𝟎𝟏. capítulo um

🍜. capítulo um
o silêncio que busca conforto
em konoha.

⌚️. konohagakure ── vila oculta
da folha.


Os dias seguintes á chegada da família Yonkai em Konoha foram um ─ prolongado, silêncio de recuperação, onde as horas pareciam arrastar-se pesadamente ─ como se o próprio tempo estivesse ciente do peso que Mykado e sua família carregavam. O clã Yonkai havia sido devastado e com ele, as esperanças e os sonhos de um futuro próspero, as cicatrizes de guerra eram evidentes não só no corpo do homem, como também na alma de cada um dos três sobreviventes. O homem ─ que outrora fora o pilar de sua casa, agora estava quebrado, cada movimento era uma lembrança do preço do poder que seu sangue possuía. Mykado ─ com os músculos ainda tensos e a dor irradiando cada articulação, passava dias em completo silêncio, não apenas porque as palavras eram agora, um peso que ele não conseguia mais carregar sozinho, mas porque, dentro dele, havia um conflito ainda mais profundo.

O poder devastador ─ que uma vez dominou com tanta maestria, estava aprisionado dentro dele e com isso, uma culpa esmagadora o acompanhava.

Ele se lembrava da destruição, das palavras que haviam saído de sua boca em campo de batalha, dos respingos de sangue e dos gritos de clemência do seu povo. As lembranças o assombravam e a dor parecia ser a única companheira que lhe restava em meio as memórias gritantes daquela noite.

Hanami ─ por uma outra visão, continuava a ser a rocha que sustentava toda a família Yonkai. Seu corpo também se recuperava em lentidão, contudo, sua mente persistia em manter-se atenta ao seu marido e seu filho, embora exausta, ela era a figura de força que os mantinham unidos. Seus olhos ─ sempre cheios de cuidado, passavam o tempo em tentar entender o silêncio do seu esposo, ao menos compreender os tormentos que ele carregava e ─ mais que tudo, oferecer-lhe o apoio quando as palavras pareciam fúteis. Eles haviam feito os votos de casamento há muitos anos atrás, prometendo diante de todos e de qualquer divindade existente que ─ quando colocassem s alianças douradas nos dedos, seriam apenas uma carne, ela podia sentir cada angústia que ele não expressava, cada sofrimento que seus lábios não proferiam, ela sentia sua tristeza e os arrependimentos que amargavam sua boca e mesmo assim, ela continuava lá, sempre ao seu lado, entregando-lhe o que ele mais precisava ─ compreensão.

Gyu parecia ser a única centelha de luz naquela vasta escuridão. Apesar de sua fragilidade física, ele tinha uma alma imperturbável, uma criança que não compreendia as coisas com clareza ─ mas que sentia a tensão de seus pais no ar. Seus olhos negros ─ grandes e curiosos, seguiam seus genitores com uma expressão impassível, buscando a ideal segurança neles como se ainda acreditasse que a estabilidade de sua vida fosse possível. No fundo, ele sabia que a história de sua linhagem era marcada pela tragédia, todavia, sua natureza pura o fazia olhar para o futuro com uma esperança que seus pais ─ ainda se lamentando pelo passado, não podiam ver.

Havia se passado cerca de quinze dias que estavam na vila oculta da folha ─ apenas sete dias que haviam recebido alta do hospital, e agora, após o singelo momento de adaptação, estava na hora de prestar conta aos olhares curiosos que recebiam dos moradores do lugar. A sala do Hokage ─ como sempre, estava imponente, repleta de shinobis que não ousariam recuar se a família atentasse contra a vida do líder da vila. Hiruzen ─ com sua presença serena e o olhar que parecia enxergar mais fundo do que qualquer outra pessoa, aguardava-os com paciência.

Os olhos de Sarutobi ─ sempre atentos ao que acontecia ao seu redor, estavam fixos agora na figura imponente de Mykado que ─ embora estivesse em processo de recuperação, exibia uma aura de resistência marcada pela dor que inibia o ambiente. Ao seu lado, Hanami se mantinha posturada como uma rocha de força silenciosa enquanto Gyu ─ ainda fragilizado pelos ferimentos, aninhava-se contra a barra do vestido longo da mãe, tentando entender o que passava na cabeça de todos os adultos ao seu redor, ele estava nitidamente amedrontado, suas mãos pequeninas seguravam as pernas da mãe após notar que todos os ninjas portavam kunais afiadas que ─ com facilidade, poderiam o matar em segundos.

Finalmente, o Hokage da folha quebrou o silêncio com sua voz grave ecoando pelo cômodo.

─── Eu os recebi com a preocupação de ver que se tratava de um homem e sua família gravemente feridos, mas preciso entender de onde vêm e principalmente, o motivo que os levou a estarem à beira da morte nos arredores de Konoha.

A sua voz proferiu palavras simplistas, mas ele sabia que ─ por trás daqueles três indivíduos, havia uma história muito mais complexa do que imaginava. Mykado não tardou e encará-lo, porém não o respondeu, muito pelo contrário, levou suas duas mãos para frente e então iniciou uma sequência de gestos presos em lentidão, calculados como se cada movimento transmitisse uma dor aguda, uma exausta que beirava ao físico. Um enorme ponto de interrogação emergiu da cabeça do mais velho, completamente atônito pela falta de palavras do homem que continuava a gesticular sua dor apenas usando as mãos, Hanami, atenta a cada movimento do esposo, observou-o antes de se virar para Sarutobi com um olhar penoso.

─── Meu marido não pode falar, grande hokage. ─ Comentou com uma calmaria inigualável ─ como se soubesse que as palavras seguintes carregariam um peso imenso. Mykado deixou um suspiro escapar, virando-se de lado a medida que sua esposa puxava o fôlego para criar coragem de continuar a frente da situação, ele a olhou com ternura, um sorriso pequeno nos lábios como se dissesse secretamente: obrigado. ─── Somos do clã Yonkai, meu marido não pode proferir as palavras como os demais homens, sua voz é uma arma mortal para todos se não for usada com sabedoria. ─ Ela olhou diretamente nos olhos do Terceiro Hokage, engolindo em seco no mesmo instante.

O clã ─ pronunciado com uma calma inquietante, caiu sobre o cômodo como um golpe minucioso, cortante e precisamente mortal. O ar ao redor de todos os presentes parecia ter sido drenado, congelando instantaneamente. Hiruzen ─ sempre atento, sentiu a pressão árida daquelas palavras e sua expressão se alterou de forma quase imperceptível, as sobrancelhas se uniram em um franzir de espanto, os olhos se estreitaram ligeiramente enquanto ele processava a informação que acabara de receber. Ele sabia sobre o peso daquele nome ─ o clã Yonkai, algo que ele pensava ter sido apagado da história, extinto nas sombras da Segunda Grande Guerra Ninja e agora, diante dele, aquele clã era um novo lembrete de uma realidade esquecida.

─── O clã Yonkai..?

Questionou o mais velho com sua voz baixa, todavia, carregada de uma surpresa visível, como se as palavras tivessem escapado de seus lábios antes que ele pudesse contê-las. Seu olhar se fixou em Hanami e Mykado com uma intensidade ainda mais forte, como se tentasse buscar ─ sem sucesso, uma explicação para o impossível diante dele.

"Mas.. espera, todos foram dados como mortos, exterminados durante a Segunda Guerra Ninja, como isso é possível?", Hesitou ele em pensamento, incrédulo diante daquilo que acabara de ouvir. Ele sabia que a destruição do clã Yonkai havia sido um dos momentos mais trágicos daquela guerra, uma perda irreparável para o mundo shinobi. A ideia de que membros daquele clã ─ dado como derrotados, ainda estavam vivos, desafiava toda e qualquer lógica que ele havia construído ao longo dos anos. Ele então pousou as orbes no pequeno menino de cabeleira escura, tentando distinguir o peso da história ─ não contada em livros didáticos, que ele nunca imaginara ter de ouvir.

Hanami Yonkai lançou um olhar furtivo para o esposo, seu rosto pálido e tenso, marcado por um leve tremor que parecia não se deter. Seus dedos ─ que antes estavam firmemente entrelaçados aos cabelos do seu filho, agora tremiam ligeiramente, como se a simples ideia de reviver o passado fosse um peso insuportável. A mulher sabia que as palavras que estavam prestes a sair de sua boca não só abalariam as fundações de tudo que o Hokage acreditava saber sobre a história, como também trariam à tona uma dor que os dois carregavam há anos, um incômodo que era até mesmo difícil de expressar. Mykado ─ com seus olhos ainda cerrados, permaneceu concentrado, como se estivesse reunindo forças para encarar as palavras que tanto evitava. Seus movimentos logo começaram, lentos, meticulosamente calculados e seus gestos ─ querendo ou não, carregavam uma carga emocional que transcedia qualquer explicação verbal.

A dor e a angústia que ele sentia pareciam se manifestar através de cada movimento sutil, como se a sua própria alma estivesse se desintegrando diante das lembranças. Finalmente, o homem fez um gesto mínimo com a mão, um convite para que sua mulher continuasse e ela ─ que observava atentamente seu marido, deu um suspiro fundo, os olhos brilhando com uma tristeza inaudível.

─── Nós.. fomos traídos. ─ sua voz ─ quando finalmente rompeu o silêncio, era melancólica, como se o simples ato de falar fosse uma tortura. Ela iniciou com a voz quebrando ligeiramente, enquanto as palavras começaram a fluir. ─── Nosso clã foi atacado por um grupo de mercenários, conhecidos como Kurokage. Eles.. destruíram nossos lares, exterminaram quase todos do clã, destruíram tanto mulheres quanto crianças naquele dia. ─ Uma lágrima solitária desceu por sua bochecha antes da mesma continuar. ─── Meu marido e eu fomos os únicos sobreviventes, fomos forçados a fugir, tivemos nosso filho anos depois da tragédia mas.. sempre estivemos a mercê da morte, sem encontrar nenhum lugar seguro.. até agora. ─ A cada palavra que ela traduzia, a sala parecia se encher com uma energia sombria, como se o peso daquelas memórias estivessem se fazendo sentir em cada canto do escritório do Hokage. O passado deles ─ finalmente desvelado, tomava forma diante de Sarutobi com a força de um furacão. O líder da vila encarou previamente os seus ninjas e percebeu que o olhar sereno e apático deu lugar a uma compaixão que poderia ser encontrada nos olhares de cada cidadão de bem daquele lugar.

─── Então vocês ainda estão sendo caçados..? ─ Murmurou o Terceiro, a gravidade de sua voz refletindo o peso das palavras que acabou de escutar. O questionamento não era apenas uma constatação, mas também uma tentativa de compreender a magnitude daquela situação. Sarutobi já termunhara os horrores da guerra e sabia ─ como ninguém, o preço alto que ela cobra, contudo, a completa aniquilação de um clã, a perseguição incansável e a destruição de um lar eram outros níveis de dor ─ algo que não poderia ser simplesmente ignorado.

Hanami demorou alguns segundos para responder, os olhos dela vagavam para o filho, a inocência dócil de um menino que não havia sofrido nenhum terço do que iria sofrer quando ficasse mais velho. Gyu era uma criança esperta, sabia o que deveria fazer e como se portar, sabia que seu sangue era caçado com veemência, mas mesmo sabendo disto tudo, ele não exalava pavor, o pequeno Yonkai era apenas uma criança que sonhava em ser uma criança normal, com as que brincavam ao lado de fora do escritório do Hokage.

Ela engoliu em seco.

─── Sim. ─ Quando finalmente respondeu, sua voz saiu como se estivesse quebrada, como se os limites da paciência estivessem quase se esgotando. ─── Eles, os Kurokage, continuam atrás de nós, não importa onde tentamos nos esconder, eles sempre nos encontram.. não sei por quanto tempo iremos conseguir sobreviver. ─ Suas cordas vocais falharam por um momento, uma leve tremulação marcando cada sílaba. ─── Meu marido fez o que precisava ser feito para nos proteger, ele.. destruiu os Kurokage que tentavam nos aniquilar, mas sabemos que existem muito mais de onde saíram aqueles.. nós.. ─ Ela fez uma pausa. Não conseguia mais segurar o choro que crescia em sua alma, não conseguia mais suportar a vida que estava vivendo e acima de tudo, não conseguia mais viver pensando que nunca teria a paz que sua família merecia após a tragédia de anos atrás. ─── Nós precisamos de proteção, não por mim ou por meu esposo, mas pelo nosso filho, o senhor tem filhos, deve saber o que estamos sentindo, nós queremos apenas um lugar onde possamos recomeçar nossas vidas, sem medo, sem receio, sem malditos caçadores em nossa porta. Não temos mais força, nós só queremos.. paz.

O silêncio que tomou conta da sala era espesso ─ quase tangível, como uma neblina pesada que envolvia cada canto da sala. O Terceiro Hokage permaneceu em sua cadeira com seus olhos fixos em Hanami e Mykado, absorvendo cada palavra e cada gesticulação, o Clã Yonkai ─ um nome que ele achava ter sido apagado das memórias da história, estava ali, diante dele, não como uma lembrança nebulosa, mas como uma realidade viva. Ele sabia que dor daquela família era real e que suas cicatrizes eram profundas, todavia, como Hokage e protetor da vila, ele também sabia que cada decisão que tomava afetava Konoha de maneiras que nem sempre eram visíveis à primeira vista. A vila da folha não era apenas um abrigo seguro para os que precisavam, era também uma vila com um equilíbrio delicado, onde qualquer erro ─ qualquer gesto impulsivo, poderia reverberar em consequências imprevisíveis para todos. A presença do restante do clã Yonkai em Konoha não era algo simples ─ e a responsabilidade sobre a segurança e o futuro da vila sempre pesaria sobre os ombros de Hiruzen.

─── O que pedem de Konoha? ─ Por fim, com a voz ponderada, ele fez a pergunta que precisava ser feita. Não era apenas uma questão de refúgio, não era simplesmente uma questão de acolhimento. Sarutobi sabia que Konoha não podia ser um simples abrigo para aqueles que chegavam em uma busca vá de proteção. ─── A vila da folha não é apenas um refúgio, Konoha é uma terra de alianças, de responsabilidades compartilhadas e, principalmente, vigilância. O que estão dispostos a oferecer em troca? Qual é a responsabilidade que assumirão diante de nós, diante de nossa vila? ─ A pergunta não era dura, mas era carregada por uma seriedade que não deixava espaço para respostas superficiais. Ele queria saber o que aquela família estava disposta a fazer por Konoha ─ não apenas para receber proteção, mas para fazer parte de uma comunidade que exigia algo em troca.

Ele se inclinou levemente para frente, suas mãos se cruzando por cima da mesa amadeirada.

─── A confiança de Konoha não é algo que se ganha facilmente, se aceitarmos a entrada de sua família, se decidirmos dar a vocês uma chance, terão que entender o que isso significa. Estamos oferecendo um lugar em uma terra que exige lealdade, sacrifício e compromisso, o que podem fazer para provar que merecem essa oportunidade? ─ Com a questão final, o Terceiro Hokage ficou em silêncio, aguardando a resposta.

O som do vento que entrava pela janela parecia abafado, como se até o mundo exterior sentisse o peso daquela conversa. Após alguns segundos, Mykado ─ com um esforço nítido, ergueu a mão, movimentando os dedos de maneira controlada, como se cada gesto fosse uma batalha contra as memórias que o assombravam. Seu rosto ─ sempre rígido e impassível, agora parecia mais vulnerável, uma máscara quebrada pela perda. Hanami prestava bastante atenção naqueles momentos, captando o sinal de imediato, começando a traduzir as intenções do marido.

─── Meu marido está disposto a oferecer o que for necessário para proteger sua família. Ele entende o peso de seu poder, sabe das consequências que ele pode gerar e do que é capaz de causar se for mal utilizado, mas ele não quer mais ser um soldado, nem viver fugindo o tempo todo, Mykado Yonkai, o general do pelotão oficial do clã Yonkai, pai do meu filho e meu esposo, quer um novo começo, uma chance de viver em paz, algo que lhe já foi negado por muito tempo. ─ Hanami fez uma pausa breve, alisando os cabelos de seu pequeno garotinho que parecia menos tenso diante daquele diálogo estendido. ─── Em troca de nossa segurança, ele oferecerá tudo o que puder, seja como guerreiro, como aliado, ou até mesmo como alguém disposto a dar seu conhecimento e força para servir a vila da folha.

Hiruzen sabia que não estava lidando com uma simples família pedindo por abrigo, mas com uma força com a qual Konoha teria de aprender a conviver. Mykado não era um homem comum, sua Kekkei Genkai ─ a Noroi No Kotoba, era poderosa e a violência do seu passado ─ embora fizesse dele uma vítima, também o tornava um potencial perigo. A presença de um clã como os Yonkai em Konoha não seria algo que ele pudesse tomar de ânimo leve. Hiruzen era um mestre na arte da liderança e por isso, sabia que qualquer decisão errônea poderia levar a consequências devastadoras ─ tanto para os Yonkai quanto para a vila que comandava. Com uma leveza que contrastava com a gravidade da situação, ele se levantou a cadeira juntamente com a autoridade de Hokage irradiando sua postura, o movimento foi lento ─ quase medido, mas suficiente para deixar claro que ele estava pronto para tomar uma decisão.

Sua presença ─ em momentos como aquele, era indiscutível.

─── Konoha tem uma longa história de proteção e aliança, mas também de vigilância, não toleramos ameaças, mas não abandonamos aqueles que buscam nossa ajuda. ─ Mykado aceitava, sem o uso de palavras, aquela introdução. ─── Considerarei seu pedido com a seriedade que ele merece, mas saibam que, como todos os que pedem refúgio em nossa vila, estarão sob nossa vigilância. A confiança precisa ser construída e uma vez concedida, será sempre acompanhada pela responsabilidade de manter o equilíbrio.

Hanami assentiu com respeito ─ o gesto carregando um profundo agradecimento, todavia, havia uma compreensão de que o futuro de sua família não estava garantido, nem mesmo na vila oculta da folha. O refúgio que buscavam não viria sem custos, e a vigilância constante seria a sombra que sempre os acompanharia. Mykado ─ sem mover um músculo, fez um leve gesto com a cabeça, aquilo era uma aceitação silenciosa, mas plena de entendimento. Ele não pediu um presente, mas sim uma oportunidade e agora, diante dele, essa oportunidade estava ao seu alcance, e ele não a deixaria escapar. Não haviam certezas, havia esperança ─ uma esperança frágil, mas real.

Enquanto saíam da sala de conferências, Gyu parecia alheio as complexidades da decisão que acabara de ser tomada. Com sua inocência intacta, ele caminhava ao lado dos pais, com passos pequenos e descompassados ─ como se estivesse absorvendo o que os adultos já consideravam uma vitória amarga. Porém, algo em seu olhar ─ algo sutil em seu comportamento, fez com que ele parasse abruptamente, era como se o ambiente tivesse mudado, como se algo novo ─ inesperado, tivesse tocado seus sentidos de maneira inconsciente. O pequeno Yonkai virou a cabeça para o lado ─ seus olhos brilhando com uma curiosidade infantil. Ele notou um garoto parado ali ─ á distância, observando-o com um olhar abstrato, o menino ─ um ano mais velho que Gyu, tinha cabelos grisalhos que pareciam um pouco desalinhados, como se houvesse passado por algumas dificuldades da vida, entretanto, seus olhos ─ em um tom escuro e penetrante, insinuavam uma mistura de desconfiança e curiosidade, quase como se ele tivesse tentando entender algo profundo a parte daquele simples encontro.

O olhar entre os dois garotos durou apenas um instante, mas foi o suficiente para Gyu sentir que havia algo mais sólido que apenas uma troca de atenção simplista. Sem hesitar ─ com a simplicidade que só as crianças possuem, ele deu um sorriso pequeno e então levantou a mão, gesticulando quase com timidez, mas sendo uma pureza sincera. Aquele era o tipo de sorriso e aceno que uma criança oferece quando deseja ─ de maneira genuína, criar uma conexão. Não havia malícia, era apenas o desejo de se aproximar de alguém ─ sem más intenções, apenas para explorar a possibilidade de um vínculo. O garoto grisalho continuou imóvel por um momento, seu olhar ainda fixo em Gyu, algo em sua expressão parecia suavizar ─ embora fosse impossível dizer se o sorriso do moreno realmente o tocara. O menino não respondeu imediatamente, contudo, o peso da desconfiança em suas íris parecia diminuir, ainda que não tivesse se dissipado completamente.

Gyu ─ por sua vez, manteve o olhar aberto e curioso, sem pressa, sem ansiedade, ele apenas aguardava ─ sem saber exatamente o que, mas esperando que aquele pequeno ato de gentileza ─ tão puro e simples, pudesse ser o primeiro passo de uma amizade. E foi exatamente isso que o pequeno sentiu quando viu o menino albino ─ após quinze segundos contados pelo moreninho, responder com um aceno, embora ainda parecesse cauteloso. Algo dentro do olhar daquele menino parecia ter reconhecido algo em Gyu ─ talvez uma força silenciosa, uma bondade que transcendeu a desconfiança inicial. Hanami, percebendo que o filho continuava a olhar para trás, o acompanhou e abriu um sorriso gentil quando notou que Gyu encarava uma criança de cabelos brancos que ─ ao notar o olhar da mulher queimando seu rosto, desviou a atenção e saiu de seu campo de visão em segundos, a fazendo dar um pequeno risinho.

─── Quem será ele, Gyu? ─ Murmurou ela, levando sua atenção para o filho que deu de ombros, olhando para frente com um sorriso minúsculo na curvatura de seus lábios pequeninos. Ela o acompanhou, segurando firme a mão de seu esposo, vendo seu menino caminhar alguns passos á sua frente após presenciar uma borboleta flutuando pelo céu. O que importava naquele momento era que ─ pela primeira vez em muito tempo,a família Yonkai sentia que o futuro não estava completamente perdido, havia algo que valia a pena buscar. E enquanto se afastavam, o futuro parecia ─ finalmente, abrir uma brecha diante deles. Não era uma promessa de facilidade, mas uma chance que parecia real, e com isso, o recomeço de uma vida que ainda estava por ser escrita.

Hanami só não contava que o menino de madeixas esbranquiçadas continuava a olhar para Gyu, escondido por entre as folhas, com sua curiosidade acompanhando a felicidade genuína do novo morador de Konoha.

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Quem será o garotinho de cabelos grisalhos, ein? *risos internos *

Sério mesmo, eu amo a Hanami e o Mykado, eles são tão fofos juntos e o Gyu é um neném adorável, tô ansiosa para vocês verem o decorrer dessa família linda!

Não esqueçam de tomar bastante água e comerem direitinho, fim de ano está vindo e quero todos saudáveis e dispostos para tudo que virá neste novembro e dezembro antes de 2025

um chero no cangote de todos vocês
assinado: tia bea.

3860 palavras escritas.

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