─ 𝐒𝐈𝐗
Suas olheiras estavam tão fundas que talvez nem a melhor das maquiagens conseguiria cobrir os rastros de uma madrugada tão conturbada. Yuki - Angel agora - estava sentada no banco almofadado do camarim do Santo Pecado, tentando arrumar suas imperfeições com o máximo de esforço que conseguia depositar naquele momento. Estava extremamente cansada, seus olhos mal aguentavam se manter abertos, sua boca tremia levemente e encontrava-se tão pálida que no mínimo três pessoas a perguntaram se ela havia visto um fantasma.
Com afinco e tristeza dominando suas mãos, Angel delineava seus olhos e lábios com precisão, tornando seus traços lindos cada vez mais marcantes e sensuais. Não importava como se sentia no momento, era de suma importância que estivesse tão bela quanto uma rainha.
Em um suspiro cansado ela inclinou-se na penteadeira e puxou de um dos organizadores um gloss avermelhado, abrindo-o e passando em seus lábios cheios, com os olhos cor de whisky vidrados em seu próprio reflexo. Sua pele estava acentuada com blush bronzeado e seus cabelos marsala estavam presos em um coque elaborado, com algumas mexas cacheadas despontando do penteado.
— Uau, você é tão linda que chega a doer - Chizu adentrou no camarim com aquele sorriso costumeiro, tão amplo e carregado de esperança que o peito de Angel ameaçou explodir ao ver a amiga — Por que esta cara triste? Nossa estrela tem que brilhar hoje!
Angel respirou fundo antes de se virar na direção da amiga — Recebi uma ordem de despejo.
Ela revelou um terço insignificante dos problemas que estavam circundando-a no momento, Chizuko não precisa saber do inferno que acometeria sua vida em poucas horas, que além de ficar sem casa, ficaria sem sua dignidade.
— Que merda - Chizu sentou-se ao seu lado apoiando a mão delicadamente em seu ombro — Pode ficar na minha casa até arranjar outro lugar.
— Não quero incomodar.
— Vá a merda, Yuki - Chizu a empurrou de leve, se esticando até o outro lado da penteadeira, pegando de lá o seu maço de cigarros favoritos — Sabe que não me incomoda - Chizu colocou um dos cigarros entre os lábios, falando desconcentrada enquanto procurava com os olhos o isqueiro — E você também vai me ajudar com as meninas no seu tempo livre, elas adoram quando você vai.
Chizuko Hirotaka além de stripper era professora de ballet infantil, mas assim como ela, seu trabalho dos sonhos não pagava um terço do considerado decente para sobreviver. Com o dinheiro que recebeu após a morte de seu pai, Chizu mandou construir um estúdio no segundo andar de sua antiga casa, que agora era uma cafeteria superfaturada.
Assim como Chizu, Yuki também amava a dança, amava a erótica, amava o ballet clássico e contemporâneo, amava o Jazz, amava o samba, o tango, danças tradicionais do Japão... Contanto que ela estivesse dançando, sempre estaria em sua lugar, o seu lar era onde o seu coração residia e eram naqueles conjuntos de passos que o coração de Yuki batia tão fervorosamente.
Ela respirava pela dança mesmo que isso tirasse um pedaço dela.
— Sinto falta delas - Yuki forçou-se a sorrir, mas não conseguiu mais do que um levantar torto e amargo de lábios.
Chizuko a encarou, daquele jeito enigmático e familiar que conhecia tão bem, sabendo lá no fundo que Yuki estava mentindo, que estava escondendo algo dela, mas assim como todas as outras vezes, Chizu apenas suspirou encarando-a profundamente.
— Não sei o que aconteceu, mas sabe que não pode deixar isso transparecer. - a mulher diminuiu o tom de voz, na intenção de fazer apenas ela a única a escutar — Aqui você não é Yuki, não é professora e não é alguém fraco, você é Angel e tem que encarar isso do jeito que encarou a sua vida inteira, vamos dar um jeito nisso e enquanto eu tento deixar aquele lixo longe de você, brilhe feito a estrela que você nasceu para ser. Queime este lugar de dentro para fora e por Deus, se Sukuna encostar mais um dedo em você, eu vou queimá-lo de dentro para fora.
Ela era sua base, não importava o quanto a vida lhe desse tapa após tapa, empurrão após empurrão, Chizu sempre curaria suas feridas e a levantaria quantas vezes fossem necessárias, a traria para a realidade quando a sua maior vontade era permanecer completamente alheia a qualquer fato que lhe remetesse a veracidade. Chizuko estaria ali, e mesmo que as duas - na maioria das vezes - não conseguissem evitar o pior, ficariam juntas, unidas. Como sempre foi.
Sempre seria Chizu por Yuki e Yuki por Chizu.
— Obrigada... - Yuki segurou as lágrimas - Obrigada, eu...
— Sem choro, você não chora - Chizu franziu o cenho dramaticamente — Angel nunca sem chora e, por Deus, erga essa cabeça, eu vou te arrumar o melhor que esse casarão pode oferecer e você vai conseguir pagar sei lá o quanto você está devendo.
Chizuko sabia das dividas de Yuki, sempre tentou amenizá-las quando não estava atolada nas suas mas agora a situação era diferente, nem se Chizu revisasse de cima a baixo o Santo Pecado conseguiria achar alguém que lhe pagasse cinquenta mil dólares por nada mais que uma dança erótica.
— Tudo bem... - Yuki fungou e limpou os vestígios de lágrimas inexistentes, voltando a se encarar no espelho — Kyo, pegue minha água!
A amiga prendeu uma risada ao ver a garota adentrar no camarim segundos depois segurando uma garrafa d'água saborizada de limão. Desde o último espetáculo Kyo havia virado uma espécie de aprendiz/secretária de Angel, cortesia de Haruo após Kyo tê-la desrespeitado.
— Espero que não tenha colocado veneno. - Yuki sorriu fingida para a garota ao pegar a garrafa da mão dela.
— Ela não é tão esperta para pensar em algo assim - Chizu respondeu por Kyo ao sair, levando um gesto vulgar como resposta.
— Se você morrer eu perco meu emprego, então não seria vantajoso te matar - Kyo deu lhe uma resposta não tão convincente mas mesmo assim levou a líquido até a boca — Mas não me impede de ter cuspido. - a garota de cabelos azuis disse venenosa enquanto saia.
Yuki cuspiu o conteúdo rapidamente em susto — Vadia nojenta!
Era só o que faltava, beber água com resíduos de uma garota que chupou mais homens do que pode contar nos dedos.
Ela se recompôs, seu coração bombeava violentamente e suas mãos estavam tremendo, mas como já disse a si, não importava o quão fodida estava, ela precisa estar perfeita naquele show, a casa está cheia e ela precisa de dinheiro, tão desesperadamente necessitava. Ela poderia dar um jeito de contornar a situação, Sukuna era alguém moldável quando queria algo, era só Yuki descobrir o que fazer para dobrá-lo a seu favor.
Nem que precisasse recorrer ao extremo.
A casa estava cheia, não tanto quanto em dia de espetáculo encenado, mas cheia o suficiente para arrancar um bom dinheiro de homens frustrados e medíocres.
Ela não aguentava mais esperar Chizu retornar para o camarim com a lista dos lances mais altos, Angel necessitava quase que suplicava por dinheiro.
O Santo Pecado era um caos em vermelho, homens sentados em sofás curvos sendo entretidos por uma ou duas garotas e bebidas, drogas e qualquer outra coisa meramente ou totalmente ilícita. O palco principal agora era montado com três poles, uma para cada dançarina que protagonizavam a noite, o bar era lotado, garçonetes sensuais desfilavam por entre dezenas de homens com mestria e cautela, sem tirar os sorrisos aliciantes dos lábios e o olhar mortal pairando em suas orbes.
Era impossível não perceber os olhares diante de si, eram muitos e seu ego não poderia estar mais alto. Era um evento e tanto para aqueles sem dinheiro o suficiente para pagar uma sessão com ela vê-la assim, simplesmente caminhando entre eles com o nariz empinado e saltos soando mesmo através da música, sua lingerie era um mero detalhe em sua pele, o hobby preto de cetim cobria suas costas e seus lábios estavam vermelhos feito sangue, seus olhos delineados como os de um gato e seu sorriso... Angel sabia que muitos pagariam para tê-lo centímetros perto do rosto.
— Está louca?! - a voz reconhecível até mesmo do outro lado do lugar soou em seu ouvido, e logo um puxão bruto e agressivo a arrastou para um canto mais vazio no bar— O que está fazendo aqui?! Eu disse que iria trazer alguém...
— Você estava demorando, Chizu - disse condescendente — Não tenho tempo para caprichos, ou eu arrumo o dinheiro ou aquele filho da puta mete uma bala na minha cabeça depois de me foder! Acha que eu posso ficar esperando?! Eu-
— Alguém está disposto a pagar 10 mil dólares.
Angel parou de súbito, processando o que amiga acabara de dizer, simplesmente não acreditando que alguém seria tão tarado a esse nível, mas independente de ser um esquisito ou não, era dez mil, não tinha comparação com o que ganhava o mês inteiro.
— Só pode ser brincadeira...
— Não brincaria com isso nem em mil anos, Yuki.
— Puta merda, Chizuko! Puta merda! - Angel não sabia se ficava abismada ou feliz, com esse dinheiro ela poderia dar entrada em um empréstimo com Haruo, dono do santo pecado, o senhor era alguém compreensivo que sempre ajudou Yuki quando podia e dessa vez ela tinha alguma garantia de que poderia pagar. — Me diz aonde ele está, juro que só não o beijo porque ele deve ser um pervertido!
— Esta no camarote, ele tem uma cicatriz no canto esquerdo do lábio, cabelos pretos e um corpo que me molhei só de ver — A ruiva sorriu brevemente, segurando o rosto de Angel antes de olhá-la no fundo dos olhos — Ele pode ser lindo, mas por favor, tome cuidado.
Angel beijou sua testa rapidamente antes de virar para caminhar até o seu misterioso cliente — Me deseje sorte!
Esperança finalmente iluminou a área obscura que era seu coração.
[...]
Sua reação perante a revelação de Chizu fora meramente duradoura, logo fora substituídapela desconfiança afiada e sufocante, era óbvio que havia ficado surpresa com a quantia, mas era aquela coisa "tudo que vem fácil, vai na mesma facilidade" ou "tudo que vem barato vai cobrar caro" ou qualquer ditado brega que sua mãe recitava para si quando era criança, ditados os quais ela mal lembrava ao certo, mas era algo nesta linha de raciocínio.
High Enough, K.Flay, saia das caixas de som bem escondidas e acopladas, com o timbre grave e levemente mais baixo do que as músicas exageradamente eletrizantes do lado econômico do Santo Pecado. O camarote era algo que nem Satoru poderia frequentar, já que em sua situação atual chamar atenção nunca foi algo que o ajudaria, então apenas usavam as salas e quartos privados do prédio, mas aquele homem era alguém rico e sem medo de fazer jus a tal fato.
A área era isolada das restantes, apenas as garotas selecionadas por Haruo e as favoritas dos clientes fiéis frequentavam este lado do Santo Pecado, a pura ganância em formato de luxúria e vinho caro. Havia um bar sem ninguém, nem o barmen fora solicitado nessa reunião, a luz dourada fraca, amadeirada e sensual, havia mesas de poker vazias, sem ninguém e um barulho constante de risadas altas e escandalosas.
Ótimo, seria mais de um para entreter.
Não gostava tanto assim de servir de atração para grupos privados, mas naquela noite em específico, abriria uma exceção.
No canto mais afastado da área VIP um grupo de homens amontoados e bem vestidos, com relógios que valiam o triplo de seu aluguei nos pulsos, com whisky em mãos e rostos de quem chupou limão azedo. Angel estampou em suas feições perfeitas a mais pura sedução.
O barulho de seus saltos ecoou, atraindo todos os olhares para si e que maravilha era ter homens verdadeiramente ricos encarando-a como se ela fosse de fato um anjo.
Ainda não havia enxergado o homem o qual procurava, mas os que vira primeiro eram de tirar o fôlego, todos eram altos, vestiam o mais fino do fino e o cheiro de perfume francês dominava aquele local, como era bom. Mas a feição de azedos ainda permanecia, afastando-a de seus devaneios.
Seu sorriso triplicou de tamanho quando alguns dos homens liberaram a passagem para sei lá quem, enquanto seu nariz se tornava mais arrebitado. Um assovio pinicou seus ouvidos e quase revirou os olhos pelo ato de homens vulgares, mas eram homens, isso que não poderia esquecer.
Mas a arrogância esvaiu-se de seu corpo quando o último homem saiu da frente do verdadeiro alvo e Chizuko não estava errada quando disse que um olhar daquele homem era capaz de deixar alguém molhada. Era simplesmente perfeito, até a cicatriz que marcava seus lábios era bonita, tudo naquele homem exalava superioridade e malícia.
E medo, Angel teve por uma ínfima quantidade de segundos medo do que esperar de alguém claramente poderoso.
Foi necessário apenas um floreio de mãos do homem desconhecido e belo para que literalmente todos os outros se retirassem do recinto, um por um se curvando respeitosamente antes de deixar o lugar em passos apressados.
Ele não disse absolutamente nada até que o último bater de sapatos estivesse metros de distância da saída.
Os olhos verdes sombrios fitavam-na com voracidade, um desejo animalesco e possessivo, ele a olhava como se finalmente tivesse encontrado alguma espécie de prêmio. Um belo troféu com um par de peitos de tirar o fôlego.
— Não vai dizer nada? - a mulher disse irônica, aproximando-se dele em passos cautelosos e controlados.
O homem estava sentado em um sofá de couro branco e caro, usando calças e camisa social, a mesma camisa que metade dos botões encontravam-se abertos, em seu pulso um belo relógio e em seu pescoço vil, algo semelhante a uma cruz em uma corrente fina de prata.
Controverso. Considerando que aquele homem parecia a própria reencarnação de um pecado.
— Acho que o gato comeu sua língua.
Angel parou alguns passos de distância do homem, olhando-o propositalmente de cima a baixo, analisando-o. Mostrando que independente dele pagar, ela ainda o julgaria horrores de fosse um homem tosco.
Entretanto, aquele homem não era nada mais que um pecado encarnado em um humano, os braços musculosos e por Deus, o rosto dele era belíssimo de perto.
Ela levou uma das mãos para o fraco nó do hobby de cetim, desamarrando-o e deixando-o cair feito seda por seus ombros revelando seu corpo esbelto, coberto por sua lingerie caríssima e de qualidade.
O filho da puta sorriu lascivo, não ousando falar nada quando apenas deu dois tapinhas na própria coxa indicando para Angel sentar-se nela.
E assim ela fez, obedecendo sem pestanejar.
— Geralmente as coisas não são tão monótonas assim - suas palavras saíram quase como um ronronado, e suas mãos pequenas comparadas a ele, deslizaram levemente pela derme exposta de seu peito, parando no pingente de cruz — Vamos animar as coisas, não vai me pagar 10 mil apenas para me olhar.
— Compreensível o porquê de te chamarem de Angel. - A voz rouca aliciou sua derme a arrepiar-se de imediato.
A conotação de seu nome saindo dos lábios dele fez algo em seu interior se contorcer, a gravidade e aspereza acariciaram seu âmago e hálito amentolado próximo ao seu rosto fizeram-na arrepiar de cima a baixo.
— Fico agradecida, senhor...?
— Toji. Apenas Toji para você, meu amor - ele a beijou no rosto, como uma delicadeza surpreendente inesperada.
— Toji... - ela apreciou como o nome dele ornava perfeitamente em sua língua, gostaria de descobrir o que mais combinava com a língua dela no corpo daquele homem — Sou sua por exatamente uma hora, vai me dizer o que quer ou vai me comer com os olhos até o tempo acabar?
Ele sorriu mais abertamente com a condescendência da mulher, descendo os olhos verdes para os lábios rubros de Angel e algo naquele mirar trouxa à tona uma agonia esquisita, algo que chacoalhava seu núcleo de um jeito estranhamente agradável.
Angel mordeu os lábios, incitando que iria levantar para começar a fazer o seu trabalho mas foi impedida por uma mão que praticamente cobria sua cintura, apertando-a levemente para mantê-la sentada em seu colo. Toji a puxou para mais perto, fazendo-a se empertigar de imediato em sua imensidão.
— Ficará ofendida se eu disser que não estou em busca do seus serviços? Apesar de querê-los muito agora que vi quem você realmente é depois de tantos boatos...
Angel franziu o cenho, entortando os lábios a dizer — Então por que está aqui? - disse, curta e grossa, para evitar possíveis aberturas em sua guarda.
— Acredito que você seja uma mulher esperta - Toji dedilhava a pele macia da mulher, distraído e alheio ao fato de que uma dançarina cara, seminua e extremamente bonita estava literalmente sentada em seu colo — E por ser esperta acredito que não vá recusar.
— Desembucha de uma vez antes que eu me irrite e saia daqui com o meu dinheiro.
Os olhos vidrados nela e a postura relaxada escondiam algo, algo perigoso e volátil, pela maneira como ele a olhava era perceptível os toques calculados, a respiração meramente modificada e a postura relaxada de um jeito programático demais para o gosto dela. Seja lá quem for Toji, era alguém treinado em campos militares, policiais ou pior.... Máfia.
Satoru tinha essa mesma postura com ela. Apesar do aparente relaxamento, aqueles homens conseguiam se preparar para matar em meros segundos, não importando que diabos estivessem fazendo, estavam sempre alerta e voláteis.
O sorriso impertinente e constantemente irônico começou a irritá-la. Toji exalava arrogância e a perfume caro, sua voz era moldada para seduzir na mesma medida que para enganar, ele era uma armadilha por si só.
E uma das perigosas, porque quanto mais Angel o encarava, mais inclinada a cometer loucuras ficava.
— Sei do seu envolvimento com Satoru Gojo, o bastardo da máfia litorânea.
A quinquilharia esquecida feito uma rocha chamada coração palpitou fora de ritmo com a mera menção do homem, tornando o clima quente em frio em segundos mortais.
Angel apenas engoliu em seco, prestando uma atenção quase devota ao homem que possuía mãos tão cálidas em sua curvatura.
— Sei também que ele te enganou, assim como fez com todos nós, princesa.
— Não sei onde quer chegar com isso - rispidez e hesitação contornavam suas palavras baixas.
Mafiosos eram um território proibido e perigoso, não importa o quão desesperada esteja, não caia nas palavras de alguém da máfia. Mas não adiantava de nada dizer isso agora. Essa era a terceira vez que acontecia de Yuki cair nas graças de um criminoso.
— Não vou forçá-la a nada, querida. Estou aqui para negócios assim como você, só gostaria de saber se está disposta a participar.
— A participar de que exatamente? Não adianta me encantar com doces palavras na esperança de que eu abra a boca, diga-me Toji, o que quer comigo e o que eu vou ganhar com isso? Seja claro e específico, não sou mulher de cair em ladainha e muito menos alguém que está disposta a ser enganada. - Angel levantou-se do colo do homem, nervosa por tudo o que estava acontecendo e não saber o que fazer nessa situação.
Estava brava por não conseguir se desvincular desse submundo e mais brava ainda por se permitir pensar que esse homem seria a ponte para sua vaga concepção de liberdade.
Foram-lhe permitidos três passos ressoantes com o salto antes que a voz grave e grossa de Toji martelasse seus ouvidos, com aquele toque de sarcasmo e sadismo pairando em cada sílaba.
— Quanto você quer para trair Satoru Gojo? - Angel estancou no lugar onde estava, parando em súbito ao perceber que era Toji que levantava agora — Lhe darei tudo o que quiset se responder minhas perguntas honestamente. - O homem sussurrou em seu ouvido, cercando sua cintura em seus braços e seus lábios delicadamente beijaram a curvatura do pescoço de Angel.
Trair Satoru.
Aquele o qual foi devota durante cinco anos, que com tanto afinco fez de tudo para ajudá-lo a esconder-se de seu passado, que tão honestamente amou. Com todo o seu coração.
Mas... Ele fez o mesmo por ela?
Não. Satoru nunca fez o mesmo por ela e nunca a amou na intensidade, dessemelhante, ele apenas a enganou feito uma garota tola apaixonada e usou de suas habilidades e corpo a seu bel prazer. Gojo foi cruel e egoísta com ela em todos os momentos que compartilharam.
Agora estava na hora dela ser cruel na mesma medida.
— Quero dez mil para cada pergunta respondida. - Yuki virou-se para encará-lo, firme e impossível — Não quero meu nome envolvido nisso, não quero que a esposa dele seja incluída em qualquer desgraça que resolver fazer com ele e quero que poupe todos os ajudantes dele e se não concordar com isso... - ela inclinou a cabeça de leve para o lado, fingindo tristeza e melancolia ao dizer — Vai ter que procurar outra pessoa.
Ela esperava receber um tapa pela prepotência. Ou um olhar de desdém.
Mas suas condições foram respondidas por uma gargalhada fraca gostosa de se ouvir um par de olhos maravilhados e completamente malucos ao fixarem-se nela.
— Negócio fechado. - Toji levou a mão de Angel até os lábios, deixando como marca um selar demorado nas costas da mão da mulher — Vou adorar fazer negócios com você, meu amor.
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