03.
CAPÍTULO TRÊS:
A imensidão de olhos
Castanhos e Violetas
❝Seus olhos castanhos ficaram marcados na minha cabeça como quando alguém pisa sem querer no cimento fresco e deixa uma pegada marcada por toda eternidade ou até que alguém destrua.❞
Helaena sentiu uma paz e um conforto quando o Velaryon tocou nos seus dedos, com tanto cuidado que ela ficou acanhada. Puxou levemente seu vestido para poder andar melhor com Jace até o centro da sala, e então senti-lo lhe puxar para perto, mas sempre mantendo uma distância considerável.
Jacaerys podia não ser próximo a sua tia, mas sabia que ela não era tão chegada à contato físico julgando pelas reações que tinha quando alguém tentava tocá-la, por isso ele manteu discrição total ao chamá-la para dançar.
Conforme a música tocava, Jace conduzia a Targaryen, eles sorriam um para o outro se perdendo em seu próprio mundo enquanto o restante tinha aquela energia mais tensa, mas aquilo não parecia afetar os dois. Helaena soltou uma risada baixa quando o de fios castanhos se perdeu nos próprios passos, ele fingiu estar bravo mas sorriu juntamente a ela.
— Vejo que você não dança tão bem assim, Príncipe.
— Foi apenas um passo errante, Tia. Não há porque me intitular de péssimo dançarino.
— Nunca disse isso.
Jacaerys sorriu minimamente, algo naquele momento parecia estar mudado, não era a primeira vez que eles dançavam juntos, mas tinha algo diferente. Era como se ele se perdesse na imensidão dos olhos violetas de Helaena e não quisesse lutar para ser encontrado, por outro lado, a princesa gostava de como os olhos castanho escuro do sobrinho ficavam a mercê da pouca luz das velas.
O toque das mãos de Jace nas suas, como ele era singelo ao juntá-las.
Aegon nunca fez isso.
Nunca a tocou com carinho.
Mas, compará-lo ao seu irmão, e pai de seus dois filhos, era loucura.
Sim.
Jacaerys nunca poderia ser usado para medição de comparação.
Ele era muito melhor do que isso.
Jacaerys era gentil, era um homem que não tirava os olhos dela, que olhava para ela como se ela fosse a coisa mais importante daquela sala.
Aegon nunca olhou para Helaena durante tempos juntos.
Em compensação, naquela noite, Jace olhou mais para Helaena em uma dança do que Aegon não fez em anos.
Baela era sortuda. Ela a achava muito sortuda.
Não leve ela a mal, Helaena ama seus filhos mais que tudo, mas as vezes imaginava como seria estar em um relacionamento recíproco. Ou melhor, em um relacionamento na qual ambos se respeitam.
— Acho que minha companhia já não a agrada mais.
— O que?
— Estou falando com você mas está perdida no próprio mundo. – Respondeu divertido. — Acho que quer encerrar, certo?
— Não! Claro que não. – Se aprontou a responder. — Não era nada demais.
Ela tentou passar segurança em sua resposta mas o Velaryon parecia não acreditar.
— Deveria começar a aprimorar seus talentos para dança, Jacaerys Velaryon. Não parecem ser tão bons.
— Oh, então eu ficaria grato se minha tia pudesse me ensiná-los.
— Que tal começar a se aproximar mais da sua parceira?
— Achei que pudesse ficar desconfortável.
— Eu não tenho medo de você, Jace.
Sua resposta foi simples, e apesar de simples, o contrário sentiu seu coração pulsar. Foi repentino, e até mesmo Helaena gostou do que disse. Ela sorriu pequeno quando ele se aproximou.
— De fato, eu não sou tão bom quanto você no quesito dançar.
— Eu acho que percebi. Sorte a minha que não pisou em meus pés.
Eles se viraram um contra o outro, juntando as costas das mãos. Jace tinha um dos braços para trás, a mesma coisa com a de fios platinados. Em determinada melodia, Jacaerys puxou o braço da mais velha com um pouco de pressão mas sem força, subiu sua mão que estava atrás e segurou na sua cintura com cuidado, fazendo-a ficar de frente a frente consigo.
— Mas sou bom em muitas outras coisas.
Helaena estremeceu com a mudança de posição repentina e engoliu a seco, seu coração ficou no mesmo estado que o do Velaryon, e pulsou fortemente contra o peito. Ele estava tão próximo do seu rosto, Jacaerys era... Lindo.
Ele tinha traços fortes, alguns podiam julgar os olhos castanhos como olhos rasos e muito sem graça, mas Helaena os via como algo tão profundo e bonito. Aqueles olhos... tão lindos refletindo contra os seus, aqueles olhos que não tiraram a atenção de si durante o início da dança de ambos.
Ela se perguntava quando criança porquê seus irmãos falavam tanto da aparência de Jace e Luke sendo que eles eram tão lindos mesmo tendo olhos e cabelos castanhos.
— Quer ver as estrelas comigo, Helaena?
Ele perguntou tão suavemente que ela quase suspirou. Olhou para a mesa de jantar vendo uma pequena briga se formando sem ao menos imaginar como aconteceu.
— Mas... eles estão brigando.
— Não vai durar muito. Até lá, talvez algumas cabeças já tenham rolado pelo castelo.
— Não brinca com isso.
Ela riu baixo, elevou seu olhar quando Jacaerys se afastou porém a ofereceu sua mão. Sem se preocupar, Helaena aceitou e apertou seus dedos ásperos, o Velaryon a puxou e devagar eles saíram, como se estivessem fugindo do ar caótico ao redor deles.
O que não era tamanha mentira.
——— ﹙ 𖥔 ﹚ ———
Aegon revirava os olhos toda vez que via Jacaerys e Helaena sorrindo um para o outro, porque ela estava tão contente? Ele nunca a viu sorrir daquela maneira quando estava com ele.
Ele tinha noção que não era o marido dos sonhos, mas também não era tão ruim.
Não é?
— Merda...
Murmurou baixo pegando sua taça mais uma vez. Lucerys estava entre Rhaena e Baela, eles conversavam sobre coisas banais e tentando colocar os assuntos em prática já que mesmo fora por um dia, havia acontecido muitas coisas.
— Luke, você já reencontrou os nossos avós?
— Ah, ainda não. Eu não consegui ver eles, porque assim que cheguei, minha mãe me arrastou para ficar de cama.
— Claro! Você estava machucado. – Ela se aprontou a responder enquanto levava um pedaço de bolo até a boca. — Posso ter ignorado que seus avós estavam conosco, mas foi por um bem maior.
O mais novo deu uma risada sem graça.
Luke estava feliz, mas então aquele mar de pensamentos invadiu sua cabeça mais uma vez. Ele lembrou do que havia acontecido com Corlys e Rhaenys.
Lucerys tinha um apreço muito forte por seu avô, ele o protegia e defendia. Ele podia até não entender na época o porquê das pessoas olharem torto para ele, mas de uma coisa ele entendia muito bem, Corlys sempre deixou claro para Lucerys que ele era um Velaryon, não importava o sangue, a aparência.
Desde que ele honrasse a casa Velaryon como sua, já era o suficiente.
Ele não culpava seu avô pelas coisas que ele acabou fazendo durante a guerra, não... cada um pensa da melhor forma possível para sobreviver ou manter sua família viva. Todos fizeram escolhas erradas, em uma guerra, as vezes precisamos ser egoístas.
E Rhaenys... ele não era próximo de sua avó, ele não conseguia compreender quando mais novo porque ela não dava-o carinho ou abraços calorosos como dava para Rhaena e Baela, ele soube crescer sem o amor da avó. Doía, mas ele aprendeu a conviver com isso. Ela morreu honrosa, prestando serviço a sua mãe e mostrando ser a Rainha que deveria ter sido.
Ele a olhava com admiração. Ele olhava para seus dois avôs com admiração estampada nos olhos castanhos.
— Está tudo bem, Luke?
Rhaena o perguntou tocando levemente no seu ombro, o mais jovem apenas afirmou com a cabeça, mas o apetite havia sumido.
— Eles não vão terminar nunca?
Aegon perguntou mais para si mesmo já que o irmão não parecia muito interessado nos seus murmúrios descontentes.
— Creio que você não deveria se preocupar, sobrinho. Não estava dando atenção devida a sua esposa, alguém tinha que a fazer sorrir um pouco já que você não é capaz nem mesmo de fazer sua mulher feliz.
Aegon direcionou lentamente seu olhar para Daemon, que ao falar, levou a taça de vinha até os lábios. Alicent parou de conversar com seu pai e deu atenção ao pequeno diálogo que havia se iniciado. Aemond oscilava seu olhar entre ambos, e os outros da mesa também deram atenção.
— Não acho que pedi conselhos amorosos ao senhor, Tio. Eu sei muito bem cuidar da minha mulher.
— Se soubesse, duvido que ela estaria mais feliz longe de você do que perto.
— Daemon...
Rhaenyra segurou na manga da roupa real do marido e a puxou devagar.
— Por favor, mais respeito com Helaena e Aegon, se não for pedir muito, Daemon.
Alicent levantou apoiando as mãos na grande mesa de madeira.
— Mas eu não faltei com respeito. Me sinto ofendido por achar isso de mim. – Ele sorriu sem se preocupar com a viúva. — Não é culpa minha se meu sobrinho é tão inseguro.
— Não sou inseguro. – Aegon levantou. — Eu tenho três filhos, creio que seja prova o suficiente que Helaena está mais do que feliz ao meu lado.
— Aegon! – A Hightower o repreendeu, mas o loiro não se incomodou e ao menos se importou. — Parem de falar asneiras e sente-se.
— Sinto em lhe informar, sobrinho, mas ter filhos não significa que você fez ela feliz.
Daemon também levantou e Lucerys quase teve um deja vu.
O Targaryen mais novo iria retrucar se não houvesse gritado de repente por uma dor na perna, olhou para baixo e viu um emaranhado de fios castanhos.
Tombou a cabeça em confusão.
Um dos filhos de Rhaenyra tinha o mordido?
— Que porra é essa.
Alicent foi para o lado do filho se certificando que estava tudo certo com ele quando murmurou de dor segurando no local mordido, Rhaenyra arregalou os olhos ao sentir uma movimentação por baixo da mesa.
Era Joffrey.
Ela rapidamente o segurou no colo e seu filho tinha um olhar sapeca no rosto, mas se foi quando olhou para frente e viu que havia mordido a pessoa errada.
— Nãoooooo! – Exclamou chateado. — Era pra ter sido ele.
Apontou para Aemond que entortou os lábios e viu o estado do irmão.
— Joffrey! – A Targaryen tentou repreender a criança. — O que está fazendo aqui? Era para estar dormindo, você está louco? Você mordeu seu tio!
— É Aegon, ele meio que merece. – Baela respondeu dando uma risada alta ao ver o platinado ainda resmungando de dor. — Ele está quase chorando por causa da mordida de uma criança.
Ela segurou na própria barriga não conseguindo conter a risada, Rhaena tentava a parar e Lucerys acabou indo na onda também.
— Você está rindo? Sua...
— Olha bem como fala com a minha filha, cretino.
— Ah, não fode! Essa mini praga me mordeu e sua filha está rindo.
— Você chamou meu filho de que?
Rhaenyra moveu seu olhar para Aegon com uma expressão nada boa, ele engoliu em seco e virou para Joffrey. Mas o menor apenas deu a língua para ele.
— PRAGA EU VOU TE PEGAR.
Ele gritou e a criança também, tentando se esconder nos braços da mãe, Aegon tentava andar mas estava mancando, Alicent suspirou derrotada apoiando a cabeça entre as mãos, Otto bebia seu vinho e Aemond segurava o irmão pela roupa já que ele não tinha tanta condição de correr atrás de uma criança.
Daemon até se pôs de frente, mas Rhaenyra levantou a mão e o fez parar.
— Quanta deselegância para uma só família.
Alicent murmurou mas isso não passou despercebido pelos ouvidos da princesa.
— Luke, segure Joffrey para mim, por favor.
O mais novo correu para o lado da mãe e pegou o irmão no colo.
— O que foi que você disse? – A Targaryen se colocou de frente e Alicent fez o mesmo.
— Não disse nada.
— De novo não...
Rhaena disse baixinho em seu canto se encolhendo na própria cadeira. Lucerys já percebendo a tensão que se formava por conta das vozes se sobrepondo, e que não demoraria muito para Daemon empunhar sua espada no momento em que Aegon abrisse a boca, ele colocou Joffrey em seu próprio assento e bateu na mesa com força.
— CHEGA! – Todos os olhares foram para o príncipe, ele coçou a garganta um pouco desacostumado com a atenção. — Estamos no jantar de despedida do vovô, o mínimo que poderíamos fazer é manter o respeito por ele e prosseguir o jantar sem discussões, assim como ele gostaria.
Todos se calaram, Joffrey sorrateiramente pegou um pedaço de chocolate e desceu da cadeira, pronto para correr para seu quarto.
— E você, parado aí. – Lucerys virou seu olhar para Joffrey. — Você fica comigo.
O mais novo de todos se emburrou e voltou para o lugar.
— Voltei porque estava com saudades de você, Luke, e porque eu queria, viu?! Não porque você mandou...
Rhaenyra reprimiu o sorriso que quis fugir de seus lábios.
— Acho que o jantar se encerra aqui. – Alicent elevou a voz para todos a mesa, que também levantaram. — Já está tarde e temos de acordar cedo no dia seguinte.
— Lucerys, Baela e Rhaena, não vão para seus quartos muito tarde, Rhaenyra não está se sentindo bem então eu irei me recolher com ela.
— Tudo bem, Pai. Vamos apenas terminar de conversar, já estamos indo.
O Príncipe apenas acenou e deixou um beijo no topo da cabeça das duas filhas, ele levou sua mão pesada até os fios de Lucerys e acariciou.
— Leve Joffrey também, ele já fez muito estresse para sua mãe.
O garotinho balançou a cabeça para o lado fingindo não ouvir, Daemon cutucou suas bochechas e escutou um resmungo.
— Boa noite, queridas. – A platinada se aproximou das garotas e tocou em suas mãos. — Recebam seus avós amanhã para mim, eu vou estar... recolhendo as coisas importantes do Pai em seu quarto.
As duas afirmaram, Rhaenyra se virou para Lucerys e deixou um beijo longo na sua testa.
— Não demore. – Olhou ao redor, teve a visão de Otto se retirando do salão, Alicent repreendendo Aegon e Aemond encostado perto da vidraça colorida perto da janela. — Não confio em você com eles. Em vocês.
— Não se preocupe, mãe. Não vamos demorar.
Mesmo receosa, Rhaenyra deu um aceno positivo. Se desfez das mãos do filho devagar, Daemon ofereceu seu antebraço para a esposa segurar, e assim a Princesa fez.
Eles se foram.
Lucerys respirou fundo, ele navegou com o olhar pela grande sala. Tudo estava organizado, tudo estava do mesmo jeito como da última vez.
Estava tão igual, mas ao mesmo tempo tão diferente.
Talvez fosse demorar esquecer tudo o que ele viu, tudo o que ele viu e não podia fazer nada para mudar. Seu olhar parou em Aemond, e as memórias mais uma vez vindo como uma grande onda e batendo no seu rosto, a chuva já foi apreciada por ele um dia.
Até aquele dia.
O segundo filho de Alicent virou seu rosto e seu olhar se encontrou com o de Lucerys.
Não era uma troca de olhares carinhosa, boa ou confortável. Era cheia de angústia, mágoa e pesar.
Mesmo que Lucerys se esforçasse para não transparecer.
Aemond sentiu uma sensação esquisita subir pelo seu peito e alastrar todo o seu corpo, talvez fosse culpa, talvez fosse angústia... ele não sabia necessariamente intitular o que era.
— Vamos, Joffrey... você tem que dormir.
Lucerys segurou na mão do irmão mais novo que foi sem reclamações. Foi a melhor desculpa para fugir daquela situação desesperadora.
Ele não sentia medo, não mais. Ele não devia. Ele não podia.
Para seu próprio bem.
E ele não iria.
Os irmãos seguiram até o corredor principal, Rhaena e Baela sempre ao lado do Velaryon para se certificar que ele estava bem.
— Luke... – Puxou a bainha da roupa do irmão, Lucerys virou seu rosto para encarar Joffrey. — Eu estou tão feliz por estar com você.
Joffrey abraçou suas pernas e Lucerys sentiu o coração doer, ele mordeu o lábio com força, quase sentindo o sangue sair. Ele queria chorar.
— Joff... – Fungou baixinho, se apoiou para ficar do tamanho do irmão e o abraçou de forma adequada. — Eu te amo, Joffrey.
Ele apertou o irmão com força nos braços, temendo o deixar ir.
Ele lembrava como ele havia morrido, Joffrey caiu das costas de Syrax, das costas do dragão de sua mãe.
Seu peito estava doendo como o inferno e ele tinha medo de acabar desmaiando de tanta dor, ver sua família inteira morrer era... difícil. Era um peso que ele iria carregar consigo pelo resto da vida, mas que ele nunca iria deixar que acontecesse novamente.
Eles se afastaram e Luke sentiu os dedinhos macios de Joffrey passarem por debaixo dos seus olhos e limparem suas lágrimas.
— Sem lágrimas, apenas felicidade!
— Sim... sem lágrimas.
Ele sorriu tristemente, apertou a bochecha alheia e levantou.
— Você pode levar ele para o quarto, Rhaena?
A mesma apenas confirmou.
— Vamos, mordedor de parentes?
Joffrey riu animado e segurou na mão da mais velha.
— Boa noite, Luke e Baela.
Eles responderam em uníssono.
— Vou buscar meu manto, me espera aqui.
— Tudo bem.
O Velaryon se encostou na parede, logo depois viu dois guardas se colocarem de frente ao salão, Alicent caminhava ao lado de Criston Cole, ele não fez nada, apenas os observou.
Aegon e Aemond vinham logo atrás, Aemond disse algo para Aegon, o irmão confirmou com um acenar.
Ele saiu do cômodo, Aegon se aproximou devagar, sentindo que deveria falar algo.
— Então... você está vivo.
— Sim, tio.
Lucerys respondeu com um pequeno sorriso.
— Fico... aliviado que não aconteceu nada.
Que mentira.
Ele deu uma festa.
Ele festejou sua morte.
Seu tio, Aegon Targaryen, levantou uma taça e comemorou com seus aliados a morte de Lucerys Velaryon, seu sobrinho.
Ele viu.
Viu com os próprios olhos todas aquelas pessoa se barganharem com sua morte.
O brilho no olhar de Aegon.
Ele viu tudo.
O mais novo não disse mais nada, apenas continuou sorrindo, um sorriso quebrado e com um gosto amargo. Ele se aproximou e segurou nas mãos do Targaryen mais velho.
— Desculpe por fazer você gastar tanta prata com bebida e comida para festejar. Espero poder recompensar você no futuro. – Aegon olhou para si tentando não demonstrar sua surpresa com a fala do sobrinho. — É uma pena que toda a sua festança tenha sido em vão, de fato.
O de fios brancos rapidamente recolheu sua mão e o Velaryon deu uma risada discreta.
— Boa noite, Aegon.
Disse após ver Baela se aproximar e segurar em seu braço.
— Ele estava te incomodando?
— Não...
Suspirou sentindo a tensão fugir dos ombros.
— Por sinal... onde está Jace e Helaena?
——— ﹙ 𖥔 ﹚ ———
— Oh... aqui é lindo.
Jacaerys disse ao ver a Árvore na sua frente, ela tinha o tronco branco e folhas vermelhas, estava escuro e sem resquício de qualquer vela, mas o céu estava tão brilhante quanto uma. Helaena seguiu para perto da árvore e sentou em um dos seus largos e grossos troncos, seu vestido ficaria sujo mas não tinha problema.
Jacaerys admirou um pouco do céu antes de sentar ao seu lado.
— Eu não sabia que tinha esse lugar pela fortaleza vermelha.
— Você nunca explorou, por isso não sabia. – A de fios platinados sorriu contente. — Eu gosto de vir para cá quando tenho tempo livre, principalmente de trazer meus filhos. As estrelas são bonitas e a visão do céu é imbatível a qualquer outra.
Ela fez um pequeno gesto com as mãos, Jacaerys observava seus movimentos atentamente, eles ponderaram em um silêncio confortável. O de fios castanhos se encostou na grande árvore, gostando daquele sentimento tão reconfortante se alastrando por seu peito. Virou sua cabeça para o lado observando a mulher de fios platinados, que o remetiam pureza, e os olhos violetas tão lindos quanto uma hortênsia.
Com certeza a mais linda do jardim.
Ele se perguntava como seria se tivesse nascido com as mesmas características de sua mãe. Se não tivesse nascido com os cabelos e olhos castanhos.
Ele odiava aquilo.
— Eu gostaria de ter a mesma aparência que você, tia.
— Ser uma mulher?
A mais velha perguntou divertida, arrancando um sorriso bobo do sobrinho.
— Ter a aparência de um Targaryen.
Aquela resposta deixou-a desprevenida. Helaena ajustou a postura e se aproximou minimamente, sentou ao seu lado e juntou os joelhos entre os braços.
— Ser um Targaryen vai muito além de ter a beleza esperada por nós. Vai muito além de olhos coloridos e cabelos brancos. Ser um Targaryen é ter o sangue do dragão correndo por suas veias, e você tem bastante.
— Eu sei... – Antes olhava para o céu, agora olhava para a imensidão dos olhos bonitos de Helaena. — Minha mãe e Daemon deixam claro para mim, mas mesmo assim. Se eu fosse igual você e meus tios, não teriam tantos sussurros despretenciosos invadindo meus ouvidos.
— Eu acho olhos castanhos interessantes. Eles são intensos e você nunca consegue descrevê-los como puros ou muito oblíquos. Apenas são... misteriosos e magníficos.
Jace não respondeu.
Ele apenas... continuou olhando-a, seus lábios tremeram devagar e ele sentiu suas mãos formigarem.
— Apesar de não ter os meus próprios olhos violetas, eu tenho os seus para admirar.
A Targaryen sentiu um rubor se alastrar por seu rosto, eles não responderam mais nada, mas seus olhares já conversavam intensamente entre si.
— Isso é perigoso, Jacaerys.
A de fios platinados tentou se afastar, mas o Velaryon segurou em sua mão com delicadeza, acariciando as pontas de seus dedos e trazendo-a para mais perto, se atreveu a deixar um beijo casto nas costas das mãos macias e continuar segurando-a.
— Uma parte minha quer se entregar sem pedir licença, outra parte respeita as suas limitações e condições atuais.
Helaena suspirou pesado ao escutá-lo falar tão diretamente. Ela se sentia estranha.
Nunca falaram dessa maneira com ela, tão... cordial. De jeito tão formoso.
— Baela, Jacaerys...
O príncipe passou a língua por seus lábios, sorriu genuinamente e tirou uma mecha da frente do rosto alheio.
— Eu e Baela temos nossos acordos pessoais.
— Como assim?
— É uma coisa nossa. Nós nos entendemos e nos respeitamos, estamos prometidos a casar mas permitimos liberdade um ao outro. Porque eu sei que o que Baela mais preza é a sua liberdade.
— A relação de vocês é linda... eu invejo.
— Você está mudando de assunto.
Helaena tentou virar seu rosto para não se perder nos olhos bonitos de Jacaerys, mas fora em vão porque ele segurou na lateral de sua bochecha e prendeu carinhosamente seu queixo entre sua mão.
— Não tire seus belos olhos de mim.
Ela tocou no braço de Jace, não conseguia falar nada, as palavras travaram em su garganta. Eles continuaram olhando um para o outro, Helaena piscava constantemente estando um pouco nervosa com a aproximação e o toque íntimo de Jacaerys.
Ele não era bruto ou afobado como Aegon.
Ele era carinhoso e gentil.
Amoroso e a passava segurança.
Ela não sabe dizer como uma simples dança fez os dois criarem essa situação, mas era bom... tão bom que ela se sentia egoísta por não querer que acabasse.
— Não deveríamos... não- não é certo
— Esta noite. Com as estrelas sendo nossas confidentes.
Helaena levantou seu olhar e apertou os dedos na manga de couro da roupa alheia.
— Te querer é tão intenso que eu não quero abrir mão.
Isso foi a última coisa que a mesma escutou antes de observar Jace se aproximar mais e mais. Ele já poderia ter beijado-a se quisesse, a distância era mínima, mas ele decidiu ir devagar.
Ele decidiu aproximar os lábios, apenas em um encostar singelo e inocente, roçando seus lábios carnudos nos seus mais finos. Jacaerys moveu sua cabeça para o lado, aos poucos a princesa ia fechando seus olhos, se entregando com pesar aquela sensação boa e confortável de estar a mercê dos toques do filho mais velho de sua irmã.
Helaena sentiu a boca do Velaryon tocar na sua gentilmente, um beijo sem malícia, apenas as duas bocas se conhecendo. Ela murmurou surpresa, uma ansiedade subindo por seu âmago e as pontas dos dedos coçando.
Não sabe-se dizer quanto tempo eles ficaram ali, descobrindo a boca um do outro, mas foi depois de um instante que Jacaerys viu que podia se aproximar mais, ele descansou suas mãos na cintura de Helaena, trazendo-a para mais perto, mas nunca deixando de segurá-la com apreço e cuidado.
Por outro lado, a mais velha abraçou seu pescoço, como se não quisesse deixá-lo.
Embaixo da Árvore-coração, Jacaerys Velaryon beijava Helaena Targaryen com intensidade, ambos os membros reais aproveitando o ósculo quente e úmido, as línguas se enroscando uma na outra, mãos percorrendo por seu vestido bonito e dedos curiosos apertando os poucos fios da nuca masculina.
Eles se afastaram com a respiração ofegante, Helaena olhou para Jace, e ele... bom, ele se segurou para não fazer nada de errado. Jacaerys mudou as posições com maestria e deixou a Targaryen deitada com a cabeça apoiada no tronco forte, enquanto segurava uma de suas coxas com a mão.
Helaena suspirou, seu corpo começando a ficar quente e um prazer que ela nunca sentiu subindo por sua pele.
Jacaerys se agraciou com a visão alheia, os fios esparramados pela madeira e os olhos violetas reluzentes com a luz das estrelas.
— Sem arrependimentos?
Ele perguntou, buscando uma confirmação de continuidade.
Ela já estava derrotada o suficiente.
Suspirou e tocou no rosto dele, pedindo para que aquele momento durasse.
— Sem arrependimentos.
E naquela noite tão bonita, com as estrelas brilhando tão intensamente como velas, Jacaerys Velaryon e Helaena Targaryen trocavam beijos e toques. Nada mais, mas também, nada menos.
Aproveitando a companhia um do outro.
Jacaerys encontrou uma paz nos olhos violetas de Helaena, e ela finalmente encontrou o carinho de um olhar direcionado a ela.
Somente a ela.
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➤ Agora, falando sobre outro assunto, nunca achei que fosse necessário falar sobre por aqui mas está me incomodando. Ultimamente vi alguns comentários nas edições do meu tiktok sobre o shipp da fanfic ser Lucemond, gente, se você não gosta basta passar! Não tem necessidade de ficar comentando besteira sabe, cada um é livre para shippar o que quiser, e desde sempre estava avisado sobre os casais que seriam. Eu apaguei todos os comentários porque não sou obrigada a ficar vendo esse tipo de chatice no meu perfil.
➤ Gostaria de lembrar a vocês que o arco Lucemond vai ser um pouco complexo, eu vou explorar a personalidade do Aemond, então se preparem para passar raiva com ele no primeiro ato porque ele vai passar por um longo caminho de negação, e sobre o Lucerys, adianto que ele não vai ser um santinho aqui. Apesar do foco da fanfic não ser vingança, nosso deleitinho vai fazer muuuitas coisas para garantir que sua mãe chegue ao trono e que ninguém da sua família morra. Ele não vai deixar tudo ser em vão, então preparem seus paninhos para o nosso divo. 😽
➤ Ah!!! Vão ter citações de livros em várias falas ao decorrer da história porque como uma boa amante de literatura, era óbvio que teria! Então se vocês acabarem conhecendo, não estranhem, eu amo fazer essas misturas. Por isso já adianto que os créditos vão total para os autores originais.
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