𝟎𝟎. single chapter
🦂. capítulo único // o diabo tem tapa-olho e fuma malboro
recanto dos escritores // este pequeno conto é dedicado á alyswann, uma querida escritora que tive o prazer de tirar na brincadeira de amigo oculto. Primeiramente quero me desculpar pela demora, os últimos dias foram turbulentos, mas pelo menos consegui terminar essa história antes do prazo ( *risos* porque atrasei 20 min ), segundo, confesso que foi incrível a experiência de escrever com o Kaiser, passei boas semanas me martirizando se iria conseguir ou não trazer uma história que fosse ao nível do que você merece, querida. Eu não sou acostumada a escrever com personagens de BL por simplesmente não conhecer o universo e por isso escolhi uma realidade alternativa onde eu pudesse desenvolver minha própria história, mas sem tirar a personalidade marcante do Michael. Tentei usar todos os temas ( ou quase todos ) que você colocou nos requisitos e creio que não ficou horrível, apesar de que futuramente quero revisar e entregar uma escrita mais fluida para os acontecimentos de devilish. No mais, é isso, obrigado por ser uma guria incrível, não te conheço direito mas espero que possamos nos tornar mais próximas em 2025, feliz ano novo e boa leitura, gatinha <3
🦂. monschau, alemanha.
Os vizinhos de Yoshida Neeski sabiam que aquela noite seria diferente de todas as outras que se passaram. O primeiro elemento que fez esta tese se intensificar havia sido quando a música começou a sair pelas janelas da mulher de longos cabelos ruivos ─ semelhantes á uma fogueira ardente de beleza. Faziam meses que ela não deslizava seus dedos pelas cordas angelicais do violino, mas naquela noite ─ apenas nela, a mesma o tocou lentamente, deliciando-se com os sons dóceis que saíam pelas frestas do instrumento, desfrutando também da melodia de Skeeter Davis ─ The end of the world, e tornando aquele breu em um mar ainda mais melancólico. Todos se lembravam abertamente daquela música, havia sido a última canção entoada no velório da pequena garota que um dia residiu naquela casa.
Enquanto alguns vizinhos escutavam atentamente ao som ecoado com leveza, podiam jurar que a risada da menina preenchia as lacunas vazias do tempo, transformando sua presença em algo tão palpável quanto a última vez que a viram saltitando pelas ruas alemãs.
O segundo elemento, tão simples quanto o primeiro, havia sido a chuva. Um fato sobre Monschau: raros eram os dias que a chuva caía pelo lugar, aquela era uma cidade conhecida por seus dias ensolarados e quentes, o clima de verão ─ com copos gelados de limonada, praias e bastante calor, parecia sempre rodear o ambiente. Contudo, aquela noite estava diferente, não havia motivo para ligarem os ventiladores como de costume, afinal, as ruas estavam sendo regadas pelas águas gélidas que desciam dos céus, os pingos molhavam a relva do campo e as flores que enfeitavam a cidade, entregando um momento tênue entre a preocupação e a paz.
Os vizinhos sabiam que naquele momento ─ mesmo diante de uma escuridão furtiva, a pequena Margot estaria gritando eufórica enquanto seus pés a guiavam por todo o quintal, dançando na chuva com sua alegria genuína, mesmo que Yoshida ─ sua matriarca, a repreendesse do lado de dentro da casa com um de seus belos sorrisos.
Não era apenas a família Neeski que sentia falta de Margot, todos os vizinhos ─ sem nenhuma exceção, sentiam seus corações apertarem ao saber que a menina não estava mais entre eles. Margot tinha seis anos ─ iria completar sete anos alguns dias após o crime, a mesma estudava na única escola da cidade, um colégio infantil católico que prezava pela educação escolar e moral das crianças da cidade, ela percorria o mesmo trajeto entre a unidade de ensino e o seu lar, caminhando sempre com seu laço de cor dourada e suas sandálias brancas que ela mesma havia colorido com algumas borboletas amarelas. Não haviam motivos para Yoshida temer deixar sua filha ir para a escola sozinha, a cidade era tão pequena quanto a terra em relação ao sol, não haviam rumores de roubos ou sequestros, aquela era uma cidade pacífica, um amontoado de pessoas que preferiam viver em paz do que procurar intrigas uns com os outros.
Porém, em uma certa manhã, o nome de Margot Neeski ficaria marcado eternamente na história de Monschau. O céu daquela manhã estava levemente nublado, um grupo de pessoas que costumavam se exercitar antes do sol nascer, percebeu a existência de pegadas nada humanas pela região, acionando as autoridades florestais que pudessem dar um laudo preciso daquelas patas que pisavam brutalmente pelo chão. Não demorou para que emitissem um alerta certeiro de que uma família de ursos pardos haviam fugido do zoológico da cidade vizinha e poderiam estar se refugiando aos derredores. De fato, não haviam ursos na Alemanha, mas zoológicos estavam lentamente se tornando atração turística no País e por isto, animais como aqueles eram constantemente transportados de lugar em lugar para atiçar a curiosidade de pessoas que adoravam aprender sobre a natureza. O alerta de ursos havia sido emitido tarde demais pois, quatro horas depois, uma mãe desesperada notificou a polícia que sua filha não havia retornado para casa após o término das aulas.
Margot Neeski estava desaparecida.
A busca estava sendo implacável, cartazes grudados em postes e cercas de madeira, viaturas vasculhavam cada moradia próxima da escola, faziam perguntas e levantavam teses para que descobrissem o que havia acontecido com a menina doce de Monschau, mas como esperado, era tarde demais para a encontrá-la com aquele sorriso gentil. Doze horas depois ─ de muito trabalho, uma viatura silenciosa passeou pelo bairro da casa de Yoshida, as sirenes não estavam ligadas e o freio do carro o fez parar em frente a casa da família Neeski. Dois policiais saíram do veículo, seus passos eram sigilosos, sua respiração pesada entregava a tensão de seus corpos, o tremor de suas almas indicavam o óbvio mas, foi no momento que tocaram a companhia, que os pais de Margot tiveram a certeza do que havia acontecido. Yoshida soube da realidade ─ que não queria acreditar, quando encarou previamente o chapéu dos oficiais próximo ao peito, indicando a chegada de uma notícia que não era esperada por si.
Margot Neeski havia sido encontrada.
Mas não da forma como todos esperavam, não havia felicidade alguma em seu corpo, a áurea infantil havia sido corrompida, seus sonhos aniquilados e sua vida encerrada de modo brutal.
Margot Neeski estava morta, seu pequeno corpo havia sido encontrado jogado de qualquer modo na floresta principal da cidade, suas vestes rasgadas e o vazio presente naquele olhar que ─ outrora, havia sido a luz na vida de várias pessoas. Ao que tudo indicava no laudo era que: ao voltar para casa, Margot havia pego um caminho próximo da floresta, ela costumava fazer isso quando queria colher flores para sua mãe ou coletar pedras para sua coleção, ela havia sido pega de surpresa por um dos ursos que passavam e foi arrastada para o meio do enxame de árvores e arbustos onde foi assassinada. Ursos pardos não costumam comer carne, eles tem uma dieta balanceada de frutas, nozes, sementes e ervas, mas ao que tudo indicava, o instinto predador do animal foi ativado ao se sentir ameaçado pela criança que passava perto de onde estavam seus filhotes e por este motivo, o mesmo a aniquilou com a intenção de proteger sua família.
Margot era uma garota muito forte ─ isso era evidente pela mesma ter tentado lutar contra o animal, mesmo sabendo que era inútil evitar o inevitável, mas este ato foi o suficiente para ter seu nome escrito no mural na sede da prefeitura da cidade, em uma tentativa de imortalizar a criança e homenagear a memória daquela primeira vítima de um ataque de urso da cidade, fazendo-a não ser apenas uma memória na mente das pessoas que a conhecia, como também uma figura de coragem que se foi cedo demais.
Charles ─ o vizinho mais velho do bairro, costumava sentir o aroma de sopa de legumes todas as noites, ela vendia jarros de flores pela parte da manhã, trabalhava com coleta de lixo pela parte da tarde e então, no cair da noite, ia para casa onde preparava o jantar para seu marido, Ray Neeski. Entretanto, isso não aconteceu naquela noite, o senhor de meia idade tentou puxar o fôlego, respirar bem fundo, mas não sentiu nada além do odor inconfundível de morte. As luzes da casa costumavam estarem sempre acesas ao lado de fora, a caixa de correio era iluminada por uma lamparina de fogo e óleo, e todas as manhãs, a sul coreana trocava as tigelas de água e ração que deixava em frente á sua porta para que os animais de rua se alimentassem, mas ─ naquela ocasião, as luzes não estavam acesas, a lamparina não iluminava mais nada e as vasilhas de metal estavam vazias.
Quem conhecia a rotina de Yoshida saberia que algo estava errado.
─── Yoshida era uma mulher muito educada, os vestidos floridos e o cabelo sempre preso em um rabo de cavalo alto eram sua marca registrada, ela era muito bonita e cheia de vida. ─ Mônica, melhor amiga e vizinha mais próxima da ruiva, comentava para o homem de cabelos negros que ─ com agilidade, escrevia as informações passadas em seu pequeno bloco de notas. Mônica havia conhecido a moça no clube de leitura que frequentava todas as quartas feiras e desde então, viu-se com o posto de confidente da coreana.
O homem de farda limpou a garganta, pigarreando um pouco antes de continuar com as perguntas simples.
─── E por um acaso, sabe se ela teria algum motivo para fugir, quem sabe, algum amante?
─── Não! Oh céus, mil vezes não, senhor oficial! ─ Kathryn era um tanto quanto exagerada em suas reações, ditando as palavras com uma incredulidade incomum. A norte-americana conheceu Yoshida nos primórdios de sua floricultura, tornando-se uma de suas clientes mais fiéis e a única que ia toda a semana comprar os mesmos lírios brancos para levar á esposa em seu retorno para casa. ─── Yoshida é uma mulher muito honrada, conservadora, vivemos no século vinte e um, mas nunca a vi andando com roupas extravagantes e sensuais, além do mais, fala sobre o marido com um brilho lindo nos olhos, tenho toda certeza que ela não tinha nenhum amante! ─ Comentou ela com uma pontada aguda no peito.
─── Sabemos que ela era a mãe de Margot, a menina que foi atacada por ursos, acredita que ela possa ter tido algum tipo de surto pela perda da filha?
O homem que morava na casa da frente de Yoshida acendeu o cigarro, pondo-o entre os lábios antes de murmurar atento:
─── Talvez sim, mas acho um pouco improvável, apesar de Margot ser sua única filha, Yoshida não apresentava nenhum comportamento insano dentro desses oito meses de luto, vez ou outra ela ia á minha casa para tomar chá e chorar um pouco, mas não se passavam de algumas lágrimas saudosas de uma mãe que perdeu uma parte de si. ─ Ju-Hok soprou a fumaça próximo ao rosto do policial que assentiu com um manear de cabeça, tornando a escrever em seu bloco. Ju-Hok era sul-coreano, um aposentado general das forças coreanas que havia perdido sua esposa há três anos para o câncer de mama, dentre todos os vizinhos, ele era o que mais se enquadrava para entender a solidão da mulher.
O oficial então voltou a questionar com um suspiro.
─── Yoshida tinha problemas com o marido?
O policial arqueou as sobrancelhas quando percebeu que o silêncio havia se feito presente, nenhum dos interrogados ousou responder áquela pergunta em específico, como se suas gargantas se fechassem mediante ao único questionamento que poderia solucionar o desaparecimento de Yoshida Neeski. Duas semanas se passaram desde a noite em que policiais foram á casa do casal e não encontraram a ruiva, o boletim de ocorrência feito pelo marido indicava que ela havia ido embora ─ deixando apenas uma carta de despedida, após ataques mentais envolvendo a morte de Margot, porém, os vizinhos sabiam que aquela não era a verdade concreta. Ju-Hok discava o número da polícia, Mônica atravessava a cerca de madeira da casa de Yoshida enquanto Kathryn e sua esposa mantinham a vigilância. Faziam alguns dias que alguns moradores reclamavam do cheiro forte vindo da moradia da família Neeski e então, após uma viagem á negócios do empresário ─ e marido de Yoshida, os vizinhos próximos se juntaram para descobrir ─ por eles mesmos, o que havia acontecido no local.
Charles caminhou pelo canteiro de flores, colocando a mão no nariz ao sentir que o cheiro se intensificava conforme ele se aproximava das belas orquídeas que nasciam no quintal, comprovando o amor que a ruiva tinha pelas flores. Seus músculos enrigeceram ao manter o ritmo cortante da pá contra o chão, o esforço era tremendo e precisou de cinco punhados de terra escavados para o velho tocar em algo duro, diferente da terra macia que pisavam com cautela. No final de tudo, aquilo era apenas uma coisa: o corpo de Yoshida Neeski. Essa nova revelação não era novidade para ninguém, todos sabiam que ela estava presa, em algum lugar daquela casa, mas não esperavam que o estado da mesma estivesse tão deplorável.
─── Vocês precisam acreditar em mim, Yoshida estava louca! Ela vivia dizendo que Margot nos chamava para morar com ela em algum lugar do céu, eu juro pela vida da minha mãe que eu agi em legítima defesa! ─ Ray havia sido encontrado em um trem que tinha trilha direta para a Inglaterra. Foram cinco horas de busca até o encontrar com uma identidade falsa e um rosto um pouco diferente graças às cirurgias plásticas feitas dias antes do desaparecimento da mulher, ele estava eufórico, tentava escapar das algemas que o prendiam naquele pequeno cubículo civil. Eles estavam na sala de interrogatório, a aliança de Yoshida brilhava em cima da mesa, mas nada se igualava às lágrimas ─ mentirosas, que caiam dos olhos do homem mais rico da cidade.
Um dos policiais cruzou os braços, mantendo o contato visual inquebrável.
─── Yoshida Su-Min, conhecida como Yoshida Neeski, teve seu corpo desmembrado em seis partes, as duas mãos foram encontradas juntas em um saco preto, as duas pernas também, o tronco e a cabeça foram presos em sacolas á vácuo. Agir em legítima defesa é usar uma faca para se proteger, não uma serra de cortar árvore para destroçar o corpo de sua esposa, Senhor Neeski.
O oficial comentou os fatos com serenidade.
─── Eu sei que deveria ter agido melhor, mas tive medo.. por favor, não me pressionem, vocês tem que acreditar em mim!
─── Acreditamos em você, Senhor Neeski. ─ O homem alto com cabelos ralos e uma barba perfeitamente aparada, disse ao se levantar da cadeira, dando uma última olhada na aliança suja de sangue seco, cuspindo no chão ao se virar de costas. ─── Mas não garanto que o juiz acreditará, você está preso, Ray Neeski.
Quanta tolice.
Ray foi sentenciado á dezessete anos de prisão, mas não ficou atrás das grades por um único mês, seus advogados entraram na justiça e ganharam a causa após pagar a fiança e a garantia de alguns trabalhos voluntários para que o homem tivesse o direito de se redimir por seus maiores pecados. Quatro anos depois, a história da família Neeski havia sido esquecida por todos, Ray continuou alavancando sua empresa de imóveis, casou-se com uma modelo espanhola e teve três meninas e um garotinho de oito meses. Yoshida, por outro lado, foi jogada ao abismo, sua floricultura ficou nas mãos de um amigo de Ray que a transformou em uma loja de roupas. A ruiva não teve o mesmo destino de seu marido, ela não conseguiu voltar ao mundo dos vivos, não conseguiu retornar ao que era antes de ser brutalmente assassinada pelo próprio companheiro e agora, após quatro anos, ela, naquela altura, havia sido devorada por vermes e engolida pela terra, repousando amargamente em um caixão.
Porém, o que ninguém esperava era que: Yoshida não havia sido completamente esquecida, havia uma pessoa que ainda se lembrava dela, alguém que a tinha em suas memórias.
O alvoroço tomava conta daquela pacata cidade, os jornais locais exploravam a mesma manchete: Ray Neeski foi encontrado sem vida. Os lábios da mulher ─ tingidos por um batom vermelho fosco, se curvaram em um sorriso malicioso quando a imagem borrada apareceu em seu campo de visão. A última parte do corpo do homem havia sido encontrada, faziam semanas que a cidade se incendiava em desespero enquanto partes de um corpo desconhecido eram encontradas por policiais juntamente de mensagens codificadas. Os dois braços, as duas pernas, mãos e pés e o tronco, faltava encontrar apenas uma parte para completar a obra de arte macabra daquele crime cruel: a cabeça.
A taça de vinho girava graciosamente em torno da mão da mulher, enquanto gargalhadas ecoavam pelo pequeno cômodo. A cabeça do empresário estava estirada em cima do telhado da antiga floricultura de Yoshida, seus olhos haviam sido arrancados, seus cabelos estavam ralos e sem cor e havia um espanto imperturbável horrorizando sua face. Uma única frase foi o suficiente para arrepiar os ossos de todos os policiais de Monschau.
─── Olho por olho, dente por dente. ─ A loira disse suavemente, deixando a taça repousar em seus lábios antes de ingerir o líquido escuro que estava disposto dentro do vidro. Aquela não era apenas uma frase como qualquer outra, era a evidência do óbvio, era uma remissão de pecados ─ quase a mesma coisa de uma mão lava a outra. A justiça era falha, mas aquele crime havia sido cometido por alguém que não tolerava falhas e Ray havia sido solto por meio de uma falha, ele deveria pagar pelas consequências de seus atos e o dinheiro não venderia sua liberdade tão facilmente. Enquanto cidades encobriam seus crimes, aquela mulher faria questão de os mostrar que nada ─ absolutamente nada, escapa de seu olhar julgador, ela faria todos eles pagarem, custe o que custar.
─── Ligue para o detetive Kaiser, ele vai querer saber sobre isso. ─ Um oficial comentou sério ao outro policial que não praguejou, correndo em direção ao telefone mais próximo afim de alertar o alto escalão da policia. Aquele não era apenas mais um assassinato macabro, aquele era o pior caso da vida de Kaiser, por que ele era o único que conhecia a mente por trás daquelas atrocidades, ele era o único que conhecia a face verdadeira daquela justiceira, ele era o único capaz de senti-la tão perto, ele era o único que sabia da verdade.
Apenas Michael Kaiser conhecia Alana Gohun.
🦂. munique, alemanha
─── Você deveria parar de fumar, isso vai acabar com seus pulmões. ─ O meio sorriso canalizou a face da mulher ao notar que aquela voz continuava a mexer com todos os sentidos de seu corpo, com os sentimentos que ela acreditava ter soterrado há sete anos atrás. Embora tenha ficado arrepiada, ela apenas mordeu a parte inferior da bochecha, soprando a fumaça com cautela antes de olhar singelamente para trás, encontrando a figura masculina com os braços cruzados e os cabelos sob a testa franzida. Seu rosto era sereno, uma neblina cobria aqueles olhos que ela tanto amava, enquanto o sorriso parecia não existir na curvatura de seus lábios, obrigando á desviar o olhar e tornar a observar o céu escuro, esperando ansiosamente para que uma estrela cadente sobrevoasse os ares para que ela pudesse fazer um único e torturante desejo.
"Eu desejo que voltemos a ser o que éramos antes", seus pensamentos trabalharam rapidamente e Alana teve de tragar o cigarro mais uma vez quando ondas de calor ─ enviadas pelo corpo de Michael, se aproximaram de suas costas cobertas apenas pelo tecido de uma regata preta, sentindo os dedos dele apertarem sua cintura e a cabeça do mesmo se enterrar pela curvatura do seu pescoço, antes de estalar um beijo rápido no local. O frio daquela noite não incomodava a pele exposta da alemã, muito pelo contrário, era uma maneira de manter a sanidade em sua mente sempre cheia de turbulência.
─── Você sabe que isso me deixa triste.
Alana sentiu um arrepio lhe persuadir quando o loiro soprou contra seu pescoço, deixando mais um beijo na pele sensível, passando a ponta da língua nas marcas que ele próprio havia esculpido na última vez que estiveram juntos. Gohun suspirou, sabia que ele havia bebido um pouco, a mesclagem de seu aroma natural com Whisky a deixava completamente amolecida naqueles braços repletos de tatuagens. O sorriso dela aumentou um pouco, sabia como ninguém que Kaiser odiava cigarros e a mesma insistia ─ não por teimosia, mas porque ela também odiava uma coisa e mesmo assim, diante desse ódio, ela não conseguia se desprender dele: Kaiser odiava cigarros, Alana odiava Kaiser.
─── É apenas um cigarro, há maneiras mais dolorosas de entristecer alguém. ─ A loira observou os prédios altos da cidade, olhou para os postes de luz que iluminavam alguns pontos das ruas e então, ao longe, viu uma coruja flutuar pelos céus, com um inseto preso em seu bico, demonstrando que a caça noturna havia trago valia. Um suspiro emerge de sua boca, fechando os olhos após notar que estava demasiadamente cansada e Kaiser sabia disso como ninguém. ─── Ele gostava de corujas, se lembra disso?
O comentário lhe pegou desprevenido, ele não sabia responder aquilo imediatamente, embora ainda se recordasse daquele fator, ele não sabia ao certo o porquê não conseguia formular a resposta que tanto desejava. Alana tinha aquele efeito, formulava palavras que tocavam o fundo de sua alma e o deixava impossibilitado de fazer o mesmo, a mulher não havia mudado em nada. Kaiser alisou os braços da loira, certificando-se que ela ─ em seus braços, era uma imagem real. Faziam cerca de cinco meses que não trocavam olhares, carícias e palavras que pareciam engasgadas em suas gargantas, apesar de pela lei estarem divorciados, nada os impedia de se encontrarem para aniquilar o sentimento de inexistência que existiam dentro deles desde aquela mesma noite, há sete anos atrás.
Kaiser e Alana eram casados, haviam se conhecido dentro da agência de polícia onde ambos desempenhavam papéis distintos, ela era guarda de trânsito e o homem, um dos melhores agentes criminalistas formados da atualidade. O relacionamento começou com algumas farpas, era notório que a acidez de Michael não se compatibilizava com o escárnio de Alana, ambos eram perigosos como uma vibora, estrategistas e calculistas, mas nada os impediu de viver a intensidade de um amor recíproco. Por trás das piadas de Kaiser, haviam resquícios de curiosidade e admiração enquanto, envolta de provocação, havia o mais lindo romance encaracolando a vida dos dois policiais.
No início era apenas sexo, Michael não queria uma relação e Alana sentia-se mais atraída pelo corpo do homem do que pelo seu coração, então o acordo era recíproco entre ambos: apenas sexo, nada mais. Mas o que começou sendo uma aventura recheada de prazer, terminou em ambos colocando alianças douradas em seus dedos anelares, sorrindo abertamente após o padre dizer que o noivo poderia beijar a noiva em meio aos colegas de trabalho, família e alguns amigos próximos. Eles eram felizes, todos notavam isso, e a família estava completa quando, no dia cinco de maio de dois mil e doze, nasceu o pequeno Su-Hon Kon Kaiser Gohun, um lindo menino de pele alva, cabelos loiros como os da mãe e os olhos oceânicos do patriarca, juntamente com algumas outras características que vinham dos genes de ambos.
Sun-Hon Kon era um menino alegre, adorava super heróis e dinossauros, costumava ajudar sua avó paterna nas compras da feira, sua mãe no jantar e insistia em ir ao trabalho do papai para aprender como o "melhor policial" ─ palavras dele, trabalhava no dia a dia. O garoto era tudo que o casal havia pedido, não havia maldade no menino, ele tinha amigos, dois cachorrinhos que adorava levar para passear e uma família que o amava acima de tudo. Sun-Hon Kon era ─ e continuava sendo, o amor da vida de Michael e Alana Kaiser.
Mas, o destino não seria tão bondoso com a criança no dia do seu aniversário de dez anos.
─── Alana.. ─ Disse o loiro, acariciando a cintura de sua ex-mulher com cuidado, tentando mudar o assunto e finalmente, dizer sobre o motivo de tê-la chamado para o seu apartamento. A mulher, por outro lado, balançou levemente a cabeça, parecendo sair do transe que ela mesma havia se colocado ao se recordar do animal favorito de seu filho. ─── Você prometeu que não iria fazer aquilo de novo.
Pontuou o detetive, tomando a frente para o assunto que sempre a fazia revirar os olhos.
─── Não começa, Kaiser.
─── Eu quero acreditar que não foi você desta vez, mas olhando sua fatura no cartão, vi que comprou uma passagem para Monschau dois dias antes da cidade declarar que um empresário influente foi assassinado. Alana, você parece se esforçar para que eu a entregue á polícia.
A Alemã riu, não havia graça em sua risada, apenas o som chocando-se contra a brisa da noite. Não era a primeira vez que tinham aquela conversa, mas a mulher nunca conseguia compreender o porquê que ele repetia tanto a mesma coisa.
─── Não vamos falar disso agora, Kaiser.
─── E quando vamos falar disso? Você mata pessoas e.. foda-se que esses filhos da puta mereçam, não é seu dever decidir quem morre e quem vive. ─ O mais alto sentiu seus lábios franquejarem, o corpo de Alana já não estava mais próximo ao seu como ele gostaria, ele apenas assistiu ela se distanciar um pouco, encostando-se no batente da varanda, analisando qualquer coisa que não fosse ele naquele momento. ─── Eu estou fazendo o impossível para que não prendam você, sabe que eu estou mexendo em vários pauzinhos para que não seja presa, mas você precisa entender que eu não vou conseguir livrar sua pele por tanto tempo.
Aquilo era a mais pura verdade, Kaiser estava no seu limite, encobrindo provas cruciais para a descoberta do assassino, burlando alguns sistemas e escondendo a sua cumplicidade com os crimes cometidos pela policial aposentada. Alana havia sido sentenciada uma vez, alguns anos atrás, quando a arma de um crime estava calibrada em seu nome, foram dois dias na prisão até que Michael conseguisse jogar a culpa para outra pessoa, criando uma mentira sagaz para a tirar de trás das grades e a manter segura, contudo, Alana não parecia se importar com uma prisão perpétua pelos quinze assassinatos que cometeu contra o alto escalão da sociedade, na verdade, mais parecia que ela quisesse ser pega do que realmente se esconder dos olhares da lei.
E saber disso aflingia o coração de Michael afinal, ele não podia prender a única mulher que reinava em seus pensamentos, não podia ir contra os princípios éticos do amor que jurou ter em frente ao altar e por mais que estivessem divorciados, Kaiser sabia que nunca encontraria mulher como Alana e por isso a protegia tanto.
─── Sujar suas mãos de sangue não trará nosso filho de volta.
Aquilo pareceu um tiro disparado contra o peito de Alana, era óbvio que ela fazia aquelas atrocidades para amenizar a injustiça que fizeram quando seu menino partiu, mas ouvir aquilo saindo da boca de Kaiser foi o suficiente para que seus olhos marejassem e sua garganta formasse um bolo, como se as cordas vocais enroscassem uma nas outras, impedindo que rebatesse aquele comentário com a veemência que merecia. Então, de repente, as lágrimas caíram de seus olhos, um manto aveludado de tristeza ─ que o Alemão havia visto apenas uma vez, habitou na face serena da loira que tentou amenizar os sentimentos afoitos com a ponta dos dedos, mas foi em vão, estava soluçando, engasgada com o próprio sofrimento, enquanto Kaiser ficava ali, parado, sem reação alguma. Sua ideia inicial era deixa-la sozinha para reorganizar os pensamentos, mas quando se deu conta, seus braços estavam envoltos do corpo dela, afagando seus cabelos e sentindo a água salgada banhar todo o seu peitoral.
Era como se ele estivesse voltado há sete anos atrás.
Tê-la em seus braços daquela forma, frágil como nunca esteve em sua presença, o deixava angustiado, sem saber o que realmente deveria fazer.
As imagens vividas daquela noite ainda blindavam sua mente, descascando uma camada densa de proteção que o fazia não estremecer ao se lembrar do que aconteceu com seu garoto. Era aniversário de Sun-Hon Kon, ele completava seus inéditos dez anos, o adorava festas e bolo de chocolate com bastante calda de cereja. Kaiser ainda se recordava da manhã em que ele chegou animado da escola, dizendo que havia recebido um parabéns audível de todos os seus colegas de classe, recebendo o carinho com o coração aquecido. Naquele mesmo dia, Michael decidiu sair mais cedo do trabalho, disposto a ajudar sua esposa a organizar o aniversário do filho, mas quando chegou em casa, percebeu que sua vida pendia por um fio quando Alana o encarou com um semblante assustado.
"Sun-Hon foi sequestrado", ela havia dito com o coração em pedaços, analisando algumas fotos e o telefonema que havia recebido momentos antes do homem entrar pela porta. Nas imagens, o menino estava com os braços e pernas amarrados em cordas grossas, sua pele estava avermelhada, suas bochechas pingavam em suor, sua boca era coberta por um pano branco que o impedia de gritar por ajuda, seus olhos eram vendados pelo mesmo tecido, o impossibilitando de ver quem havia cometido aquele ato repugnante. Era nítido as marcas de agressão na pele do menino, suas roupas eram manchadas levemente pelo seu sangue e a sua linguagem corporal dizia que estava com medo, assustado e sentia saudade da proteção dos pais.
"Eles querem dinheiro em troca do nosso filho, Kaiser", Continuou ela com pavor, apertando os dedos incontáveis vezes na intenção de tentar se tranquilizar. Naquela mesma tarde, Kaiser acionou os policiais para entrarem em ação, rastrear a ligação ou tentar contato com os sequestradores. No entanto, a regra era clara: nos dê o dinheiro e aí iremos soltar a criança. Michael não sabia o que fazer, e foi por essa indecisão que, recebeu uma ligação de sua mulher, a respiração dela estava ofegante, conseguia senti-la ter espamos enquanto tentava respirar fundo e foi naquele momento que ele soube ─ por meio de fotos, que Sun-Hon Kon estava morto.
Os sequestradores foram pegos dias depois, Alana queria acabar com eles usando as próprias mãos, porém, não esperava que ambos fossem filhos de homens poderosos que conseguiriam os soltar com uma grana para a polícia e uma pequena parcela de indenização para a família da criança. Alana ficou furiosa quando soube que Kaiser autorizou os dois a serem soltos, ela não conseguia acreditar que seu marido havia liberado os monstros que acabaram com a vida do seu único filho e então, sem enrolação, ela entrou na justiça para pedir o divórcio, mesmo sabendo que Kaiser apenas recebia ordens. A separação foi amigável, mas nem Alana e nem Kaiser sabiam que seu relacionamento era vicioso, eles não conseguiam viver longe um do outro e por isso, sempre voltavam para aquela conversa, para aquele abraço e para aquele sentimento.
─── Kaiser. ─ Após alguns minutos desolada, a loira respirou fundo e chamou pelo ex companheiro, limpando os olhos antes de encará-lo com um semblante doloroso. Michael viu os lábios dela se entreabrirem, o coração parecia querer pular para fora e logo se arrependeu do dia em que a deixou ir embora. ─── Por favor.. ─ Ela não conseguia formular uma palavra sem soluçar. ─── Me ame como nunca me amou antes, por favor, me faça ser feliz, mesmo que seja por alguns momentos.
─── Alana..
─── Por favor, Kaiser.. eu preciso disso, preciso de você.
O detetive sentiu o coração pesar com o pedido de sua antiga companheira, era como se uma mistura de culpa, desejo e amor inundassem seu ser completamente. Ele a olhou por alguns momentos, os olhos marejados refletiam toda a intensidade do momento e sem dizer nada, ele a puxou para perto, seus lábios encontrando os dela com uma urgência desesperada. O beijo era profundo, carregado de uma paixão reprimida e uma necessidade quase visceral, as mãos dele deslizavam para a cintura dela, apertando-a contra seu corpo enquanto a língua explorava a dela em um ritmo que os deixavam ofegantes. Alana o respondeu com igual fervor, seus dedos agarravam os cabelos loiros do homem, puxando-os levemente como se quisesse sentir cada pedaço dele.
Sem quebrar o contato, Kaiser a ergueu do chão, a levando para dentro do apartamento, atravessando o corredor com o seu coração ainda martelando dentro do peito, enquanto os lábios permaneciam selados. Alana entrelaçou suas pernas ao redor da cintura dele, seus corpos colidiam em uma explosão de sensações quando ele a encostou contra a parede do quarto, a falta de ar se fez presente e eles foram obrigados a separarem seus lábios, tendo de se encarar, notando o desejo insuportável presente em suas íris.
─── Não tem como te amar mais do que te amo, querida, mas farei o meu melhor para que sinta esse amor te corroendo por dentro. ─ Ele sussurrou rouco, carregando sua voz com um teor de emoção. O homem deslizou as mãos pelos ombros da loira, puxando a alça da blusa que ela usava, fazendo a peça cair suavemente, revelando seu busto nu e arrepiado. Ele começou a trilhar beijos pelo pescoço da mesma, descendo como se cada beijo tivesse uma nova onda de calor para o corpo da Gohun. Os dedos dele exploravam a cintura dela, subindo até encontrar os seios, tendo de os segurar com uma firmeza intangível, seus polegares provocavam arrepios em Alana enquanto tocava os mamilos duros e se deliciava com cada centímetro da clavícula feminina. Kaiser ainda conseguia sentir o gosto salgado das lágrimas e isso deixava seu pau latejando, principalmente quando a sentia arquear o corpo, gemendo baixo mas audível o suficiente para incendiar o corpo do homem ainda mais.
Ele a conduziu até a cama, deitando-a com cuidado antes de se posicionar sobre ela. Seus olhos examinavam cada detalhe de seu corpo, como se quisesse memorizar cada curva, cada reação que aquele rosto lhe oferecia sem pudor algum. Com movimentos precisos, Kaiser tirou sua própria camiseta, revelando o torso definido coberto por tatuagens que Alana conhecia tão bem.
─── Rosas azuis são minhas flores favoritas a partir de agora. ─ Disse ela com um sorriso sacana, enquanto olhava a flor e seus espinhos desenhada no corpo do homem que sustentou aquele gesto malicioso antes de descer sua boca até o abdômen dela, explorando cada linha com a língua molhada. As mãos de Gohun estavam inquietas, ela exploravam as costas largas do homem, deixando suas unhas cravarem em alguns pontos da pele masculina em momentos de puro êxtase. Michael grunhiu quando a unha dela rabiscou sua pele em uma tentativa de aliviar o formigamento no colo do útero, ele sorriu, sabia que apenas ele tinha aquele poder sobre ela e quando alcançou o cós do short jeans que ela vestia, ele teve certeza de que a deixava louca.
Ele tirou a peça lentamente, seus olhos fixos absorviam cada suspiro ansioso e cada expressão de prazer.
O ambiente estava bastante carregado da tensão entre ambos, a dor e o desejo pareciam caminhar de mãos dadas enquanto viam o caos ser feito na vida dos dois adultos. Kaiser não perdeu seu precioso tempo, tirando a calcinha e vendo que ela o aguardava ansiosamente, ele usou o polegar direito para brincar com o clitóris inchado dela, pressionando sua língua no ponto mais sensível da vagina de Alana e então, se divertindo com a cintura dela remexendo-se em busca de mais daquele contato carnal. Ele estava a levando ao ápice do prazer, cada movimento dele era extremamente calculado para arrancar dela os sons mais deliciosos que seus timpanos poderiam captar. Alana gemeu alto, todo o seu corpo respondia ao toque preciso e devastador daquele homem, Kaiser sorria diante do desespero dela quando ele a levava ao limite tantas vezes sem ao menos lhe entregar o orgasmo que queria, ele brincava com ela, a fazia de boneca, mas em certo momento, lhe deu a oportunidade de sentir seu útero formigando ainda mais, uma sensação libertadora apossou do corpo de Alana quando ele finalmente lhe deu o que ela tanto almejava sentir, espasmos tomavam conta de suas moléculas, a fazendo gritar de prazer em meio ao prazer do loiro em fazê-la alucinar pelo orgasmo.
Quando se recuperou, Alana o puxou para cima, seus olhos se encontravam com os dele em um momento de pura conexão. Com as mãos ainda trêmulas, ela desafivelou o cinto do Alemão, abrindo o zíper e então deslizando a calça dele para revelar o único corpo que sempre desejou. Gohun havia saído com alguns homens após seu divórcio, mas era Michael que a deixava molhada com apenas um olhar, era apenas ele que conseguia a levar ao paraíso sem sair de cima da cama, era como se seu sistema rastejasse para Kaiser todas as malditas vezes que ela tentava usar o corpo de outro para o esquecer.
Ele a beijou novamente ─ dessa vez sem formalidade, como se estivesse tentando transmitir tudo o que não conseguia dizer em palavras. Quando finalmente se uniram, foi como se o universo ao redor desaparecesse, Kaiser se movia com força e cuidado, articulando as investidas conforme o prazer presente na face da mulher. Ambos estavam inertes em um estado catastrófico de prazer que os deixavam a mercê um do outro, queimando em chamas enquanto a vagina de Alana contraia de modo tentado ao redor do pau de Kaiser. Alana segurava os ombros dele com leveza, os corpos estavam sincronizados e era impossível não sentir a queimação na virilha quando o homem a conhecia tão bem, quando ele sabia a maneira como se mover, quando ele sabia exatamente o que fazer.
Os gemidos dela ─ misturando-se aos grunhidos baixos dele, eram a melodia perfeita para aquela noite triste. O ritmo aumentava, o suor descia por suas testas e a conexão parecia uma forma de transcender o físico de seus corpos. Suas almas pareciam naquele ato, aproveitando para se tornarem uma só alma como deveria ser. Quando finalmente alcançaram o clímax juntos, foi como uma explosão de sensações alucinógenas, fazendo Alana ofegar alto enquanto Kaiser puxava seus cabelos, trazendo seu rosto para perto onde conseguia continuar estocando seu interior, dessa vez com afinidade. O prazer havia o atingido fatalmente, ele ficou alguns segundos preso dentro dela até que seu corpo caiu ao lado da cama, não mais com aquela expressão prazerosa de um ápice delicioso, mas sim com uma perplexidade infinita, enquanto, com os olhos arregalados, tentava assimilar o que estava acontecendo.
─── Al..Alana.. ─ Ele queria ter dito mais, mas a loira fechou sua boca com o dedo indicador, beijando sua bochecha esquerda com carinho enquanto mantinha uma expressão suave. Kaiser sentiu sua visão turva, o rosto de Alana começou a se desfocar, os pensamentos foram a milhão quando sentiu aquela coisa entrando mais fundo no seu estômago, não lhe dando momento algum para se proteger do ataque repentino. Alana sorriu, direcionando seus lábios até o glóbulo da orelha do mais velha, mordiscando levemente o local. ─── Alana..
Alana sorriu.
─── Por que? Por que.. fez isso? ─ Ele sentiu a mão dela acariciar seus cabelos de modo jeitoso, mas o gesto romântico não o deixava menos apreensivo, ele estava em uma batalha árdua entre manter os olhos abertos e a consciência sã. Kaiser não queria acreditar que Alana fosse capaz de machucá-lo daquele jeito astuto, lágrimas brotavam no canto de seus olhos e não demorou para que sua face fosse banhada pelo medo de morrer a qualquer momento. ─── Eu.. te amo..
Alana gargalhou, levantou-se da cama com ternura, vestiu-se novamente enquanto cantarolava os planos de seu próximo crime e então, selando seus lábios uma última vez aos de Kaiser, ela caminhou em direção á porta, ainda portando o sorriso diabólico em seus traços.
─── O seu amor te levou a morte, querido.
"O diabo usa tapa-olho e fuma malboro, mas não se engane se acha que eu matei Michael Kaiser, o maior detetive de toda a Alemanha. Na verdade, quem o matou verdadeiramente foi o amor."
E tivemos de tudo por aqui: assassinato no início, momento triste, sexo e outro assassinato no final.
Não gostei muito de como andou as coisas por aqui, mas espero que possa gostar dessa doentinha da cabeça que é a ex esposa de Michael Kaiser. Alana Gohun é tipo de mulher que eu deixaria me roubar, me bater e ainda pediria mil desculpas. Espero que não tenha se desapontado com esse final, amiga, quando você disse "terror, drama e hot" eu fiquei: "hmmm, ela quer que eu mateo prota 🫦🫦 delícia", como eu disse no início, penso em reescrever e quem sabe postar uma parte alternativa onde esse gostoso fique vivo e tesudo 🔥🔥
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