✦CAPÍTULO 10✦
Bella Sidney
DESCEMOS DA ÁRVORE e corri até a raposa jogada no chão.
Me ajoelhei.
— Você está bem? — perguntei preocupada, olhando os ferimentos do animal.
— Desculpa, eu não sabia que você ia se machucar. — disse Rayssa, sentindo-se culpada.
— Está tudo bem — respondeu a raposa tentando se levantar, mas não conseguiu por conta dos ferimentos.
— Sra. Castor, podemos ajudá-lo? — perguntei na esperança de que dissessem sim.
— Infelizmente esqueci o kit de primeiros socorros. Desculpa! — Ela respondeu.
— Então seremos nós mesmos — falei, olhando para o ferimento da raposa.
— Como? — perguntou Rayssa.
— Eu não sei — admiti, não sabendo nem por onde começar.
"Senhor, por favor nos ajude", orei em pensamento.
— Lúcia, você ainda está com o seu lenço? — perguntei, virando o olhar para ela.
— Estou.
— Me permite fazer um curativo com ele? — pedi, estendendo a mão.
A pequena me entregou o lenço.
O rasguei no meio de forma que apenas sua ponta permanecesse inteira, ficando aparentemente maior. Respirei fundo e me concentrei na raposa.
— Posso?
Ele apenas balançou a cabeça.
— Rayssa me ajude, por favor. — Pedi e olhei para a raposa. — Vai doer um pouco.
Apertei bem para estancar o sangue e ele deu um grito. Com a ajuda de Rayssa — que segurava o animal — terminei de amarrar o pano.
— Pronto!
— Agora você ficará bem — disse minha irmã, sorrindo.
— Obrigado Altezas — agradeceu ele.
— Por favor, nos chame apenas pelos nomes Bella e Rayssa — pedi com gentileza.
— Como quiserem — concordou.
— Onde aprenderam isso? — perguntou Susana.
— Não aprendemos, somente pedimos a Deus que nos ajudasse e ele nos ajudou — sorri.
— Bom trabalho. — disse Pedro se aproximando de mim.
— Bom, eu adoraria poder ficar para conversar, mas o dever me chama — disse a raposa se levantando. — Aslam os aguarda na mesa de pedra. Até mais!
— Até! — dissemos em uníssono e ele se foi, desaparecendo em meio às árvores e à escuridão da noite.
— Hora de irmos — disse o sr. Castor, já andando.
Começamos a andar em fila indiana. Atravessamos o dique, seguimos ao longo do rio por uma vereda estreita que se alongava entre as árvores. As encostas do vale alteravam-se sobre nossas cabeças banhadas no luar.
— É melhor irmos aqui por baixo. — Propôs o sr. Castor. — Não há trenó que desça aqui, ela terá que ir por cima.
Passamos a noite toda andando e com o sr. Castor nos apressando.
— Vamos! Mais rápido se não quiserem ser capturados pela bruxa — disse o castor outra vez.
O sol já havia nascido e as minhas pernas quase não aguentavam mais.
— Se ele nos apressar mais uma vez, juro que vou transformá-lo em um chapéu — reclamou Pedro, irritado.
Comecei a rir e percebi Rayssa também soltando uma risadinha. Então, de repente comecei a ouvir um barulho de algo se aproximando, me fazendo parar de andar.
— O que foi? — perguntou Susana.
— Vocês não ouviram? — perguntei. Todos pararam para ver se escutava alguma coisa. Parecia ser algo escorregando pelo gelo.
— Ela está vindo, corram! — exclamou o sr. Castor.
Corremos, entrando no começo da floresta onde encontramos uma caverna e nos escondemos. Estávamos bem apertados um no outro tentando não fazer barulho.
Minha respiração começou a desregular e senti a mão de Pedro segurar a minha. O olhei recebendo seu olhar de volta que dizia: vai ficar tudo bem.
Esperamos um pouco. Ela parecia ter ido.
Inclinei o corpo para levantar, porém Pedro segurou meu braço.
— Aonde vai? — perguntou.
— Vou verificar se ela já foi — respondi.
— Não Filha de Eva, é perigoso — disse o sr. Castor. — Eu vou.
— Tome cuidado — pediu a Sra. Castor.
O sr. Castor saiu e um silêncio quase insuportável se instalou entre nós ao pensarmos que algo poderia ter lhe acontecido.
Levamos um susto quando ele apareceu de surpresa.
— Espero que tenham se comportado esse ano crianças! — disse o Castor, animado.
Vendo que não havia mais perigo, saímos da caverna.
— Que surpresa para a Feiticeira! O poder dela já está balançando — disse o sr. Castor quase pulando de alegria.
— Que se passa Sr. Castor? — perguntou Rayssa ofegante pela correria.
— Não disse a vocês que por artes dela era sempre inverno e o Natal nunca chegava? Não disse? Pois vejam agora! — E de fato pudemos ver.
Era um velhinho de barba branca, barrigudo que usava roupas vermelhas com adornos dourados.
— Aqui estou afinal — disse ele, sorrindo. — Ela me impediu de vir durante muito tempo, mas acabei chegando. Aslam está a caminho. O poder mágico da Feiticeira já começou a declinar. E agora... — prosseguiu o velhinho. — Vamos aos presentes!
— Presentes? — repeti, animada.
— Aqui está uma máquina de costura nova, último modelo para a sra. Castor. Vou deixar em sua casa quando passar por lá.
— Queria me desculpar, mas a casa está fechada — disse a sra. Castor.
— Fechaduras e chaves não têm a menor importância pra mim — respondeu ele. — Quanto ao seu presente, sr. Castor. Quando voltar vai encontrar o seu dique terminado, consertado em todos os pontos onde vazava água e além disso, uma comporta novinha em folha.
— Muito obrigado! — Agradeceu com um sorriso enorme.
— Pedro, Filho de Adão — continuou o velhinho.
— Presente? — disse ele.
— Presentes para você. São ferramentas e não brinquedos. Talvez não esteja longe o dia em que precisará usá-la com honra. — E entregou a Pedro um escudo com o desenho de leão e uma espada cuja ponta era a cabeça de um leão dourado.
— Susana, Filha de Eva, isto é para você. — Entregou-lhe um arco, uma aljava cheia de flechas e uma trompa de marfim. — Só deve usar o arco em grande risco, pois não quero que você tome parte ativa na luta. Raro às vezes que falha o alvo. Quanto à trompa, é só levá-la aos lábios e tocar que o auxílio virá de alguma parte.
Susana sorriu, entendendo as instruções.
— Lúcia, Filha de Eva — pronunciou, estendendo a ela uma garrafinha de vidro e um punhal muito pequeno. — Esta garrafinha contém um tônico feito do suco de uma flor de fogo que cresce nas montanhas do sol. Se um amigo estiver ferido, basta algumas gotas para curá-lo. O punhal é para a sua defesa em caso de extrema necessidade. Porque você também não deve entrar na luta.
Por fim, o velhinho virou para nós.
— Bella e Rayssa, Filhas de Eva.
Ele me entregou uma espada roxa adornada com ouro na lâmina prata e um colar com um pingente de meia lua que cercava um pequeno coração verde.
Depois foi até Rayssa e lhe entregou uma espada de cabo verde com espirais azuis que saiam deste o cabo até a lâmina azulada. Também deu um colar com uma meia lua e um círculo pequeno azul, enfeitado com vários pontinhos brancos cintilantes como se fosse um céu estrelado.
— As espadas são para se defenderem, também apenas em casos de grande necessidade. Os colares são mágicos para proteger vocês em qualquer coisa que precisarem. Mas precisam trabalhar juntas. Ele anunciará quando uma estiver precisando da outra e também é um símbolo, sempre quando virem vocês com esses colares, saberão que são as guardiãs de Nárnia.
— Obrigada! — agradecemos.
— Bom, preciso ir. Tem mais gente que precisa ganhar presentes. Feliz Natal! — disse o velhinho, sumindo com seu trenó na neve.
— Vamos em frente — anunciou o Sr. Castor.
E assim continuamos andando até...
Continua...
A aventura está de fato começando!
Comentem e deixem a estrelinha. Obrigada por estarem lendo este livro.
Deus os abençoe. Tchau!
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