✦CAPÍTULO 18✦

Rayssa Sidney

 4 MESES DEPOIS

HAVIA SE PASSADO QUATRO MESES desde a nossa volta para casa. Estávamos mantendo contato com os Pevensie, mas claro que não era a mesma coisa de quando estávamos juntos, porém dava para pelo menos matar um pouco a saudade.

Bella escreve uma carta para Pedro todos os dias e ele sempre a responde. Imagino como eles devem sentir falta um do outro. Já eu, escrevo uma carta para cada um toda semana. Da última vez escrevi uma para o professor também.

Os Pevensie nos respondem com frequência, sempre comentando e lembrando de Nárnia e nossas aventuras. Sinto tanta falta deles.

Nesse período, comemoramos o aniversário de dezesseis anos da Bella que por sinal ficou muito feliz com a surpresa que fizemos para ela.

— Rayssa! — Minha mãe me chamou.

— Já vou — gritei de volta, fechando o livro de aventuras e descendo até a sala.

Minha mãe e Bella se encontravam sentadas no sofá.

— Tudo bem por aqui?

Minha mãe fez um sinal para eu me sentar e assim o fiz, receosa. Aquilo não acontecia com frequência.

— Chamei as duas aqui para avisá-las que daqui uma semana iremos nos mudar — disse mamãe de uma vez.

— Nos mudar! — exclamei.

— Para onde? — perguntou Bella.

— Londres — contou. Minhas sobrancelhas se ergueram. — Recebi uma boa proposta de emprego e aceitei. Sei que vocês duas não esperavam por isso, mas espero que compreendam.

Eu e Bella nos olhamos.

— Claro que entendemos mãe — disse Bella, por fim.

— Acho que uma mudança não seria má ideia — respondi, pensando seriamente na possibilidade.

— Obrigada. — Sorriu nossa mãe.

Ficamos um tempo em silêncio.

— Mãe. — A chamei, encostando minha cabeça em seu ombro. — Estou com saudades do papai.

Ela e Bella se olharam.

— Também estou com saudades dele, querida — suspirou. — Mas vamos confiar em Deus. Algum dia ele irá voltar.

— Só espero que não demore.

Minha mãe depositou um beijo em minha testa.

Olhei para Bella que se encontrava encarando o chão com um olhar perdido até perceber que eu a observava e sorriu.

— Que tal fazermos brigadeiro? — ela sugeriu, tentando quebrar o clima melancólico e cheio de saudade.

— Uma ótima ideia — concordou mamãe.

— Rayssa, me ajuda?

— Claro! — falei me levantando e indo para a cozinha.

UMA SEMANA DEPOIS

—Já pegaram tudo? — perguntou minha mãe na sala vazia de casa. — O carro da mudança vai partir.

— Eu já! — gritei da cozinha e ouvi Bella dizer um "eu também" de algum lugar da nossa antiga casa.

Hoje nos mudaremos para Londres. Havia sido uma semana bem cheia e cansativa, mas por fim tinha chegado a hora.

— Antes de irmos vamos fazer uma oração.

Demos as mãos e fizemos um círculo.

Mamãe

Senhor, queremos te agradecer por esse dia e pela vida que nos deste. Te pedimos que nos proteja nesta mudança. O Senhor me deu esse emprego e te agradeço por isso. Que não venha ser só mais uma mudança, mas que venha ser algo que possa mudar nossas vidas. Não sabemos qual é o seu plano para nós, mas cremos e confiamos em ti. Sê conosco. Em nome de Jesus. Amém!

Fechamos a casa e fomos até o carro. Mamãe deu a partida.

É Londres, aqui vamos nós!

***

Depois de alguns dias, finalmente chegamos. Nossa nova casa era branca, de dois andares e continha um jardim enorme.

— Aquilo ali é um lago? — perguntou Bella, apontando na direção.

— Sim — ela respondeu. — Achei que iriam gostar de ter mais contato com a natureza.

— E a senhora acertou. Ele é lindo.

Entramos em casa.

— Nossa! — Foi o que consegui dizer, encantada. — Essa casa é incrível!

Por dentro a cor branca predominava junto a cor marrom. A sala era bem espaçosa e muito bonita. A cozinha não era tão grande, mas era aconchegante.

— Meninas, a casa possui três quartos e quatro banheiros, sendo um em cada quarto e um perto da cozinha — disse mamãe.

Nossa, para quê tudo isso de banheiro?

Ouvimos uma buzina de caminhão. A mudança havia chegado.

— Muito obrigada — ouvi minha mãe agradecer os homens assim que tinham descarregado tudo.

Me joguei no sofá, cansada.

— Já cansou? — perguntou Bella com as mãos na cintura.

— Já.

— Mas ainda temos muito o que arrumar — falou mamãe.

— Não sei se vou aguentar — falei, fazendo drama. As duas riram.

— Você pode ficar só com o seu quarto, então — disse minha mãe.

— Sério? — perguntei, sem acreditar.

Me levantei em um salto e peguei minhas malas. Subi as escadas indo até meu novo quarto.

Era enorme. Havia uma janela grande que dava vista para o jardim e uma porta que devia ser o banheiro. Comecei a arrumar minhas coisas em seus devidos lugares. Quando terminei, me joguei na cama, exausta. Meus olhos começaram a pesar e acabei dormindo.

— Rayssa, acorda!

— O que foi? — perguntei sonolenta.

— Está quase na hora do jantar — Bella avisou.

Sentei de uma vez, sentindo tudo ao meu redor girar nos primeiros segundos.

— Já?

— Sim, você dormiu quase a tarde inteira.

Nossa! Eu devia estar muito cansada para simplesmente apagar daquele jeito.

— Vou tomar um banho e daqui a pouco desço.

— Ok — disse saindo do quarto.

Depois de tomar banho, desci as escadas e fui até a cozinha. As luzes estavam apagadas.

Que estranho! Acendi.

— Feliz aniversário! — gritaram minha mãe e Bella.

Não acredito, me esqueci do meu próprio aniversário!

As duas estavam atrás da mesa recheada com bolo e guloseimas.

— Ah gente, obrigada! — Fui até elas e as abracei.

— Não acredito que esqueceu do seu próprio aniversário — disse minha mãe.

— Eu também não acredito — rimos.

— Minha irmãzinha está crescendo — disse Bella, me abraçando.

— Hora dos presentes! — falou minha mãe, me entregando um embrulho.

— Que lindo! — exclamei assim que o abri. Era um colarzinho com um pingente em forma de floco de neve.

— Obrigada mãe — lhe dei um abraço.

— Bella quem teve a ideia — contou.

— Obrigada Bella — a abracei.

— Você merece — respondeu. — Agora que tal comermos?

— Concordo plenamente — falei sorrindo.

Cortamos o bolo.

— Bella e Rayssa, amanhã começam as aulas de vocês — avisou nossa mãe.

— Mas já? — disse Bella, quase se engasgando com a comida.

—Sim. Já está tudo pronto. Seus uniformes e seus materiais estão em seus quartos — disse mamãe.

Sem contestarmos, terminamos de comer, arrumamos tudo e fomos dormir.

NA MANHÃ SEGUINTE

Levantei, orei, tomei banho, coloquei meu uniforme, arrumei meu cabelo e peguei meus materiais. Antes de sair fui até a penteadeira e peguei o colar de floco de neve e o coloquei no pescoço.

A viagem até o colégio demorou mais ou menos dez minutos, já que morávamos na parte mais isolada da cidade.

Quando chegamos vi que estava tudo bem movimentado.

— Tome cuidado — disse mamãe.

— Pode deixar — respondeu Bella.

Mamãe se despediu e foi embora.

— O que fazemos agora? — perguntei.

— Vamos naquela banca de revistas ali — disse, apontando para a mesma.

A banca não era tão movimentada, o que me agradou bastante. Começamos a olhar as revistas. Vi que uma menina estava olhando uma revista de moda.

— Olha Bella, essa revista de moda parece boa — comentei, fazendo a menina com a revista nos olhar. Arregalei os olhos.

— Susana?! — dissemos eu e Bella.

— Bella! Rayssa! — ela sorri, deixando a revista de lado e nos abraçando.

— Rayssa, você cresceu. Está mais bonita — elogiou a Pevensie. — E você também Bella.

— Obrigada, você continua linda como sempre — respondeu à sua cunhada.

Olhei para o garoto ao lado de Susana.

— Está ocupada? — perguntei. Ela revirou os olhos.

— Susana! — Alguém a chamou atraindo nossa atenção. A mesma parou e nos olhou. — Rayssa, Bella!

— Lúcia!

A pequena Pevensie correu para abraçar primeiro a Bella e depois a mim.

— O que foi Lúcia? — perguntou Susana, preocupada.

— Precisam ver isso — ela respondeu e começou a correr. Nós a seguimos.

Ao entrarmos no colégio, ouvimos gritos.

— Briga, briga, briga...— gritava a multidão de alunos.

Entramos no meio da multidão e consegui ver Pedro apanhando de um grupo de quatro garotos. Ele estava lascado na mão de Bella.

— Edmundo! — gritou Lúcia. O Pevensie entrou na briga para ajudar o irmão.

— Precisamos fazer alguma coisa — eu disse e entrei no meio.

MEU DEUS O QUE ESTOU FAZENDO?

Empurrei um dos garotos que batia em Edmundo.

— Quem é você para me empurrar? — perguntou o garoto, percebendo quem eu era. Fiquei sem resposta. Ele me olhou dos pés à cabeça e deu um sorrisinho malicioso. — Até que você é bonitinha. Que tal nos conhecermos melhor?

Não aguentei e dei um soco na cara dele, o fazendo cair no chão.

ME PERDOE SENHOR.

— Me respeite, pois não sou uma qualquer! — gritei. O menino se levantou com o nariz sangrando.

Os guardas apareceram separando a briga.

Fomos para perto de um dos bancos que ali tinham.

— Tudo bem?— perguntei a Edmundo. Ele me olhou e me abraçou. Eu ri.

— Senti sua falta — ele disse em meu ouvido, fazendo um pequeno arrepio percorrer meu corpo.

— Eu também senti a sua.

Ouvimos uma tosse forçada. Nos viramos e vimos Susana e Lúcia nos olhando. Corei.

Me desprendi completamente de Edmundo.

— É bom ver você de novo — falei, antes de me afastar.

— O que tinha na cabeça Pedro? — perguntou Bella, aborrecida. Pedro não respondeu.

Bella suspirou.

— Ele machucou você? — ela estendeu a mão para tocar seu rosto e foi pega de surpresa sendo puxada para um abraço.

— Senti sua falta — disse Pedro.

— Também senti a sua — Respondeu Bella, o apertando.

Pedro afastou a cabeça e lhe deu um pequeno beijo, o primeiro depois de meses.

— Cunhado! — exclamei me aproximando.

— Cunhada! — ele exclamou de volta e ambos nos abraçamos.

Depois de abraçar a todos, sentamos no banco.

— Nem agradece — disse Edmundo com ironia.

— Eu estava ganhando — disse Pedro, se levantando.

— Se apanhar era ganhar, você estava no caminho certo — comentei. Pedro ficou sério.

— O que foi desta vez? — perguntou Susana.

— Um encontrão — ele respondeu.

— E você bateu nele? — perguntou Lúcia.

— Não. Depois do encontrão me mandaram pedir desculpas, então bati nele.

— Sério? É tão difícil só se afastar? — disse Bella.

— Não ia me desculpar. Não se cansa de ser tratada como criança? — perguntou, impaciente.

— Nós somos crianças — foi a vez de Edmundo dizer.

— Eu nem sempre fui, já faz um ano — e se sentou ao lado de Bella.

— Acho que é hora de aceitarmos que estamos aqui. Não adianta tentar fingir que é diferente — respondeu Susana com os braços cruzados.

— Aí! — resmunguei, massageando minha mão.

— O que foi? — perguntou Lúcia.

— Minha mão está doendo. Acho que bati muito forte no garoto — respondi.

— Por que você bateu nele? — perguntou Susana.

— Ele a insultou — Edmundo respondeu por mim.

— O que ele disse? — perguntou Bella, preocupada.

— Me chamou de bonitinha e disse que poderíamos nos conhecer melhor, então não aguentei e bati nele — expliquei.

— Você deveria ter deixado eu bater nele — disse Edmundo, cerrando os dentes de raiva.

— O que eu fiz não foi por vingança ou para mostrar que tenho força, mas foi por dignidade. Diferente de certas pessoas — falei, séria virando para Pedro.

Ele abriu a boca para discordar, mas fechou logo em seguida, sabendo que eu estava certa.

— Finjam que estão falando comigo — disse Susana se virando para nós.

— Mas estamos falando com você — disse Bella.

— Aí! — gritou Lúcia, se levantando.

— Quieta Lúcia — mandou Susana.

— Alguém me beliscou — explicou a pequena.

— Ei, para de me empurrar — disse Pedro para Bella. — Eu já pedi desculpas.

— Eu nem toquei em você — ela respondeu.

— Aí, Edmundo! — gritei. — Por que me beliscou?

— Eu não te belisquei — ele respondeu.

— Vocês querem parar? — disse Susana, se levantando junto com Edmundo e Bella.

— Tem cheiro de magia — disse Lúcia, sorrindo.

— Rápido, todos deem as mãos — ordenou Susana, pegando minha mão.

— Eu não seguro sua mão! — disse Edmundo à Pedro.

— Segura logo! — mandou Pedro, pegando a mão de Edmundo.

Ficamos parados olhando o trem que passava à nossa frente. De repente, a estação começou a se desfazer.

Quando o trem finalmente sumiu, a estação havia desaparecido e agora estávamos em um túnel.

Saímos e avistamos uma praia linda.

Não acredito...

CONTINUA...

Iniciamos hoje com a segunda parte desta maravilhosa história. Desde já agradeço a todos que estão lendo. 

Não esqueçam da estrelinha e de comentar o que estão achando. 

Deus os abençoe! Tchau.


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