.
Como se ele já tivesse sido ferido pelo pensamento.
Morgan: Como posso ajudá-lo, pai? — minha voz falhou, uma lágrima escorrendo pelo meu rosto. — Não sei o que fazer.
— Não há nada que você possa fazer, filho — sua própria voz falhou com a minha. E isso só quebrou meu coração e roubou mais meu fôlego. Ele apertou minha mão, enquanto lentamente deixava sua cabeça cair para o lado. — Não deixe que ele encontre você. Não deixe que ele pegue você também. Prometa-me.
Morgan: Eu prometo — eu chorei. — Eu não vou deixá-lo — quando seu aperto na minha mão afrouxou, eu falei. — Eu te amo, eu te amo, pai.
— Eu te amo — foi tão fraco, mas me quebrou.
Segurei sua mão com mais força por ele, sabendo que ele não tinha forças para fazer isso.
Até que ele ficou mole em minhas mãos.
Deixei minha cabeça cair em seu peito, enquanto seu sangue se acumulando em meus joelhos.
Chorei, até sentir a raiva substituir o peso em meu peito.
Meu pai não fez nada de errado para merecer isso, sabia que não.
Aquele homem o machucou por muito pouco motivo.
Eu queria matá-lo.
Eu queria matar Ares.
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